quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

A Cooperação Internacional contra Dantas


do blog de Luis Nassif, 30/12/2008 - 18:52


A entrevista do procurador Rodrigo De Grandis à Folha (clique aqui) trouxe uma informação relevante. A de que os Ministérios Públicos dos Estados Unidos, Inglaterra e Suiça estão avaliando abrir ações penais contra Daniel Dantas. Há informações de que essas equipes estavam no Brasil. É sinal de que já existiam processos nesses países, provavelmente por lavagem de dinheiro. O bloqueio de US$ 45 milhões de dinheiro de Dantas na Inglaterra está nesse contexto.

Se for aberto processo penal contra Dantas, em qualquer desses países, toda a estratégia de desqualificação das provas - com a ajuda do próprio presidente do Supremo Tribunal Federal e de parte da mídia - irá por água abaixo. Não haverá como Dantas ser condenado em país de primeiro mundo e as provas contra ele serem desqualificadas no Brasil.

Não há contemplação com a lavagem de dinheiro, hoje em dia. A prova é o que está ocorrendo com a UBS e outros bancos suiços, cujas contas estão sendo devassadas por autoridades nacionais em vários países de primeiro mundo. As autoridades policiais, nesses países, vão atrás até dos procuradores desses fundos.

Aparentemente, essa ação torna a Satiagraha ainda mais irreversível.

Vai expor ao ridículo - de forma mais ampla, se é possível - os factóides criados pela mídia ligada a Dantas, pela CPI dos Grampos e a truculência de Gilmar Mendes.

Por Celio Penteado

O Jânio de Freitas vai dizer que o Ministério Público inglês e Suiço são messiânicos, travam uma luta de caráter religioso.

O Gilmar Dantas vai criticar o estado policialesco que se tornaram os EUA e a Suiça.

A Falha de São Paulo vai apontar irrgularidades na condução dos processos no exterior.

E a Veja vai dar “bola murcha” para os Ministérios Públicos dos três países.

Por Carlos Alberto Rocco

Olhem as políticas AML - ANTI- MONEY LAUNDERING:

Nos Estados Unidos:


Na Inglaterra:


Na Suiça:


Quem quiser no blog, pode escrever e denunciar o OPPORTUNITY FUND e o DANIEL DANTAS. É capaz de alguém aqui achar as investigações em andamento.

Por Joaquim
Agora veremos de que lado está o Presidente do STF. Sim, porque se entraram com o HC hoje e até o dia 07 o Ministro Gilmar Mendes volta…


BRASÍLIA - O banqueiro Daniel Dantas, preso durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal, recorreu nesta terça-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) com pedido de habeas-corpus para suspender a ação penal que tramita contra ele no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo. O advogado que se apresenta como a defesa do controlador do grupo Opportunity, Andrei Zenkner Schmidt, contesta decisão anterior do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negou habeas-corpus para anular o processo a que Dantas responde por crime contra a administração pública e corrupção ativa.

Segundo fontes do STF, a tendência do tribunal é arquivar o processo aplicando a chamada Súmula 691, que determina que a Suprema Corte não analise ação que ainda não foi julgada definitivamente pela instância inferior. O único caso em que o habeas poderia ir a julgamento seria se o presidente do Supremo entendesse que há “flagrante constrangimento ilegal” na abertura da ação penal contra Daniel Dantas.



Designação de Lacerda para assumir cargo em Lisboa contraria regimento da PF

31/12/2008 - 10h10, da Folha de S.Paulo, em Brasília

O Ministério da Justiça e a direção geral da Polícia Federal passaram por cima do regimento interno da PF para nomear Paulo Lacerda adido policial em Lisboa, cargo criado para acomodá-lo.

Lacerda foi exonerado anteontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva da direção geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e designado para o posto em Portugal como prêmio de consolação.

Segundo a Instrução Normativa 001/2005 da PF, os candidatos a adido têm de passar por um processo de seleção e devem estar na ativa. Lacerda é delegado aposentado da PF.

O Ministério da Justiça e a PF informaram que a norma serve como critério técnico de escolha, para evitar apadrinhamentos e indicações políticas. Mas ressaltaram que não há impedimento quando a nomeação é feita pelo ministro da Justiça (a quem a PF está subordinada), com a chancela do presidente da República.

Destacaram que Lacerda, por ter sido diretor da PF, preenche os requisitos necessários e dará peso ao cargo em Portugal. A PF não quis encaminhar à Folha cópia da IN que disciplina a escolha dos adidos.

