sexta-feira, 5 de agosto de 2011
ABTA 2011 discute tecnologias e modelos que mudarão a realidade da TV por assinatura
Antes disso, no próprio dia 9, às 9:00, um debate específico sobre esse novo cenário com a presença consultores e especialistas em novos modelos de mídia, como as consultorias PriceWaterhouse Coopers e a Farncombe.
No Painel do segundo dia, 10 de agosto, às 11:00, o tema é especificamente "TV 2.0: a convergência dos serviços, e o assunto volta à pauta, com o keynote CTO mundial da Motorola Mobility, Jeoff Roman, e debate com representantes da LG, Net Serviços, OiTV e Algar Telecom.
O tema volta a ser discutido na sessão MER 6 – "Ofertas e pacotes para a era on-demand", dia 11, às 14:00, com presença da maior locadora virtual brasileira, a NetMovies, e também na sessão TEC 2 – "Como serão as casas (e os serviços) do futuro?", dia 11 de agosto, às 11:00, com presença da Samsung.
Fonte: Tela Viva
terça-feira, 7 de junho de 2011
Um olhar sobre o MSN
Chegado ao Brasil em 2000, o MSN Messenger, programa de comunicação instantânea da Microsoft, conhecido popularmente apenas como MSN, logo obteve grande repercussão entre o público jovem por ser de fácil acesso e praticidade de diálogo, de forma que, em 2003, tornou-se o serviço de conversação mais utilizado pelos internautas. Na nova sociabilidade hoje estabelecida, ocupa um papel importante, não podendo ser descartado em qualquer análise que se faça do ser e estar no mundo contemporâneo.
Desde sua criação, o MSN vem evoluindo, sendo a versão 7.5 uma das mais inovadoras, na medida em que trouxe diversos complementos para animar as conversas: o que antes era para ser apenas um jeito mais fácil de comunicação, acabou transformando-se num incrível divertimento para seus usuários. Além de emoticons, tanto estáticos quando animados, transferência de arquivos e jogos, essa versão trouxe também a possibilidade de colocar uma foto junto do nick (pseudônimo), facilitando a interação.
Para os usuários do MSN atual, versão 2011, essas inovações do 7.5 são coisas do passado, comparando-se com as de agora. Presentemente, ganha força crescente a modalidade de vídeo do MSN que funciona à semelhança de uma videoconferência, quando a comunicação se dá através de imagem e áudio. Com isso, passa-se de um modelo de mensagens com linguagem rudimentar, de escrita muito próxima da fala, para outro baseado diretamente na voz (e na imagem), mais rápido e calcado em outras habilidades.
Mediação tecnológico-empresarial
Todas essas frequentes inovações no MSN têm como objetivo manter os utentes conectados o maior tempo possível. Tal estratégia vem obtendo resultados positivos, pois progressivamente mais os indivíduos preferem comunicar-se desta maneira, também por poderem interagir com diversas pessoas ao mesmo tempo, de diferentes lugares, fazendo o utilizador sentir-se rodeado de amigos, ainda que isto não passe de uma ilusão, na maioria das vezes. Sem dúvida, a comunicação internética não é exclusiva, mas é condicionadora.
As conversas entre amigos – e outros tantos tipos de intercâmbio, como no mundo profissional, o que não é o foco deste artigo – cada vez mais passam a receber mediação tecnológico-empresarial, um dado que já vinha da telefonia, mas que não se reproduzia com tanta dimensão. Se as repercussões disso no futuro são ainda desconhecidas, também se deve admitir que, nas sociedades complexas, o contato direto, presencial, foi dificultado pela própria extensão das distâncias e a ampliação substancial dos horizontes relacionais.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Google monta instituto para estudar o futuro da internet
Redação AdNews
Se depender do Google, um instituto em breve será construído na Alemanha para estudar o futuro da internet. A informação é do jornal local "Die Welt", que publicará na quarta-feira um artigo do chefe-executivo (CEO) da empresa, Eric Schmidt..
De acordo com o texto de Schmidt, o instituto vai se dedicar ao estudo que compreende desde a " inovação tecnológica na internet, a política e os aspectos legais". O executivo justificou a escolha do país pelo fato de ser polo de "um modelo a ser seguido onde a troca de ideias, o talento e a energia podem criar uma força econômica incrível". "Achamos que este país seguirá promovendo as ideias, invenções e o pensamento estratégico a longo prazo", explicou Schmidt para justificar o aumento dos investimentos da Google na Alemanha.
Entretanto, a vida do Google na Alemanha não promete ser das mais tranquilas. O gigante de buscas estreou recentemente o seu serviço Street View, e o lançamento já é acompanhado de duras críticas por conta de ser instrumento perigoso de informação em mãos, o que poderia ser fonte para delinquentes.
Fonte: AdNews
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Papa Bento 16 faz discurso sobre novas mídias
Redação Portal Imprensa
O Papa Bento 16 fez nesta segunda-feira (24), na sala do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, discurso anual em celebração ao 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Na versão deste ano o Pontífice falou sobre a era digital e as novas mídias com o título "Verdade, anúncio e autenticidade de vida na era digital". É a segunda mensagem do religioso sobre o tema.
