terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sísifo ou fênix?


Por José Marques de Melo*

O mito de Sísifo explica porque a natureza do trabalho jornalístico condena os profissionais da área a recomeçar suas atividades diuturnamente.

Trata-se de manter fidelidade à agenda que satisfaz as demandas cognitivas do público já conquistado e, ao mesmo tempo, subverter a rotina produtiva, pautando temas capazes de despertar o interesse dos destinatários potenciais.

Nesse sentido, a “maldição de Sísifo” impõe dupla jornada aos professores de jornalismo: um turno para educar os futuros profissionais conforme as exigências do mercado de trabalho; outro turno para pesquisar as transformações em processo, sintonizando-os com as tendências previsíveis na sociedade.

Por coerência, inclino-me a buscar o mito da Fênix para expor minha compreensão quanto às perspectivas que se apresentam ao ensino de jornalismo nesta conjuntura.

Durante 40 anos, desde a regulamentação da nossa profissão em 1969, vislumbramos um panorama que parecia estável. Mais do que isso: petrificado, pela garantia da reserva de mercado aos profissionais diplomados. A lei substituía o “vale tudo” estabelecido desde o início do século, reduzindo as oportunidades de acesso ao trabalho com carteira assinada somente aos jornalistas já registrados e àqueles que viessem a obter o registro, comprovando a formação universitária específica.

De repente, a inusitada decisão do Supremo Tribunal Federal, tornando inconstitucional a legislação em vigor, produziu uma reviravolta em nossa categoria, desconcertando mais ainda aos educadores dos futuros jornalistas.

Deixando de ser imperativo, o diploma de jornalista afigurou-se inócuo, ameaçando a existência dos próprios cursos. Sendo facultativa a posse do diploma, os vestibulandos pouco informados tendem a desistir da carreira. Por sua vez, os donos das escolas particulares regidos pelo imediatismo passam a cancelar os vestibulares, mesmo em instituições de qualidade, temerosos de enfrentar déficits orçamentários.

Diante dessa situação de pânico, temos que manter a prudência institucional, lembrando que o diploma de jornalista apenas deixou de ser obrigatório, mas não desnecessário. O Brasil vinha constituindo uma das exceções no panorama mundial, ao tornar compulsória a formação universitária dos profissionais contratados pelas empresas.

Apesar disso, no mundo inteiro, o ensino de jornalismo vem sendo demandado pelos jovens que pretendem ingressar na profissão. Justamente porque desejam obter competência laboral e prontidão cognoscitiva, fundamentais para disputar vagas no mercado de trabalho.

Felizmente, o empresariado tem valorizado a formação superior dos jornalistas. Mesmo aqueles diretores de veículos jornalísticos resistentes à obrigatoriedade do diploma têm declarado que vão priorizar a contratação de jornalistas diplomados.

O argumento é simples e consistente: as empresas não desejam regredir ao estágio em que formavam seus próprios recursos humanos. Obviamente, não renunciam à prerrogativa de recrutar candidatos pelo mérito, privilegiando os portadores de diplomas que atestam habilidades para a profissão.

Esta, aliás, já era a linha vigente na política de pessoal das empresas do ramo, tendo em vista que a mão de obra habilitada a ingressar na profissão inclui uma espécie de exército de reserva, pelo grande número de escolas existentes em algumas regiões. Apesar disso, os departamentos de RH das empresas consideram ilimitada a oferta de repórteres e redatores com prontidão para atuar nas seções de informação geral em comparação com o reduzido estoque de editores e chefes de reportagem capazes de dar conta de funções gerenciais nas editorias especializadas.

Tive oportunidade de ouvir e registrar essa queixa, ao percorrer as principais empresas jornalísticas durante a missão que me delegou o Ministro da Educação. Fui ouvir os anseios da sociedade, na presidência da comissão que elaborou as novas diretrizes curriculares para os cursos de jornalismo.

Certamente aqui está o ponto de partida para delinear as perspectivas do ensino no país. Trata-se de colocar em marcha uma estratégia realista, inspirada pelo mito da fênix, renascendo das nossas próprias cinzas.

Voltamos ao patamar delineado pela Fenaj em Curitiba, quando Luiz Beltrão estarreceu o plenário do congresso de 1953, defendendo a formação superior dos jornalistas profissionais.

Cumpro, aqui, a mesma tarefa que meu mestre desempenhou, há meio século, atualizando naturalmente sua proposta. Para corresponder aos anseios dos novos tempos, é inadiável ampliar a natureza da formação universitária dos jornalistas. Isso significa dizer: precisamos diplomar jornalistas habilitados pela graduação e pela pós-graduação.

A reivindicação de novos instrumentos legais para regulamentar a profissão deve ser abrangente, permitindo que tanto os egressos do ensino médio tenham oportunidades para aprender jornalismo na graduação quanto os portadores de diplomas em outras áreas do conhecimento tenham a chance de estudar jornalismo na pós-graduação, frequentando cursos de mestrado.

Sem esse tipo de abertura, não caminhamos em direção ao futuro. Trata-se de modelo experimentado há um século em outros países, que não podemos ignorar e tampouco resistir. Num caso ou noutro, a universidade continuará a ser fiadora da competência profissional.

Trata-se de estabelecer limites ocupacionais balizados por critérios cognitivos e não corporativos. Vamos reunir a persistência e a paciência de Sísifo à ressurreição e ao rejuvenescimento de Fênix.

* Professor titular da UMESP, professor titular aposentado da USP, presidente de honra da Intercom, presidente da Socicom, presidente da Confibercom e parceiro do Grupo de Pesquisa Cepos. Email: marquesmelo@uol.com.br.

Fonte: Revista IHU Online Edição 341

Planejamento de cabo entra na pauta desta semana

Por Mariana Mazza

A Anatel fará duas reuniões do Conselho Diretor nesta semana, uma na quarta-feira, 1º, e outra na quinta-feira, 2. A pauta do segundo encontro traz um dos assuntos mais aguardados nos últimos tempos pelo setor de telecomunicações: o novo Planejamento do Serviço de TV a Cabo e do Serviço de Distribuição de Sinais Multiponto Multicanal (MMDS). Sem dúvida, o assunto é o destaque do encontro da semana, mas ainda não se pode afirmar que a Anatel, enfim, concluirá a análise do caso.

O processo, de relatoria do conselheiro Antônio Bedran, estava no gabinete da conselheira Emília Ribeiro por conta de um pedido de vistas. O gabinete faz mistério sobre seu posicionamento sobre o caso, alvo de muitas polêmicas já que nem todos os segmentos de comunicação concordam com a abertura plena do mercado. Empresas de cabo e emissoras de TV, por exemplo, têm criticado a medida, sinalizada há meses pela agência reguladora por meio de uma cautelar. A Band chegou a dedicar quatro dias de reportagens em seu principal noticiário para atacar diretamente a Anatel e beneficiar as teles com a abertura do mercado.

O assunto tornou-se controverso exatamente quando a Anatel aprovou, no final de maio, uma cautelar retirando os limites do planejamento atual ao número de operadoras por município. Apesar de optar por uma ação emergencial, alegando que a concentração no mercado de cabo estava prejudicando os consumidores, a medida jamais teve efeitos práticos, pois a Anatel atrelou a vigência dessa ação à aprovação do novo planejamento. Assim, é possível dizer que, apesar de inócua no momento, a cautelar da agência sinalizou sua intenção final de abrir o mercado antes mesmo de uma decisão sobre o planejamento em si.

Mais vistas
Mas, o retorno do assunto à pauta pode não ser garantia de aprovação do documento. Isso porque os demais conselheiros ainda podem pedir vistas para analisar melhor a proposta ou o voto-vista que será entregue pela conselheira Emília Ribeiro. Entre as empresas, a aposta é que um novo pedido de vistas é inevitável, apesar de a Anatel ter agido até agora como se tivesse pressa na aprovação do novo desenho do mercado de cabo.

Fonte: FNDC

Serra muda estratégia de comunicação e adota como slogan 'é hora da virada'

Por Julia Duailibi e Marcelo de Moraes

Depois de articular uma ofensiva política para fazer frente aos resultados das pesquisas de intenção de voto, a coordenação de campanha do presidenciável do PSDB, José Serra, traçou agora nova estratégia de comunicação. A investida conta com uma "tribuna popular" na internet e novo slogan, que traduz o momento por qual passa a campanha tucana: "É a hora da virada."

Agora a campanha passará a falar diretamente com o eleitor por meio de e-mail. Desde domingo, o site de Serra passou a ter nova cara. Foi criado um cadastro dos eleitores para mapear detalhadamente o perfil do internauta e saber qual seu assunto de interesse. Assim, a campanha acredita que conseguirá se comunicar mais diretamente, e de forma mais eficaz, com os interessados na candidatura tucana.

A iniciativa já é reflexo da contratação do consultor americano Ravi Singh, da Election Mall Tecnologies, que atuou na campanha de Juan Manuel Santos à Presidência da Colômbia.

O candidato a vice de Serra, Índio da Costa (DEM), foi o primeiro a estrear a investida por e-mail. Com o título Vamos virar esse jogo, iniciou ontem tentativa de mobilizar eleitor. A mensagem de Índio dizia: "Serra precisa do seu apoio agora."

"Somos nós quem decidimos o que queremos. Acredite no seu voto! Acredite em você! Todas as campanhas vitoriosas têm momentos difíceis. Somos 72 milhões de brasileiros conectados, uma das maiores comunidades do mundo na internet e é a hora da virada. Serra precisa do seu apoio agora", dizia a mensagem.

Na página da rede, saiu o conteúdo diário, com fotos, reportagens sobre o dia do candidato e informações sobre a posição dele a respeito de determinados temas. Por enquanto, o conteúdo será enviado para os eleitores apenas por e-mail e pós-cadastro.

Foi enviado para os internautas um "presente" da campanha: um pôster de Serra, que lembra o cartaz do presidente Barack Obama feito pelo ilustrador e ex-skatista Shepard Fairey na campanha americana de 2008.

"Sempre digo que é impossível fazer comparações com a campanha do Obama. Mas é impossível não se deixar influenciar por essa referência", disse a coordenadora da campanha na internet Soninha Francine. A candidata do PV, Marina Silva, também criou cartazes inspirados na obra de Fairey.

"Em vez de ficarmos dizendo que Serra tem experiência, vamos deixar que as pessoas digam. Virou uma tribunal virtual popular", disse Soninha, sobre a decisão de não colocar, por enquanto, conteúdo no site, mas registrar mensagens dos eleitores.

Questionada se o fato de a página de Serra ter ficado fora do ar no final de semana fazia parte da "estratégia" para criar expectativa com o novo projeto, conforme relataram integrantes da campanha ao Estado, Soninha disse: "Não é positivo termos tido problemas. É agonizante. Mas é verdade que tivemos mais tempo para refazer o site."

"Diariamente lhe enviaremos atividades para você realizar e nos ajudar a vencer. Vamos juntos! Vamos com Serra", afirma a mensagem do Time Serra 45, enviada por e-mail. Um dos casos que inspiraram a mudança foi uma viagem de Serra ao Rio Grande do Sul. Lá um eleitor perguntou a posição dele sobre agricultura. A resposta já estava na internet e a campanha passou a achar inútil o conteúdo do site.

