sexta-feira, 30 de julho de 2010

Índia pode ser 'nova China' para América Latina, diz estudo

Por Alessandra Corrêa

Com crescimento variando entre 6,5% e 8% na última década e uma população de mais de 1 bilhão de habitantes, a Índia tem potencial para ocupar um papel até agora reservado à China nas economias da América Latina e do Caribe, diz um estudo elaborado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Assim como a emergência da China transformou as economias latino-americanas, abrindo um grande mercado para exportação, principalmente de produtos básicos, o avanço do novo gigante asiático poderá ter um impacto igualmente profundo, tanto no comércio quanto em investimentos em bens e serviços, diz o autor do estudo, Maurício Mesquita Moreira, economista do setor de Comércio e Integração do BID.

"A Índia não tem como atender a sua demanda com produção interna", diz Moreira. "A América Latina tem os recursos naturais de que a Índia precisa para crescer e prosperar."

Segundo o economista, do mesmo modo como ocorreu com a China, essa abundância de oferta na América Latina, aliada à crescente demanda indiana, seria mais do que suficiente para impulsionar uma grande ampliação no comércio bilateral.

"A Índia será forçada (a ampliar o comércio bilateral), assim como a China foi. No caso com a China, (se deu) não porque fizemos muito esforço, mas porque eles precisavam (de matéria-prima)", afirma.

Evolução

No entanto, diferentemente da relação com a China, a parceria entre a América Latina e a Índia ainda não se concretizou e enfrenta problemas.

Até 1999, o volume de comércio da América Latina com a China e com a Índia era semelhante e, em ambos os casos, pouco significativo. A partir de 2000, porém, o comércio bilateral com a China explodiu, enquanto as trocas com a Índia não evoluíram.

Dados reunidos no estudo do BID revelam que, em 2007, a China respondia por uma fatia de 6,3% do comércio total da América Latina, enquanto a Índia representava apenas 0,6%.

"O comércio com a Índia continua sendo medíocre", diz Moreira. "Já houve alguma evolução. O Ibas (grupo que reúne Índia, Brasil e África do Sul) é um avanço importante. O acordo com o Mercosul já é um passo. Mas ainda não é o suficiente."

De acordo com o economista, a não ser que incluam um número maior de países e de produtos, esses acordos não são suficientes para resolver a questão.

Segundo o relatório, um crescimento de 1% no PIB (Produto Interno Bruto) da China gera aumento de 2,4% nas exportações latino-americanas. Em relação à Índia, 1% de avanço no PIB representa crescimento de 1,3% nas vendas externas da América Latina.

Tarifas

Moreira diz que as tarifas impostas sobre exportações latino-americanas para a Índia, especialmente na área agrícola, ainda são "quase proibitivas". As tarifas sobre exportações indianas para a América Latina também são altas.

Além disso, o comércio bilateral enfrenta ainda barreiras não-tarifárias e altos custos de transporte.

Segundo o economista, apesar das frequentes declarações de comprometimento com comércio bilateral e integração, os governos dos dois lados ainda não agiram para resolver os obstáculos mais graves.

"O potencial seria muito maior se tanto a América Latina quanto a Índia levassem mais a sério a discussão de problemas, tivessem uma posição mais pró-ativa", diz Moreira.

Um aumento no comércio bilateral, afirma o economista, levaria ao fortalecimento de um "círculo virtuoso", com mais incentivos para cooperação entre duas regiões com renda per capita e padrões de produção semelhantes e, portanto, amplas possibilidades de troca de conhecimentos e de atuação conjunta em questões regulatórias globais.

Além das oportunidades no comércio, há um grande potencial na área de investimentos, diz Moreira. O estudo cita como exemplos desse potencial alguns investimentos feitos pelo Brasil na Índia, como as joint-ventures entre a Petrobras e a indiana ONGC, para exploração de gás, e entre a Marcopolo e a Tata Motors, para a fabricação de ônibus.

Brasil

O Brasil é o maior parceiro da Índia na América Latina e, segundo Moreira, a cooperação bilateral serve de exemplo para o resto da região.

De 1990 a 2008, Brasil e Índia assinaram 23 acordos e memorandos de entendimento em várias áreas.

O economista afirma que os memorandos de entendimento, apesar de serem versáteis e geralmente não necessitarem de aprovação pelo Congresso, muitas vezes não trazem objetivos claros e obrigatórios, como fontes de financiamento, o que pode levar a anos de atraso em sua implementação ou até mesmo à não-implementação.

"Essas experiências sugerem que a cooperação bilateral seria beneficiada por um cenário institucional mais forte", diz o relatório.

Outro problema, de acordo com Moreira, é a falta de dados precisos para medir objetivamente o impacto desses acordos bilaterais.

O economista menciona ainda o fato de a parceria "Sul-Sul" entre Brasil e Índia ser pragmática e que, apesar de os dois países terem estado do mesmo lado em várias questões políticas e econômicas mundiais, também há grandes divergências.

O estudo afirma que esse tipo de parceria, em que os países evitam se comprometer com colaboração baseada em ideologia e optam pela busca de resultados, "parece ser o melhor caminho para aproveitar as melhores oportunidades e maximizar os benefícios da cooperação entre a América Latina e a Índia".

Competição


Ao mesmo tempo que representa uma imensa oportunidade de comércio e investimentos, porém, a emergência da Índia também traz desafios à América Latina, especialmente no que se refere à exportação de manufaturados.

Segundo o relatório do BID, os governos latino-americanos devem prever um cenário em que a Índia venha a se tornar, assim como ocorreu com a China, um importante exportador de manufaturados, aumentando as dificuldades dos países da região em competir nesse setor.

De acordo com o estudo, isso só aumenta a urgência de implementar uma agenda para resolver as deficiências da América Latina em termos de educação, acesso a crédito, investimentos em ciência e tecnologia e infra-estrutura.

Fonte: BBC Brasil

Importação tem maior alta em 26 anos e desacelera expansão dos EUA no 2º trimestre

DE SÃO PAULO
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país) norte-americano desacelerou no segundo trimestre, mas ainda registrou expansão de 2,4% entre abril e junho --dado anualizado--, informou o Departamento do Comércio nesta sexta-feira.

No primeiro trimestre deste ano houve um crescimento de 3,7% (dado revisado). As estimativas dos analistas eram de um aumento entre 2,5% e 2,6% para o segundo trimestre. O resultado, no entanto, foi influenciado por um aumento nas importações no maior ritmo desde o primeiro trimestre de 1984.

"A desaceleração antecipada da economia está acontecendo. Será que o investimento das empresas vai despencar no próximo trimestre, se os gastos das famílias continuarem fracos?", afirmou Lee Olver, diretor de Estratégias Financeiras da Madison Williams & Co., em Houston.

O crescimento no trimestre passado foi contido por um aumento de 2,8% nas importações, que ofuscou a elevação de 10,3% nas exportações. Isso gerou um déficit comercial que tirou 2,78 pontos percentuais do PIB, a maior subtração desde o terceiro trimestre de 1982.

Tirando o setor externo, no entanto, os dados foram positivos. Os estoques empresariais avançaram 17%, a maior taxa desde o primeiro trimestre de 2006, após a alta de 7,8% nos primeiros três meses do ano. O gasto com equipamento e software foi o maior desde o terceiro trimestre de 1997.

A construção de moradias saltou 27,9%, depois de ter sido um dos pontos negativos do primeiro trimestre, refletindo os estímulos dados por um crédito fiscal a compradores. A alta foi a maior desde o terceiro trimestre de 1983.

CONSUMO

O relatório trouxe alguns pontos de preocupação também. O gasto do consumidor --indicador importante porque responde por dois terços da economia americana-- não foi tão forte quanto se espera, crescendo 1,6% no segundo trimestre, ante 1,9% no primeiro, dado revisado ante a leitura preliminar de 3 por cento. O gasto com do consumidor normalmente representa 70% da atividade econômica dos EUA.

Os estoques empresariais aumentaram US$ 75,7 bilhões no segundo trimestre, ante US$ 44,1 bilhões no primeiro. Excluindo os estoques, que podem limitar a produção futura, a economia teria se expandido apenas 1,3% no segundo trimestre.

RECESSÃO

A pior recessão nos Estados Unidos desde a década de 30 foi mais profunda que o calculado anteriormente e isto se reflete em diminuições maiores da despesa dos consumidores e de moradia, de acordo com as revisões anuais de números feitas pelo Departamento de Comércio americano, também divulgadas hoje.

Desde o início da recessão, no último trimestre de 2007, até o segundo trimestre de 2009, a economia da maior economia do mundo se contraiu 4,1%. O cálculo anterior previa uma contração de 3,7%.

Atualmente, porém, a economia norte-americana registra crescimento nos últimos quatro trimestres. Apesar disso, o crescimento tem sido morno, impactando muito pouco as altas taxas de desemprego no país.

A economia em ritmo preguiçoso e o índice de desempregados em 9,5% estão diminuindo a popularidade do presidente Barack Obama, e reduzindo as perspectivas dos Democratas nas eleições parlamentares de novembro.

Uma pesquisa da Reuters divulgada nesta semana mostrou apenas 34% de aprovação à política econômica de Obama, contra 46% que a classificaram como insatisfatória.

Os números representam forte declínio na comparação com o início de 2009, logo após ele assumir o mandato, quando mais de metade da população aprovava a maneira de Obama de lidar com a pior crise financeira em décadas.

Segundo o governo norte-americano, o avanço no segundo trimestre divulgado hoje baseia-se em dados incompletos e sujeitos a posterior revisão por parte da agência de estatísticas (Bureau of Economic Analysis). A segunda prévia, com base em dados mais completos, será divulgada em 27 de agosto.


Fonte: Folha.com

Google diz que busca foi bloqueada na China

Por Reuters

A busca do Google e todos seus serviços móveis foram bloqueados na China nesta quinta, 29, de acordo com uma mensagem no site da empresa.

Não ficou claro se o acesso foi bloqueado pelo governo chinês ou se foi uma interrupção temporária do serviço. Um porta voz do Google disse que não tinha nenhuma informação imediata sobre a volta dos serviços.

Alguns usuários chineses reportaram, no Twitter, problemas para acessar o Google. A briga pela censura na internet entre o Google e a China explodiu em janeiro, quando o maior serviço de busca do mundo surpreendeu o mercado e os usuários alertando que poderia sair da China. Na época, o Google disse que não iria mostrar os resultados censurados que a China exigia.

A tensão pareceu esfriar no começo desse mês quando a China deu ao Google uma permissão de um ano para continuar operando sua versão chinesa. Até quinta, os serviços do Google pareciam estatr acessíveis no país.

O acesso a vários serviços do Google está instável há tempos na China. Nos últimso meses, o Google informou várias vezes que houve bloqueio parcial ao seus serviços móveis, de busca e de notícias.

Desde que o Google começou a fornecer dados de disponibilidade de seus serviços, 4 meses atrás, foi a primeira vez em que a empresa reportou que todos os serviços estavam completamente bloqueados.


Fonte: Estadão

A web ajuda ou atrapalha o debate pré-eleitoral?

Por Carlos Castilho

Faltando pouco mais de 60 dias para as eleições deste ano, o que surpreende é o baixo indice de participação do público na campanha eleitoral. A reação espontânea da maioria das pessoas é ver o pleito como uma coisa dos políticos e, secundariamente, como uma obrigação cidadã.

Trata-se de uma mudança significativa em relação a eleições recentes — e como a web é um componente novo na campanha, é inevitavel a pergunta se ela tem alguma coisa a ver com este fenômeno.

