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sexta-feira, 18 de março de 2011

A industrialização do sagrado

Por Valério Cruz Brittos e Rafaela Chagas Barbosa

A mercantilização do sagrado é um fenômeno corriqueiro na contemporaneidade, com um grupo reduzido de igrejas liderando empreendimentos dentro e fora da área do divino, ao instituir produções simbólico-religiosas para difundir práticas doutrinárias, aqui pensando o meio evangélico na perspectiva do (neo)pentecostalismo.

Malgrado essa realidade, o universo pentecostal tem em sua gênese a distinção de procedimentos da Igreja católica, como veneração de santos, respeito a imagens e confissão individual para remissão dos pecados, preservando seus preceitos históricos. Com as mudanças socioeconômicas e culturais que o capitalismo desencadeou no mundo, ocorreram reordenamentos nas organizações religiosas. Uma parte dessa estrutura passou a seguir as lógicas capitalistas como forma de sobrevivência econômica, adotando posturas fundamentadas mais no consumismo do que na doutrina, tendo a mídia um papel central em suas dinâmicas.

Nesse sentido, na origem do movimento era impossível imaginar indivíduos indo aos templos realizar apostas divinas ou até mesmo a constituição de uma bancada evangélica como estratégia de articulação, junto ao Poder Legislativo. Há mais de quatro décadas, houve uma expansão neopentecostal, conhecida também como terceira onda frente ao meio pentecostal, que surgiu em 1970, partindo das promessas da sociedade de consumo, do acesso de crédito aos consumidores e das possibilidades de entretenimento criadas pela indústria cultural. As alternativas eram manter-se fiel aos seus princípios de origem, aumentando sua defasagem em relação à sociedade e aos interesses ideais e materiais dos seus adeptos, ou fazer concessões.

O alargamento da Igreja Universal

Destarte, algumas denominações evangélicas subdividiram-se para atender a essa fatia do mercado em franca expansão. O pentecostalismo teve seus desdobramentos até o surgimento do (neo)pentecostalismo. Este último incorporou procedimentos inovadores aos métodos protestantes, como a pregação de cultos por meio da mídia, o firmamento da autoridade do cristão frente ao plano espiritual e a aplicação da Teologia da Prosperidade (TP). Nesse contexto, compreende-se a TP como o conjunto de princípios teológicos que sustentam ter o cristão verdadeiro o direito de obter prosperidade, tanto no âmbito material quanto espiritual, e de exigi-la por meio da doação de ofertas e dízimos para Deus. Assim, o fiel pode, durante a vida presente na Terra, desfrutar de tudo aquilo que lhe é garantido.

No cenário brasileiro, sob a perspectiva midiática, depois do decênio de 1990, quando a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) compra a Rede Record, evidenciam-se o alargamento empresarial desta denominação religiosa no setor de radiodifusão, que na atualidade dispõe da adesão territorial de 85 afiliadas e 14 filiadas.

No exterior, parte do crescimento da Iurd na América Latina, e em alguns países da América do Norte e Europa, é creditada ao alcance midiático nacional e internacional que a Record vem conquistando ao longo dos anos. É válido ressaltar que a gestão e as estratégias construídas perante os cenários culturais de atuação fazem a diferença. Além disso, a Iurd constituiu um complexo de empresas estruturadas nos moldes da indústria cultural, onde os setores fonográfico, literário, radiofônico, televisivo e de distribuição de informações (Unipress Internacional – Agência de notícias, imagens e vídeo), dentre outros, fortalecem o processo comunicativo institucionalizado, entre colaboradores, adeptos e mercado.