Fonte: Estadão

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

'Estado' leva pesquisa eleitoral ao iPhone

Por José Roberto de Toledo

SÃO PAULO - Você está conversando sobre política com os amigos e começa uma discussão sobre quem tem mais votos entre as mulheres: José Serra (PSDB) ou Dilma Rousseff (PT). Não há nenhum computador por perto, nem mesmo um jornal de papel para servir de juiz. O debate ameaça acabar em impasse, quando de repente...

Você saca seu iPhone, abre o "Eleições 2010" e, antes de matar a charada, ainda pergunta: "Qual instituto de pesquisa vocês preferem?"

Essa é apenas uma das situações em que o aplicativo desenvolvido pelo Estado, em parceria com a Gol Mobile, pode ser usado no dia a dia.

O "Eleições 2010" mostra os resultados das pesquisas de intenção de voto dos quatro principais institutos. No caso de presidente, estão lá todas as sondagens divulgadas desde janeiro. Na página de política do estadão.com.br, que pode ser acessada no politica.estadao.com.br, é possível consultar o tutorial e tirar as dúvidas de como usar o aplicativo do iPhone.

Na sua tela inicial, o aplicativo mostra um gráfico com a intenção de voto estimulada da pesquisa mais recente sobre a sucessão presidencial.

Logo abaixo, aparece a lista das demais pesquisas disponíveis. Na barra de navegação há ainda links para as pesquisas da eleição para governador, e para blogs que tratam do assunto no estadão.com.br.

Modo de usar

Um dos seus amigos, com cara de inveja, pergunta quanto você pagou pelo aplicativo. E você: "Nada, é grátis". Basta entrar na App Store da Apple, digitar "Eleições 2010" no campo de busca e mandar instalar.

Para tirar a dúvida sobre quem tem mais eleitoras, basta você selecionar a pesquisa que lhe interessa (elas estão identificadas pelo nome do instituto e pela data do último dia das entrevistas). A primeira tela mostra os dois cenários da estimulada (com e sem os candidatos ditos nanicos), e, numa segunda aba, a intenção de voto espontânea.

Logo acima, há botões para você poder selecionar a taxa de rejeição dos candidatos e a simulação de segundo turno. Mas, para dirimir a dúvida com seus amigos, o caminho é selecionar o botão "mergulhe", onde você poderá ver os cruzamentos da intenção de voto, tanto estimulada quanto espontânea, por sexo, idade, escolaridade, renda e região onde moram os eleitores.

Depois de selecionar a opção "Sexo", você escolhe "Feminino". E descobre que, segundo a pesquisa Ibope concluída em 21 de junho, Serra e Dilma estavam empatados em 37% entre as mulheres.

"Ah, mas no Datafolha deu diferente", reclama um dos seus amigos. Você seleciona a mais recente pesquisa e constata que, de fato, na sondagem concluída em 1º de julho, Serra ganhava por surpreendentes 45% a 30% entre as eleitoras ouvidas pelo instituto Datafolha.

Você pode botar lenha na fogueira conferindo a metodologia empregada em cada pesquisa e o gráfico de evolução. A discussão vai esquentar.

O "Eleições 2010" mostra os resultados das pesquisas de intenção de voto dos quatro principais institutos. No caso de presidente, estão lá todas as sondagens divulgadas desde janeiro. Na página de política do estadão.com.br, que pode ser acessada no politica.estadao.com.br, é possível consultar o tutorial e tirar as dúvidas de como usar o aplicativo do iPhone.

Na sua tela inicial, o aplicativo mostra um gráfico com a intenção de voto estimulada da pesquisa mais recente sobre a sucessão presidencial.

Logo abaixo, aparece a lista das demais pesquisas disponíveis. Na barra de navegação há ainda links para as pesquisas da eleição para governador, e para blogs que tratam do assunto.

Fonte: Estadão


O reality show dos mineiros chilenos

Por Alberto Dines


O fim de semana foi marcado em todo o mundo por um espetáculo sem precedentes, autêntico reality show, dramático, emocionante, angustiante, literalmente sufocante.

Jornais, revistas e televisão mostraram um vídeo gravado nas profundezas do inferno a 700 metros abaixo do solo pelos mineiros chilenos soterrados há 25 dias na mina de cobre de San José, norte do Chile.

De acordo com as primeiras estimativas, o resgate só se completará dentro de três meses. Situação inédita, porque os sobreviventes estão sendo atendidos, medicados, vestidos e alimentados continuamente através de estreitos dutos e sondas ligadas à superfície.

Isolamento coletivo

Experimentados, treinados para emergências, os mineiros souberam se organizar para sobreviver, mas cinco já apresentam sinais de depressão psicológica. Perderam 10 quilos cada um nesta primeira fase.

O vídeo que gravaram na quinta-feira (26/8) acalmou as famílias mas também exacerbou o voyeurismo da mídia. Esta história ficará semanas em cartaz. No Chile, por solidariedade, no resto do mundo por curiosidade, depois talvez por morbidez.

Na capa da edição desta semana, Veja mencionou a "mais longa e documentada experiência humana de isolamento coletivo" e lembrou que o resgate poderá trazer ensinamentos para a medicina, psicologia, viagens espaciais.

O jornalismo sem jornalistas está na moda: é espetacular, incessante e, sobretudo, barato.

Fonte: Observatório de imprensa

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Extra inicia vendas por TV digital

O Grupo Pão de Açúcar, maior varejista do país, inaugurou esta semana mais um canal de vendas: a TV digital. O novo sistema, StickerCenter, desenvolvido pela softwarehouse brasileira Totvs, prevê que o consumidor use um aplicativo embarcado em seu aparelho de televisão ou em um conversor que, quando acionado, abre um espaço virtual de compras do Extra. Ali produtos, preços e promoções são oferecidos ao telespectador.

Numa primeira etapa, a operação da venda de produtos é finalizada por meio de um telefonema ao setor de televendas da rede de hipermercados. O sistema prevê que o consumidor passe os códigos dos produtos desejados ao operador de televendas e os compre por meio de cartão de crédito. A operação de vendas on-line, com interatividade no televisor, é prevista apenas para uma segunda fase do projeto, sem data definida para ser adotada.

A solução do Extra usa o StickerCenter, um portal gerenciador de aplicações para negócios interativos, baseado no padrão DTVi. A plataforma foi lançada pela Totvs esta semana, durante a feira Broadcast and Cable 2010, em São Paulo.

A tecnologia da venda por TV digital, em sua primeira etapa, usará um módulo embarcado nos televisores ou nos receptores. O sistema prevê que os Stickers, ou aplicativos de TV digital, sejam transmitidos e atualizados pelo sinal de TV de emissoras parceiras.

O acesso do consumidor ao sistema é feito a partir da navegação no menu do aparelho de televisão. O telespectador seleciona o portal StickerCenter e ali encontra a sua loja virtual. Em nota, o Grupo Pão de Açúcar informa que os Stickers transmitidos pelas emissoras serão utilizados pelos consumidores de forma gratuita. Já os Stickers dos produtos no portal poderão ser oferecidos gratuitamente a seus fabricantes, ou pagos, segundo o modelo do tipo "App Store".

Fonte: TeleSíntese

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Desemprego cai para 6,9% e registra menor taxa para julho, aponta IBGE

Por Verena Fornetti

A taxa de desemprego média no Brasil em julho foi de 6,9%, desacelerando frente aos 7,0% registrados em junho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse índice é o menor para meses de julho na série histórica do órgão, iniciada em março de 2002.

Na comparação com julho de 2009, houve um decréscimo de 1,1 ponto percentual --a taxa havia ficado em 8,0% influenciada pelos efeitos da crise econômica mundial.

A renda média do trabalhador cresceu 2,2% em julho, ficando em R$ 1.452,50. No ano, a expansão chega a 5,1%.

Em julho, o IBGE registrou uma média mensal de 1,6 milhão de pessoas desocupadas. Em relação a junho, houve estabilidade nesse contingente. Já na comparação com o mesmo mês no ano passado, houve queda de 11,3%.

A população ocupada média em julho foi de 22 milhões de trabalhadores, com estabilidade ante o mês anteror e crescimento de 3,2% no confronto com julho de 2009.

Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE, afirma que os dados apontam que o mercado de trabalho retomou o vigor anterior à crise internacional. "A crise fez com que o emprego deixasse de melhorar. Agora tudo indica que voltamos a ter a evolução positiva de 2007 e 2008."

O analista destaca que o número de trabalhadores com carteira assinada também cresce significativamente. Entre julho de 2009 e o mesmo mês deste ano, houve ganho de 569 mil postos de trabalho formalizados.

O IBGE mede a situação do mercado de trabalho nas regiões metropolitanas de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Recife (PE) e Porto Alegre (RS).


Fonte: Folha.com

Ficha limpa é pra valer

Por Luciano Martins Costa


A imprensa, aquela representada pelos jornais e revistas que chegam às principais capitais, ainda que em tiragem insignificante – mas que mesmo assim consegue influenciar a agenda pública –, parece atordoada diante dos acontecimentos que envolvem a disputa eleitoral.

Se o leitor atento observar os títulos das manchetes de política, vai constatar que há pelo menos três assuntos recorrentes nas edições dos diários e das revistas semanais. Um deles, evidentemente, é a sucessão de pesquisas de intenção de voto. O segundo é o dia-a-dia dos principais candidatos, que tradicionalmente compõe a crônica da campanha. O terceiro é o acompanhamento das decisões da Justiça Eleitoral sobre a aplicação da Lei da Ficha Limpa.

Em nenhum desses temas se pode encontrar uma linha condutora que ajude o leitor a entender o que está realmente acontecendo na política nacional neste ano de 2010.

Aprovação final

Com relação à questão dos fichas-sujas, a imprensa não tem conseguido oferecer aos leitores uma visão panorâmica das candidaturas colocadas sob suspeita, porque o noticiário em geral vem muito fragmentado.

As decisões anunciadas até aqui, oriundas dos tribunais regionais eleitorais, autorizam os candidatos vetados a seguir em campanha, porque, para que suas inscrições sejam definitivamente canceladas, é preciso que cada caso seja julgado na última instância. Fica, então, a imprensa, noticiando cada decisão de primeira instância, de modo que num dia o candidato está vetado e no dia seguinte volta a valer sua candidatura.

Na quinta-feira (26/8), os jornais noticiam a primeira decisão de instância superior sobre a aplicação da Lei da Ficha Limpa: o Tribunal Superior Eleitoral afirma que o candidato Nenem Itapipoca, que tenta se eleger deputado estadual pelo PSB do Ceará, não pode ter sua candidatura confirmada porque foi condenado pelo TRE cearense dois anos depois de ter sido eleito vereador, em 2004.

A notícia se destaca entre tantos anúncios de candidaturas vetadas porque é a primeira decisão do TSE na interpretação da nova lei, no que diz respeito a sua validade: com o veto à candidatura de Nenem Itapipoca, o TSE, a maior instância da Justiça eleitoral, está afirmando que a Lei da Ficha Limpa vale para as eleições deste ano e que sua validade é retroativa a casos passados e julgados antes da promulgação da nova legislação, ocorrida em junho deste ano.