Como experiência brasileira com politica digital ainda é muito recente, precisamos recorrer a dados de outros paises para procurar uma resposta tentativa; e a primeira constatação é a de que a imprensa convencional já não é mais o único canal de comunicação entre os eleitores.

Até agora, os jornais e a televisão eram hegemônicos na mediação entre os candidatos e o público. Agora, existem os blogs, o Twitter, os videos do YouTube e as comunidades do Orkut.

A web ainda é privilégio de uma minoria de brasileiros, mas ela cresce aceleradamente em dois segmentos com influência crucial nas tendências de voto: na classe A e entre os jovens. Ao contrário dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, onde o percentual de eleitores conectados à internet já passa dos 50% da população, aqui ficamos abaixo dos 25%, o que ainda é pouco significativo em termos absolutos.

Mas a classa A tem um grande poder de inhfluência na fixação da agenda dos meios de comunicação, enquanto os jovens com menos de 25 ou 30 anos formam o maior contingente dos eleitores céticos, aqueles que estão cada vez mais distantes do processo convencional de caça ao voto e que são majoritários no universo dos blogs, twits, chats, videos amadores e comunidades sociais.

As novas ferramentas de comunicação na web têm características diferenciadas em relação à imprensa convencional e devem ser levadas em conta na avaliação de sua influência sobre a campanha eleitoral.

Os blogs, twits, fóruns e comunidades são basicamente ambientes de discussão e de troca de idéias, ao contrário dos jornais e da TV, cuja função é essencialmente a de mediação entre os partidos ou candidatos e o eleitor. Enquanto o ambiente digital é, por natureza, confuso e desordenado, o papel da imprensa é o de organizar a informação.

Esta diferença, por si só, determina papéis bem diferentes na disputa eleitoral. Enquanto os blogs favorecem a diversidade, os jornais são, por limitações espaciais e técnicas, forçados a uniformizar e padronizar a realidade eleitoral para poder levá-la até o eleitor.

A web tende a funcionar como refúgio dos desiludidos, e como grande caixa de ressonância dos eleitores apáticos, enquanto a imprensa convencional serve de foro para os participantes do jogo do poder.

São duas realidades diferentes e o fato de elas existirem já é um fato novo transcendental no processo eleitoral. Ele não está mais sendo decidido apenas na mediação da imprensa tradicional, mas também no caos dos blogs e dos twits.

Quem analisa a campanha pela ótica da mídia tradicional tende a desqualificar os canais da web como agentes perturbadores da ordem. Mas acontece que são justamente os blogs, o Twitter, os vídeos amadores e as comunidades do Orkut que tornam o debate eleitoral mais próximo da realidade social, ao espelharem minimamente a diversidade social.

Fonte: Observatório da Imprensa

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Projeto de estatal de seguros confronta governo e mercado

Por Fabrícia Peixoto

O governo brasileiro espera convencer o mercado privado e congressistas de que uma seguradora estatal é necessária para a realização de grandes obras de infraestrutura no país, que deverão consumir R$ 200 bilhões nos próximos seis anos.

O projeto de lei da nova estatal, cujos detalhes devem ser conhecidos nos próximos dias, opõe governo e empresas do setor, para quem a iniciativa é preocupante.

A avaliação da equipe econômica é de que as seguradoras privadas poderão não dar conta de um volume significativo de novos projetos de infraestrutura, em função da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 – além das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da exploração da camada pré-sal.

A ideia da Empresa Brasileira de Seguros (EBS), no entanto, desagradou o setor, que vem negociando diretamente com o Ministério da Fazenda uma forma de restringir a atuação da estatal a segmentos mais específicos.

Entidades como a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada, Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNSeg) argumentam que a concorrência com uma estatal poderá gerar “insegurança” entre as empresas, que investiram no mercado brasileiro em um cenário de “livre mercado”.

Ao mesmo tempo, as seguradoras privadas dizem que “nenhuma obra” deixou de ser feita no país por falta de seguro e que o setor tem “tamanho e capacidade” para cobrir os novos investimentos, sobretudo em função da chegada de multinacionais nos últimos anos.

Diante da pressão do setor privado, o governo brasileiro desistiu de criar a nova estatal por meio de medida provisória – e deverá anunciar em breve o texto de um projeto de lei.

Concorrência

Um representante do Ministério da Fazenda disse à BBC Brasil que a pasta ainda não definiu o modelo ou o tamanho da estatal, mas que o objetivo não é o de “concorrer” com o setor privado.

A ideia, segundo essa mesma fonte, é que a estatal possa ficar em “modo de espera”, atendendo apenas aos projetos que não interessarem às seguradoras privadas.

“Estamos falando de um volume considerável de novos investimentos. E os contratantes não podem correr o risco de ficar sem cobertura para essas obras”, diz o técnico da Fazenda.

Os empresários do setor, por sua vez, dizem que esse argumento “não faz sentido” e garantem que estarão capitalizados para atender à maior demanda por seguros.

“Se atendemos ao mercado europeu, americano e asiático, por que não teríamos capacidade para atender ao mercado brasileiro?”, questiona o presidente da Associação Brasileira de Resseguros (Aber), Paulo Cesar Pereira Reis.

Segundo ele, o fim do monopólio estatal no setor de resseguros (operação conhecida como “seguro do seguro”) no país, em 2008, foi um dos fatores que deram “fôlego” a esse mercado nos últimos anos.

“No setor de resseguro, por exemplo, são 81 empresas estrangeiras atuando no Brasil. A preocupação do governo não faz sentido”, diz.

‘Falhas’

O professor da Faculdade de Economia da Universidade de Brasília José Luís Oreiro diz que a criação de uma estatal “nem sempre” deve ser vista como um fato negativo.

“A teoria econômica já demonstrou, há uns 30 anos, que existem falhas de mercado que exigem a intervenção do governo”, diz.

Para Oreiro, o setor de seguros tem falhas em função de “muita assimetria de informação” – situação em que os agentes de mercado não compartilham todos das mesmas informações.

“Precisamos lembrar que tivemos grandes seguradoras envolvidas diretamente na crise financeira internacional. Ter uma seguradora estatal pode contribuir para a solidez do sistema financeiro”, acrescenta o professor da UnB.

Já o advogado e especialista em seguros Iland Goldberg diz que os “benefícios” gerados com o fim do monopólio estatal no mercado de resseguros são uma “prova” de que o setor está “funcionando bem”. Para ele, a criação de uma estatal de seguros é “totalmente dispensável”.

“O governo já tem à sua disposição mecanismos de mercado que podem ajudam a capitalizar o mercado de seguros. Não precisa criar uma nova empresa”, diz.

“Uma nova estatal significa uma nova estrutura, contratações de servidores, orçamento próprio, enfim, é mais um custo desnecessário para o contribuinte”, acrescenta.

Projetos sociais

Outra preocupação do governo é com os projetos de interesse sócio-econômicos, como habitação para pessoas de baixa renda e crédito para pequenos empresários.

A avaliação é de que, nesses casos, a seguradora privada pode não ter interesse em cobrir o risco da operação, sobretudo em um cenário de “excesso” de projetos, justificando assim a atuação direta da seguradora do governo.

“Esse assunto da criação da estatal ainda vai para o Congresso, onde teremos a chance de discutir cada detalhe em profundidade”, diz o representante da Fazenda.

Um dos objetivos dos empresários que estão em negociação com o Ministério é que a estatal tenha uma atuação mais específica e que o texto do projeto de lei deixe “claro” em que nichos o governo pretende atuar.


Fonte: BBC Brasil

Senadores põem na campanha assessores pagos pelo Congresso

Por Leandro Colon

Uma tropa de cabos eleitorais pagos pelo Senado está trabalhando na campanha dos senadores candidatos nos Estados. São assessores que, oficialmente, deveriam apenas cumprir expediente nos gabinetes, mas estão nas ruas pedindo voto, coordenando e ajudando na corrida eleitoral dos parlamentares.

Levantamento feito pelo Estado identificou uma intensa transferência de servidores registrados em Brasília para os redutos eleitorais dos senadores e a reportagem flagrou assessores que recebem salário do Senado atuando na campanha.

A reportagem constatou que, dos 53 senadores que disputam as eleições, 33 aumentaram o quadro de servidores de confiança entre julho de 2009 e julho de 2010 e transferiram a maioria para os Estados. Quem não aumentou adotou a segunda manobra e tirou seus funcionários de Brasília. Só nos últimos 23 dias, desde o início oficial da campanha, 53 assessores foram realocados, segundo dados do sistema interno de Recursos Humanos, para os "escritórios de apoio" dos senadores, entre eles os dos candidatos Renan Calheiros (PMDB-AL), Marcelo Crivella (PRB-RJ), Heráclito Fortes (DEM-PI), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Paulo Paim (PT-RS). Desde início de fevereiro, foram cerca de 175, uma média de uma transferência por dia.

Os senadores aproveitaram a calmaria no Congresso - serão realizadas apenas duas semanas de votações até as eleições de outubro - para esvaziar seus gabinetes em Brasília. Hoje, há cerca de 1,1 mil assessores espalhados pelo País recebendo salários do Senado sem nenhum tipo de fiscalização por perto que os impeça de atuar como cabos eleitorais.

Velho hábito. O Senado regulamentou no ano passado a antiga prática dos senadores de ter assessores de confiança nos escritórios regionais com um controle de frequência quase nulo. A campanha eleitoral deste ano é a primeira em que é possível saber o número oficial de funcionários do Senado à disposição dos parlamentares nos Estados durante a disputa, uma vantagem estrutural em relação aos demais adversários.

Candidato a governador do Paraná, Osmar Dias (PDT) tem apenas três servidores oficialmente registrados em Brasília, informação confirmada ontem pela reportagem em visita a seu gabinete. Outros 21 estão como assessores no Estado.

Primeiro-secretário do Senado e candidato à reeleição, Heráclito Fortes colocou 25 servidores no Piauí e deixou apenas 8 em Brasília.

Vice-presidente da Casa e de olho na eleição para governador, o tucano Marconi Perillo deslocou 25 assessores para Goiás e manteve apenas quatro no Senado. Os campeões são Efraim Morais (DEM-PB) e Mão Santa (PMDB-PI). O paraibano tem, oficialmente, 52 servidores lotados em seu Estado durante a campanha, enquanto o peemedebista conta com 34.

Em Santa Catarina, os dois senadores postulantes ao governo encheram seus escritórios de apoio no Estado. Dos 26 assessores de Raimundo Colombo (DEM), 20 trabalham em Santa Catarina. Entre os 22 funcionários de Ideli Salvatti (PT) no Estado está Claudinei do Nascimento. Além de secretário de finanças do diretório do PT, é um dos coordenadores de campanha de Ideli.

Oficialmente, recebe salários do Senado como assessor no escritório de apoio dela, que tirou licença durante a campanha.

São Paulo. Os dois senadores paulistas que disputam a eleição de outubro têm mais assessores nos Estados do que em Brasília. Candidato ao governo, Aloizio Mercadante (PT) tem 16 servidores em São Paulo e apenas cinco no Congresso. Já Romeu Tuma (PTB) goza dos serviços de 15 funcionários por perto. O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) faz parte do grupo que tem transferido assessores para o Rio nos últimos meses. São 20 até o momento ao lado do parlamentar.

Um dado curioso: o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) não tem nenhum funcionário lotado em Brasília, mas 29 estão em seu Estado. A artimanha foi colocar servidores que vivem na capital federal como funcionários da liderança do PSB - o regimento permite que apenas gabinetes de senadores tenham assessores nos Estados. O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, é o suplente na chapa de Valadares ao Senado.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), pôs 16 assessores em Roraima, enquanto o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), terá, durante a campanha para deputado federal, 21 servidores em Pernambuco. Seu aliado e candidato a governador, senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), deixou apenas sete assessores em Brasília e lotou 19 no Estado.