Lacerda foi afastado por Lula do comando da Abin em setembro, após a divulgação pela revista "Veja" de suposto grampo de uma conversa entre o presidente do STF, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). A escuta teria sido realizada por agentes da Abin cedidos por Lacerda à PF durante a Operação Satiagraha. Lacerda nega o envolvimento da Abin no caso.

link original no portal da Folha

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Lula exonera diretor-adjunto da Abin e manda Lacerda para Portugal


RENATA GIRALDI da Folha Online, em Brasília

Em edição extra do "Diário Oficial" da União foram publicadas nesta terça-feira as exonerações do delegado Paulo Fernando da Costa Lacerda, do cargo de diretor geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), e do diretor-geral-adjunto da agência, José Milton Campana.

Porém, no site oficial da Abin, Lacerda ainda consta como o diretor-geral da agência e Campanha, o adjunto do órgão. Para ambos, foram destinados espaços privilegiados no site com direito às publicações de biografia, entrevista exclusiva e fotografias.

Ontem à tarde, o Palácio do Planalto divulgou a exoneração de Lacerda e sua nomeação para recém-criada função de adido policial na embaixada do Brasil em Portugal. Decreto informando sobre o novo cargo do delegado, que será exercido no período de dois anos, também foi publicado hoje na edição extra do "Diário Oficial".

Há cerca de três meses e meio afastado da Abin, Lacerda é investigado pela Polícia Federal por suposta participação na realização de esquema de escutas telefônicas destinadas a monitorar autoridades federais.

As suspeitas fizeram com que Lacerda prestasse esclarecimentos à CPI das Escutas Telefônicas na Câmara, quando negou todas as acusações.

Por enquanto o cargo de diretor-geral interino da Abin será exercito por Wilson Trezza. Interlocutores do governo não informam quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende definir sobre o nome definitivo para a função.

A partir de hoje à tarde, depois de eventos em Recife (PE), Lula entrará de férias até o dia 12 de janeiro. O presidente e sua família descansarão em Fernando de Noronha (PE) para onde viajam ainda nesta terça-feira.


segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Hélio Costa abandona projeto de rádio digital


Ethevaldo Siqueira

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28 de dezembro de 2008


A mudança de posição foi radical. Depois de ter defendido abertamente durante quase três anos e meio o padrão de rádio digital americano (Iboc ou HD), apresentando-o como o único aceitável para o Brasil, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, acaba de retirar seu apoio àquela tecnologia, também preferida pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). O ministro reconhece agora o que todos os técnicos independentes vinham afirmando desde 2006: em todo o mundo, a tecnologia de rádio digital ainda tem muitos problemas que não permitem sua adoção no Brasil.


O recuo de Hélio Costa, embora tardio, é um fato positivo, pois seria muito pior se o Brasil adotasse o padrão de rádio digital Iboc. O maior prejuízo seria, sem dúvida, para as 5 mil emissoras de rádio brasileiras, que seriam levadas a investir numa tecnologia que ainda funciona precariamente. O que os observadores mais estranharam nesse episódio foi a posição da Abert, ao defender apaixonadamente o padrão americano, mesmo diante da comprovação de seus problemas.


MARCHA A RÉHélio Costa anunciou sua nova posição no domingo passado, em artigo no jornal O Estado de Minas (leia-o, se preferir, no site Caros Ouvintes, http://www.carosouvintes.org.br/blog/?p=2111), em resposta à jornalista e professora Nair Prata, que havia cobrado do ministro, no início de dezembro, o cumprimento de suas promessas quanto ao rádio digital. Entre as diversas opiniões citadas no artigo de Hélio Costa, uma das mais convincentes foi a de Sarah McBride, editora de tecnologia do Wall Street Journal (http://online.wsj.com/article/SB122575904804195337.html).


Na realidade, o jornal americano apenas confirmou a conclusão já conhecida havia muito tempo: depois de quase 5 anos de introdução nos Estados Unidos, a nova tecnologia digital não conta hoje sequer com 10% da adesão das emissoras. Para se ter idéia da baixa penetração do rádio digital nos Estados Unidos, basta lembrar que, do lado dos ouvintes, mesmo com preços subsidiados, apenas 0,15% da população norte-americana adquiriu seu receptor digital.


PROBLEMAS


Uma das características do padrão conhecido pelo nome de In Band on Channel (Iboc) ou HD Radio, criado pela empresa Ibiquity, é utilizar o mesmo canal de freqüência para transmitir um único programa, simultaneamente, tanto no modo analógico quanto no digital. A idéia é excelente, mas, até agora, o sistema não tem funcionado de forma satisfatória.


Nas transmissões em FM, o padrão Iboc apresenta, entre outros, o problema do atraso (delay) de 8 segundos do sinal digital, em relação ao analógico. Como o alcance do sinal digital é menor do que o analógico, nos limites de sua propagação, a sintonia oscila entre um e outro, com grande desconforto para o ouvinte.