A decisão equivale a uma aprovação final da nova lei.

Democracia direta

O ex-vereador cearense tem o direito de recorrer ao Supremo Tribunal Federal, que ainda não se pronunciou a respeito da constitucionalidade da nova lei, de sua aplicabilidade nas eleições deste ano ou de sua validade com relação a condenações ocorridas antes de sua existência.

Há muitas controvérsias entre juristas sobre a questão. No entanto, sabe-se que, nas instâncias superiores da Justiça, entra em campo não apenas a interpretação rigorosa da norma legal. Um pouco de política também acaba contaminando os votos dos ministros do Supremo.

No caso da decisão que manda para o lixo a candidatura do senhor Itapipoca, certamente vai ser levado em conta o fato de que a votação registrou cinco ministros do TSE contra as pretensões do candidato e apenas dois deles consideraram que a nova lei não poderia ser aplicada ao caso. O que complica a questão, se e quando ela chegar ao Supremo Tribunal Federal, é que um dos dois votos contra a validade da Lei da Ficha Limpa foi dado pelo ministro Marco Aurélio Mello, ministro titular do TSE e integrante do Supremo.

Por trás da controvérsia jurídica reina o significado mais importante da Lei da Ficha Limpa. Criada por iniciativa de cidadãos que se organizaram através das redes sociais na internet, a nova regulamentação que determina a inelegibilidade de candidatos com condenação criminal ou cível, por improbidade administrativa, representa uma ruptura no funcionamento do sistema legislativo.

Com a consolidação das novas tecnologias de comunicação, é muito provável que, se constatar que a Lei da Ficha Limpa produz a limpeza que os legisladores eleitos não se animaram a fazer por conta própria, a sociedade volte a se manifestar em outras questões que inquietam a cidadania.

Resta saber se a imprensa tradicional apoiaria iniciativas que induzem à idéia de democracia direta.

Fonte: Observatório da Imprensa

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A democratização do Supremo Tribunal

Por Dalmo de Abreu Dallari

Como tem sido divulgado pela imprensa, está vago um cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, dependendo de uma iniciativa do presidente da República o seu preenchimento. O processo de escolha previsto na atual Constituição é precisamente o mesmo fixado na primeira Constituição republicana brasileira, de 1891, nunca tendo sido alterado. De acordo com as disposições constitucionais, cabe ao presidente da República escolher um nome, entre os cidadãos brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, que tenham notável saber jurídico e reputação ilibada. Observados esses requisitos, o presidente submete o nome por ele escolhido à aprovação do Senado, podendo proceder à nomeação se o nome indicado obtiver a aprovação da maioria absoluta do Senado.

A ocorrência, agora, de uma vaga na Suprema Corte, por motivo da aposentadoria de um de seus membros, desencadeou uma reação que nunca antes tinha ocorrido no Brasil. Na realidade, muitos profissionais e estudiosos da área jurídica já tinham a convicção de que o processo de escolha dos ministros era muito inconveniente e devia ser mudado, mas eram raros os que manifestavam essa convicção. Agora, talvez pela sucessão, em curto prazo, de diversas decisões questionáveis e pela repercussão que elas tiveram na imprensa, teve início um movimento aberto de reivindicação de mudanças no processo de escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Mobilização para preencher a vaga

É oportuno ressaltar que o Supremo Tribunal Federal é órgão de cúpula do Poder Judiciário, um dos Poderes da República, e que o exercício das funções de ministro do Supremo Tribunal Federal é uma forma específica de exercício de poder político, pelos efeitos políticos e sociais de seus julgamentos. A par disso, é importante lembrar outro dado de grande relevância, que é o fato de que a Constituição vigente diz, no artigo 1º, que o Brasil é um Estado Democrático de Direito e que todo poder vem do povo, devendo ser exercido por ele diretamente ou por meio de representantes eleitos. No caso do Supremo Tribunal, nunca se deu ao povo qualquer possibilidade de manifestar seu pensamento e de exercer qualquer influência na escolha de seus membros, diferentemente do que ocorre com as cúpulas do Legislativo e do Executivo.

Este é um momento propício para que se faça uma ampla discussão sobre o processo de escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Aliás, um dado muito positivo que deve ser registrado é que já existe no Brasil uma significativa mobilização com esse objetivo. A própria magistratura brasileira já se posicionou abertamente sobre a matéria, adotando medidas objetivas e tendo elaborado uma proposta de emenda constitucional, que já está tramitando no Congresso Nacional. A par disso e em decorrência da vaga ora existente, já vem ocorrendo também a mobilização de movimentos populares, sugerindo nomes e buscando influir sobre a escolha daquele que irá preencher essa vaga, buscando assim dar efetividade aos preceitos constitucionais relativos à participação do povo para garantia do exercício democrático do poder.

Consenso quanto a mudanças

Mas além da adoção de um processo democrático para o preenchimento do cargo vago, o que já seria positivo, é da máxima importância a discussão sobre o processo mais adequado para viabilizar, em caráter permanente, a democratização da escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Pelas características do cargo e pelos atributos que devem ter os seus ocupantes, seria absolutamente inconveniente a eleição dos ministros, havendo já uma experiência muito negativa da eleição de juízes, ainda praticada em algumas partes dos Estados Unidos, mas em vias de extinção.

A convicção da impossibilidade, ou grande dificuldade, de mudança do processo de escolha dos ministros, que é matéria expressamente tratada na Constituição, e o temor de ofender a magistratura, obstaram, até agora, a apresentação de uma discussão pública, embora exista a convicção generalizada de que é absolutamente necessária a democratização da escolha dos ministros do Supremo Tribunal. Mas certamente a abertura de discussão sobre o tema irá estimular a publicação de sugestões e a busca da melhor solução, considerando, inclusive, os processos existentes em outros sistemas. Na realidade, já começaram a surgir propostas, como a da magistratura anteriormente referida. Poderia ser cogitada a apresentação de sugestões de nomes ou de listas pelas instituições jurídicas como os tribunais, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados e pelas associações representativas dessas e outras categorias, abrindo-se também a possibilidade de participação a outras entidades representativas da sociedade brasileira. Os nomes que recebessem maior número de sugestões comporiam uma lista tríplice, na qual o presidente da República escolheria um nome para submissão à aprovação do Congresso Nacional.

O fundamental é que se inicie uma ampla discussão do tema, com apoio da imprensa, que deverá dar divulgação às propostas e às críticas e sugestões que elas suscitarem, possibilitando que estudiosos do assunto e entidades sociais manifestem sua opinião. Com relação à vaga ora existente no Supremo Tribunal e ao seu preenchimento, é uma oportunidade para que a imprensa desperte a atenção do povo para a importância dessa escolha, fazendo a divulgação dos movimentos populares que já estão em atividade propondo ou sugerindo nomes. Concluindo, é importante registrar que na área jurídica existe consenso quanto à necessidade de mudanças substanciais para o aperfeiçoamento do Supremo Tribunal Federal. A imprensa pode e deve ter um papel de extrema relevância nesse processo de democratização, necessário para a efetivação do Estado Democrático de Direito.


Fonte: Observatório da Imprensa

Receita vasculhou sigilos de mais 3 pessoas ligadas a Serra e FHC

Investigação revela que Luiz Carlos Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio de Oliveira e Gregório Marin Preciado também tiveram sigilos quebrados


Por Leandro Colon e Rui Nogueira

Investigação interna da Receita Federal revela que acessos suspeitos aos sigilos fiscais de adversários do PT foram além do manuseio dos dados do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge. Os documentos mostram que, no mesmo dia, de um mesmo computador e em sequência, servidores do Fisco abriram os dados sigilosos de Eduardo Jorge e de mais três pessoas ligadas ao alto comando do PSDB. São elas: Luiz Carlos Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio de Oliveira e Gregório Marin Preciado.

O Estado teve acesso a informações do processo aberto pela Corregedoria da Receita para saber quem acessou e por que os dados de Eduardo Jorge foram abertos em terminais da delegacia da Receita Federal em Mauá (SP). Essas informações foram parar num dossiê que teria sido montado por integrantes do comitê de campanha da candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT). A oposição acusa funcionários do governo de violarem os sigilos fiscais de tucanos para fabricar dossiês na campanha eleitoral.

Os dados da investigação revelam que as declarações de renda de Eduardo Jorge e dos outros três tucanos foram acessadas do mesmo computador, por uma única senha, entre 12h27 e 12h43 do dia 8 de outubro do ano passado. O terminal usado foi a da servidora Adeilda Ferreira Leão dos Santos. A senha era de Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva. Às 12h27, foi aberta a declaração de renda de 2009 de Mendonça de Barros, ex-ministro das Comunicações do governo de Fernando Henrique Cardoso. Três minutos depois, às 12h30, acessaram os dados do empresário Gregorio Marin Preciado, casado com uma prima de José Serra. Às 12h31, a declaração de Renda de Ricardo Sérgio foi aberta. Ele é ex-diretor do Banco do Brasil no governo FHC. Às 12h43m41s daquele mesmo dia, o mesmo terminal acessou a declaração de renda de 2009 de Eduardo Jorge. Quatorze segundos depois, os dados referentes a 2008 foram abertos por um servidor da Receita.

Os nomes dos tucanos foram destacados pela própria investigação da Receita Federal, como "contribuintes que despertaram interesse na apuração". O trabalho de apuração da Receita compreendeu os acessos ocorridos naquela delegacia entre 3 de agosto e 7 de dezembro de 2009. Em depoimento à corregedoria da Receita, as duas funcionárias negam envolvimento na abertura desses dados. Dona da senha usada, Antonia Aparecida alega que repassou o código a outras duas colegas e que não sabe quem fez essas consultas.


Fonte: Estadão

Benefício de famílias que não atualizarem cadastro do Bolsa Família será bloqueado, diz ministra

Brasília - A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes, disse hoje (25) que as famílias não devem ter medo nem receio de fazer a atualização de cadastro do Programa Bolsa Família, que vai até o dia 31 de outubro. A ministra destacou que as famílias que não atualizarem seus cadastros até o fim do prazo terão o benefício bloqueado.

“As famílias devem procurar, o quanto antes, a prefeitura, a coordenação do cadastro único do Bolsa Família em sua cidade. Não deve haver medo ou receio. A atualização é exatamente para acompanhar a participação das famílias no programa. As suas condições de vida, de renda e atualização de endereço e escolaridade dos filhos”, explicou a ministra, durante o programa de rádio Bom Dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços.

Segundo a ministra, 1,1 milhão de famílias em todo país vão passar pelo processo de atualização cadastral, mas até agora vários estados estão bem abaixo de cumprir a meta estipulada. No Ceará, por exemplo, de acordo com a ministra, cerca de 71 mil famílias precisam atualizar seus dados, mas apenas 19.446 compareceram para efetuar a atualização até agora.

“Desejamos que todas as famílias façam a atualização cadastral, para que possamos continuar acompanhando e aprimorando o programa”, afirmou a ministra, que explicou que todas as famílias que precisam da atualização receberam uma notificação.

A ministra disse que a gestão do programa ainda é um grande desafio. Segundo ela, existe vontade política e recursos, mas a integração entre os governos federal, estaduais e municipais ainda precisa melhorar.