De acordo com a Rádio Vaticana, o texto lido pelo Papa ressaltou no ser humano os processos de comunicação considerando um tempo que as novas tecnologias são predominantes. O texto aponta, entretanto, que "os novos instrumentos utilizados não aumentam nem modificam o nível de credibilidade de cada um dos operadores". .Juntamente com Bento 16 estavam o arcebispo Claudio Maria Celli, presidente do conselho, Dom Paul Tighe, secretário, Dom Giuseppe Antonio Scotti, secretário adjunto, e Angelo Scelzo, subsecretário.
Fonte: Portal IMPRENSA
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Pesquisa revela que intenção de compra de TVs 3D é baixa. Muito baixa
Por Leonardo Carvalho
Consumidores dos EUA e da Europa são os mais cautelosos com a tecnologia. América Latina e Ásia lideram intenção de compra.
A grande aposta dos fabricantes de TVs – e dos produtores de conteúdo, e dos operadores de TV à cabo, e do mercado de Home Video – para aumentar suas vendas e incrementar o consumo de Home Entertainment são as TVs 3D. Mas uma pesquisa da Nielsen Company revela que o consumidor ainda está com o pé atrás com a tecnologia.
A pesquisa foi conduzida pela Internet e ouviu 27 mil consumidores em 53 países. Apenas 13% desses consumidores disseram que “já possuem” ou “definitivamente comprarão” um aparelho de TV com tecnologia 3D nos próximos 12 meses. O número é maior entre pessoas com idades entre 21 e 34 anos e a intenção de compra é maior no Pacífico Asiático, América Latina e nos países do Oriente Médio, África e no Paquistão.
Consumidores da Europa e da América do Norte se mostraram mais reticentes com a tecnologia com apenas 6% dos consumidores da primeira região decididos a comprar um aparelho e meros 3% dos consumidores da América do Norte interessados no produto.
Sites tecnologia, como o GigaOm, especulam que uma das causas da baixa intenção de compra seria a necessidade do uso de óculos especiais para se usufruir das vantagens do 3D nos modelos atuais e que. Boa parte dos consumidores na América do Norte já teria experimentado a tecnologia e não ficou satisfeita. Com a chegada dos modelos 3D que dispensam os óculos, esses números poderiam mudar.
Legenda: Média Global, AP(Asian Pacific – Pacífic Asiático), EU (Europa), MEAP (Middle East, Africa and Pakistan – Oriente Médio, África e Paquistão), LA (Latin America – América Latina), NA (North America – América do Norte).Definitivamente irá comprar; Provavelmente irá comprar; Poderá ou não comprar; Provavelmente não irá comprar; Não irá comprar; Já tem.
Fonte: MSN
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Mídia mais distante do cidadão
Por Narinilda Carvalho
Jornalismo em tempo real O fetiche da velocidade, de Sylvia Moretzsohn, Editora Revan, 182pp., Rio de Janeiro, 2002
A universidade muito colabora na reflexão sobre os rumos do jornalismo que praticamos, infelizmente na mesma medida em que é ignorada pelas empresas de comunicação – e pelos próprios jornalistas. No mês passado, ignorando embaraços, a professora Sylvia Moretzsohn, da Universidade Federal Fluminense, deu nova e relevante contribuição a esse debate, ao lançar em livro sua dissertação de mestrado, Jornalismo em tempo real – O fetiche da velocidade, que analisa mistificações e contradições inerentes ao grande postulado da imprensa, "a verdade em primeira mão". Postulado que se desdobra em outras mistificações e contradições, como a assunção da imprensa a um "quarto poder", acima de interesses, imparcial e objetiva, ou seu compromisso automático com a "responsabilidade social", daí a popular imagem de "cão de guarda" e "representante do povo", defendendo-o em seu "direito de saber" – não importa o quê.
Hoje premida pelo "tempo real", a mídia fetichiza a velocidade – no tradicional sentido marxista, como oportunamente recupera Sylvia: tão logo o produto do trabalho assume a forma de mercadoria passa a valer por si mesmo, escondendo a relação social que lhe deu origem. "No jornalismo, passa a ser o principal ‘valor notícia’: antes de tudo importa chegar na frente do concorrente, e alimentar o sistema com dados novos, num continuum vertiginoso a pautar o trabalho nas grandes redações."
Como informar com rapidez não pode ser o mesmo que desinformar, parece lógico à autora que também os meios sujeitos ao "imediatismo" estejam subordinados ao compromisso com a precisão. Haverá mercado para um jornalismo "que não exclua a perspectiva dialética de interação – e transformação – e sirva àquilo a que se propõe, ou seja, fornecer as informações indispensáveis à formação do cidadão"?
Sylvia tenta não ser pessimista: entre as saídas possíveis ela vê a mobilização dos jornalistas "em nome de uma causa social, a qualidade da informação que o público consome todos os dias". E uma "intensa pesquisa no campo do discurso na relação com o senso comum – algo passível de ser levado a efeito em projetos laboratoriais no âmbito da universidade". O difícil é imaginar, dadas as circunstâncias críticas que atravessa a nossa sociedade, uma categoria profissional mobilizada pela qualidade da notícia e a indústria da comunicação atenta à produção do campus. Que as dificuldades não desestimulem tentativas.