Fonte: Estadão

Setor público faz economia maior para pagar juros no semestre

Por Eduardo Cucolo

A economia do setor público para pagar os juros da dívida (superavit primário) cresceu 13,6% no semestre e ficou em R$ 40,1 bilhões, segundo dados do Banco Central.

Nos primeiros seis meses do ano, o governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência) contribuiu com R$ 24,767 bilhões, enquanto os governos estaduais com R$ 13,966 bilhões e os municipais com R$ 1,993 bilhão. As empresas estatais, excluída a Petrobras, apresentaram deficit primário de R$ 621 milhões.

Somente no mês de junho, o resultado foi de R$ 2,1 bilhões, 44% acima do registrado em maio, mas abaixo dos 3,4 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. O governo central e os governos regionais registraram superavits de R$ 746 milhões e R$ 1,7 bilhão, respectivamente, enquanto as empresas estatais registraram deficit de R$ 387 milhões.

O valor economizado no ano equivale a 2,36% do PIB. Em 12 meses, está 2,07% do PIB (R$ 69,4 bilhões), abaixo da meta de 3,3% para este ano.

A dívida líquida do setor público atingiu R$ 1,39 bilhão (41,4% do PIB, mesmo patamar registrado no mês anterior).

O resultado primário é a diferença entre as receitas e as despesas, excluídos os juros da dívida pública. Ao serem incluídos os gastos com juros, tem-se o resultado nominal que, em junho, apresentou deficit de R$ 13,621 bilhões, contra R$ 10,130 bilhões registrados em igual período de 2009.

No primeiro semestre, o deficit nominal chegou a R$ 51,229 bilhões, contra R$ 43,682 bilhões no mesmo período do ano passado. Em 12 meses, encerrados em junho, o deficit nominal é de R$ 112,169 bilhões ou 3,35% do PIB.


Fonte: Folha.com

Globo aposta em sucesso do passado

Por Andres Kalikoske e Denis Gerson Simões

O humor zombeteiro parece ser a aposta da Globo para seu horário das sete. Trata-se de Ti Ti Ti, de Cassiano Gabus Mendes, um novo remake que estreou na emissora na última segunda-feira (19/7). Uma primeira versão da novela foi exibida em 1985, no mesmo horário, sendo que nesta variante novas nuances são vistas, a partir da inserção de personagens de Plumas e Paetês, outro folhetim do mesmo autor, exibido em 1981. A partir do entendimento de que televisão é um hábito desenvolvido, cabendo ao programador respeitar determinadas categorias que implicam nesta rotina por parte do telespectador, não se tem nenhuma novidade em relação à escolha do horário, tradicionalmente reservado às comédias escrachadas da Globo.

O fato de ser um remake também não significa a opção da emissora por conteúdos estagnados. Ao contrário, em televisão a relação se constrói vagarosamente, numa dinâmica onde há doses de inovação e anacronismo, através de elementos reconhecidos pelo público. E é nesta direção que a estratégia da Globo vem sendo construída há muitos anos, sendo que, no caso específico de Ti Ti Ti, espera-se que os novos ganchos devolvam os altos índices de audiência que a emissora sempre atingiu na faixa das sete.

A versão se refaz nas mãos de Maria Adelaide Amaral – que, por sua vez, já possui familiaridade com o texto de Gabus Mendes, a julgar pelo sucesso alcançado por Anjo Mau em 1997, na qual também adaptou o autor. Em seu primeiro capítulo, exibido das 19h14 às 20h13, Ti Ti Ti registrou média de 29 pontos, com pico de 32 e 46% de share. No período, a Record apareceu em segundo, com 7,4 pontos, a Band em terceiro com 5,8 e o SBT amargou a quarta posição, registrando apenas 3,6 pontos.

Uma cópia vista como cópia

Em sua primeira semana, um conjunto de tendências, provavelmente tônicas desta produção, puderam ser percebidas: conexões com as novelas das décadas de 70 e 80, a fim de que os espectadores maiores de 30 anos se deliciem ao reviver boas experiências; humor que recorda os clássicos de autor original, sempre referenciando a zona leste de São Paulo, mas com coerência aos elementos contemporâneos; e o trabalho de um ótimo núcleo de artistas (não apenas atores, mas também técnicos e a direção, que cabe a Ary Coslov, Maria de Médicis, Frederico Mayrink e Marcelo Zambelli, sob o comando de Jorge Fernando).

A abertura, mesmo com as melhorias provindas da computação gráfica, se reportou à ideia original, com passagem das duplas de canetas, tesouras, fitas métricas e agulhas, dialogando com o mundo do corte e costura. A trilha sonora, mesmo que regravada e noutro compasso, permanece a original. Já a logomarca, praticamente a mesma de sua primeira exibição, não coloca dúvidas de que a Globo não apenas busca reviver o sucesso do passado, mas também faz de tudo para explicitar o desejo de que seu remake repita os feitos do original.

Em suma, ainda é cedo para dizer se a novela atingirá o sucesso de sua primeira versão, mas a julgar pela primeira semana em que foi exibida, não superou, no quesito audiência, suas antecessoras do horário das sete. A verdade é que, há tempos, não se via uma cópia que queria realmente ser vista como cópia, representando um projeto maior, que engloba a busca por anunciantes e o retorno dos telespectadores perdidos para a Record.


Fonte: Observatório da Imprensa



quarta-feira, 28 de julho de 2010

Brasil deixa a desejar contra corrupção de estrangeiros, diz Transparência

Por Marcelo Crescenti

Um relatório divulgado nesta quarta-feira pela ONG Transparência Internacional mostra que o Brasil está entre os países que menos combatem a corrupção envolvendo cidadãos estrangeiros e empresas de outros países.

O documento, apresentado em Berlim, analisa as medidas tomadas por 36 países, entre eles o Brasil, para implementar a Convenção Anticorrupção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Segundo a Transparência Internacional, que se dedica ao combate à corrupção, apenas sete países executam de modo exemplar medidas contra a corrupção por estrangeiros: Dinamarca, Alemanha, Itália, Noruega, Suíça, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Estes países são responsáveis por 30% das exportações mundiais.

Um segundo grupo de nove países mostra, de acordo com a ONG, progresso na punição de casos de corrupção por empresas e cidadãos estrangeiros. Entre eles estão sete nações desenvolvidas e duas emergentes, Coreia do Sul e Argentina.

O Brasil está num grupo de 20 nações que não progrediram e que “não aplicam ou aplicam pouco” as regras da OCDE para punir a corrupção estrangeira no país, de acordo com o estudo.

Entre essas falhas encontradas no Brasil estariam a falta de leis para incriminar empresas que tomam parte em esquemas de corrupção, sanções inadequadas e a ausência de recursos legais para punir as matrizes de empresas corruptas em seus países de origem.

O estudo diz que o fato de que 20 países não executam as leis anticorrupção como deviam, incluindo o Canadá, que é membro do G8 (grupo dos oito países industrializados do mundo), “é perturbador".

A principal causa para o pouco progresso nessas nações seria a falta de determinação por parte dos governos, que devem estabelecer órgãos especiais para cuidar do assunto, dizem os autores da análise.

No Brasil falta também pessoal especializado, treinamento e um sistema adequado para pessoas que querem fazer denúncias de corrupção, diz a Transparência Internacional.


Fonte: BBC Brasil

Falta diálogo com a sociedade

Por Washington Araújo

Em junho de 1992, o Brasil sediou a Cúpula da Terra, o mais importante evento promovido pelas Nações Unidas para tratar do meio ambiente no planeta. Durante quase um mês, centenas de organismos não-governamentais foram ao Rio de Janeiro e nos dias mesmo da Cúpula tivemos cerca de 180 chefes de Estado presentes.

O Aterro do Flamengo celebrou a força do movimento ecológico. Ainda não se falava do superaquecimento com o fervor com que hoje se fala; buraco na camada de ozônio aterrorizava mais pelo desconhecimento que por suas consequências práticas; derretimento das calotas polares era tema restrito aos círculos de cientistas. Enfim, éramos muito mais idealistas e muito menos práticos. E não existia ainda de maneira consolidada o jornalismo ambiental. Quem cobria catástrofes naturais, cobria meio ambiente; quem cobria a cena internacional, cobria a ação.

O jornalismo ambiental – mesmo que ainda, a meu ver, incipiente no Brasil – precisa mudar por várias razões. Em primeiro lugar, não se pode praticar o jornalismo ambiental sem compromisso, apostando numa pretensa neutralidade, objetividade etc. Em segundo lugar, o jornalismo ambiental não se pode focar apenas no aspecto técnico porque o importante, se quisermos efetivamente trabalhar para a solução dos problemas, é perceber as conexões entre o meio ambiente, a economia, a cultura, a política, a saúde e a sociedade.

Esta perspectiva fragmentada, que vem a reboque da cobertura de grandes catástrofes, não contribui para fortalecer o jornalismo ambiental, apenas o coloca na agenda, sem se comprometer com um debate sério, abrangente, como deve ser. Finalmente, o jornalismo ambiental deve atentar para os grandes interesses que rondam essa área e ter em mente que existe na prática a chamada praga do marketing verde.

Criar dificuldades para vender facilidades

É comum que jornalistas que "cobrem o meio ambiente" criem um linguajar todo próprio, falem com naturalidade sobre temas como efeito-estufa, vazamento de petróleo no golfo do México e as consequências do desmatamento desenfreado no Brasil, em particular, na região amazônica. Também são dados a repercutir previsões catastróficas sobre o futuro da humanidade, citando para tanto cientistas há muito assessorando entidades ambientalistas.

Parece-me estratégia equivocada. Não é através do medo que as pessoas passarão a se interessar pela preservação do meio ambiente. Tampouco é razoável ficar difundindo novas datas para o colapso total do planeta. Tal ação jornalística produz exatamente o efeito contrário: retirar a necessária credibilidade do assunto, quando não o empurra para aqueles temas fantasiosos que terminam virando roteiro de ficção científica tipo B, bem ao gosto dos estúdios cinematográficos de Hollywood.

Foi ao término da Segunda Guerra Mundial que ganhou relevância o jornalismo ambiental. Sessenta anos depois, a verdade é que ainda engatinhamos no assunto e seus temas estão invariavelmente atrelados ao catastrofismo. Pouco espaço é concedido à importância de levar à vitrine midiática experiências bem sucedidas no campo da educação ambiental. E não falta assunto sobre meio ambiente; o que falta mesmo é apetite para o cardápio.

Há muito que organismos não-governamentais, como o Greenpeace, embarcaram na onda da espetacularização, onde quanto mais vistosa for a cena, quanto mais inusitado for o roteiro a ser veiculados em filmetes mundo afora, usando-se principalmente o suporte da internet, mais se tem a sensação de missão cumprida. É assim com o trabalho das ONGs contra o massacre de baleias e é assim também sua ação contra a proliferação de tecnologia nuclear. O mesmo diapasão é usado para promover a preservação de espécies em extinção.

Quando teremos um jornalismo ambiental que dialogue com a sociedade, de igual para igual? Quando ouviremos um jornalista declaradamente ambientalista discorrendo sobre o assunto sem aquele jeito presunçoso de quem é o dono absoluto da verdade?

Há que se baixar a bola dos que se sentem investidos da missão de salvar o planeta e levantar a bola dos que sabem que, mesmo sendo a Terra nada mais um pálido ponto azul no universo, ainda assim é o melhor e o mais belo planeta que conhecemos e que nos acolhe uma e mil vezes, a cada momento, a cada instante. O que precisa ser levado à extinção é a arrogância dos que criam dificuldades para vender facilidades logo em seguida.