Durante a entrevista, a ministra destacou que é possível acabar com a fome no Brasil: “Trinta milhões de pessoas já saíram da pobreza e tivemos uma redução da desnutrição infantil. É inadmissível que uma família passe fome no Brasil. Temos uma dezena de programas e políticas, que cada dia mais chegam aos municípios brasileiros”, afirmou.


Fonte: Agência Brasil

TV paga cresce 15% no ano e chega a 8,6 milhões de casas

A base de assinantes de TV paga atingiu o número de 8,6 milhões de casas ao final de julho deste ano, após o incremento de 173.727 assinantes no mês passado, segundo dados da Anatel.

No ano a alta acumulada é de 15,1%. Apenas no mês de julho a expansão é de 2,1% em relação à base de assinantes do mês anterior.

Considerando o número médio de pessoas por domicílio divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) --de 3,3 pessoas--, os serviços de TV por assinatura atingem, atualmente, mais de 28,4 milhões de brasileiros.

Ainda de acordo com a Anatel, em julho o serviço prestado pelo DTH cresceu 3,8%. Pela TV a cabo a expansão de assinantes foi de 0,9% e pela tecnologia MMDS houve queda de 0,7%.

Os serviços de TV por Assinatura são prestados por sinais codificados por meio de diferentes tecnologias: meios físicos (TV a Cabo - TVC), micro-ondas (Distribuição de Sinais Multiponto Multicanais - MMDS) e satélite (Distribuição de Sinais de Televisão e de Áudio por Assinatura via Satélite - DTH).

Como consequência da expansão dos serviços de DTH nos últimos meses, a participação da TV por assinatura via satélite cresceu em relação aos serviços prestados via TV a Cabo e MMDS.

Em janeiro deste ano, os serviços de DTH representavam 37,4% e os serviços prestados via TV a cabo eram 57,9% dos serviços de TV por assinatura. Ao fim de julho de 2010, a participação dos serviços via satélite atingiu 42,2% da base e os a cabo passaram a atender 53,9% dos assinantes.


Fonte: Folha.com

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A mídia e a construção do caráter dos jovens

Por Valério Cruz Brittos e Jonathan Reis

Atualmente, uma grande parcela da sociedade brasileira encontra-se desorientada. Pensando em termos de crianças e jovens adolescentes, grupos sócio-etários que requerem atenção especial por estarem em formação, constata-se que, de um lado, os pais buscam adaptar-se à mutação comportamental permanente, e de outro, os filhos tentam inserir-se nesta sociedade midiatizada, com valores fluidos e o império do consumo como elemento diferenciador e fundamental das relações sociais.

Não se pode negar que a tecnologia e seus recursos facilitam a vida de todos, proporcionando um maior contato com informações de todo o tipo, ainda que traga marcas das motivações econômico-sociais que levaram à sua criação e difusão, prioritariamente mercadológica. A internet, por exemplo, sabidamente é uma eficaz ferramenta de aprendizado e entretenimento, utilizada em larga escala por crianças e adolescentes, mas, ao mesmo tempo, pode servir de dispositivo a atos criminosos nas mãos de sujeitos mal intencionados, que passam a fazer do seu uso um facilitador para a concretização de seus interesses ilícitos.

A conformação social contemporânea, onde a mídia é uma parte estruturante, mas não exclusiva, os jovens não são efetivamente preparados para a vida num sentindo mais amplo e libertador, já que o modelo é o do consumo exacerbado, da falta de limites, do parecer acima do ser e da beleza e da juventude como traços de superioridade. A partir daí, a futilidade ganha maior espaço, enfraquecendo a fase de construção de caráter de crianças e adolescentes. Urge a definição de outros parâmetros e modelos de referência, para tal sendo preponderantes os papéis da comunicação e da educação, duas áreas cada vez mais imbricadas.

Políticas públicas e democráticas

Os jovens sentem-se um fragmento do mundo, com pensamentos e atitudes diferenciados. Isso se reflete também no Brasil, dentre outros fatores, a partir dos padrões estabelecidos (e reforçados) pela mídia. Isso se materializa em problemas como o bullying, um fenômeno constante nas escolas, em que alunos sofrem agressão pelos mais variados motivo, aparentemente banais. Um aparelho nos dentes, o jeito de andar, o peso, o cabelo ou a roupa podem ser motivos de agressão física ou moral.

Valores e atitudes adquiridos no lar são assimilados pelas crianças e reproduzidos dentro da sala de aula. Atitudes machistas, discussões sem motivos relevantes, discursos carregados de palavras de baixo calão, demonstrações públicas de ressentimentos e mágoas passam a influenciar diretamente as crianças. Proliferam situações emocionais equiparáveis a chantagens, relacionadas a amizades e gostos, passando por julgamentos (apressados) sobre a sexualidade. Essas e tantas outras situações que as crianças são submetidas durante seu desenvolvimento emocional e intelectual passam a privá-las de liberdade, condicionando-as.

Nesse cenário, os professores deixam de ser referência de educação, papel que passa a ser ocupado especialmente pela televisão, através de seus shows, imagens e produtos. Os estilos das celebridades, difundidos midiaticamente, tornam-se metas a serem seguidas pelos jovens. Isso reforça a premissa de que a escola deve ser mais do que um local para aprender conteúdos de disciplinas, constituindo-se como um lócus de aprendizagem para a vida, onde há lugar não só para diversão, respeitando as diferenças. A mídia deveria contribuir nesse processo, mas para isso são necessárias políticas verdadeiramente públicas e democráticas.

Uma articulação coletiva

O futuro do Brasil depende de jovens que choram por um vampiro, que não buscam informações sobre política e, por isso, votam no político que tem a melhor aparência, que usam o jornal apenas para ler as narrativas mais supérfluas, que julgam sem conhecer, que colocam a aparência em primeiro lugar, que se esquecem de refletir que o ser humano deve ser tratado como ser humano e que isso não acontece de acordo com as páginas policiais.

Mas o futuro do Brasil também está nas mãos de jovens que podem fazer muito e, dependendo da própria sociedade e sua mídia, podem constituir um grupo de dimensão verdadeiramente impactante. Jovens que ficam indignados com as injustiças, que buscam o crescimento social e pessoal (incluindo o profissional), que dispõem de uma sólida base familiar e a valorizam, que dão importância ao conhecimento, que buscam informações sobre política, que debatem e estão abertos a pesquisar e conhecer, com maturidade. Esses jovens podem mudar a situação do país, cada um fazendo a sua parte, numa articulação coletiva.


Fonte: Observatório da Imprensa

Telebrás pede R$ 1,4 bilhão para tocar plano de banda larga até 2011

Por Sofia Fernandes

O presidente da Telebrás, Rogério Santanna, afirmou nesta terça-feira que a estatal pediu ao governo R$ 1,4 bilhão para sua capitalização e execução do PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) para até 2011.

Desse total, R$ 600 milhões deverão ser executados ainda este ano, prazo para que o governo leve o PNBL para cem cidades, além de 15 capitais e o Distrito Federal.

Segundo Santanna, o plano terá um orçamento de R$ 400 milhões para 2011 e, caso o esse volume de R$ 1 bilhão seja completamente executado, a Telebrás pedirá os R$ 400 milhões restantes.

Esses valores ainda precisam ser aprovados pelo Congresso. O dinheiro para o plano virá do Tesouro Nacional.

CEM CIDADES

Santanna esteve no 2º Fórum Brasil Conectado, evento para discussão do plano de banda larga. Segundo ele, a lista das cem cidades a serem contempladas pelo plano ainda este ano será divulgada quinta-feira.

No entanto, o presidente da Telebrás não descarta que a meta de cobertura seja frustrada. "Eu ainda tenho que me esforçar muito para cumprir essa data", afirmou.


Fonte: Folha.com

Puxado por habitação, crédito cresce 18,4% em um ano, aponta BC

Financiamento para compra de imóveis saltou 50,8% em 12 meses até julho e atingiu R$ 116 bilhões

Por Fabio Graner e Fernando Nakagawa

BRASÍLIA - O estoque das operações de crédito do sistema financeiro cresceu em julho 1,2% ante junho, atingindo R$ 1,548 trilhão. No ano, o crédito acumula alta de 9,4% e em 12 meses, 18,4%. O resultado foi favorecido pelo financiamento para habitação, que cresceu 3,9% e atingiu R$ 116,057 bilhões. Em 12 meses até julho, essa carteira tem crescimento de 50,8%.

Outro segmento que apresentou expansão das operações em ritmo maior que a média em julho foi a indústria, cuja carteira cresceu 1,6% na comparação com junho, totalizando R$ 329,211 bilhões. A categoria das pessoas jurídicas registra alta de 11% no acumulado em 12 meses. Já os empréstimos paras as pessoas físicas tiveram expansão 1,1% no mês, para R$ 502,241 bilhões, em ritmo inferior à média do crédito, que cresceu 1,2% em julho. Em 12 meses, a carteira de crédito das famílias acumula alta de 16,3%, e o total da indústria de crédito no Brasil teve expansão de 18,4%.

Entre os empréstimos destinados ao setor público, o volume aumentou 2%, na comparação mensal, liderados pelos financiamentos tomados por Estados e municípios, cujo montante cresceu 3,8% ante junho, para R$ 29,340 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses, os empréstimos para o setor público cresceram 21,1%.

As operações de crédito com recursos direcionados cresceram, no mês passado, 2,3% ante junho, acumulando no ano alta de 14% e de 28,8% em 12 meses. As operações de crédito com recursos livres aumentaram 0,7% no mês e acumulam, no ano, expansão de 7,2%. No acumulado de 12 meses, o crédito com recursos livres registra alta de 13,8%.

Em relação ao tamanho da economia, o estoque de crédito teve mais uma alta, passando de 45,7% do PIB em junho para 45,9% do PIB em julho.

Base monetária

A base monetária cresceu em julho ante junho 2,7% pelo critério de média dos saldos nos dias úteis, totalizando R$ 166,374 bilhões. No acumulado dos 12 meses, a base monetária cresceu 20,2% por esse critério. O papel moeda emitido cresceu no mês 1,7% e em 12 meses teve expansão de 17,5%, totalizando R$ 123,287 bilhões. Já as reservas bancárias subiram em julho ante junho 5,7% e 28,6% em 12 meses, totalizando R$ 43,087 bilhões.

Pelo critério de saldo em final de período (na ponta), a base monetária cresceu em julho, ante junho, 1,8%, totalizando R$ 162,528 bilhões. Em 12 meses, a alta da base monetária na ponta é de 19,9%. Por esse critério, o papel moeda emitido cresceu no mês 2,6% e 17,9% em 12 meses, totalizando R$ 123,907 bilhões. As reservas bancárias tiveram queda de 0,6% no mês e alta de 26,8% em 12 meses, somando R$ 38,621 bilhões.

Prazo médio sobe para 452 dias

O prazo médio das operações de crédito com recursos livres atingiu, em julho, 452 dias corridos, ante 448 dias corridos em junho, segundo dados divulgados há pouco pelo Banco Central. O prazo médio das operações com pessoa física subiu de 523 dias para 528 dias, enquanto para pessoa jurídica passou de 382 dias para 385 dias.