A presença de numerosas citações, como obriga a metodologia do estudo acadêmico, não subtrai a agilidade e a leveza do texto do livro: antes de se dedicar à universidade Sylvia trabalhou muitos anos em redações cariocas, como repórter e editora, e preservou a intimidade com a linguagem jornalística. Vivência que talvez explique também a inédita velocidade com que respondeu, por e-mail, às perguntas desta entrevista: andamento prestíssimo, quase "tempo real".
Você analisa com muita clareza a teoria da responsabilidade social, que subentende a idéia do "direito de saber" do público. Agora mesmo os americanos foram à Justiça pelo direito de transmitir execuções de condenados. Onde termina o direito de saber do leitor/telespectador? Como julgar esse limite?
Sylvia Moretzsohn – Eu poderia argumentar com um dos exemplos que estão reproduzidos no livro, um editorial de capa do Globo da véspera do debate entre Lula e Collor em 89: o título era exatamente "o direito de saber". E o que foi que o público conseguiu "saber" depois daquela famosa edição do Jornal Nacional? Mas talvez o melhor exemplo sejam as câmeras ocultas, que estão aí supostamente para tudo devassar, em nome desse ideal de transparência que se ergue hoje como supremo valor ético.
Então sabemos do escândalo da feira das drogas (como se já não soubéssemos), mas quando saberemos do que ocorre nas reuniões da Fiesp ou da Rede Globo? Argumento assim exatamente porque a falácia do "direito de saber" não comporta exemplos: da forma como é defendido, esse direito é que é uma falácia. Porque essa defesa exclui a empresa jornalística como parte desse processo e, portanto, oculta o trabalho de produção de sentido que o jornalismo, como qualquer discurso, inevitavelmente realiza.
Enquanto não se enfrentar essa questão, este e outros postulados continuarão a ser objeto de uma discussão interminável e inócua. Por isso defendo um jornalismo que não mascare o lugar da fala, que se assuma como atividade política. E isso nada tem a ver com deturpação dos fatos, ou com manipulação (no mau sentido que se costuma dar a esse termo). Pelo contrário, tem a ver com a possibilidade de esclarecimento do público, algo que não se dá apenas na transmissão de informações (no atendimento a esse suposto "direito de saber"), mas que exige colocar a imprensa como parte da produção dessa informação.
No item "A fabricação das notícias", você fala dos pseudo-eventos – e nossa mídia é que parece especialista nisso. Como você procederia se fosse editora de jornal? Ignoraria esses factóides? Daria nota na Primeira explicando?
S.M. – Bem, depende de que jornal. Se estamos falando da chamada grande imprensa, não creio ser possível responder à pergunta, porque jamais seria editora, ou não teria escrito o que escrevi (e que não peço que esqueçam, muito ao contrário...). Fui repórter, tive matérias engavetadas desde os tempos de estagiária, num breve período trabalhei no caderno de Turismo do JB, e mesmo ali consegui ser censurada, veja você! Conto isso pros meus alunos pra mostrar que nada é inocente. Pseudo-eventos, ou factóides, só existem porque fazem parte da lógica de trabalho da grande imprensa. Garantem polêmicas em geral vazias mas sempre espetaculares.
Romper com essa lógica é propor uma espécie de jornalismo à contra-corrente, que, para estar no mercado, não poderia ignorar os factóides, mas teria que dizer que eles são o que são. E não numa nota explicativa de capa, mas na própria matéria. Seria uma forma de esclarecer o público da tentativa de manipulação operada pelas fontes. Claro que isso não resolve, porque se divulgamos o factóide podemos estar, de alguma forma, fazendo o jogo da fonte, mas se o divulgamos de forma crítica podemos colaborar para um comportamento crítico por parte do público.
Se estamos fetichizando a máquina e portanto informando menos, como equilibrar? Como considerar um profissional que tem horror à máquina?
S.M. – Não creio que tenha dito isso, falei em fetichização da velocidade. No sentido marxista de fetichismo da mercadoria, e isso me parece correto porque o capitalismo transforma tudo em mercadoria, inclusive o tempo, que "é" dinheiro. Então, disse que, a título de estarmos consumindo informação (e, portanto, "esclarecimento"), estamos de fato consumindo velocidade, que é o grande fetiche da vida pós-moderna. Isso tem a ver com o processo global de produção de informações, desde aquilo que Ramonet chamou de "ditadura do ao vivo" promovida pelo noticiário televisivo via satélite nos anos 80, e que se radicaliza agora com a internet e seu "tempo real".
Acho a observação do Ramonet muito acurada, essa idéia de que não podemos analisar o trabalho da imprensa fora da lógica do "tempo real", que submete todas as formas de fazer jornalismo nas grandes empresas, que hoje são grandes corporações de mídia, e seu negócio não é apenas jornalismo, mas também a indústria do entretenimento e as telecomunicações.