Será que fui claro?

Fonte: Observatório da Imprensa

TV é a principal fonte de informação dos eleitores

Por Uirá Machado

A televisão é o principal meio de comunicação utilizado pelos eleitores brasileiros para se informar sobre os candidatos que disputam as eleições neste ano.

Segundo o Datafolha, 65% dos entrevistados afirmam que a TV é a mídia preferida para obter informações.

Os jornais aparecem em segundo lugar, com 12% de preferência, e a internet e o rádio vêm em terceiro, com 7% cada um. Conversas com amigos ou familiares são apontadas por 6%.

INTERNET


Nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, em 2008, segundo informações do Pew Research Center, instituto de pesquisa americano, a internet era a principal fonte de informação de um quinto do eleitorado do país.

No Brasil, a popularidade da rede é baixa mesmo quando o Datafolha pede para os entrevistados citarem três meios de comunicação usados para se informar: 27% mencionam a internet, que fica atrás de conversas com amigos e familiares (32%).

A TV é lembrada por 88% e continua em primeiro lugar. Em segundo vêm os jornais, com 54%, e rádio aparece em terceiro, com 52%.

O Datafolha ouviu 10.905 eleitores em 379 municípios de todo o país (exceto Roraima). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.

SEGMENTOS

Entre os principais candidatos à Presidência, a internet tem maior penetração entre os eleitores de Marina Silva (PV): 11% dizem que a rede mundial de computadores é a principal fonte de informação, contra 7% dos que têm intenção de votar em José Serra (PSDB) e 7% dos que afirmam querer votar em Dilma Rousseff (PT).

Acima da média nacional, 70% dos nordestinos afirmam que a TV é a principal fonte de informação sobre os candidatos, e os moradores do Sudeste são os que menos preferem essa mídia (60%).

A TV é também o veículo mais citado pelos mais pobres: 68% entre os que têm renda familiar mensal acima de dois salários mínimos, em contraposição aos 47% dos que ganham acima de dez salários mínimos.

O jornal, por sua vez, tem maior penetração entre os mais ricos: 24% dos que têm renda familiar mensal acima de dez mínimos.

O melhor desempenho da internet ocorre entre os mais escolarizados (20% entre os que têm ensino superior), os mais ricos (18%) e os mais jovens (14% dos que têm de 16 a 24 anos).

Editoria de Arte/Folhapress


Fonte: Folha.com

Receita suspende tributos para empresas que cumprirem projetos da Copa

Decisão da Receita deve provocar uma renúncia fiscal de R$ 350 milhões até o ano da Copa

Por Fabio Graner e Adriana Fernandes

BRASÍLIA - A medida que suspende a cobrança de impostos na aquisição de bens e serviços utilizados na construção, ampliação, reforma ou modernização de estádios de futebol com vistas à Copa do Mundo de 2014, provocará uma renúncia fiscal de R$ 350 milhões até o ano da Copa. Só para 2010, a estimativa de renúncia é de R$ 35,1 milhões. A informação foi dada nesta quarta-feira, 28, pelo subsecretário de Tributação da Receita Federal, Sandro Serpa.

A medida, que consta da Medida Provisória 497, publicada nesta quarta-feira, 28, no Diário Oficial, suspende a cobrança de PIS/Cofins e IPI (tanto no mercado interno quanto vinculado à importação) e Imposto de Importação nos bens adquiridos pelas empresas que tiverem seus projetos para os estádios da Copa do Mundo aprovados pelo Ministério dos Esportes e se habilitarem na Receita Federal no programa chamado Recom (Regime Especial de Tributação para Construção, Ampliação, Reforma ou Modernização de Estádios de Futebol).

A opção do governo pela suspensão dos tributos, segundo Serpa, ocorreu porque, caso as empresas não cumpram os projetos apresentados, os tributos serão recolhidos. Operacionalmente, para obter o benefício, a empresa que for comprar os bens ou serviços apresentará para seu fornecedor o documento do Recom e adquirirá o produto sem os impostos. O vendedor, por sua vez, usa o documento para não recolher os tributos para a Receita e não perde o direito ao crédito tributário gerado pelos impostos recolhidos na compra dos insumos utilizados para a fabricação dos bens que forem vendidos aos executores dos projetos.

Outra medida que consta da MP 497 altera o regime de subvenção governamental para pesquisa científica. A iniciativa vai gerar uma renúncia fiscal neste ano de R$ 67,6 milhões. A alteração é a seguinte: o governo tributava com Imposto de Renda, PIS/Cofins e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) o dinheiro recebido do governo pelas empresas que fazem pesquisa se estes recursos não fossem utilizados no mesmo ano em que foi dada a subvenção. Isso ocorria porque o desenho da lei não permitia que a Receita fizesse a distinção dos recursos e, se eles não fossem totalmente utilizados no mesmo ano, acabavam sendo tributados, ainda que, nos anos seguintes, o benefício fosse recuperado. Agora, o novo formato prevê que desde o início esse dinheiro não entrará na base de cálculo dos impostos a serem recolhidos pelas empresas de tecnologia. "A medida vai melhorar o fluxo de caixa das empresas", afirmou Sandro Serpa.

A Medida Provisória 497 também promoveu alterações no sistema de drawback, em que exportadores compram insumos com suspensão de impostos. A nova regra visa a reduzir a acumulação de crédito tributário pelos exportadores, o que, na prática, significa uma melhora no estoque de capital de giro das empresas.

A medida permite que as empresas que estejam no regime drawback isenção possam, depois de comprar insumos pagando imposto e gerando crédito tributário, fazer uma segunda aquisição de insumos e matérias-primas, no mercado interno ou externo, já com a suspensão dos tributos. Com isso, reduz-se a acumulação de créditos tributários, o que significa mais dinheiro disponível para as companhias exportadoras.

Ainda neste tema, a nova legislação permite que os exportadores possam comprar produtos no mercado interno equivalentes aos importados dentro do regime de drawback sem que isso leve a sanções por parte da Receita.

O subsecretário de Aduana e Relações Internacionais da Receita, Fausto Coutinho, deu um exemplo para explicar o benefício: a empresa produz sacos plásticos e fez um contrato de venda de mil produtos ao exterior. Para tanto, importou mil lotes de insumo utilizado na produção desses sacos plásticos, com suspensão de imposto previsto no drawback. Mas houve no meio do caminho uma demanda interna e ele vendeu metade desses produtos no mercado brasileiro. Para cumprir o contrato, porém, ele precisou comprar mais 500 lotes do insumo no mercado interno e produzir mais 500 sacos plásticos para exportar. Antes, tal situação geraria fiscalização da Receita e sanções, que levavam a disputas judiciais entre o Fisco e o contribuinte. Agora, os insumos comprados no mercado externo e interno serão tratados como "equivalentes" (ou seja, tem mesma qualidade, quantidade e valor), sem gerar sanções para as empresas. Coutinho ressaltou que a parcela que foi destinada ao mercado interno não contará com isenção de impostos. "Trata-se de uma desburocratização", afirmou.

Fonte: Estadão

terça-feira, 27 de julho de 2010

Investimento de multinacionais brasileiras no exterior bate recorde

Por Fabrícia Peixoto

A participação de empresas brasileiras no mercado externo, processo também conhecido como internacionalização, bateu recorde no primeiro semestre deste ano, com negócios que somaram US$ 12 bilhões.

Esse é o melhor resultado para um semestre desde que o Banco Central começou a fazer o levantamento, em 1968.

No conceito de participação, a autoridade monetária considera a compra total ou parcial de uma empresa no exterior, inclusive por meio de uma maior participação acionária.

O resultado reflete uma forte recuperação em relação ao ano passado, quando os negócios somaram apenas US$ 1,1 bilhão, em função principalmente da crise econômica internacional.

Causas

Para especialistas, a retomada dos investimentos brasileiros no exterior é consequência, dentre outros fatores, da desvalorização de empresas estrangeiras, que ainda não se recuperaram da crise.

"Empresas americanas e europeias ainda não recuperaram seu valor de mercado. E como as brasileiras estão com dinheiro em caixa, puderam avançar no exterior", diz o professor Jase Ramsey, da Fundação Dom Cabral.

Outra razão, segundo ele, está em uma "vantagem artificial": a valorização do real frente ao dólar, que dá maior poder de compra às empresas brasileiras.

"Sem dúvida, o artíficio cambial ajuda. Mas ao mesmo tempo, precisamos reconhecer que as companhias brasileiras conseguiram passar pela crise com dinheiro em caixa. É mérito delas também, que saíram da turbulência relativamente mais fortes", diz Ramsey.

Na avaliação do professor de comércio internacional da Fundação Instituto de Administração (FIA), José Roberto Araújo Cunha, a internacionalização das empresas brasileiras, além de ser uma questão de "sobrevivência" em certos setores, também traz "benefícios" para a economia interna.

"Aquele pensamento de que estaríamos exportando empregos é parte do passado. As empresas que vão para o exterior ganham competitividade e, assim, conseguem praticar preços interessantes para o consumidor brasileiro", diz.

Oportunidade

A lógica é a da "perda de oportunidade". Ou seja, se a empresa brasileira não entrar no mercado americano, por exemplo, companhias de outras nacionalidades – como chinesas e coreanas – vão ocupar esse espaço.

"E quando isso acontece, elas ganham escala e podem praticar preços menores. Já as brasileiras perdem espaço lá fora e ainda correm o risco de ter seu produto com competidores mais baratos inclusive no mercado doméstico", diz.

Cunha cita o setor de autopeças brasileiro como um exemplo de setor que já foi forte, mas que deixou de se internacionalizar e acabou perdendo competitividade.

Uma das empresas brasileiras que mais se internacionalizaram nos últimos anos, a Gerdau também está entre aquelas que aproveiram para fazer negócios no semestre, com um investimento de US$ 1,6 bilhão na Ameristeel, baseada nos Estados Unidos, onde já era majoritária.

O professor da FIA diz que as empresas buscam espaço em outros mercados não apenas para ampliar seus lucros, mas também para ter acesso direto ao consumor – especialmente quando existem barreiras comerciais.

"Vários países impõem barreiras tarifárias ou não-tarifárias à importação de certos produtos. Muitas vezes, as empresas estrangeiras não conseguem exportar e acabam abrindo unidades nesses mercados", diz.

“As empresas brasileiras estão fazendo o que as asiáticas fizeram há 30 anos”, diz.

Fonte: BBC Brasil

Lula sanciona lei que criminaliza violência nos estádios

Por Rafael Moraes Moura - Agência Estado

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta terça-feira, em cerimônia fechada no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, a lei que modifica o Estatuto do Torcedor e criminaliza a violência nos estádios brasileiros. O texto também pune a venda ilegal de ingressos e a manipulação do resultado das partidas. "É importante não apenas para o torcedor conhecer as regras, mas para a economia do futebol", disse o ministro do Esporte, Orlando Silva.

Aprovada pelo Congresso Nacional, a nova lei determina que as torcidas organizadas realizem cadastro atualizado de seus integrantes, passando a responder pelos seus atos. Além disso, estádios com capacidade superior a 10 mil pessoas terão de manter uma "central técnica de informações", para monitorar o público por imagem - antes, a obrigação era apenas para as arenas com capacidade acima de 20 mil lugares.

O texto também estabelece condições de acesso e permanência do torcedor nos estádios, como não portar cartazes com mensagens ofensivas, não utilizar fogos de artifício e não entoar "cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos". Caso essas condições não sejam respeitadas, haverá a "impossibilidade de ingresso do torcedor ao recinto esportivo, ou, se for o caso, o seu afastamento imediato do local, sem prejuízo de outras sanções administrativas, civis ou penais eventualmente cabíveis".