Fonte: Estadão

Justiça dos EUA suspende planos de aumento de verbas para células-tronco

Uma corte distrital dos Estados Unidos impôs um mandato judicial temporário bloqueando os planos do governo de Barack Obama para aumentar as verbas para pesquisas em células-tronco.

A corte tomou a decisão a favor de pesquisadores que afirmaram que a pesquisa envolve a destruição de embriões humanos.

O juiz Royce Laberth afirmou que o processo movido contra as medidas do governo americano agora poderão continuar.

O processo, que também conta com o apoio de alguns grupos cristãos americanos, é contra o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês). Os que são contra o plano do governo para aumentar as verbas para a pesquisa, alegam que a política do NIH viola as leis americanas e também toma verbas de pesquisadores que tentam trabalhar com células-tronco adultas.

"A pesquisa com CTE (com células-tronco embrionárias) é claramente uma pesquisa na qual um embrião é destruído", afirmou Lamberth.

"Para conduzir esta pesquisa, as células devem ser derivadas de um embrião. O processo de retirar as células-tronco embrionárias de um embrião resulta na destruição do embrião. Dessa forma, a pesquisa com células-tronco embrionárias depende da destruição de um embrião humano", acrescentou o juiz.

Restrições

A emenda Dickey-Wicker, que o Congresso americano acrescenta à legislação orçamentária todos os anos, teve um papel importante o mandato judicial aprovado nesta segunda-feira. A emenda proíbe o uso de verbas federais para destruir embriões humanos.

Para o juiz Royce Lamberth, o mandato judicial imposto não vai "prejudicar seriamente" os estudos com células-tronco embrionárias, pois "não interfere com a possibilidade (de os pesquisadores) conseguirem verbas privadas para suas pesquisas".

O juiz agora deve ouvir grupos contra e a favor das pesquisas com estas células-tronco para decidir se o mandato judicial deverá ser permanente ou se as pesquisas poderão voltar a receber verbas do governo.

O presidente americano, Barack Obama, suspendeu em março de 2009 as restrições a destinação de verbas para pesquisas com células-tronco. Críticos afirmavam que as restrições, que tinham sido determinadas no governo anterior de George W. Bush, eram um obstáculo para a descoberta de tratamentos de doenças como Alzheimer, Mal de Parkinson e diabetes.


Fonte: BBC Brasil

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A industrialização da cultura religiosa

Por Rafaela Barbosa*

A mercantilização da religião já é um fenômeno legitimado na contemporaneidade, com características oligopolísticas, onde um grupo reduzido de igrejas lidera empreendimentos dentro e fora da área religiosa. Neste artigo nos referimos ao meio evangélico. Nota-se que o universo pentecostal surgiu com o propósito de manter-se contrário às práticas da Igreja Católica, como, por exemplo, a veneração de santos e imagens e a confissão individual para a remissão dos pecados, preservando seus preceitos históricos. Com as mudanças socioeconômicas e culturais que o capitalismo desencadeou no mundo, ocorreram reordenamentos estruturais nas organizações religiosas. Parte destas passa a seguir as lógicas capitalistas como instinto de sobrevivência econômica, adotando posturas fundamentadas mais no consumismo que na doutrina, tendo a mídia um papel central em seus movimentos.

No início seria impossível imaginar a ida aos templos para realizar apostas divinas ou até mesmo a constituição de uma bancada evangélica junto ao poder legislativo. Há mais de três décadas houve uma expansão pentecostal, que partiu das promessas da sociedade de consumo, do acesso de crédito aos consumidores e das possibilidades de entretenimento criadas pela indústria cultural. Essa religião ou se mantinha fiel aos seus princípios doutrinários de origem, aumentando sua defasagem em relação à sociedade e aos interesses ideais e materiais dos seus adeptos, ou fazia concessões.

Na sequência, algumas denominações evangélicas subdividiram-se para atender a essa fatia do mercado que estava em franca expansão. A linha doutrinária do culto de pentecostes teve seus desdobramentos até o surgimento do neopentecostalismo. Esta última incorporou procedimentos inovadores aos métodos protestantes, como a pregação de cultos por meio da mídia, a prática da Teologia da Prosperidade, dentre outros.

No cenário brasileiro, a perspectiva midiática neopentecostal inicia em novembro de 1989, quando a Igreja Universal do Reino de Deus – IURD compra a Record. Na década seguinte, evidenciam-se os movimentos de alargamento empresarial desta igreja no setor de radiodifusão. Na atualidade, os números de veículos da rede, são discutíveis, visto que o Ministério das Comunicações credita números inferiores ao que eles anunciam possuir. Mesmo com tal divergência, sua programação na madrugada:

reúne hoje trinta emissoras no país (cinco próprias e 25 afiliadas) e 747 retransmissoras, segundo o Ministério das Comunicações. [Em contrapartida], a Record afirma ter 105 emissoras (entre próprias e afiliadas). Conta ainda com a Record News, a Rede Família e a Record Internacional¹.
1 NASCIMENTO, Gilberto. Que se cuidem os infiéis. Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=5250. Acesso em: 07 dez. 2009.
Parte do crescimento da IURD na América Latina, e em alguns países da América do Norte e Europa, é creditado ao alcance nacional e transnacional que a Record vem conquistando ao longo dos anos. Os demais veículos liderados pela IURD constituem um complexo de empresas estruturadas nos moldes da indústria cultural, onde setores da indústria fonográfica, literária, radiofônica, televisiva, dentre outros, fortalecem o processo comunicativo institucionalizado, entre os colaboradores, adeptos e o mercado. De acordo com a tabela 1:

O poder midiático reforça o discurso de prosperidade, tanto para tentar ganhar adeptos, como comercializar suas produções espirituais. Cabe ressaltar que a TV serve como reforço das mensagens veiculadas pela IURD, em função de seu conteúdo de info-entretenimento popularesco, e opera prioritariamente como uma plataforma tecnológica a reforçar interesses e ideais societários. O uso dos meios de comunicação, de técnicas de marketing e propaganda, da legitimação da Teologia da Prosperidade e, sobremaneira, do trabalho dos dirigentes, que focam seus empenhos na proliferação da IURD pelo mundo, estes elementos somados asseguram o desenvolvimento da Igreja, podendo projetar economicamente os outros negócios do grupo empresarial do bispo Edir Macedo, como a Record.


* Mestranda em Ciências da Comunicação na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, pesquisadora vinculada ao Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade – CEPOS. E-mail: byrafaela_barbosa@hotmail.com.


Fonte: Revista IHU Online Edição 340

Jornalista, teu sobrenome é coragem!

Por Celiana Quintiliano

Nos dias atuais, o jornalista não é mais visto como um intelectual, como ocorria no passado. O jornalista era visto como uma pessoa culta e preparada para passar à sociedade o que ela queria e precisava saber. Na ditadura, muitos jornalistas foram mortos por discordarem do regime e levantarem a bandeira em prol da democracia, o que trouxe uma credibilidade muito grande aos profissionais da área junto à sociedade.

Atualmente, o prestígio da profissão de jornalista vem caindo demasiadamente. Atuações infelizes de alguns profissionais da área trazem constrangimento e vergonha para profissionais sérios que levam à risca os preceitos éticos do jornalismo. A própria sociedade já vê com certa desconfiança o profissional de jornalismo, resultado da atuação de péssimos jornalistas que constituem a chamada imprensa marrom. Estes são especialistas em denegrir a imagem de personalidades, em passar informações construídas de acordo com o interesse do veículo e se preocupam perigosamente em manipular a opinião pública.

Como se o cenário citado acima não fosse suficiente, a profissão ainda sofreu um golpe muito duro no último ano. Em junho de 2009, o STF (Superior Tribunal Federal) decidiu que o diploma do curso de Jornalismo não seria mais necessário para o exercício da profissão. A decisão é extremamente perigosa, pois abre a possibilidade de que um profissional despreparado e com intenção duvidosa possa exercer o ato de informar.

Coragem para ser ético

O profissional de jornalismo é essencial ao exercício da democracia, já que, dentre outras, tem a função de informar o cidadão. O que saberíamos das facetas dos membros do Congresso Nacional se não fosse o jornalista? Este, apesar de imparcial, é formador de opinião, pois traz informação à sociedade, informação esta sofrida, suada, já que estes profissionais são tratados com desrespeito por alguns setores da sociedade.

O jornalista precisa ter coragem para exercer sua profissão de maneira digna, seja rejeitando pautas antiéticas, seja recusando-se a fazer reportagens que tenham como objetivo final denegrir a imagem de alguém desnecessariamente ou que tentem induzir a opinião pública, servindo assim a um jogo de interesses tão comum em nosso país. Ter coragem para ser ético faz a diferença e revela o profissional que você quer ser.

(Texto dedicado à professora Cintia Cerqueira Cunha)

Fonte: Observatório da Imprensa

Gasto de brasileiros no exterior bate novos recordes nas férias de julho

Por Eduardo Cucolo

As despesas dos brasileiros que viajam para o exterior ou fazem compras pela internet em sites estrangeiros bateram recorde em julho e no acumulado de 2010.

Segundo dados do Banco Central, foram gastos US$ 1,54 bilhão no mês passado, valor recorde para todos os meses da série iniciada em 1947.

Entre janeiro e julho foram US$ 8,6 bilhões, outro recorde. Houve aumento de quase 60% em relação ao mesmo período de 2009 (US$ 5,5 bilhões).

FATORES

A estabilização do câmbio em um patamar abaixo de R$ 2,00 e o crescimento da renda têm sido fatores importantes para aumentar esses gastos.

O gasto com viagens internacionais é um dos componentes das contas externas do país e tem contribuído para piorar as transações correntes. Isso porque o ritmo de aumento dos gastos dos brasileiros não foi acompanhado pelo crescimento do turismo estrangeiro no país.

As despesas dos turistas que visitam o Brasil passaram de US$ 3 bilhões para US$ 3,4 bilhões neste ano.

A diferença nessa conta já chega a US$ 5,2 bilhões e deve terminar o ano em US$ 8 bilhões, segundo o BC.

INVESTIMENTO

Os investimentos estrangeiros diretos no Brasil cresceram em julho, para US$ 2,6 bilhões, ante US$ 708 milhões no mês anterior, segundo o BC.

Mais uma vez, o valor ficou abaixo do deficit do país nas suas transações com o exterior, que ficou em US$ 4,5 bilhões no mês passado.

No ano, os investimentos somam US$ 14,7 bilhões, ainda distante da previsão de US$ 38 bilhões feita pelo BC.

O deficit acumulado está em US$ 28,3 bilhões, praticamente o dobro dos investimentos.

AÇÕES

Os investimentos estrangeiros em ações somaram US$ 7,1 bilhões no primeiro semestre de 2010, valor recorde da série iniciada em 1947, segundo dados do Banco Central, divulgados no final de julho.

Os estrangeiros aplicaram ainda mais US$ 9,3 bilhões em títulos públicos no país e US$ 2,6 bilhões em ADRs (recibos de ações brasileiras negociados no exterior).

Em junho, entraram no país US$ 1,9 bilhão em ações e US$ 1,4 bilhão em renda fixa (títulos públicos).