De fato, inferi algo que você não disse, desculpe. Li o trecho "o que nos fascina mais? O tempo que se ganha com as novas técnicas da comunicação. Mas, para fazer o quê?" (pág. 177), e a citação seguinte, "(...) é mais fácil equipar maciçamente as escolas com computadores e conectá-los à rede do que pensar uma filosofia global de educação (...)", e transportei para as redações. Então, não há mal na febre da tecnologia, o erro é usá-la para fetichizar a velocidade? É que pensei na também velocíssima "tecnologização" das redações, que as empresas, de um lado, usaram para muitos fins não-jornalísticos (redução de custos, principalmente) e os jornalistas, de outro, aproveitaram para introduzir o Ctrl+C e Ctrl+V, a cópia pura e simples. Você quer comentar um pouco isso?
S.M. – Em primeiro lugar, não é que não haja mal algum na "febre" de tecnologia; a "febre", pelo próprio nome, constitui um problema, porque indica que a tecnologia vale por si (à maneira do fetiche: ganha vida própria). Mas em momento algum estou dizendo, e hoje acho que ninguém seriamente diria isso, que o problema é a introdução da tecnologia, mas o uso que se faz dela. Se bem que, insisto, a questão não é tão simples, porque evidentemente a tecnologia não é autônoma, não surge do nada, é desenvolvida para um fim determinado. Só que, uma vez posta em prática, acaba interagindo nas relações sociais e pode servir para outros fins, às vezes em sentido oposto ao do sistema que a criou.
É o caso da internet: é claro que, especialmente no início, houve uma enorme celebração desse meio como a "nova utopia tecnológica", como se de repente o mundo todo tivesse acesso simultâneo a todo tipo de informação. Ora, além de esconder uma série de questões importantes (por exemplo, o nível de instrução de cada um a influir decisivamente no uso que se fará dessas informações), essa idéia é simplesmente falsa. Basta ver quanto tempo demoramos pra conseguir conexão aqui, em comparação, por exemplo, a Nova Iorque. Agora, a agilidade propiciada pela internet é fundamental para articulações de movimentos sociais contestadores à globalização neoliberal. Os Fóruns de Porto Alegre não teriam ocorrido do jeito que ocorreram sem a internet.
Em segundo lugar, o trecho citado, do Wolton, tem a ver com o sentido crítico que ele adota em relação ao uso da tecnologia. Quando ele diz que é mais fácil equipar escolas com computadores do que pensar uma filosofia de comunicação está criticando o uso "em si" do argumento da tecnologia: basta ter computador, o resto não se discute. E é justamente esse "resto" que cabe discutir, ou melhor, que deveria orientar a discussão. Acho que o que ele diz pode se aplicar perfeitamente a certas ações do atual governo no campo da educação (o alarde em torno da destinação de computadores e vídeos a escolas públicas, paralelamente ao silêncio relativo à capacitação do pessoal docente e ao projeto pedagógico dessas escolas) e mesmo à propaganda intensiva sobre o combate à "exclusão digital", como se a existência do computador conectado à internet fosse dotada de poderes mágicos de transformação.
Sobre a introdução dessa tecnologia nas redações: claro que as empresas utilizaram esses equipamentos com o fim de cortar custos, e isso se refletiu diretamente na qualidade do produto final (qualidade no sentido estrito de correção gramatical, mesmo), até porque os primeiros cortes, ainda nos anos 80, foram no setor de revisão. Ler jornal hoje é uma dureza, você há de convir. Sem contar aquele comentário do Sérgio Augusto sobre as então recentes aquisições da Folha, que garantiriam maior velocidade na impressão do jornal, mas não representaram dilatação no horário do fechamento (ao contrário, os jornais fecham cada vez mais cedo); então, diz ele, "um jornal é cada vez mais um produto que, antes de ser bom, precisa ser rápido para chegar mais cedo que os concorrentes às mãos do leitor". Donde, é óbvio, a tecnologia não está sendo usada no sentido de um maior apuro e aprofundamento da informação.
Sobre a prática do corta-e-cola (a tal "recortagem"), não é propriamente novidade - e não só nas redações, no meio acadêmico também... É claro que é algo condenável, mas acho um equívoco acusar o jornalista de comodista ou preguiçoso. É louvável que o profissional resista à lei do menor esforço, mas este será sempre uma exceção num contexto em que praticamente não se deixa outra saída. Para falar disso, seria preciso verificar como se dá o controle de produção nas redações.
Perdi a conta dos relatos que ouvi de estagiários e repórteres a respeito do estímulo a essa prática de cortar e colar, especialmente se trabalham nas versões online dos jornais. Porque o que importa é fechar, ou jogar o flash no ar. Mas, como disse, isso não é propriamente novidade, e por isso fiz questão de citar no livro aquela que me parece a mais perfeita definição (cínica) de jornalismo, que me foi dita cara a cara pelo então editor do jornal onde iniciei a carreira, em 82: "Jornalismo é pintar de preto papel branco."
A conclusão do seu livro não é nada otimista. É óbvio que jornais perdem leitores devido a esse jornalismo simplista. Há alguma chance de melhoria nesse contexto atual? Você consegue ver a categoria se mobilizando contra as novas exigências profissionais? Ou a academia influenciando positivamente o mercado?