Caso a torcida organizada promova tumulto, poderá ser impedida de acompanhar os jogos por até três anos. A pena para o torcedor que provocar tumulto ou portar instrumentos que possam servir para a prática de violência varia de um a dois anos de reclusão e multa. Já os casos de fraude do resultado das competições estão submetidos à pena de dois a seis anos de reclusão e multa. E o fornecimento, desvio ou facilitação da distribuição de ingresso para venda por preço superior ao estampado no bilhete também passa a ser crime, com pena de dois a quatro anos de reclusão e multa.

Fonte: Estadão

O espetáculo das grandes corporações

Por Valério Cruz Brittos e Diego Costa

A Copa do Mundo é o segundo maior evento esportivo do planeta, atrás apenas dos Jogos Olímpicos. Organizada pela entidade máxima da área, a Federação Internacional de Futebol (Fifa), desde 1930 e de quatro em quatro anos, a Copa do Mundo tornou-se um espetáculo que movimenta bilhões de dólares, ao midiatizar produtos e explorar exaustivamente todas as formas de marketing e comercialização.

Acredita-se que por detrás das paixões futebolísticas sempre esteve presente a especulação financeira e a agiotagem, passando por cartalogens e corrupções, as quais, nos dias de hoje, já nem são consideradas de tal forma, tamanha é a liberdade de mercado e a falta de qualquer regulação neste meio. Ao mesmo tempo, a importância deste espetáculo hoje é muito maior do que no passado, já que a televisão o torna efetivamente mundial.

Os patrocinadores das seleções pagam caro à Fifa pelo direito de exclusividade para a exibição de suas marcas e obtêm sucesso. Em 2010, a entidade abriu 2.500 processos ao redor do mundo para proteger a marca da Copa, fechando o cerco e delimitando os espaços. Nesta Copa da África, os vendedores locais sequer tiveram seus direitos de comercialização garantidos, por não venderem produtos pertencentes às grandes corporações em questão.

Fatos como estes revelam o poder arbitrário da Fifa e demonstram quem realmente lucra, não importando o local de realização do evento. Aliás, fica bem claro que o comércio local sofre perseguição e tem suas ambições delimitadas pelo mercado do futebol. Tal procedimento deve-se não só à expectativa de faturamento nos estádios e arredores, mas também devido à busca de imagens somente das marcas e produtos dos patrocinadores, o que implica eliminar a possibilidade de concorrentes serem captados por fotógrafos e cinegrafistas.

Lucros e perdas

As seleções eliminadas precocemente na competição tiveram seus contratos de imagem rompidos com os patrocinadores e sofreram pressão, inclusive de veto e escolha de jogadores, como tem sido denunciado. Fato tão comum que não deveria causar espanto. É emblemático o caso do jogador Ronaldo Nazário, até então conhecido como "Ronaldinho", que na Copa de 1998 teria sido escalado mesmo estando doente, supostamente por pressão dos patrocinadores, que teriam exigido que o jogador estivesse presente na final da competição.

Por todo este panorama traçado e acontecimentos exemplificados, pode-se delinear que em 2014 haverá uma disputa ainda mais acirrada entre as grandes corporações, já que os capitais buscam crescentemente ampliar seu espaço. A Copa realizada no Brasil irá gerar uma especulação ainda maior, conectando-se interesses econômicos e políticos. Ambos, ao fim, passam pelo interesse midiático, como praticamente tudo na formação social contemporânea.

Quem lucra enormemente com as Copas, independentemente do país-sede, é a entidade máxima do futebol, as grandes empresas (que têm o seu lucro multiplicado) e os governantes locais (cujos dividendos políticos resultam em exponencial aumento da capacidade eleitoral sua e de seus aliados). Quem perde é a população local, que paga caro para observar um circo muito bem planejado e que sustenta a paixão e os sentimentos das populações pelo futebol, uma verdadeira febre com claras dimensões midiáticas.

Fonte: Observatório da Imprensa

Pentágono começa a investigar vazamento de dados sobre Afeganistão

DA FRANCE PRESSE, EM WASHINGTON

O Exército americano abriu formalmente nesta terça-feira uma investigação criminal sobre o vazamento de 91 mil documentos secretos sobre a guerra do Afeganistão, informou o Pentágono.

A investigação foi entregue aos cuidados da mesma Divisão Criminal encarregada do dossiê de Bradley Manning, um soldado de segunda classe de 22 anos detido em maio.

Ele é suspeito de ter transmitido ao site internet Wikileaks um vídeo que mostra o ataque de um helicóptero do exército americano que causou, em 2007, a morte de dois funcionários da agência de notícias Reuters e de várias outras pessoas, em Bagdá.

O site Wikileaks, que divulgou os documentos neste domingo, é uma espécie de Wikipedia de documentos vazados. Os papéis publicados trariam inclusive evidências de crimes de guerra.

O coronel Dave Lapan, um porta-voz do Pentágono, informou que a agência vai investigar um "espectro mais amplo" em relação aos vazamentos que levaram à divulgação dos milhares de relatórios militares sobre a guerra no Afeganistão, datados de 2004 a 2009.

"A investigação em curso sobre o vazamento dos documentos a Wikileaks (...) não se concentra sobre um indivíduo em particular, é mais ampla", disse ele.

Manning está atualmente em uma prisão militar americana no Kuait.

Segundo outro porta-voz do Pentágono, Morrell, o soldado Manning é "certamente um personagem importante" em relação a este assunto, mas não quis falar sobre o possível envolvimento dele, em uma entrevista à rede de TV MSNBC nesta terça-feira.

CRIME

Ontem, o Pentágono havia classificado de "ato criminoso" e disse estar revendo os documentos para determinar o potencial estrago para as tropas americanos e de coalizão.

Lapan havia dito que o Exército deveria levar "alguns dias, senão semanas" para revisar todos os documentos e determinar o "risco potencial" para as vidas dos americanos e seus parceiros da coalizão em serviço no país.

O Pentágono já havia informado que investigaria Manning, mas que os mais recentes documentos que vazaram podem ter vindo de "qualquer pessoa que tenha acesso a informações confidenciais".

A Casa Branca, o Reino Unido e o Paquistão condenaram o vazamento dos documentos secretos, um dos maiores já registrados na história militar.

O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jim Jones, disse que a divulgação "coloca as vidas de americanos e seus aliados em risco".

INFORMAÇÕES

A divulgação de milhares de documentos secretos revelando um panorama sombrio da situação no Afeganistão colocou nesta segunda-feira a Casa Branca na defensiva, após o Pentágono anunciar que avaliará os danos causados pela publicação dessas informações.

Os 91 mil documentos sigilosos divulgados criam incerteza em meio ao Congresso americano sobre uma guerra impopular, no momento em que o presidente Barack Obama se prepara para enviar mais 30 mil solados para combater a insurgência taleban.

Os papeis trazem detalhes de alegações de que forças americanas tentaram encobrir mortes de civis, bem como a preocupação dos EUA de que o Paquistão estaria secretamente armando militantes talebans, mesmo tendo obtido bilhões de dólares de ajuda financeira americana.

A Casa Branca condenou a divulgação, dizendo que poderia ameaçar a segurança nacional e pôr em risco a vida dos americanos.

MAIS DOCUMENTOS

Em coletiva em Londres, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse ontem aos jornalistas que o que já foi divulgado sobre o vazamento é "apenas o começo", e que cerca de 15 mil documentos ainda não foram publicados no site.

Ele disse ainda que "milhares" de ações americanas no Afeganistão poderiam ser investigadas devido a indícios de crimes de guerra, mas que as acusações teriam que ser comprovadas na Justiça.

Assange disse também que há evidências de acobertamento de mortes de civis, e apontou para um "suspeito" número alto de mortes que as forças dos EUA atribuem a balas perdidas.

Os documentos cobrem alguns aspectos conhecidos dos nove anos de conflito: operações das forças especiais dos EUA contra insurgentes sem julgamento, afegãos mortos por acidentes e a indignação de autoridades americanas devido à suposta cooperação do serviço de inteligência paquistanês com grupos insurgentes que atuam no Afeganistão.

Os papéis também descrevem incidentes desconhecidos anteriormente sobre mortos de civis e operações secretas contra líderes do Taleban.

Fonte: Folha.com

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ex-Assessor de Clinton e Membro do Bilderberg: Apenas um ataque terrorista pode salvar Obama

Por Paul Joseph Watson

Um ex-assessor sênior do presidente Bill Clinton afirmou que a única coisa que poderia salvar o controle do poder cada vez mais fraco de Barack Obama, em um momento que seus índices de aprovação continuam a cair desastrosamente, é um ataque terrorista na mesma escala de Oklahoma City ou do 11 de Setembro, um outro lembrete chocante que tais eventos apenas servem para beneficiar aqueles em posição de autoridade.

Perdido em meio um artigo do Financial Times sobre como a crise de credibilidade de Obama vem crescendo e dos medos em nome dos democratas de que eles podem perder não só a Casa Branca, mas também o Senado aos republicanos, Robert Shapiro deixa claro que Obama está contando com uma surpresa de outubro no forma de um ataque terrorista para salvar sua presidência.

"A ponto principal aqui é que os americanos não acreditam na liderança do presidente Obama", disse Shapiro, acrescentando: "Ele tem que encontrar alguma maneira entre agora e novembro de demonstrar que ele é um líder que pode comandar a confiança e, um fora um evento de proporções como do 11 de setembro ou um bombardeio de Oklahoma, não sei como ele poderia fazer isso."

O aviso mascarado de Shapiro não deve ser menosprezado. Ele foi subsecretário de Comércio para a posse dos Assuntos Econômicos no mandato de Clinton e também atuou como principal consultor econômico de Clinton em sua campanha de 1991-1992. Shapiro é agora diretor da Iniciativa de Globalização da NDN e também presidente da Força Tarefa do Clima. Ele é um globalista proeminente que compareceu a várias reuniões do grupo Bilderberg na última década.

Shapiro está claramente comunicando a necessidade de um ataque terrorista ser lançado, a fim de dar a Obama a oportunidade de unir o país em torno de sua agenda, em nome da luta contra os terroristas, assim como o presidente Bush fez na sequência do 11 de setembro, quando o seu índice de aprovação subiu de cerca de 50%, para bem acima de 80%.

Do mesmo modo, Bill Clinton foi capaz de extinguir uma rebelião anti-incumbente (voto exercido contra os oficiais elegidos em poder, como forma de mostrar descontentamento) que se formava em meados da década de 1990, explorando o bombardeio de Oklahoma para demonizar seus inimigos políticos como extremistas de direita. Como Jack Cashill aponta, Clinton "chegou a Oklahoma City com um índice de aprovação por volta de 40% e deixou a cidade com um índice bem acima dos 50 e com a revolução republicana enterradas nos escombros."

Uma febre anti-incumbente está dominando o clima político mais uma vez, com os democratas enfrentando sérios desafios dos candidatos do Tea Party (partido que era inicialmente libertário e que é cada vez mais infiltrado), pessoas como o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, que tem uma batalha em suas mãos contra Sharron Angle, uma candidata que a mídia corporativa tentou demonizar como uma extremista de direita porque apoia medidas populistas como a remoção de fluoreto de sódio do abastecimento de água e suporta o Oath Keepers, uma organização centrada na defesa dos direitos dos estados e da Constituição dos EUA.

Somente através da exploração de um ataque terrorista interno que podesse ser atribuído aos "radicais de direita" é que Obama pode esperar reverter a onda de candidatos anti-incumbentes que ameaçam diluir drasticamente o monopólio do poder dos candidatos do establishment (ordem dominante) de ambos os principais partidos políticos em Washington.