O poder comunicacional endossa o discurso de prosperidade, seja para tentar ganhar adeptos, seja para comercializar suas produções espirituais. Cabe observar que a TV serve como reforço comunicacional das mensagens veiculadas pela Iurd, tendo em vista que ela não gera, necessariamente, mudanças (ao contrário da "Igreja Eletrônica" norte-americana) e acaba sendo mais uma plataforma tecnológica para reforçar interesses e ideais do que instrumento de conversões e curas. Somados, o uso dos meios de comunicação e de técnicas de marketing e propaganda, a legitimação da TP e, sobremaneira, o trabalho dos dirigentes e colaboradores, que focam seus empenhos na proliferação da Iurd pelo mundo, asseguram o desenvolvimento da Igreja Universal, podendo projetar economicamente os outros negócios do grupo empresarial do bispo Edir Macedo, como a Rede Record.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

TV Record: Juca Kfouri afirma que emissora usa dinheiro dos fiéis da Universal

Redação FNDC

O jornalista Juca Kfouri declarou que o dinheiro da TV Record vem dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). A afirmação de Juca foi feita nesta quinta-feira (24/2), em sua coluna na Folha de S. Paulo. A emissora de TV e a igreja pertencem ao mesmo empresário, Edir Macedo.

A critica de Juca ao canal 7 de São Paulo está relacionada ao fato de seis clubes terem deixado o Clube dos 13 para negociar de forma independente os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. De acordo com o colunista, a briga entre os times e a entidade aconteceu "porque os que saíram (Botafogo, Corinthians, Coritiba, Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama) não querem saber de mudanças e preferem a Globo".

"Eu, aliás, também preferiria, ainda mais que o dinheiro da Record é uma forma de concorrência desleal, porque da Iurd. Só os adeptos daquele chinês que não se importa com a cor do gato, desde que ele coma ratos, não dão bola à origem do dinheiro, como o Corinthians, com o aval de seu atual presidente, não se importou com a grana da MSI", diz Juca, em sua coluna, ao mostrar que também prefere ter sua imagem exibida na emissora da família Marinho.

Comentário parecido
Na noite desta quarta-feira (23/2), o jornalista já havia feito criticas à TV Record durante participação na jornada esportiva da CBN. Em conversa com o narrador Marcelo Gomes e com o apresentador Paulo Massini, Juca declarou que o dinheiro da emissora de Edir Macedo vem "da fé" e que as agências de publicidade preferem divulgar produtos na TV Globo, ao invés de veicularem na Record.

Antes disso, no quadro "Momento do Esporte", durante o "Jornal da CBN 2ª Edição", Juca questionou a parcialidade da Record. "A Record bateu no Andrés não foi por razões jornalísticas, foi pelo fato de ele ser a favor da Globo", disse.

Procurada pela reportagem, a Record disse que não irá se manifestar sobre as declarações de Juca.

Fonte: FNDC

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Papa Bento 16 faz discurso sobre novas mídias

Redação Portal Imprensa

O Papa Bento 16 fez nesta segunda-feira (24), na sala do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, discurso anual em celebração ao 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Na versão deste ano o Pontífice falou sobre a era digital e as novas mídias com o título "Verdade, anúncio e autenticidade de vida na era digital". É a segunda mensagem do religioso sobre o tema.

De acordo com a Rádio Vaticana, o texto lido pelo Papa ressaltou no ser humano os processos de comunicação considerando um tempo que as novas tecnologias são predominantes. O texto aponta, entretanto, que "os novos instrumentos utilizados não aumentam nem modificam o nível de credibilidade de cada um dos operadores". .Juntamente com Bento 16 estavam o arcebispo Claudio Maria Celli, presidente do conselho, Dom Paul Tighe, secretário, Dom Giuseppe Antonio Scotti, secretário adjunto, e Angelo Scelzo, subsecretário.

Fonte: Portal IMPRENSA

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Quem é o dono da Rede Record

Por Carlos Newton

Com a mesma isenção e imparcialidade com que há 10 anos a Tribuna da Imprensa acompanha a tramitação da Ação Declaratória de Inexistência de Ato Jurídico, que herdeiros dos antigos acionistas da ex-Rádio Televisão Paulista S/A movem contra a família Marinho, seguimos também o lento caminhar da Ação Civil Pública proposta pela Procuradoria da República em São Paulo contra a Rede Record de Televisão, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e o bispo empresário Edir Macedo, com julgamento previsto para o dia 12 de janeiro de 2011.