S.M. – Bem, costuma-se dizer que o otimista é um desinformado, mas não creio que tenha sido pessimista na minha conclusão. Não trato apenas de jornais impressos no livro, procurei tratar do trabalho jornalístico de uma forma geral, analisando os fundamentos que podem explicar o que acontece hoje e propondo uma alternativa, do ponto de vista teórico- prático. Muito modestamente, aliás: aquele conceito de notícia como clinamen, que é enunciado brevemente na conclusão, e sobre o qual pretendo trabalhar de maneira detalhada em outras pesquisas.
Refiro-me à perda de leitores devido à superficialidade do jornalismo impresso apenas como exemplo: digo explicitamente que não devemos cair na armadilha (que já virou lugar-comum) de achar que cabe ao meio impresso (jornal ou revista) um aprofundamento do noticiário, porque isso significaria considerar que, no fundo, o único jornalismo digno desse nome seria o impresso, restando ao audiovisual a ligeireza do espetáculo. O que seria, também, uma forma de justificar a superficialidade dos telejornais... Não acho que seja assim: trata-se de meios distintos, de linguagens distintas, mas que devem se pautar pela tentativa sempre problemática de apreender sua matéria- prima (o fato, o "real") em sua complexidade. Por isso digo que um jornalismo assim deveria ser menos conclusivo, menos definitivo, aceitar a dúvida como parte do processo de elaboração da informação. Fazer e provocar perguntas, não obrigar-se necessariamente a dar respostas definitivas a cada edição.
De modo que não vejo alternativa no contexto atual, porque a grande imprensa funciona exatamente de acordo com essa lógica objeto da crítica. O que pode ocorrer é a velha luta interna nas redações, coisa que considero importante e que ainda era comum quando trabalhei em jornal, durante a década de 80, e que é cada vez mais rara agora, devido a mudanças no perfil profissional, que abordo brevemente no livro.
Mas digo que não sou pessimista porque aposto em alternativas, seja em iniciativas comunitárias, seja no âmbito da universidade, e creio que essas iniciativas, uma vez sedimentadas, podem interferir nos rumos da grande imprensa. Sei que em universidades públicas existem alguns projetos nesse sentido, mas não vejo mobilização na categoria profissional, talvez por aquela mudança de perfil, que atinge obviamente a representação sindical.
Você pode citar algum telejornal que fuja ao superficialismo, e que você tenha prazer em ver?
S.M. – Fiz a afirmação baseada principalmente nos estudos e entrevistas citados no livro (veja o discurso do Frias no Fórum Folha, é bem significativo desse privilegiamento ao meio impresso, é indiretamente uma desqualificação do meio audiovisual), e menos por uma observação exaustiva dos nossos telejornais. Por isso não daria exemplos. Mas acho significativo que mesmo os telejornais da Globo News se pautem por essa superficialidade: trata-se de uma TV paga, que atinge um público de maior poder aquisitivo e, supostamente, mais qualificado para a crítica. Mas mesmo as entrevistas com estudiosos do tema que esteja na ordem do dia são conduzidas, em geral, de acordo com uma espantosa simplificação.
Dou um exemplo: agora mesmo, no meio daquela balbúrdia que se instalou em Bangu 1, um dos convidados a um dos Em Cima da Hora foi o pesquisador Ignacio Cano, e, diante da falta de respostas conclusivas, a locutora lhe perguntou: "Mas então, professor, QUAL É A SOLUÇÃO?". Como se houvesse soluções simples... Este é o problema: a enorme simplificação do mundo, que o jornalismo (este jornalismo, faço questão de ressaltar) opera. Ora, se temos "tempo" para uma interrupção, de alguns minutos que seja, no fluxo "normal" do noticiário, por que insistir na tentativa de respostas "definitivas" que não existem? Por que não aproveitar para levantar algumas dúvidas, ou pelo menos para sugerir que as coisas não são tão simples quanto parecem?
Sei que existe muito despreparo dos jornalistas (e por isso insisto tanto na necessidade de um investimento na formação teórica), e isso não é gratuito (posso contar que entrevistei o então responsável pelo programa de trainee do Globo e lhe perguntei se os candidatos deveriam, por exemplo, ter algum conhecimento de antropologia ou criminologia para cobrir a área de cidade, com pautas recorrentes sobre violência e segurança pública, e ele respondeu rapidamente que não, não, bastavam "neurônios ativos, neurônios ativos!").
Sei de tudo isso, mas isso não explica tudo. Porque essa simplificação conduz ao círculo vicioso de reiteração do senso comum, que me parece um objetivo claro das empresas de comunicação. Basta ver o recurso sistemático à imagem da dona de casa prudente, ciosa de seu orçamento doméstico, que sabe ser impossível gastar mais do que se ganha, para a comparação tão automática quanto absurda com a situação econômica do país. Como se a dona de casa tivesse que sustentar uma burocracia, gerir serviços públicos, investir a fundo perdido... Pior ainda é no campo criminal, e esse exemplo da jovem locutora é eficaz: ela pergunta qual a solução, e a solução imediata só pode ser o aumento da repressão, leis mais duras, fim de "regalias" jurídicas. Ou seja, esclarecimento nenhum, problematização nenhuma, nem mesmo numa TV paga.