Shapiro é de modo algum o primeiro a assinalar que os ataques terroristas em solo americano ou mesmo em qualquer lugar do mundo servem apenas para beneficiar aqueles em posições de poder.

O apresentadir da CNN Rick Sanchez admitiu em seu show esta semana que os bombardeios mortais em Uganda, que mataram 74 pessoas foram "úteis" para a agenda do complexo militar-industrial para expandir a guerra contra o terrorismo na África.

Durante os últimos anos da presidência de Bush, o secretário da Defesa Donald Rumsfeld devaneou com a cúpula do Pentágono o suporte decrescente do congresso americano para expandir a guerra contra o terror poderia ser corrigida com a ajuda de outro ataque terrorista. O áudio confidencial foi liberado através do Freedom of Information Act e pode ser ouvido aqui.

Tenente-Coronel Doug Delaney, presidente do programa de estudos de guerra no Royal Military College, em Kingston, Ontario, disse ao jornal The Toronto Star em julho de 2007 que "A chave para o reforçar a determinação do mundo ocidental (em participar da guerra) é um outro ataque terrorista como o de 11 de setembro ou os atentados de Londres de dois anos atrás".

O sentimento também foi explicitamente expressa em um memorando do Partido Republicano de 2005, que ansiava por novos ataques que "validariam" a guerra do presidente contra o terror e "restaurariam a sua imagem como líder do povo americano."

Em junho de 2007, o presidente do Partido Republicano do Arkansas Milligan Dennis disse que era necessário mais ataques em solo americano para o presidente Bush recuperar a aprovação popular.

Dado o fato de que um ataque terrorista em solo americano servirá apenas para resgatar a presidência decadente de Barack Obama, e vai fazer absolutamente nada para atingir os objetivos dos chamados "extremistas de direita" em quem o ataque será responsabilizado, quem devemos suspeitar de serem os organizadores por trás de tais atos de terror? Certamente não Rahm Emanuel, o mestre de marionetes de Obama, o filho de um terrorista israelense que ajudou a explodir bombas em hoteis e praças, e o homem que disse uma vez: "Você nunca quer desperdiçar uma grave crise.... Uma oportunidade de fazer coisas que você achou que você não poderia fazer antes."

Sem dúvida, as primeiras pessoas que devemos suspeitar como culpados no caso de um ataque terrorista doméstico nos Estados Unidos são os indivíduos por trás de Obama, globalistas que estão desesperados para neutralizar o crescente sucesso dos movimentos populares que vem criando uma onda de aumento ressentimento contra o governo como uma forma de obtenção de poder político real.

Fonte: Centro de Mídia Independente

Em busca do ponto de equilíbrio legal

Por Cláudio Lins de Vasconcelos

A reforma da legislação autoral brasileira provoca debates, em meio a conflitos de interesse cuja conciliação se tornou extremamente difícil em face da digitalização de praticamente todos os meios de comunicação. Nesse contexto, um setor da economia assume uma posição sui generis, por ser ao mesmo tempo grande produtor e grande usuário de conteúdo protegido: a mídia.

As empresas podem ser comparadas a "indústrias de transformação" que adquirem o conteúdo como insumo (sob a forma de fonogramas, imagens, textos, formatos etc) e o comercializam como produto (novelas, séries, filmes, reality shows etc), após um processo criativo-produtivo de complexidade variável. Seja atuando como compradoras ou vendedoras de conteúdo, elas devem operar em harmonia com a legislação de propriedade intelectual (especialmente os direitos autorais).

A legislação é em geral obedecida pela indústria, mas nem sempre é obedecida pelo consumidor. Isso se deve à facilidade com que o usuário das mídias digitais pode acessar, copiar e distribuir o conteúdo disponível na internet.

Ou seja, a indústria é obrigada a pagar, sempre e cada vez mais, pelo conteúdo que "compra", mas o consumidor nem sempre paga (nem que seja por meio da exclusividade da audiência) pelo conteúdo que a indústria "vende".

Sustentabilidade

No longo prazo, essa realidade colocará em xeque a sustentabilidade da própria atividade, que depende da capacidade de recuperar, na ponta do consumo, os investimentos realizados na ponta da criação. Nessa atividade, o conteúdo é adquirido, beneficiado e distribuído com base em seu valor intrínseco.

E o retorno dos investimentos depende da percepção de qualidade do produto. É assim que atuam os canais de TV aberta e por assinatura, os portais "legalizados", os jornais e revistas, além de produtores de conteúdo "avulso" fixado em DVDs, CDs etc.

Para alguns críticos, a mídia deixou de ser necessária. É comum vê-los apontar para outras formas, que podem ser classificadas em: (a) institucional; (b) amadora; e (c) não-mídia.

Na mídia institucional, o conteúdo é apenas um meio para se atingir, direta ou indiretamente, a um objetivo paralelo (político, comercial etc). Os investimentos são recuperados indiretamente, por meio de produtos associados.

Assim, por exemplo, se oferece um software "grátis" com o objetivo de vender suporte técnico; um livro "grátis" para vender palestra; libera-se o download do filme para vender um projeto eleitoral. O conteúdo em si é apenas uma ferramenta de marketing.

A mídia amadora é típica dos tempos da internet. Aqui o conteúdo é ferramenta de comunicação interpessoal.

Os milhões de blogs amadores e redes sociais como Orkut e Facebook estão nessa categoria. O conteúdo em si pode ser amador ou profissional, mas sua mediação (ou seja: sua seleção, tratamento, crítica etc) é feita por não-profissionais, que se remuneram por meios "não-monetários" (notoriedade, altruísmo etc) e nem sempre se preocupam em cobrir investimentos de terceiros na criação/produção do conteúdo que estão distribuindo.

E sempre houve a possibilidade de não-mídia, em que o conteúdo é distribuído diretamente pelo criador, sem qualquer juízo crítico de viabilidade de terceiros. Assim fazem o produtor independente que exibe os próprios filmes, o músico que grava seus discos e o escritor que edita os próprios livros.

Reflexão

É preciso admitir que as novas modalidades de mídia "colaborativa" que surgiram com a internet são uma ideia sedutora, que deve ser considerada seriamente.

Mas este não pode ser o único caminho, nem o principal. Prescindir da mídia profissional é condenar a cultura a se tornar um palheiro de conteúdo amador, institucional ou de baixo valor agregado, talvez atrelado a estratégias de financiamento insondáveis.

Em outras palavras, sem mídia profissional, as gerações futuras terão que se contentar apenas com conteúdo produzido "nas horas vagas". Ou, o que é mais perigoso, graças aos favores de empresas ou do Estado.

É hora de refletir: que tipo de civilização se constrói sobre a negação do valor do trabalho intelectual, e apenas do trabalho intelectual? Se não existe conteúdo grátis, parece lógico concluir que alguém paga por ele. A questão é quem e por quê. Propriedade intelectual demais é ruim; de menos, também.

Encontrar o ponto de equilíbrio legal é uma questão de bom senso.

Fonte: Observatório da Imprensa

Remessa de lucro surpreende e Brasil tem deficit recorde nas contas externas

Por Eduardo Cucolo

O aumento das remessas de lucros e dividendos no final de junho surpreendeu o Banco Central e levou o Brasil a registrar o pior resultado nas suas contas externas para esse mês e para o semestre desde 1947.

As despesas com serviços e o envio de renda para o exterior superaram as receitas do país e geraram um deficit em conta corrente de US$ 5,2 bilhões no mês passado.

A maior parte desse resultado se deve às remessas de lucros de investimentos em empresas ou no mercado financeiro, que dispararam na última semana de junho e chegaram a US$ 4,2 bilhões no final do mês.

No acumulado do ano, o deficit mais que triplicou, de US$ 7,2 bilhões em 2009 para US$ 23,8 bilhões.

A previsão do BC é terminar 2010 com um resultado negativo de US$ 49 bilhões, o pior da história.

Para julho, a instituição espera um deficit de US$ 3,7 bilhões. As remessas de lucros já contribuem com US$ 1,7 bilhão para esse resultado, segundo dados parciais do BC. Despesas com juros somam mais US$ 1,3 bilhão.

FLUXO

O envio de dólares para o exterior já supera a entrada de recursos em US$ 2,9 bilhões até a última quinta-feira (22), segundo o BC.

Na área comercial, o fluxo de recursos está negativo em US$ 1,2 bilhão. Além do aumento nas importações, muitos exportadores deixaram parte dos dólares das suas vendas depositados fora do país.

INVESTIMENTO

Os investimentos estrangeiros diretos no Brasil registraram o pior resultado para meses de junho em sete anos. Segundo dados do Banco Central, entraram no país US$ 708 milhões.

No semestre, os investimentos no setor produtivo somam US$ 12 bilhões, menos de um terço da meta do BC para esse ano (US$ 38 bilhões).

No mercado financeiro, os resultados foram melhores. Entraram US$ 1,9 bilhão em ações e US$ 1,4 bilhão em renda fixa (títulos públicos) no mês passado.

No semestre, os investimentos estrangeiros em ações somaram US$ 7,1 bilhões, valor recorde da série iniciada em 1947.

Os estrangeiros aplicaram ainda mais US$ 9,3 bilhões em títulos públicos no país e US$ 2,6 bilhões em ADRs (recibos de ações brasileiras negociados no exterior).

TURISTAS

As despesas dos brasileiros que viajam para o exterior ou fazem compras pela internet em sites estrangeiros bateram recorde em junho e no primeiro semestre de 2010.

Segundo o BC, esses gastos somaram US$ 1,33 bilhão no mês passado e US$ 7,1 bilhões neste ano, aumento de quase 60% em relação ao primeiro semestre de 2009.

O recorde anterior havia sido registrado em julho de 2008 (US$ 1,3 bilhão). Dados parciais do BC para julho mostram que esses gastos já somam US$ 1,1 bilhão neste mês. Nos últimos 12 meses, os brasileiros gastaram fora do país o valor também recorde de US$ 13,5 bilhões.

As despesas dos estrangeiros que visitam o Brasil cresceram 14% no semestre, para US$ 2,9 bilhões.

Fonte: Folha.com

Já falta espaço para tanta mídia

Por Nelson Hoineff

O descompasso entre o volume de informação produzida e os meios para que esse volume seja distribuído acentuou-se terrivelmente nos últimos meses. Ele foi explicitado em matéria da Folha de S.Paulo neste domingo [18/7] – "Teles se armam contra Google e Apple" – e adequadamente comentado pelo ex-ministro Juarez Quadros no mesmo jornal – "Novas mídias exigem integração e mais investimento no país".

Nada que já não viesse sendo falado há algum tempo, mas que tem um tremendo impacto sobre a construção e difusão de informação eletrônica. Para colocar de uma forma bem simples: vídeos são pesados e há cada vez mais vídeos na web. Vídeos em alta-definição são muitas vezes mais pesados e circulam também em escala muito crescente pela web. Por ali transitam desde chamadas telefônicas a games, passando por troca de arquivos, web TV, o diabo. Imagine só o consumo de banda do You Tube, para ficar em algo com que você está perfeitamente familiarizado. Quem produz ou estimula a passagem de todas essas informações? As grandes empresas de internet, como Google (que é dona do You Tube) ou Yahoo!. E por onde passa tal informação? Pelas teles: no Brasil, Telefônica, Oi, etc.

Falta de banda

A princípio, isso parece bom. As empresas de internet forçam uma demanda que leva o usuário a comprar mais banda. O problema é que, no Brasil, as teles não tem mais banda para vender. Ou por outra: a criação de mais banda implica em investimentos que não podem ser cobertos linearmente pelo aumento da demanda. Pelos números apresentados pela Folha, o break even point estaria na faixa de R$ 100 pagos às teles por usuário. Isso não chega nem perto da média praticada no país.