No caso da TV Paulista (hoje, TV Globo de São Paulo), restou a triste conclusão de que o negócio foi consumado com documentos anacrônicos, falsos, ilegais, porém validados por conta da prescrição do tempo: ou seja, Roberto Marinho se apossou de 48% do capital social inicial de 673 acionistas minoritários por apenas Cr$ 14.285,00 e pelos outros 52% despendeu apenas 35 dólares, já que Victor Costa Junior, a quem pagou CR$ 3.750.000.000,00 nunca foi acionista daquela emissora. Esse processo ainda depende de julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Informa-se que o advogado que cuida desse processo principal acaba de ser contratado para propor, via ação popular, a cassação da concessão da ex-Rádio TV Paulista por conta dos vícios que pontuaram a transferência da outorga para seus atuais controladores e sobretudo porque o processo administrativo existente na Administração Federal não contém documento algum que justifique tal controle.

Ciente e de acordo

Quanto à compra da TV Record por Edir Macedo, o Ministério Público Federal avalia que ela foi ilegal e é inconstitucional. A venda (que o empresário Silvio Santos fez a Edir Macedo e à sua esposa) da TV Record de São Paulo, hoje a segunda maior rede de televisão do país e com faturamento anual batendo na casa dos 3 bilhões de reais, não teve prévia aprovação das autoridades federais e pode ter sido produto de simulação.

Segundo consta dos autos, o bispo Edir Macedo usou dezenas de milhões de reais da igreja que dirige para concretizar a aquisição. Esses vultosos recursos (doações de milhões de evangélicos) teriam sido "emprestados" pela IURD para que o bispo Edir Macedo pudesse comprar a poderosa rede de TV, e na qual o mesmo bispo-empresário já investiu várias centenas de milhões de reais. A Rede de Televisão e Rádio Record, sem dívida alguma, é hoje avaliada em cerca de 3 bilhões de dólares e, ao que se comenta, teria liquidez maior do que a da emissora líder em audiência.

A Procuradoria da República questiona a compra da emissora porque Edir Macedo, como cidadão, em 1990 comprovadamente não teria bens e recursos para participar dessa vultosa transação e que, por isso, estaria implementando uma aquisição ilegal, dissimulada. A verdadeira compradora da empresa de comunicação seria a pessoa jurídica denominada Igreja Universal do Reino de Deus, o que fere flagrantemente a Constituição Federal.

Nos autos do processo, que tem cerca de 2.500 páginas, e cuja relatora, a desembargadora Salette Nascimento, foi substituída pelo juiz convocado José Eduardo Leonel Junior, indaga-se como foi possível o bispo Edir Macedo, sem patrimônio algum, sem renda mensal (já que sabidamente trabalha por amor ao próximo e a Deus), da noite para o dia ter se transformado no segundo maior proprietário de rede de televisão do país, com o ciente e o de acordo do Ministério das Comunicações, que tem a obrigação de fiscalizar esse importante setor de prestação de serviço público de radiodifusão de som e de imagem?

Os réus

No caso da TV Record, é de se lamentar que um processo dessa importância tivesse permanecido por mais de 10 anos, no TRF-3ª. Região, sem solução alguma e, por certo, em "prejuízo" dos novos donos da Rede Record de Televisão, que permaneceram tão longo período sob constrangimento judicial. É uma preocupação a mais para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) encarar e resolver.

Nesse processo são réus também Ester Eunice Bezerra, esposa de Edir Macedo, o senador Marcelo Crivella, Sylvia Crivella, TV Record de Rio Preto S/A, TV Record de Franca S/A e Rádio Record S/A (Canal 7 de São Paulo) e outros.

Fonte: Observatório da Imprensa

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Deus veio para a mídia

Por Deonísio da Silva

Fez bem a revista Superinteressante em dar capa a Deus no número de novembro. Afinal, em outubro, Deus, por ínvios caminhos, esteve na pauta da mídia de um modo ou de outro, às vezes trazido de falas de bispos, padres e pastores, outras vezes ressoando por temas de domínio conexo nos programas dos dois candidatos que chegaram ao segundo turno. Esses temas frequentaram igualmente o programa da candidata que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, por tratar-se de pessoa formada nas comunidades eclesiais de base da igreja católica.