Você participou do debate no OI sobre formação teórica versus prática nas escolas de Jornalismo. E diz no livro que pelo menos no Brasil esse debate permanece. Mas a maioria das escolas solta jovens despreparados – na teoria e na prática. Como resolver esse impasse? A atração pelo conhecimento e pela leitura depende de cada aluno, vem do ambiente familiar? O que a escola real – como a nossa – pode fazer? Como você lida com isso em sala de aula?
S.M. – Bom, a escola real são na verdade pelo menos duas, e aí vou apelar para aquela distinção que o nosso amigo Faro apontou muito apropriadamente: de um lado os "barracões" públicos, de outro, os "shoppings centers". O que, também, não pode ser tomado de forma absoluta, porque entre as particulares existem exceções, especialmente no caso das confessionais, como a PUC. Mas, grosso modo, se temos "barracões" e "shoppings", temos obviamente a disparidade de recursos: a disparidade de condições infra-estruturais entre esses cursos é gritante. Mas é igualmente gritante a disparidade de projetos pedagógicos, e não por acaso as particulares falam em geral em "formar para o mercado", o que é uma bobagem, porque quem forma para o mercado é o mercado, e isso é evidente no caso das empresas jornalísticas, que há anos desenvolvem seus programas de estágio e trainee.
Mas não ignoro que os projetos pedagógicos de cursos públicos sejam influenciados por essa demanda, que freqüentemente parte dos próprios estudantes: "preparar-se para o mercado", num sentido acrítico em relação a esse mercado. De minha parte, procuro mostrar que o nosso trabalho é formar "para a sociedade", o que é radicalmente distinto, e que implica um esforço simultâneo de crítica ao que existe e de formulação de alternativas. Acho que, no nosso campo específico, o papel da universidade pública tem de ser o de apresentar-se como um espaço teórico-prático da luta pela democratização da comunicação, o que implica, entre outras coisas, a ênfase em projetos laboratoriais que envolvem uma densa pesquisa de linguagem, que incorpore e supere o que pôde ser acumulado em iniciativas passadas de comunicação popular, por exemplo.
Claro que isso é desproporcional aos recursos de que dispomos e também pode ser um projeto além das nossas possibilidades de formulação, mas é nisso que aposto e é nisso que venho investindo, muito precária e modestamente, no meu trabalho como professora.
Fonte: Observatório da Imprensaterça-feira, 14 de setembro de 2010
TV digital é tema de rodada de negócios no Uruguai e Argentina
Empresários da área de TV digital visitam o Uruguai e a Argentina para participarem de rodadas de negócios para venda de serviços e bens, além de acertar parcerias comerciais. A missão, organizada pela Secretaria de Inovação do Ministério do Desenvolvimento e pelo Departamento de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores, durará até essa quarta-feira, dia 15.
A visita à capital argentina visa a atender a demandas de empresas do país, que já aderiu ao padrão nipo-brasileiro da TV digital. O caso uruguaio é distinto, pois esse país adotou o sistema europeu DVB em 2007, e o objetivo da missão é divulgar as vantagens do sistema nipo-brasileiro, sobretudo na área de software.
Além dos sete empresários, a missão conta com representante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tem uma linha de crédito específica para equipamentos da TV digital. (Da redação)
Fonte: Telesíntese
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Extra inicia vendas por TV digital
Numa primeira etapa, a operação da venda de produtos é finalizada por meio de um telefonema ao setor de televendas da rede de hipermercados. O sistema prevê que o consumidor passe os códigos dos produtos desejados ao operador de televendas e os compre por meio de cartão de crédito. A operação de vendas on-line, com interatividade no televisor, é prevista apenas para uma segunda fase do projeto, sem data definida para ser adotada.
A solução do Extra usa o StickerCenter, um portal gerenciador de aplicações para negócios interativos, baseado no padrão DTVi. A plataforma foi lançada pela Totvs esta semana, durante a feira Broadcast and Cable 2010, em São Paulo.
A tecnologia da venda por TV digital, em sua primeira etapa, usará um módulo embarcado nos televisores ou nos receptores. O sistema prevê que os Stickers, ou aplicativos de TV digital, sejam transmitidos e atualizados pelo sinal de TV de emissoras parceiras.
O acesso do consumidor ao sistema é feito a partir da navegação no menu do aparelho de televisão. O telespectador seleciona o portal StickerCenter e ali encontra a sua loja virtual. Em nota, o Grupo Pão de Açúcar informa que os Stickers transmitidos pelas emissoras serão utilizados pelos consumidores de forma gratuita. Já os Stickers dos produtos no portal poderão ser oferecidos gratuitamente a seus fabricantes, ou pagos, segundo o modelo do tipo "App Store".
Fonte: TeleSíntese
terça-feira, 24 de agosto de 2010
A mídia e a construção do caráter dos jovens
Atualmente, uma grande parcela da sociedade brasileira encontra-se desorientada. Pensando em termos de crianças e jovens adolescentes, grupos sócio-etários que requerem atenção especial por estarem em formação, constata-se que, de um lado, os pais buscam adaptar-se à mutação comportamental permanente, e de outro, os filhos tentam inserir-se nesta sociedade midiatizada, com valores fluidos e o império do consumo como elemento diferenciador e fundamental das relações sociais.