As teles querem, então, fisgar uma parte do lucro das empresas de internet, sob a alegação de que, sem elas – as teles –, tais companhias não teriam como fazer seus gadgets chegarem aos usuários. As empresas de internet, por sua vez, respondem diretamente ao usuário: busquem teles mais competentes.

As explosões são muito velozes e os dutos (se é que podemos chamá-los assim) ficam estreitos rapidamente. Quando um jornalão como o JB deixa o papel para ficar só na web, imagina que esse espaço seja infinito. Ele é, se colocado em face ao que é simplesmente exigido pelas informações publicadas num jornal como o JB. Mas não é, nem longinquamente, se confrontado com o que de fato circula hoje pela web.

Um quatrilhão de bytes


Lá, o buraco é mais embaixo. A discussão se dá hoje em Petabytes, o que significa mais ou menos um quatrilhão de bytes. É notável que o Faustão na web não represente uma ínfima fração desse volume – e não é porque esteja mais magro. O que está causando todo esse transtorno, ou, melhor dizendo, causando essa nova ordem, são transmissões de vídeo de toda natureza, trocas de arquivos e navegação em 3G. Mas, acima de tudo, um contingente muito diversificado de ações, classificadas simplesmente como "outros", e que estão acima até das postagens de vídeos.

A grande contradição é que evolução é inovação. Não se pode pensar na criação audiovisual, por exemplo, sem que ela esteja ligada à inovação de formas e linguagens – o que quase sempre demanda mais espaço e maior velocidade. O desenvolvimento das formas audiovisuais brasileiras – que inclui, mas nem longinquamente se limita à utilização de ferramentas como o 3D – passa pela inovação e, consequentemente, pela necessidade de mais espaço e mais agilidade na sua utilização. Temos que ser realistas: por quanto mais tempo as narrativas convencionais sobreviverão?

O usuário está indicando duas coisas: que quer se relacionar com um número muito diversificado de mídias e que precisa de espaço para isso. Alguém vai ter que pagar por esse espaço. As teles dizem que quem tem que pagar são as empresas de internet, que estimulam tanta utilização; as empresas dizem que as teles é que têm que abrir mais espaço e cobrar do usuário. E o usuário, por sua vez, tem urticária cada vez que ouve as palavras internet e pagamento na mesma frase.

Fonte: Observatório da Imprensa

domingo, 25 de julho de 2010

Sem competição, melhor parar as máquinas

Por Alberto Dines

A questão não é bairrista ou regional, é institucional, estratégica: este país-continente, diversificado, vital, ainda incógnito, necessita de uma imprensa nacional. Já tem uma mídia que cobre seus quatro cantos – as redes de TV, abertas e privadas –, mas TV é um espetáculo capaz de condicionar padrões, incapaz de irradiar conceitos.

Falta uma imprensa – mídia impressa – diária ou semanal, atenta e responsável, voltada para a missão de deshomogeneizar e requalificar a mensagem televisiva oferecendo outros teores, sabores, sentidos. A rede regional de jornais, herdeira de um admirável passado, salvo raras e honrosas exceções não consegue cumprir esse papel porque está associada a emissoras afiliadas às redes televisivas.

Este problema não existe nos EUA e não adianta chorar: a simples clonagem da regulação ianque é uma maravilhosa utopia tão irrealizável quanto a nossa propalada reforma eleitoral.

A costura do país só poderá ser feita por um jornalismo impresso efetivamente nacional. Nossos semanários já cumpriram este papel num passado recente. Perderam o apetite. Iludiram-se com as maquinetas do gênio Steve Jobs, que no outro dia botou a mão na cabeça (não tem cabelos para arrancar) e declarou patético: "Não somos perfeitos!".

Referência nacional

Temos três jornais ditos nacionais (pela ordem alfabética para não ferir suscetibilidades –Estadão, Folha, Globo), mas é imperioso reconhecer que são, no máximo, veículos de referência nacional, influenciam de raspão as elites locais. Durante algumas décadas, dos anos 50 aos 90 do século passado, o Jornal do Brasil fez parte e em certo momento capitaneou o pelotão de diários nacionais. O nome ajudava. Além disso, o Departamento de Circulação tinha como objetivo converter o JB na segunda opção do leitor das capitais estaduais.

O Globo, apesar da versatilidade, sempre teve uma imagem metropolitana, carioca; Folha e Estadão são marcadamente paulistanos e não apenas pelos respectivos títulos. Seus cadernos locais são mistificações, muda-se o nome do caderno e ele continua absolutamente paulistano, jardineiro ou jardinense (relativo aos bairros chiques, os Jardins).

O anúncio da liquidação do JB aumenta de forma dramática a concentração no segmento dos "quality papers" justo no momento em que a expansão econômica promove uma salutar ascensão social. A base da pirâmide está sendo atendida por uma imprensa popular extremamente competente, ágil, geograficamente diversificada, mas no topo o processo revela-se perigosamente estagnado, não obstante as periódicas piruetas no visual.

Revoluções jornalísticas

A imprensa diária paulista não tem tradição federal, seus méritos e atributos são outros e muitos. A mudança da capital em 1960 demorou para completar-se e no âmbito do jornalismo diário começou a se materializar quinze anos depois, em 1975, quando a Folha fez a segunda mais duradoura revolução jornalística: a valorização do material opinativo. A primeira foi a reforma do JB em 1956.

O lançamento do Jornal da Tarde quase uma década depois (1965, projeto tocado pelo mineiro-carioca Murilo Felisberto, comparável ao brilho da Semana de Arte Moderna) não influiu nacionalmente porque a empresa O Estado de S. Paulo jamais demonstrou vocação para cruzar as fronteiras do estado. Acreditava na imanência do vigor paulista e a considerava suficiente para impor-se ao país.

A Editora Abril foi a única empresa jornalística paulista montada para explorar estrategicamente a dimensão do país. Não poderia ser diferente, já que especializou-se em revistas, gênero obrigatoriamente nacional. Quatro Rodas, Cláudia, Realidade, Veja e, depois, Playboy estabeleceram novos contextos e novos paradigmas jornalísticos e culturais. A revolução feminista no Brasil foi em grande parte inspirada pela psicanalista Carmen da Silva em Cláudia; o mensário Realidade desvendou o gênero "grande reportagem" que os grandes diários do país não tiveram estofo para imitar e continuar. Veja driblou a fatalidade de ter sido lançada pouco antes do funesto AI-5 e nas duas primeiras décadas de sua existência ofereceu à elite nacional a oportunidade de nivelar por cima.

Imprensa cosmopolita

O esvaziamento do Rio de Janeiro relaciona-se em grande parte com a perda da sua capacidade de "falar" com o Brasil. A imprensa carioca, mesmo depois da mudança da capital e durante a ditadura, continuou centralizando o país e alimentando a indústria cultural com seu cosmopolitismo. Esta matriz esgota-se rapidamente.

O arrendamento pelo empresário Nelson Tanure fez do Jornal do Brasil um jornal de bairro. E livrou o concorrente, O Globo, da obrigação de substituí-lo. Não foi o formato berliner (tablóide mais alongado) que apequenou aquele gigante arruinado (o esplêndido jornal espanhol El País usa o mesmo desenho). A causa mortis do JB foi o modelo de negócio imposto pelos arrendadores e inspirado no vampirismo, na rapinagem de moribundos.

A imprensa brasileira precisa de empresários qualificados e apaixonados por seu negócio. Só eles apostam na competição, só eles terão coragem de abandonar os pools corporativos. Sem competição, melhor parar as máquinas.

Fonte: Observatório da Imprensa

sábado, 24 de julho de 2010

Muito além da tecnologia

Por Jonas Valente


No filme Matrix, o herói, Neo, passa a perceber a realidade quando começa a ver, para além de árvores, prédios e pessoas, o conjunto de letras e números que realmente os compõem. Fora da ficção, a história é parecida, ao menos no mundo digital. Por trás de imagens, sons e textos, estão zeros e uns (0 e 1), cujas combinações reproduzem boa parte do que vemos e conhecemos. O primeiro a utilizar esse tipo de suporte para as informações foi o computador.

Depois, as conhecidas ligações por pulso dos telefones se transformaram em chamadas que podem até ser feitas sem tocar no aparelho, usando o comando de voz. Recentemente, foi a vez da televisão, que migrou de suas ondas eletromagnéticas – aquelas por vezes tomadas por "fantasmas" – para a transmissão digitalizada. Com a nova era digital, instrumentos que antes só faziam uma coisa hoje transmitem voz, dados e imagens, recebem sinais por antena e acessam a internet. O celular moderno é o grande símbolo deste momento, chamado por especialistas de "convergência midiática".

Na rabeira deste processo está o rádio. Meio de comunicação fundamental para o desenvolvimento da mídia no Brasil, viveu sua "época de ouro" nas décadas de 1940 e 1950 e até hoje é o principal veículo de informação da população do interior e de quem está em trânsito nas regiões urbanas. Segundo o projeto Donos da Mídia, que tem um mapa dos meios de comunicação no país, há atualmente 6.306 emissoras no Brasil, 2.055 que transmitem em FM, 1.702 em AM, 66 em ondas curtas, 75 em ondas tropicais e 2.408 são estações comunitárias. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), estes veículos estão em 89% dos lares brasileiros. É o segundo meio de comunicação em penetração, atrás da TV, presente em 95% das casas.

Uma ameaça aos negócios

Em vários países, esta mudança para o padrão digital já está em curso. Com a nova tecnologia, surgem possibilidades como a melhoria do som, maior interatividade e veiculação de mais de uma programação no mesmo canal (ver no final da matéria). Para a professora Nélia Del Bianco, da Universidade de Brasília, a tendência é que o rádio digital provoque uma "hiperespecialização da programação radiofônica não somente pela música, com seus mais variados gêneros e estilos, mas essencialmente pela temática". Por exemplo, uma emissora poderia ter uma programação apenas de música pop, outra só com notícias, esportes, serviços e assim por diante.

Desde a entrada de Hélio Costa no Ministério das Comunicações (Minicom), em 2005, a equipe da pasta discute a implantação do rádio digital no Brasil. Chegou-se a formar um conselho consultivo com a participação de acadêmicos, empresários e representantes de entidades da sociedade civil para auxiliar o ministro na definição do modelo. O grupo começou a se reunir em 2007, mas foi desmontado poucas reuniões depois. As discussões, no entanto, eram restritas a qual dos padrões internacionais seria adotado.

Hélio Costa manifestou a preferência pelo HD Rádio, da empresa norte-americana Ibiquity, padrão conhecido no meio especializado como Iboc, por realizar a transmissão do sinal digital dentro dos mesmos canal e faixa de frequência (In Band on Channel). Na prática, significaria que para ouvir uma emissora simplesmente se deveria sintonizar a mesma frequência da rádio no sistema analógico.

O padrão da empresa dos EUA era a escolha das maiores rádios comerciais por permitir uma transição sem a mudança dos canais. Este modelo evitaria uma reorganização das frequências e impediria a entrada de mais emissoras. No entanto, em vez de servir à ampliação de fontes e da concorrência, os empreendedores viram nessa possível reorganização uma ameaça aos negócios.

Princípios e objetivos


Os testes com o HD Rádio revelaram problemas. "Ele vem sendo testado no Brasil desde 2005. O resultado foi muito ruim, apresentando falhas na cobertura e delay [atraso entre a transmissão e a recepção] muito grande", conta Arthur William, pesquisador e integrante do Coletivo Brasil de Comunicação Social (Intervozes). Outro ponto negativo é o fato de a tecnologia ser proprietária. Por isso, as emissoras teriam de pagar para utilizá-la. Este fato preocupa várias estações, especialmente as comerciais de pequeno porte, as educativas e as comunitárias.