Embora pareça ser a grande saída, a idéia de usar o mesmo canal para transmissões analógicas e digitais, adotada pela empresa Ibiquity, não tem tido sucesso na prática. O fato indiscutível é que essa tecnologia ainda não está madura e apresenta diversos problemas sérios, como a impossibilidade de se utilizarem receptores portáteis – pois o consumo de energia é tão elevado que as baterias se descarregam em poucas horas.


Na Europa, outras tecnologias têm sido propostas em faixas de freqüências exclusivas para o rádio digital, o que, no entanto, obrigaria à troca de todos os receptores. Conclusão: ainda temos de esperar que o mundo desenvolva uma solução melhor para a digitalização do rádio.


ANÚNCIOS PRECOCES


O ministro Hélio Costa, desde que tomou posse no Ministério das Comunicações, em julho de 2005, tem anunciado numerosos projetos puramente imaginários, que nunca se concretizam ou que se revelam inviáveis. Na abertura do evento internacional Américas Telecom, em outubro de 2005, em Salvador (Bahia), ele anunciou que o Brasil já vivia “a era do rádio digital” (quando apenas algumas emissoras iniciavam os primeiros testes com o padrão americano HD Radio ou Iboc).


Na mesma ocasião, anunciou ao auditório que a Grande São Paulo veria as imagens da Copa do Mundo de 2006 com imagens da TV digital, que só entrou no ar em 2 dezembro de 2007. Entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura, em 2005, afirmou categoricamente que o Ministério das Comunicações iria investir não apenas o montante de R$ 600 milhões anuais dos recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), bem como o saldo acumulado, então superior a R$ 4 bilhões. Até hoje o Brasil não utilizou praticamente nada do Fust.


Em 2006, o ministro garantiu que o Japão havia concordado em instalar uma indústria de semicondutores (circuitos microeletrônicos) no Brasil, em contrapartida à escolha do padrão de TV digital nipo-brasileiro. Na verdade, o Japão jamais prometeu essa fábrica.


No caso do rádio digital Iboc, o ministro Hélio Costa chegou a sugerir que a indústria brasileira se associasse com a americana Ibiquity, para produzir equipamentos no Brasil, com eventual apoio do BNDES.
Portal do Estadão

sábado, 27 de dezembro de 2008

Franklin Martins diz que a culpa é do mordomo


A TV Brasil explicou à imprensa – Estadão pág. A7 - que a censura ao Roda Morta com o ínclito delegado Protógenes Queiroz foi resultado de um erro dos técnicos da programação.. E que o programa será reexibido neste domingo às 16H, contra a Eliana, o Gugu e o Faustão…. Na segunda-feira anterior, na entrevista do Presidente Supremo Gilmar Dantas (segundo Ricardo Noblat), o mordomo não cometeu crime nenhum.. O Supremo Presidente pôde ser visto urbi et orbi…. Veja a seguir o que este Conversa Afiada disse sobre a censura a Protógenes:Que jornalista censurou Protógenes? Markun ou Franklin?

. Os espectadores que entraram no site do Roda Morta – clique aqui para ler -, os leitores do Conversa Afiada e do Luis Nassif – clique aqui para ler – fizeram a denúncia: censuraram o ínclito delegado Protógenes Queiroz no Roda Morta da TV Cultura de São Paulo.

. Na segunda-feira anterior, o Roda Morta com Gilmar Dantas (segundo Ricardo Noblat), foi exibido em todo o Brasil.

. Nesta segunda feira, dia 22, aparentemente Protógenes só apareceu em São Paulo.

. Digamos, por exemplo, que, na Bahia, o governador Jacques Wagner, por causa de suas ligações com a ramificação baiana da famiglia Dantas, preferisse que a TVE da Bahia impedisse um ínclito delegado chamar Daniel Dantas de “banqueiro bandido”.

. Mas, no caso do Rio e de Brasília, a censura transcende os interesses políticos e empresariais regionais, como na Bahia.

. Na TVE do Rio e em Brasília, quem manda é um jornalista: Franklin Martins.

. Se Gilmar Dantas (segundo Noblat) pôde entrar em Brasília e no Rio, e Protógenes, não, isso é uma decisão que, em última análise, coube ao jornalista Franklin Martins (jornalista, por sinal, por todos os motivos respeitável).

. Em última análise, cabe a Franklin Martins tomar essa decisão.

. Ou apurar quem censurou Protógenes…

. E explicar quem e por que censurou Protógenes e, não, Gilmar Dantas (segundo Ricardo Noblat).

. A outra hipótese é que o jornalista Paulo Markun (um jornalista que, igualmente, merece toda a admiração), por decisão própria, na saída do sinal da TV Cultura de São Paulo, tenha transformado o Roda Morta no que, de fato, ele se tornou: uma produção municipal.

. Markun não entregou o sinal do programa a Brasília e ao Rio?

. Markun e Franklin combinaram censurar o ínclito delegado Protógenes Queiroz?