Não se pode negar que a tecnologia e seus recursos facilitam a vida de todos, proporcionando um maior contato com informações de todo o tipo, ainda que traga marcas das motivações econômico-sociais que levaram à sua criação e difusão, prioritariamente mercadológica. A internet, por exemplo, sabidamente é uma eficaz ferramenta de aprendizado e entretenimento, utilizada em larga escala por crianças e adolescentes, mas, ao mesmo tempo, pode servir de dispositivo a atos criminosos nas mãos de sujeitos mal intencionados, que passam a fazer do seu uso um facilitador para a concretização de seus interesses ilícitos.
A conformação social contemporânea, onde a mídia é uma parte estruturante, mas não exclusiva, os jovens não são efetivamente preparados para a vida num sentindo mais amplo e libertador, já que o modelo é o do consumo exacerbado, da falta de limites, do parecer acima do ser e da beleza e da juventude como traços de superioridade. A partir daí, a futilidade ganha maior espaço, enfraquecendo a fase de construção de caráter de crianças e adolescentes. Urge a definição de outros parâmetros e modelos de referência, para tal sendo preponderantes os papéis da comunicação e da educação, duas áreas cada vez mais imbricadas.
Políticas públicas e democráticas
Os jovens sentem-se um fragmento do mundo, com pensamentos e atitudes diferenciados. Isso se reflete também no Brasil, dentre outros fatores, a partir dos padrões estabelecidos (e reforçados) pela mídia. Isso se materializa em problemas como o bullying, um fenômeno constante nas escolas, em que alunos sofrem agressão pelos mais variados motivo, aparentemente banais. Um aparelho nos dentes, o jeito de andar, o peso, o cabelo ou a roupa podem ser motivos de agressão física ou moral.
Valores e atitudes adquiridos no lar são assimilados pelas crianças e reproduzidos dentro da sala de aula. Atitudes machistas, discussões sem motivos relevantes, discursos carregados de palavras de baixo calão, demonstrações públicas de ressentimentos e mágoas passam a influenciar diretamente as crianças. Proliferam situações emocionais equiparáveis a chantagens, relacionadas a amizades e gostos, passando por julgamentos (apressados) sobre a sexualidade. Essas e tantas outras situações que as crianças são submetidas durante seu desenvolvimento emocional e intelectual passam a privá-las de liberdade, condicionando-as.
Nesse cenário, os professores deixam de ser referência de educação, papel que passa a ser ocupado especialmente pela televisão, através de seus shows, imagens e produtos. Os estilos das celebridades, difundidos midiaticamente, tornam-se metas a serem seguidas pelos jovens. Isso reforça a premissa de que a escola deve ser mais do que um local para aprender conteúdos de disciplinas, constituindo-se como um lócus de aprendizagem para a vida, onde há lugar não só para diversão, respeitando as diferenças. A mídia deveria contribuir nesse processo, mas para isso são necessárias políticas verdadeiramente públicas e democráticas.
Uma articulação coletiva
O futuro do Brasil depende de jovens que choram por um vampiro, que não buscam informações sobre política e, por isso, votam no político que tem a melhor aparência, que usam o jornal apenas para ler as narrativas mais supérfluas, que julgam sem conhecer, que colocam a aparência em primeiro lugar, que se esquecem de refletir que o ser humano deve ser tratado como ser humano e que isso não acontece de acordo com as páginas policiais.
Mas o futuro do Brasil também está nas mãos de jovens que podem fazer muito e, dependendo da própria sociedade e sua mídia, podem constituir um grupo de dimensão verdadeiramente impactante. Jovens que ficam indignados com as injustiças, que buscam o crescimento social e pessoal (incluindo o profissional), que dispõem de uma sólida base familiar e a valorizam, que dão importância ao conhecimento, que buscam informações sobre política, que debatem e estão abertos a pesquisar e conhecer, com maturidade. Esses jovens podem mudar a situação do país, cada um fazendo a sua parte, numa articulação coletiva.
Fonte: Observatório da Imprensa
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
A tecnologia espanca o conteúdo
Por Nelson Hoineff
A tecnologia está espancando o conteúdo na televisão aberta – e isso vem provocando um grande desconforto nas redes. Estão todas com dificuldades em definir suas prioridades para as plataformas com que já estão trabalhando.
A hegemonia da tecnologia sobre o conteúdo é considerado um fato mais ou menos normal – pelo menos todo mundo já se acostumou a isso –, mas com o surgimento das plataformas digitais essa diferença se avolumou bruscamente e bateu nos cofres das empresas.
Sabemos que quando uma dúvida chega aos cofres, ela deixa de ser uma questão filosófica e passa a ser um indicador econômico. É aí que as alternativas menos ortodoxas cessam de ser motivo de zombarias e se transformam no que as pessoas costumam chamar de "coisa séria".