Fonte: Folha.com

Premiê australiana busca apoio de independentes para formar governo

A primeira-ministra da Austrália, Julia Gillard, está negociando com um grupo pequeno de parlamentares para tentar formar uma coalizão de governo que a mantenha no poder.

No sábado, os australianos foram às urnas para eleger o novo governo do país. O partido Trabalhista, de Gillard, não conseguiu a maioria parlamentar necessária para governar.

O líder da oposição, Tony Abbott, diz que os trabalhistas perderam a legitimidade para governar, por não terem obtido a maioria dos votos.

Nesta segunda-feira, Julia Gillard foi à capital Canberra para negociar um acordo com três parlamentares independentes.

Mercado em crise


Os três políticos são praticamente desconhecidos entre o grande público australiano. No entanto, acredita-se que o futuro do novo governo está nas mãos dos três, que representam distritos rurais australianos.

Apesar de serem independentes entre si, os parlamentares Rob Oakeshott, Tony Windsor e Bob Katter passaram a negociar em bloco, em vez de buscarem acordos individuais com a primeira-ministra.

Alguns analistas australianos acreditam que as negociações para formação de um novo governo podem se arrastar por meses.

Nesta segunda-feira, os mercados financeiros australianos fecharam em baixa, em meio a temores sobre a indecisão no governo australiano.

Os títulos do governo e a moeda local – o dólar australiano – fecharam em queda.

A contagem de votos continua na Austrália, mas com poucas chances de qualquer partido obter a maioria de 76 vagas no Parlamento, necessária para governar sem coalizão.

Segundo a rede australiana de comunicação ABC, a previsão é de que os trabalhistas conquistem 72 vagas, contra 73 dos conservadores.

A primeira-ministra disse que fará de tudo para garantir que o governo se mantenha estável enquanto os votos são apurados.

"Está claro que nenhum partido conquistou o direito de governar sozinho", disse Gillard, que assumiu o governo apenas há dois meses, depois de derrotar o então premiê Kevin Rudd na liderança do partido Trabalhista.

Depois de chegar ao poder, ela convocou novas eleições, na esperança de que seus bons índices de popularidade permanecessem altos até o dia do pleito. No entanto, nas últimas semanas, a rejeição à Gillard aumentou.

Esta é a primeira vez desde 1940 que um partido não consegue conquistar a maioria parlamentar na Austrália.

Fonte: BBC Brasil

Fichas-sujas invadem a corrida eleitoral

Em todo o País, candidatos que respondem a processos e até alguns já condenados saem em busca de votos, apesar da Lei da Ficha Limpa.

Candidatos com ficha policial ou cassados pela Justiça Eleitoral afrontam a Lei da Ficha Limpa e fazem campanha, confiantes de que serão eleitos. Há casos emblemáticos em vários Estados envolvendo nomes notórios, como ex-governadores, um dirigente de futebol e até um bicheiro.
No Rio de Janeiro, o ex-presidente do Vasco e ex-deputado federal Eurico Miranda (PP) tenta voltar à Câmara dos Deputados apresentando-se como "candidato ficha limpa". Ele é réu de processos em varas criminais da Justiça Federal, alvo de inquéritos em andamento e um dos denunciados pela CPI do Futebol do Senado, finalizada em 2001.

Eurico nunca foi condenado em decisões colegiadas - o que o deixa de fora das inelegibilidades previstas pela Lei da Ficha Limpa. "Sou ficha limpíssima", afirma o dirigente esportivo. "Foi justamente essa lei que me motivou a fazer campanha".

Na semana passada, o TRE do Rio deferiu a candidatura de Eurico. Ele apresentou 15 certidões criminais negando condenação. Em 2007, ele foi condenado a 10 anos de prisão por crimes tributários pela 4ª Vara Federal Criminal do Rio. O STJ, porém, anulou a sentença. Duas ações tramitam em varas federais e um inquérito na Justiça estadual.

"São questões que envolvem recolhimento de INSS. Esse não é mais um problema meu. É problema do Vasco", alegou Eurico.

Em Alagoas, o ex-governador Ronaldo Lessa, cujo pedido de candidatura ao governo pelo PDT foi impugnado pelo TRE, foi orientado pelo advogado a ignorar a decisão da Justiça e continuar em campanha.

Para Lessa, a decisão do TRE-AL foi política e será revertida pelo TSE. Ele não se considera um ficha-suja, apesar de condenado por um colegiado, acusado de abuso de poder político e eleitoral, nas eleições de 2004.

"Os verdadeiros bandidos permanecem impunes, enquanto eu estou sendo punido por ter dado aumento aos servidores da Educação", afirma.

Cassado pelo TSE por corrupção eleitoral em fevereiro do ano passado e barrado pelo TRE da Paraíba com base na Lei da Ficha Limpa, o ex-governador Cássio Cunha Lima está em plena campanha para o Senado pelo PSDB.

Ele aguarda que o TSE julgue recurso contra decisão do TRE que manteve a impugnação de sua candidatura. No programa eleitoral, se apresenta como "injustiçado" que acatou a decisão da Justiça. Nas primeiras aparições, disse que já foi punido e não vai desistir da candidatura ao Senado.

Bicho. José Carlos Gratz, preso em 1989 pela Polícia Federal acusado de comandar o jogo do bicho em Vitória, foi uma espécie de governador às avessas, exercendo enorme poder na vida política e econômica do Espírito Santo. Do cargo de presidente da Assembleia Legislativa, controlava o Poder Executivo.

Durante pelo menos duas administrações, o governador que não rezasse a cartilha dele não conseguia apoio do parlamento.

Em 2002, acusado pelo Ministério Público Estadual do desvio de R$ 26,7 milhões do Legislativo, teve o mandato cassado. Foi preso outras duas vezes, e ainda responde em liberdade a cerca de 150 ações judiciais.

Mesmo com um currículo desses, encontrou abrigo no nanico PSL e arquitetou a volta à vida pública, na disputa pelo cargo de senador. Foi o primeiro político do país a questionar a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa no STF, com duas ações com pedido de liminar, nas quais busca sustentar a candidatura.

O TSE vai julgar uma das ações, e a outra teve o pedido negado pelo ministro do STF Carlos Ayres Britto.

Dos candidatos impugnados pela Procuradoria Eleitoral do Maranhão, enquadrados na Lei da Ficha Limpa, todos aparecem na TV e no rádio fazendo campanha normalmente, como Jackson Lago (PDT), Sarney Filho (PV), Cléber Verde (PRB) e Márcia Marinho (PMDB). / ALFREDO JUNQUEIRA, WILSON LIMA, RICARDO RODRIGUES, ADELSON BARBOSA DOS SANTOS e ALEXSANDER PANDINI.

Fonte: Estadão

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Quase metade das cidades não tem acesso à rede de esgoto

Por Fabricia Peixoto

Quase metade dos municípios brasileiros, ou 44,8% do total, não era servida com uma rede de saneamento em 2008, de acordo com um levantamento divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A oferta do serviço também era bastante desigual. Enquanto no Estado de São Paulo a rede de esgoto chegava a 99,8% das cidades, no Piauí apenas 4,5% dos municípios eram atendidos.

Quando o cálculo é feito por domicílios, o resultado é ainda mais preocupante: 56% dos brasileiros, ou seja, a maioria da população, não tinham acesso ao serviço de coleta de esgoto há dois anos.

Ainda de acordo com o levantamento, de todo o volume de esgoto gerado no país em 2008, 31% não passou por qualquer tipo de tratamento.

Ao contrário de outros serviços básicos, como luz e coleta de lixo, que evoluíram nos oito anos anteriores, o saneamento deixou a desejar no período. Em 2000, esse serviço chegava a 52,2% das cidades.

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) 2008 investiga a oferta de diversos serviços básicos, tendo como fonte de informação as entidades prestadoras desses serviços em todos os municípios brasileiros.

Água encanada, por exemplo, chegava a 99,4% dos municípios em 2008, enquanto a coleta de lixo atingia a totalidade (100%) das cidades brasileiras.


Fonte: BBC Brasil

Jornais comem poeira

Por Alberto Dines

Além da disputa entre os presidenciáveis, há um outro confronto em curso. Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva candidatam-se a sucessores do presidente Lula. Ao mesmo tempo será decidido o futuro da mídia brasileira. A hegemonia ficará com os jornais, com a TV ou a internet?

A entrada da TV foi de grande efeito: o espetáculo político ganhou uma nova dimensão a partir das entrevistas na bancada do Jornal Nacional da Rede Globo. A internet ainda não encontrou uma maneira de mostrar o seu poderio. Mesmo o debate Folha-UOL de quarta-feira (18/8) – primeiro no gênero no Brasil – não conseguiu eletrizar porque na realidade foi uma reinvenção da TV, sem os seus atributos e com todas as precariedades da web brasileira.

O fato de ter sido acessado em 127 países (como a Folha gabou-se na edição de quinta, 19) não chega a impressionar porque não se conhecem a duração e a quantidade de acessos. A edição do Observatório da Imprensa na TV Brasil também é acompanhada ao vivo por internautas do exterior, o mesmo acontece com ouvintes de países vizinhos que captam nossos comentários radiofônicos retransmitidos por emissoras brasileiras nas regiões fronteiriças.

Ilusões tecnológicas

Quem ainda não deu o ar de sua graça foi o meio jornal. Sem a vantagem da instantaneidade e, em compensação, com a capacidade de pautar o debate já que não está sujeito às limitações legais impostas às concessionárias de rádio e TV, o jornal vê-se obrigado a correr atrás do horário eleitoral e dos embates eletrônicos.

A aposta num grande elenco de opinionistas e celebridades em detrimento da reportagem investigativa escancara aqui os equívocos das empresas de jornalismo impresso – que nos últimos anos trocaram seus atributos históricos por miragens tecnológicas com prazos de validade limitados.


Fonte: Observatório da Imprensa

Israel aceita convite dos EUA para retomar diálogo direto com palestinos

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, aceitou nesta sexta-feira o convite dos Estados Unidos para retomar as negociações diretas de paz com os palestinos, em uma reunião tripartite em setembro próximo, em Washington (EUA).

Um porta-voz do premiê afirmou às agências de notícias que Netanyahu aceitou convite e afirmou que "conseguir um acordo de paz é difícil, mas possível".

Ele disse ainda que chegará à mesa de negociação "com o desejo genuíno de conseguir a paz entre os dois povos e preservar os interesses nacionais de Israel, o principal deles sua segurança", segundo o site do jornal "Yedioth Ahronoth".

Resta agora a resposta da liderança palestina para confirmar o fim de uma paralisação de 20 meses no diálogo direto, desde dezembro de 2008, quando Israel lançou uma grande ofensiva militar contra a faixa de Gaza. O processo de paz se arrasta há 62 anos.

Diplomatas e fontes ligadas às negociações afirmaram mais cedo nesta sexta-feira que as lideranças palestinas, assim como Israel, aceitaram retomar as conversas diretas de paz.

Netanyahu vem há tempos buscando a retomada das conversações, em boa parte impulsionado pela pressão americana. Ele disse estar pronto a se reunir a qualquer hora com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, anunciou pouco antes, às 12h, o convite americano para a retomada do diálogo direto.

"Houve dificuldades no passado e haverá dificuldades agora. As conversas atingirão obstáculos e os inimigos da paz continuarão tentando nos prejudicar", disse Hillary, reconhecendo a dificuldade do processo.