O resultado dos testes fez com que o Minicom e parte dos radiodifusores passasse a cogitar outro padrão, o Digital Radio Mondiale (DRM), criado por um consórcio de rádios públicas, adotado na Europa e em parte da Ásia. O principal obstáculo para a sua adoção no Brasil é o fato do uso da faixa FM não estar consolidado. Mas testes realizados no início do ano mostraram um desempenho melhor do que o padrão da Ibiquity.

Sem decidir, Hélio Costa optou por uma saída "à mineira" e publicou, no seu último dia à frente do Ministério, a portaria que cria o Sistema Brasileiro de Rádio Digital (SBRD) apenas com princípios e objetivos, mas sem a definição do padrão. O documento, de 31 de março, estabelece que o sistema deva promover a inclusão social e a diversidade cultural do país, propiciar a expansão do setor, possibilitar a participação das universidades e seus pesquisadores na adequação da tecnologia às demandas nacionais e criar uma rede de educação à distância. O SBRD também deve, de acordo com o texto, proporcionar o uso eficiente das radiofrequências, garantir a cobertura pelo sinal digital de áreas maiores do que as atuais, permitir a transmissão de dados auxiliares e viabilizar soluções para meios de baixa potência.

Baratear o custo e democratizar o acesso

Em vez de definir a política pública para o tema, o ministro entregou a decisão ao mercado. "Estamos dando o caminho para que as empresas, com seus técnicos e com apoio valiosíssimo da Anatel e do Ministério das Comunicações, possam concluir por um sistema que vai poder atender a necessidade brasileira", disse na cerimônia de assinatura da Portaria. Em linhas gerais, as emissoras poderão escolher em qual padrão transmitir. Os fabricantes, por sua vez, terão de adaptar os receptores à tecnologia escolhida pelo mercado.

Em reação ao caráter genérico do documento, a Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra), que congrega afiliadas à Band e à RedeTV, cobrou do Minicom "ação e investimentos" para o setor, sem deixá-lo "a mercê de tecnologias estrangeiras". A entidade reivindicou ainda espaço para as emissoras AM na faixa de FM sem deixar clara sua preferência.

Entidades da sociedade civil também entraram em campo para disputar o modelo a ser adotado pelo país. Em carta, o grupo – que envolve a Associação de Rádios Públicas, a Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, a Sociedade Brasileira de Estudos de Comunicação e o Coletivo Intervozes – solicitou a criação de um grupo de trabalho para discutir as estratégias de implantação da nova tecnologia e um estudo comparativo entre os modelos internacionais. "A adoção de qualquer sistema sem debate e reflexão rigorosos ou de forma automática e sem aprimoramentos tecnológicos poderá trazer sérios problemas e não atender à realidade brasileira", pontua o texto.

Para o engenheiro Takashi Tome, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), o foco não deve ser no padrão, mas no que se espera dele. "A tecnologia digital faz sentido se possibilitar um aumento de emissoras no espectro e se baratear o custo e democratizar o acesso ao sistema. Temos que colocar nossas demandas e interesses e ver qual padrão dá conta de atendê-los", finaliza.

Fonte: Observatório da Imprensa

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Brasil permanece um dos mais desiguais do mundo, apesar de progresso, diz ONU

da BBC Brasil

Apesar dos progressos sociais registrados no início da década passada, o Brasil continua entre os países mais desiguais do mundo, segundo atesta um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que será divulgado nesta sexta-feira.

O índice de Gini - medição do grau de desigualdade a partir da renda per capita - para o Brasil ficou em torno de 0,56 por volta de 2006 - quanto mais próximo de um, maior a desigualdade.

Isto apesar de o país ter elevado consideravelmente o seu índice de desenvolvimento humano - de 0,71 em 1990 para 0,81 em 2007 - e ter entrado no grupo dos países com alto índice neste quesito.

O cálculo do indicador de desigualdade varia de acordo com o autor e as fontes e a base de dados utilizados, mas em geral o Brasil só fica em melhor posição do que o Haiti e a Bolívia na América Latina - o continente mais desigual do planeta, segundo o Pnud.

No mundo, a base de dados do Pnud mostra que o país é o décimo no ranking da desigualdade.

Mas os dados levam em conta apenas 126 dos 195 países membros da ONU, e em alguns casos, especialmente na África subsaariana, a comparação é prejudicada por uma defasagem de quase 20 anos de diferença.

Na seleção de países mencionada no relatório do Pnud, os piores indicadores pela medição de Gini são Bolívia, Camarões e Madagascar (0,6) e Haiti, África do Sul e Tailândia (0,59). O Equador aparece empatado com o Brasil com um indicador de 0,56.

Colômbia, Jamaica, Paraguai e Honduras se alternam na mesma faixa do Brasil segundo as diferentes medições.

Desigualdade e mobilidade

O relatório foca no problema da desigualdade na América Latina, o continente mais desigual do mundo, segundo o Pnud. Dos 15 países onde a diferença entre ricos e pobres é maior, dez são latino-americanos.

Em média, os índices Gini para a região são 18% mais altos que os da África Subsaariana, 36% mais altos que os dos países do leste asiático e 65% mais altos que os dos países ricos.

O documento traça uma relação entre a desigualdade e baixa mobilidade social, caracterizada pelo círculo de aprisionamento social definido pela situação familiar de cada indivíduo.

No Brasil e no Peru, por exemplo, o nível de renda dos pais influencia a faixa de renda dos filhos em 58% e 60%, respectivamente.

No Chile esse nível de pré-determinação é mais baixo, 52% - semelhante ao da Inglaterra (50%).

Já nos países nórdicos, assim como no Canadá, a influência da situação familiar sobre os indivíduos é de 19%.

Alemanha, França e Estados Unidos (32%, 41% e 47%, respectivamente) se incluem a meio do caminho.

No campo educacional, os níveis de educação dos pais influenciam o dos filhos em 55% no Brasil e em 53% na Argentina. No Paraguai essa correlação é de 37%, com Uruguai e Panamá registrando 41%.

A influência da educação dos pais no sucesso educacional dos filhos é pelo menos duas vezes maior na América Latina que nos EUA, onde a correlação é 21%.

"Estudos realizados em países com altos níveis de renda mostram que a mobilidade educacional e o acesso à educação superior foram os elementos mais importantes na determinação da mobilidade socioeconômica entre gerações", afirma o relatório.

Para o Pnud, a saída para resolver o problema da desigualdade na América Latina passa por melhorar o acesso das populações aos serviços básicos - inclusive o acesso à educação superior de qualidade.

O relatório diz que programas sociais como o Bolsa Família, Bolsa Escola e iniciativas semelhantes na Colômbia, Equador, Honduras, México e Nicarágua representaram "um importante esforço para melhorar a incidência do gasto social" na América Latina, sem que isso tenha significado uma deterioração fiscal das contas públicas.

"No que diz respeito à distribuição (de renda), as políticas orientadas para o combate à pobreza e à proteção da população vulnerável promoveram, na prática, uma incidência mais progressiva do gasto social, que por sua vez resultou em uma melhor distribuição da renda."

Fonte: Folha.com

O machismo na cobertura de crimes passionais

Por Sylvio Micelli

A mídia – sempre ela – mais uma vez está em palpos de aranha diante da cobertura de dois crimes passionais ou que ao menos imaginamos que sejam passionais. E a visão machista acaba por permear o noticiário. Eliza Samudio e Mércia Nakashima pagaram com a vida por crimes que não se justificam. Se é que algum crime, ainda mais de morte, pode ser justificado. Mais do que pagar com a vida, elas pagam com a reputação pelo simples fato de serem mulheres.

Vamos caso a caso.

Eliza Samudio foi, no início do caso, totalmente desqualificada pela mídia. Primeiro pela "grife" de amante do goleiro Bruno Fernandes das Dores de Souza, bom jogador do Flamengo, um dos clubes mais importantes do país. O termo amante, ainda que hipocritamente acreditemos viver numa sociedade aberta, é um mero eufemismo para vagabunda. Depois descobriram que ela teria feito filmes pornográficos e que o goleiro a teria conhecido numa "orgia". Ou seja: sob a ótica de parte da mídia, o que se entregava para a sociedade é que ela era uma prostituta, uma "maria chuteira" qualquer e que sua morte aconteceu porque ela "procurou". Alguns dias atrás o noticiário era bem esse. A partir do momento que o crime foi sendo desvendado, principalmente pelos requintes de crueldade, pela quantidade de pessoas envolvidas e pela sua quase clara premeditação, Elisa passou a figurar como vítima.

Longe de mim entrar no mérito do que ocorreu, até porque odeio mundo-cão e esta cobertura que boa parte da imprensa faz é nojenta. Com a esfarrapada desculpa de "esclarecer os fatos", reviram-se os ossos de uma sociedade apodrecida para que seja dado a ela mais sangue e, se possível, muitas cabeças na bandeja para o orgasmo das "cleópatras" de plantão.

Sobrou um bebê na história


Parece-me que tanto ela quanto Bruno vieram de famílias problemáticas. Ela tentou o seu lugar ao sol. Ele conquistou o seu lugar ao sol e, possivelmente, jogou tudo para o alto cercado por péssimas companhias. E aqui ressalte-se que os clubes de futebol no Brasil "usam" os jogadores, mas não lhes dão nenhum suporte psicológico diante da grana fácil e dos pseudo-amigos que aparecem. A ambos, enfim, faltou o forte esteio de família, coisa que a sociedade já não sabe muito bem o que é. Ainda que esta moça não tivesse um comportamento adequado aos padrões que se acreditam corretos, não cabe nem a mim nem a ninguém julgá-la e como já afirmei, nada justifica sua morte.

O fato de Bruno ter vindo de camadas pobres da população também não justifica o crime. Trata-se de mais um preconceito tosco. Já tivemos pai de classe média alta jogando a filha pela janela, filha de classe alta mandando matar os pais e até jornalista de grande veículo matando a namorada.

Sobrou um bebê na história, mas poucos dão a devida importância. Em breve, sua guarda será "leiloada" na Justiça e padeço em imaginar quão sofrida será esta criança.

Cobertura rançosa

Mércia Nakashima é um caso um pouco diferente. Ela era uma "moça de família" conforme imagina a tal da opinião pública, essa massa amorfa que vai para lá ou para cá, de acordo com os diversos interesses. Vem de uma família, em tese, bem estruturada, era advogada, ou seja, nada poderia ter acontecido com ela. Exceto pelo fato de seu ex-namorado, Mizael Bispo de Souza, não ter se conformado com o fim do relacionamento e, possivelmente, até pelo fato de ser ex-policial e ter fácil acesso a uma arma, ter resolvido matá-la.

Ainda assim, o noticiário é machista ma non tropo. Ouvi outro dia numa rádio que Mizael acreditava estar sendo traído e que "precisava limpar sua honra". Leia-se, subliminarmente, que ela é culpada e que merecia morrer. Aqui volto à mesma retórica. Ainda que ela tivesse traído o namorado, nada justifica sua morte.

A cobertura da imprensa já vem rançosa. Os fatos acontecem e deveriam ser analisados dentro do contexto do fato em si, sem outras adjetivações. Passou da hora de a mídia rever seus conceitos. Os crimes ainda renderão muitas páginas impressas e eletrônicas. Outras coisas medonhas acontecerão. E depois tudo será esquecido quando os holofotes forem desligados.

Fonte: Observatório da Imprensa