Falhas no sistema
A conta da digitalização é o que se entende por coisa séria. Algo em torno de 10 bilhões de reais. Esperava-se que o pagamento dessa conta se desse através da boa utilização de algumas das principais propriedades da TV digital: HDTV, multiprogramação, mobilidade & portabilidade e 3D, para não falar das ferramentas interativas. Todas essas propriedades têm potencial para gerar conteúdos originais e inovadores – capazes, portanto, de se transformar em receita.
O varejo cumpriu sua parte, colocou no mercado televisores aptos a receber sinais em alta-definição (os full HD) a preços acessíveis. Mas as emissoras não moveram um músculo para melhorar o conteúdo – a menos que considerem que reforçar a maquiagem das atrizes e esconder os defeitos da cenografia represente um grande avanço conteudístico.
No tocante à multiprogramação, não houve mesmo o que fazer. O Ministério das Comunicações decidiu que só as outorgas públicas poderão subdividir seus canais em definição standard e isso vai ficar para os próceres do próximo governo.
Já com a entrada em operação do 3D – que chegou bem mais cedo do que as emissoras suspeitavam – o abismo entre a tecnologia disponível e o conteúdo para adequá-la se tornou maior ainda. Por um lado, não há consenso sobre as tecnologias aplicadas – a Globo, por exemplo, não considera exatamente 3D o que a RedeTV! vem fazendo, e ela mesma, a Globo, teve que cancelar as transmissões em 3D dos jogos da Copa do Mundo – que seriam feitas dentro de alguns cinemas – por reconhecer que o sistema ainda era muito falho.
Situações distintas
O que preocupa de fato a Globo – e outras redes que eventualmente caminhem no limite da sensatez – é que fala-se em 3D e vendem-se equipamentos em 3D antes que a mobilidade e a portabilidade tenham tido a chance de decolar. O usuário simplesmente não tomou conhecimento desta que é, no momento, a mais poderosa propriedade das plataformas digitais.
Não tomou conhecimento porque as emissoras não estavam preparadas para isso. Ao contrário do 3D ou do HDTV, que modificam a qualidade e a natureza das imagens, a mobilidade e a portabilidade modificam todo o modelo de negócios da televisão; criam novas e atraentes faixas para o seu consumo e estimulam a criação de conteúdos mais focados, necessariamente mais dinâmicos, em oposição ao engessamento e à acomodação da televisão que se pratica no país. Perto da mobilidade, o 3D é a cereja.
Em tese, a televisão móvel, portátil, vai buscar o espectador em qualquer lugar, exatamente o contrário do que acontecia até agora – quando o televisor, passivamente, o esperava chegar em casa, como uma dona de casa exemplar (que além das sandálias, lhe deixava as novelas quentinhas).
Executivos que são pagos para qualquer coisa, menos olhar para frente, continuam fazendo isso – sem se darem conta de que o mundo não é mais assim. Se as plataformas digitais permitem o recurso da mobilidade, então a televisão – não por altruísmo, mas por mera questão de sobrevivência – tem que ir onde o espectador estiver. Ele vai estar na condução, no trabalho, no almoço, em qualquer lugar – mas seja lá onde for parar, dificilmente vai se comportar como o desmiolado que põe os chinelos em casa para ver o que vai acontecer no capítulo da novela.
Se excetuarmos alguns programas humorístico que têm ousado testar os seus limites – Pânico e CQC são exemplos óbvios – a televisão brasileira está olhando para si mesma como se nada estivesse acontecendo ao seu redor. Ela não sabe o que fazer com o público adicional gerado pelas transmissões para receptores móveis, mas se não lhe oferecer o conteúdo que ele está buscando fora de casa vai perdê-lo para outras mídias. Reluta, com acerto, em mergulhar no 3D, porque sabe que as situações enfrentadas pela televisão e pelo cinema são muito diferentes. O cinema precisava de gimmicks para tirar o espectador de casa, levá-lo até as salas. A televisão precisa o contrário: fazer com que o usuário receba a televisão onde quer que ele se esconda.
Avanço tecnológico
O desafio do 3D, antes que a mobilidade seja resolvida, leva à loucura quem quer que esteja percebendo a quantidade de recursos que vai escorrer por rios que simplesmente não foram percorridos. E não o foram por falta de idéias originais para desenvolver uma TV móvel que atenda às necessidades do meio. Tem pouca gente pensando, e quem está pensando não está pensando bem.
Quem olha para frente vê também que a mobilidade é um imensa caixa de marimbondos. Numa estimativa pessimista, o que está em jogo são faixas de audiência de 20%, quando o que se disputa neste momento são décimos de pontos. Qualquer mexida mal resolvida pode, então, modificar radicalmente quadros de audiência estáveis há muito tempo. Ninguém que ganhe acima de dois salários mínimos quer meter a mão nesta cumbuca.
A televisão aberta brasileira está sofrendo, como poucas vezes sofreu antes, de falta de criatividade e inovação. O avanço das novas tecnologias está contribuindo para tornar esse quadro mais evidente. Está mostrando que o rei está nu. A televisão já é móvel, já é tridimensional, já é quase interativa. Seu conteúdo, no entanto, ainda está lamentando a chegada do vídeotape.
Fonte: Observatório da Imprensa