Todavia Marina Silva trocou de partido, deixando o PT para migrar para o PV; e de religião, migrando dos católicos para os evangélicos. Dilma Rousseff e José Serra também apresentaram ingrediente religioso nas respectivas campanhas, seja nas missas a que compareceram, deixando-se fotografar e filmar (José Serra chegou a comungar sem confessar, numa delas), seja nos complexos argumentos religiosos invocados para defender a vida e fixar posição contra o aborto. Como se em plena modernidade não fosse possível defender a vida sem incorrer no pecado de "invocar seu santo nome em vão".

Motivos plurais

Deus não atrapalha ninguém na defesa da vida, mas se alguém quisesse, por hipótese, defender a morte, encontraria, principalmente no Antigo Testamento, um Deus que se propõe a exterminar a oposição, não a dos demônios, mas a dos homens. As chacinas de estrangeiros patrocinadas pelo Deus de Israel, o Senhor dos Exércitos, são um espanto. O Jeová do Antigo Testamento é mesmo durão! Felizmente, a civilização datada dos tempos d.C., inaugurados ainda no primeiro século do primeiro milênio, alicerçou-se no supremo mandamento "amai-vos uns aos outros". O discurso pacífico não impediu, porém, que os massacres continuassem, irrompendo em séculos sangrentos.

Hoje mesmo nossa civilização é herdeira de duas guerras mundiais na primeira metade do século passado e de numerosos conflitos que trazem no bojo o ingrediente religioso. Mata-se em nome de Deus, tenha ele o nome que tenha, seja Deus ou Alá. Mata-se em campos de batalha, mata-se nas ruas, mata-se em casa e matam-se nascituros fora ou dentro do ventre das mães, por aborto, inanição, desnutrição, fome etc. Por que então o aborto ganhou a primazia das mortes a evitar?

Infelizmente a mídia submeteu-se aos discursos dos candidatos e nem ela mesma foi capaz de fixar uma defesa leiga da vida, como se precisássemos de temperos religiosos para sermos éticos, justos, humanitários, compassivos, solidários, preocupados com o outro, que, vivendo ou não em nosso mundo, faz por merecer o nosso respeito. Misturar isso já resultou em Inquisição, em genocídios, em diversas formas de excluir o outro do convívio, por ser de outra cor, por ser pobre, por morar em tal ou qual lugar do mundo e não em nossos domínios imediatos; enfim, os motivos são plurais, mas todos têm um só e mesmo objetivo: a exclusão. Se todas as estratégias falharem, ainda temos a guerra e a morte, no varejo ou no atacado, para resolver os conflitos.

Invocação indevida

Superinteressante, diferentemente dos programas dos candidatos à presidência da República, não perde a oportunidade de informar e formar, duas coisas que os programas de todos os partidos esqueceram, fixando-se num combate, como se os programas de televisão fossem arenas e não passarelas. O que diria o público se num desfile espetacular de modelos, Gisele Bündchen puxasse os cabelos da concorrente, baixasse o biquíni de outras candidatas e mostrasse ocultas cicatrizes, marcas para disfarçar celulites e outras imperfeições de pele ou aludisse ao passado delas, proclamando o seu como exemplar?

Seria difícil escolher a vencedora. Pois, chutatis chutandi, foi mais ou menos esse o quadro apresentado aos eleitores. Não admira que tenha sido a campanha presidencial que menos interesse despertou no distinto público. E o resultado está aí: por insondáveis ou claros motivos, 36.339.177 eleitores não votaram em nenhum dos dois candidatos. Esta foi a soma de abstenções, votos nulos, votos em branco.

José Serra, o candidato derrotado, teve 43.711.388. E a vencedora, a primeira mulher eleita presidente da República, teve 55.752.529 votos. Aqueles que, de um ou modo ou de outro, não votaram nela, somaram 80.050.565 eleitores. Mas agora ela é a presidente da República de todos os brasileiros, inclusive daqueles que ainda não são eleitores, alguns dos quais vão nascer depois que ela for diplomada e tomar posse.

São obviedades? São. Mas são dados muito importantes. E Deus não poderá ser invocado como desculpa para novos fracassos e incompetências que nos impeçam de resolver problemas seculares que afligem o Brasil.