Hillary afirmou ainda que as conversas tripartites devem acontecer "sem pré-condições, com boa fé e compromisso com seu sucesso". Apesar da ampla defesa de Israel por um diálogo sem agenda prévia, a liderança palestina foi clara em estabelecer suas condições para retomar as negociações.

Ela falou ainda em um prazo de 12 meses, que o Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, ONU, Rússia e União Europeia) diz ser o suficiente para um acordo.

A secretária não deu mais detalhes, mas Mitchell afirmou em resposta às perguntas dos jornalistas que as negociações têm como premissa a criação de um Estado palestino, "vivendo lado a lado [com Israel], em paz e segurança".

As demais bases do diálogo, incluindo a fronteira do novo Estado, serão definidas por israel e pela Autoridade Nacional Palestina.

PRAZO E PLANOS

Segundo o enviado, "o único jeito de isso acontecer é com diálogo direto" e os EUA vão atuar com paciência, determinação e perseverança.

Mitchell também reconheceu as dificuldades nas negociações de paz e disse que não espera que elas desapareçam na primeira reunião.

"Sabemos muito bem que a desconfiança entre as partes continua, a hostilidade residual desenvolvida em muitas décadas de confronto e em muitos esforços anteriores que não foram bem sucedidos", disse Mitchell.

"[As diferenças] não serão resolvidas imediatamente, mas acreditamos que a paz ampla no Oriente Médio, incluindo, mas não limitada, ao fim do confronto entre israelenses e palestinos, está dentro dos interesses de Israel, dos palestinos e dos EUA".

Quanto ao prazo de um ano, Mitchell disse acreditar ser possível --mas preferiu não usar a palavra prazo.
"É uma causa tão nobre, tão justa, que o esforço contínuo tem que ser feito", disse Mitchell, que rejeitou comparação de um jornalista de que demorou-se 20 meses apenas para retomar as negociações diretas.

O enviado americano lembrou ainda que os 12 meses foram citados pelo próprio Netanyahu, em sua visita em julho aos EUA e revelou que o presidente americano, Barack Obama, também acredita que um acordo pode sair neste prazo.

O anúncio, contudo, foi apenas o início de um processo de negociação. Nestes primeiros encontros, em setembro, as duas partes devem decidir as datas e locais das próximas reuniões. "Mas esperamos que algumas delas aconteçam na região", disse Mitchell.

O americano disse ainda que os EUA devem oferecer propostas conciliadoras, mas reconhecem estas conversas como essencialmente bilaterais e, portanto, as ideias principais devem vir de Israel e dos palestinos.

As conversas, ainda segundo Mitchell, devem incluir a participação de aliados como o Quarteto, Egito e Jordânia, que já atuam há tempos nos esforços de paz.

Já o grupo islâmico radical palestino Hamas, que controla a faixa de Gaza, será excluído das negociações. Segundo Mitchell, eles não fazem parte do governo executivo palestino e por isso não há motivo para incluir o grupo, considerado terrorista por Israel, nas negociações.

IDAS E VINDAS

As negociações de paz lançadas em Annapolis (EUA), no final de 2007, estão estagnadas desde dezembro de 2008, quando os palestinos abandonaram o processo de paz após o início da ofensiva militar israelense contra a faixa de Gaza, que deixou cerca de 1.400 palestinos mortos, na maioria de civis.

Posteriormente, Abbas se negou reiteradamente a voltar à mesa de negociação enquanto Israel não paralisasse totalmente a ampliação das colônias judaicas na Cisjordânia.

Em março passado, Abbas aceitou iniciar conversas indiretas de paz sem que se tivesse cumprido sua exigência, mas a aprovação da ampliação de uma colônia em Jerusalém Oriental, durante a visita do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, jogou por terra a possibilidade e originou a maior crise diplomática em décadas entre Israel e Washington.

Em visita à Casa Branca em julho, Netanyahu disse estar disposto a tomar passos concretos e seguir com o plano mediado pelos EUA de iniciar diálogo direto em setembro próximo. Ele não afirmou, contudo, quais seriam os requisitos israelenses, ou, ainda mais importante, o que Israel estaria disposto a ceder pelo diálogo.

Por outro lado, semanas depois, Abbas decretou o que considera os termos essenciais para retomar as conversas diretas.

Ele disse que Israel precisa concordar que o futuro Estado palestino deve incluir as terras ocupadas na guerra de 67. Os palestinos querem estabelecer seu Estado na Cisjordânia e na faixa de Gaza, com Jerusalém Ocidental como capital --pedido rejeitado por Israel, que considera toda Jerusalém sua eterna capital.

Segundo Abbas, deve haver ainda uma terceira parte garantir a segurança do futuro Estado palestino. A segurança da Palestina poderia ser entregue à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) --um compromisso que reduziria os temores de Israel de que os palestinos se armariam pesadamente. Israel, contudo, quer manter uma presença no vale da Jordânia, ao longo da fronteira da Cisjordânia.

Há ainda a condição de uma troca justa de terras pelas áreas da Cisjordânia ocupadas com assentamentos judaicos. Palestinos já disseram que não aceitariam uma ocupação superior a 2% do território cisjordaniano.

As pressões diplomáticas se intensificaram nos últimos dias, já que em 26 de setembro vence a moratória de dez meses para a construção de assentamentos nas colônias judaicas da Cisjordânia.


Fonte: Folha.com

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Jornalismo não é ridicularizar pessoas

Por Sérgio Spagnuolo

Como diferenciar o que é notícia do que é mau gosto? Parece fácil notar a diferença, mas um, por assim dizer, deslize, no portal Terra na sexta-feira (6/8), mostra o contrário. Em uma chamada do Terra TV, escancarada na home do portal, por um tempo o leitor pode visualizar a seguinte chamada: "Nervosa, namorada de Bruno faz xixi na roupa ao ser presa". Indispensável dizer da falta de seriedade jornalística nessa chamada infeliz.

Após pouco tempo no ar, a chamada da home foi modificada para "Namorada de Bruno tem reação inesperada ao ser presa". Igualmente indispensável notar que essa chamada induz o usuário curioso ao clique. Entrando no link, vê-se que a chamada continua lá, do jeito que estava antes.

No vídeo, um narrador, em off, fala dos infortúnios sobre a prisão da "namorada do Bruno". Nesta narração, consta o incidente do "xixi nas calças" como se fosse fundamental para uma matéria informativa, na qual a prisão da moça, Fernanda Gomes Castro, seria a notícia. Excessos da cobertura do chamado "Caso Bruno" à parte, este episódio merece um destaque especial não só por conta do extremo mau gosto e irrelevância da chamada e de certas informações do vídeo, mas também por demonstrar um "jornalismo" (assim mesmo, com aspas) que busca leitores não pela qualidade e agilidade, mas por ridicularizar pessoas.

Uma linha clara entre humor e jornalismo

Ora, até as paredes de qualquer redação séria sabem que não é o papel do jornalista ridicularizar pessoas, sejam elas culpadas, inocentes, corruptas etc. Não se pode confundir bom-humor com ridicularização. A revista piauí, por exemplo, tem um ótimo bom-humor em suas matérias sem ridicularizar ninguém, assim como as charges do Jornal da CBN de Heródoto Barbeiro. O papel da ridicularização é o do humorista, não do jornalista.

Bill Novach e Tom Rosentiel, no livro Os Elementos do Jornalismo, explicam muito bem, pelo menos na minha opinião, a função real da prática jornalística: "A principal finalidade do jornalismo é fornecer aos cidadãos as informações de que necessitam para serem livres e se autogovernar." Na mosca.

Não desmereço a importância do Caso Bruno, o qual demonstra sérias falhas de políticas públicas na defesa da mulher, na polícia, na relação dinheiro/poder e outras coisas. Mas a ridicularização não é parte do jornalismo e não se pode veicular algo que ridicularize alguém, ainda mais sem motivo algum, apenas para conseguir mais audiência. Não culpo as pessoas que, curiosas, clicaram no link para ver do que se trata. Não é o trabalho delas filtrar bem o imenso conteúdo do noticiário, especialmente o de internet. Como não sou leitor frequente do Terra, nem fico na internet caçando "notícias" como essa, não posso fornecer dados sobre a constância desse tipo de ocorrência. E creio que nem seja preciso, já que em apenas uma breve olhada aleatória na home do portal achei essa chamada.

O caso do Terra TV, contudo, não deve ser visto isoladamente. Todo dia programas de TV, sites e periódicos sensacionalistas – que se julgam jornalísticos – nada mais fazem do que exageros e ridicularizações de seus entrevistados ou alvos de piada. Não se trata de proibir esse tipo de coisa. Claro que não, as pessoas e entidades gozam de certa liberdade hoje em dia para tanto. Mas deve ser traçada uma linha clara entre o que é humor (mesmo que de mau gosto) e o que é jornalismo.

O "xixi" era um aborto

Nessa linha, a lei eleitoral n° 9.504/97, a qual, resumindo, proíbe emissoras de rádio e de TV de ridicularizarem candidatos às eleições, deveria ser mais específica e abrangente: proibir veículos, apenas em sua parte jornalística, de ridicularizarem quaisquer pessoas que sejam e traçar uma linha clara entre jornalismo e humorismo. Isso significa sair da lei eleitoral e entrar para uma lei de vigor nacional.

Veja bem, não há nada para impedir a liberdade de imprensa, de forma alguma, e sim, impedir que as pessoas sejam ridicularizadas gratuitamente por um dito "jornalismo de humor". Obviamente, não se deve extinguir o bom-humor de veículos jornalísticos, como charges, tiradas interessantes e até piadas, mas não absurdos como esse no Terra.

O humorista Helio de La Peña, no jornal Folha de S.Paulo de 8 de agosto de 2010, teve bons argumentos contra essa lei eleitora, como levar o humor ao eleitorado e não enfraquecer o debate pelo desinteresse da população com algo tão sério. Mas que tais argumentos sejam válidos para programas de humor, com essa clara definição.

Soube-se mais tarde que mulher do "xixi" teria sofrido um aborto, conforme informações de diversos veículos no fim de semana subsequente a esse vídeo. Engraçado, não?

Obs.: Atrás do "Fale conosco" do portal Terra, enviei uma mensagem sobre o tema, mas não obtive resposta.


Fonte: Observatório da Imprensa

GM começa processo para voltar à bolsa de valores

A General Motors deu início a um processo de oferta pública das suas ações, que tem potencial para se tornar a maior da história americana.

A GM, que tem 61% das suas ações sob controle do governo americano, oficializou sua proposta à comissão de valores dos Estados Unidos.

Analistas acreditam que a oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) levantará entre US$ 12 bilhões e US$ 20 bilhões.

Com isso, o Tesouro americano pode começar a se recuperar do prejuízo de US$ 50 bilhões, do pacote de ajuda à montadora.

Executivos da GM reiteraram por vários meses que estavam planejando uma forma de recapitalizar a empresa, para ela repagar a dívida que tem junto aos governos dos Estados Unidos e Canadá.

"Isso é um sinal do retorno ao normal, de se poder repagar ao contribuinte. Fazendo a empresa voltar a ser uma companhia com ações vendidas publicamente", disse Rebecca Lindland, da consultoria IHS Automotive.

O relatório de 700 páginas do IPO junto à comissão de valores americana foi apresentado uma semana depois de a GM anunciar ganhos de US$ 1,6 bilhões, o maior lucro em seis anos.

A venda de ações deve acontecer no final do ano. A maior oferta pública de ações da história dos Estados Unidos foi realizada pela Visa em 2008, atingindo US$ 19,7 bilhões.

Demanda incerta

"A quantidade de ações ofertadas será determinada pelas condições do mercado e por outros fatores no momento da oferta", afirma a GM, em um comunicado oficial.

O número de ações e o preço ainda não foram determinados.

Analistas acreditam que o Tesouro Americano venderá cerca de 20% das 304 milhões de ações da GM que possui, reduzindo sua participação na montadora para abaixo de 50%.

A demanda por ações da GM no mercado ainda é incerta. Os executivos da empresa começarão agora a tentar promover a venda das ações junto a investidores em todo o mundo.

A oferta pública acontece na mesma semana em que o diretor executivo da GM, Edward Whitacre, anunciou sua renúncia. Ele continuará na empresa até o fim do ano, quando passará o controle para Dan Akerson.

Whitacre assumiu a diretoria da GM no ano passado, um meio a planos de reestruturação da companhia em meio à crise econômica global. A GM demitiu 65 mil pessoas e fechou várias fábricas, no processo de reestruturação.

A GM já repagou US$ 8,4 bilhões dos empréstimos recebido pelos governos do Canadá e dos Estados Unidos.


Fonte: BBC Brasil

Conselho amplia benefícios de juízes federais

Magistrados, que já gozam de dois meses de férias por ano, podem agora 'vender' 20 dias e embolsar uma quantia a mais por ano.


Por Mariângela Gallucci e Felipe Recondo

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu que os magistrados federais devem ter as mesmas vantagens que já são garantidas a integrantes do Ministério Público Federal (MPF).

Por detrás dessa medida com fisionomia técnica, há uma ampliação de privilégios. Em consequência da decisão, assim como os membros do Ministério Público, os juízes, que já gozam de dois meses de férias por ano, poderão "vender" 20 dias e embolsar uma quantia considerável a mais por ano.

Além da possibilidade de vender um terço das férias, a simetria entre as duas carreiras garante aos magistrados direito a outros benefícios, como auxílio alimentação, licença-prêmio e licença sem remuneração para tratar de assuntos particulares.

No próprio CNJ há quem acredite que, se a decisão do conselho for questionada no Supremo Tribunal Federal (STF), há grandes chances de a corte suspendê-la. Há uma súmula do STF segundo a qual o Judiciário não tem função legislativa e, portanto, não cabe a esse Poder aumentar vencimentos de servidores sob fundamento de isonomia.

A decisão do CNJ, tomada por 10 votos a 5, ocorreu seis dias depois de o STF ter encaminhado ao Congresso Nacional um projeto de lei para reajustar os salários do Judiciário da União em 14,79%.

Se o projeto for aprovado da forma como foi proposto, a remuneração dos ministros do STF, que estão no topo da carreira, deve passar dos atuais R$ 26.723 para R$ 30.675.

Argumentos. O advogado Luís Roberto Barroso, que defendeu os interesses da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), autora do pedido julgado pelo CNJ, afirmou ontem que a simetria entre as duas carreiras está prevista na Constituição. O mesmo argumento foi apresentado pelo conselheiro Felipe Locke, autor do voto que prevaleceu no julgamento no CNJ, ocorrido na terça-feira.

Legislação. A decisão do conselho foi criticada em Brasília. Para os contrários, o CNJ legislou. De acordo com eles, vantagens como a possibilidade de venda de parte das férias somente poderiam ser concedidas por meio de uma lei. Nunca por intermédio de uma decisão do CNJ.

"Ainda que não existindo a lei própria, o regime jurídico não pode ser diferente. As carreiras são simétricas. São duas carreiras típicas de Estado, que têm as mesmas garantias (como a vitaliciedade). Logo, o tratamento não poderia ser diverso", disse Locke.

A tese de que seria necessária a aprovação de uma lei para equiparar as vantagens das duas carreiras foi contestada pelo advogado Barroso em um memorial encaminhado aos conselheiros no início da semana. "Ao contrário do que uma leitura apressada poderia sugerir, o que se pede no presente processo administrativo não é a criação de benefícios sem a intervenção do legislador, mas sim a aplicação direta de um conjunto de normas constitucionais que impõem a simetria entre as carreiras da Magistratura e do Ministério Público."

Aplauso. A Ajufe divulgou ontem uma nota na qual o presidente da entidade, Gabriel Wedy, afirma que a decisão representou uma conquista "histórica e sem paradigmas".

"Muitos colegas já estavam deixando a carreira pelo fato de os magistrados gozarem de menos prerrogativas do que as carreiras jurídicas e do que os seus próprios subordinados hierárquicos. Há setores da magistratura federal, a exemplo do ocorrido na Espanha e Portugal, que cogitam fazer paralisações ou greve, devido à insatisfação", disse o presidente da Ajufe.

Em março, um mês antes de tomar posse como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça, o ministro Cezar Peluso disse que a corte deveria propor a redução de 60 para 30 dias das férias dos juízes, apesar de pessoalmente defender a prerrogativa. Até agora a proposta não foi feita.

Fiscal
O CNJ foi criado em 2004 pela Emenda Constitucional nº 45, para exercer o controle da atuação administrativa e financeira dos órgãos do Judiciário, bem como supervisionar o cumprimento dos deveres funcionais dos juízes.

Fonte: Estadão

Estudo aponta entrada de 800 milhões de asiáticos à classe média em 2030

DA FRANCE PRESSE, EM NOVA DELI

Quase 800 milhões de asiáticos chegarão à classe média nos próximos 20 anos, o que garantirá o crescimento econômico dos países da região, segundo um estudo do BAD (Banco Asiático de Desenvolvimento) publicado nesta quinta-feira.

"A transição das 800 milhões de pessoas da pobreza para a classe média pode representar muitos desafios, mas abrirá também novas possibilidades sem precedentes para a região e o mundo", afirma o BAD no estudo "A alta da classe média na Ásia".

O informe, que analisa toda a região com exceção de Japão e Coreia do Sul, define um membro da classe média como qualquer indivíduo que consome entre US$ 2 e US$ 20 diários.

O maior aumento da classe média na Ásia é esperado nos dois países de maior população, China e Índia, que contarão cada um com mais de um bilhão de habitantes pertencentes a esta classe social em 2030.

A China é o país asiático que conseguiu tirar da pobreza o maior número de habitantes. Assim, 63% de sua população -- 817 milhões de pessoas -- tinham em 2008 renda de classe média.

A classe média indiana contava em 2008 com 274 milhões de habitantes, ou 25% da população, segundo o BAD.

Com essas mudanças sociais, a Ásia passará de "grande produtor mundial a grande consumidor mundial", prevê a economista-chefe do BAD, Jong-Wha Lee.


Fonte: Folha.com

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Debate sobre a popularidade de Lula é raso

Por Luciano Martins Costa

A chamada grande imprensa, aquela que supostamente propõe a agenda pública do País, ainda não aprendeu a lidar com a exuberante popularidade do atual presidente da República.

Entre aqueles, poucos, que até algum tempo atrás repetiam que tal índice de aprovação deriva de políticas populistas, de projetos sociais que oferecem "esmolas" aos pobres, brotam agora os que descobriram a expressão "feel good factor", assim mesmo em inglês, querendo dizer que a população escolhe aquele que, nos seus sentimentos simples, ela vê como responsável por uma situação mais confortável. O crescimento da economia, a maior oferta de empregos e oportunidades de geração de renda seriam as fontes desse bem-estar.

Mas se tudo é assim tão simples, como se encaixariam nesse raciocínio os grandes desafios nacionais, apontados em todas as pesquisas de opinião e em recorrentes relatos da imprensa, como a sensação de insegurança pública, a má qualidade do ensino, as deficiências no setor de saúde, a dura vida de quem depende de transporte público nas grandes cidades e tantos outros motivos de insatisfação?

Será que o cidadão comum, aquele que a Rede Globo qualifica como o simplório e pouco honesto Homer Simpson, é o padrão nacional, que se satisfaz com uma ocupação insalubre, uma cervejinha no fim da tarde e o futebol no fim de semana, relevando questões importantes como a ética na política e nos negócios?

A questão do apoio ao presidente Lula da Silva revela raízes mais profundas e muito mais complexidade do que tem alcançado a imprensa. Veja-se, por exemplo, a pesquisa de mobilidade social divulgada em fevereiro de 2009 pela Fundação Getulio Vargas, e já tratada aqui neste Observatório. Esse trabalho, referendado posteriormente por reportagens de iniciativa da própria imprensa, revelou que no Brasil as classes de renda A e B foram muito mais impactadas pela crise financeira internacional do que as classes de renda C e D, consideradas o núcleo original de onde emana a grande popularidade do governo.

Portanto, não se trata apenas de um "feel good factor" que possa ser analisado isoladamente. Trata-se de uma sensação geral de pertencimento que exige mais esforço para ser interpretada.

A imprensa não parece estar fazendo esse esforço.

Uma nova cidadania

Não é fácil encontrar referências nos estudos sobre desenvolvimento que expliquem aquilo que a imprensa chama agora de "feel good factor". Se aceitarmos que o cidadão médio é mesmo um Homer Simpson, fica mais fácil afirmar que, para esse indivíduo medíocre, basta que se lhe ofereça a oportunidade de comprar uma televisão de tela plana, um computador e uma máquina de lavar roupa em trocentas prestações para que se manifeste em sua plenitude a sensação de bem-estar que, na suposição da imprensa, seria a plena e completa explicação da popularidade de Lula.

Mas até o mais obtuso entre os analistas sabe que a questão é mais complexa quando observamos o fenômeno da mobilidade social. Esse fenômeno sempre se relaciona a uma consciência de pertencimento, ao ingresso do cidadão em determinado contexto no qual ele se sente cidadão.

A imprensa deveria prestar muita atenção nesse cenário, porque, assim como a indústria do entretenimento, o turismo e outros setores da economia, o negócio da comunicação tem muito a ganhar quando se agrega ao mercado de consumo um contingente fabuloso como esse que é representado pela nova classe média brasileira.

Depois dos itens básicos de consumo que consolidam sua nova condição social, esse contingente da sociedade vai querer fazer sua primeira viagem de avião, vai visitar os parentes na cidade de origem e desembarcar gloriosamente no aeroporto local, e em seguida vai descobrir como é chique receber um jornal à sua porta pela manhã, ou chegar no fim do dia com o jornal dobrado embaixo do braço.

Por enquanto, o que as empresas de comunicação estão dando a ele é um jornal cheio de notícias de crimes, com fotos de mulher pelada e futricas do futebol.

Esse cidadão quer mais, ele se mira no seu igual que saiu de uma fábrica e se tornou presidente da República. Ele quer ver esse processo ser consolidado e quer ser reconhecido como cidadão de primeira classe. É isso que estão dizendo as pesquisas e não simplesmente um suposto "feel good factor".


Fonte: Observatório da Imprensa