Fonte: Observatório da Imprensa

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A industrialização da cultura religiosa

Por Rafaela Barbosa*

A mercantilização da religião já é um fenômeno legitimado na contemporaneidade, com características oligopolísticas, onde um grupo reduzido de igrejas lidera empreendimentos dentro e fora da área religiosa. Neste artigo nos referimos ao meio evangélico. Nota-se que o universo pentecostal surgiu com o propósito de manter-se contrário às práticas da Igreja Católica, como, por exemplo, a veneração de santos e imagens e a confissão individual para a remissão dos pecados, preservando seus preceitos históricos. Com as mudanças socioeconômicas e culturais que o capitalismo desencadeou no mundo, ocorreram reordenamentos estruturais nas organizações religiosas. Parte destas passa a seguir as lógicas capitalistas como instinto de sobrevivência econômica, adotando posturas fundamentadas mais no consumismo que na doutrina, tendo a mídia um papel central em seus movimentos.

No início seria impossível imaginar a ida aos templos para realizar apostas divinas ou até mesmo a constituição de uma bancada evangélica junto ao poder legislativo. Há mais de três décadas houve uma expansão pentecostal, que partiu das promessas da sociedade de consumo, do acesso de crédito aos consumidores e das possibilidades de entretenimento criadas pela indústria cultural. Essa religião ou se mantinha fiel aos seus princípios doutrinários de origem, aumentando sua defasagem em relação à sociedade e aos interesses ideais e materiais dos seus adeptos, ou fazia concessões.

Na sequência, algumas denominações evangélicas subdividiram-se para atender a essa fatia do mercado que estava em franca expansão. A linha doutrinária do culto de pentecostes teve seus desdobramentos até o surgimento do neopentecostalismo. Esta última incorporou procedimentos inovadores aos métodos protestantes, como a pregação de cultos por meio da mídia, a prática da Teologia da Prosperidade, dentre outros.

No cenário brasileiro, a perspectiva midiática neopentecostal inicia em novembro de 1989, quando a Igreja Universal do Reino de Deus – IURD compra a Record. Na década seguinte, evidenciam-se os movimentos de alargamento empresarial desta igreja no setor de radiodifusão. Na atualidade, os números de veículos da rede, são discutíveis, visto que o Ministério das Comunicações credita números inferiores ao que eles anunciam possuir. Mesmo com tal divergência, sua programação na madrugada:

reúne hoje trinta emissoras no país (cinco próprias e 25 afiliadas) e 747 retransmissoras, segundo o Ministério das Comunicações. [Em contrapartida], a Record afirma ter 105 emissoras (entre próprias e afiliadas). Conta ainda com a Record News, a Rede Família e a Record Internacional¹.
1 NASCIMENTO, Gilberto. Que se cuidem os infiéis. Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=5250. Acesso em: 07 dez. 2009.
Parte do crescimento da IURD na América Latina, e em alguns países da América do Norte e Europa, é creditado ao alcance nacional e transnacional que a Record vem conquistando ao longo dos anos. Os demais veículos liderados pela IURD constituem um complexo de empresas estruturadas nos moldes da indústria cultural, onde setores da indústria fonográfica, literária, radiofônica, televisiva, dentre outros, fortalecem o processo comunicativo institucionalizado, entre os colaboradores, adeptos e o mercado. De acordo com a tabela 1:

O poder midiático reforça o discurso de prosperidade, tanto para tentar ganhar adeptos, como comercializar suas produções espirituais. Cabe ressaltar que a TV serve como reforço das mensagens veiculadas pela IURD, em função de seu conteúdo de info-entretenimento popularesco, e opera prioritariamente como uma plataforma tecnológica a reforçar interesses e ideais societários. O uso dos meios de comunicação, de técnicas de marketing e propaganda, da legitimação da Teologia da Prosperidade e, sobremaneira, do trabalho dos dirigentes, que focam seus empenhos na proliferação da IURD pelo mundo, estes elementos somados asseguram o desenvolvimento da Igreja, podendo projetar economicamente os outros negócios do grupo empresarial do bispo Edir Macedo, como a Record.


* Mestranda em Ciências da Comunicação na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, pesquisadora vinculada ao Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade – CEPOS. E-mail: byrafaela_barbosa@hotmail.com.


Fonte: Revista IHU Online Edição 340