. O Conversa Afiada esperou até a manhã desta quarta feira para ver se o PiG (*) trazia alguma explicação.

. Não trouxe.

. Como é que fica o Roda Morta agora ?

. Vamos supor que o Roda Morta resolva entrevistar o corajoso juiz Fausto De Sanctis e submetê-lo à mesma bateria de “tiros fijos” do PiG (*) a que submeteram o ínclito delegado Protógenes Queiroz?

. Ou, por exemplo, entrevistar o responsável pelo departamento de Inteligência e Dossiês no Ministério da Saúde na gestão José Serrágio (de pedágio, os mais altos do Brasil), o deputado Marcelo Itagiba, aquele que disse que grampo sem áudio é grampo assim mesmo.

. Digamos que Franklin e Markun decidam que o deputado serrrista Itagiba entre em rede nacional e o corajoso juiz De Sanctis se confine à província de São Paulo.

. Como é que pode?

. Quem censurou Protógenes?

. Dois jornalistas (por todos os motivos respeitáveis)?

. Ou, por acaso, tem o dedo do Serrrágio (**) nisso?
Link original em Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

(**) “Ele (Serra) é sem escrúpulo, passa por cima da mãe.”De Ciro Gomes, numa sabatina na Folha

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Entrevista de Protógenes Queiroz no “PROGRAMA RODA VIVA - TV CULTURA”



Esta nota foi publicada no Blog do delegado da PF que foi o titular da Operação Satiagraha (caso Opportunity e Daniel Dantas) e antes da Operação Chacal (contra a transnacional de investigação Kroll International)

“No dia 22 de dezembro de 2008, foi a vez do Delegado Protógenes Queiroz, ser entrevistado por uma tropa de jornalistas escolhidos exclusivamente pela TV CULTURA, a fim de proporcionar aos expectadores um diálogo de qualidade informativa sobre política, economia, cultura, social e até jurídica. Mas o que nós presenciamos foi um vergonhoso debate desigual em que todos se revelaram no processo e ao final para nosso deleite o “ser em construção” sai vitorioso com seu ar austero e verdadeiro. Homem de uma linhagem rara nos dias atuais e que nos faz feliz em tê-lo ainda que por meio de entrevistas. Para tanto remeto aos nossos internautas que acessem o Youtube (Protógenes no Roda Viva, em Recife, na TV Assembléia de Fortaleza e outros). Tire as suas conclusões os cultos jornalistas não medem esforços e se revelam sejam com palavras ou por meio de expressões faciais.

Registramos ainda o “boicote” do programa em algumas cidades que não foi transmitido. Mas ao que tudo indica vão tentar recompor o prejuízo da informação aos expectadores que ficaram sem assistir o Protógenes. O programa será reapresentado no dia 28.12.2008 às 16:00 hs.


quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Brasil se alinha com a UE e se distancia da América Latina


Bruno Lima Rocha

4ª 24 de dezembro de 2008

A visita do presidente francês Nicolas Sarcozy trouxe à tona um tema clássico na política. Vejamos. Nosso país tem como objetivo fixo a presença no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Durante sua estada, Sarkozy declarou que a França apóia o assento brasileiro permanente nessa instância de regulação global. E, não por coincidência, a abertura do voto francês veio junto do anúncio de um contrato de US$ 2,7 bilhões em compras de material bélico e transferência tecnológica da França para o Brasil. O pacote inclui cinco submarinos, sendo quatro convencionais e um nuclear. As naves vão ser construídas no Rio e a tecnologia sensível incorporada. O mesmo procedimento se dá na compra de 51 helicópteros, dos quais cinqüenta seriam montados no país. Os contratos prevêem vinte anos de conclusão e entrega do total do arsenal. Assim podemos concluir que se trata de uma aproximação do Brasil com a França e, por conseqüência, com a União Européia.

É da lógica da política. A riqueza natural e o potencial econômico de um país necessitam de um grau de dissuasão, leia-se capacidade bélica, tanto operacional como tecnológico. Aqui o tema em pauta são as águas nacionais, a zona econômica exclusiva (as 200 mil milhas náuticas) e a exploração do petróleo em águas profundas. Já na faixa territorial, o patrimônio a defender é a biodiversidade da Amazônia Legal, o controle das fronteiras e a restrição da presença de “pesquisadores” estrangeiros em solo nacional.

Como já disse em artigos anteriores, me filio à concepção ultra-realista da análise política, aí incluindo as relações internacionais. Nesta forma de analisar os cenários e estruturas, se compreende que a capacidade bélica é o braço operacional das articulações diplomáticas, da expansão econômica e projeção ideológica. A partir deste ângulo, entendo que a negociação do Brasil com a França, e a aproximação desta com o G-20, afirma o unilateralismo brasileiro para o Continente.

No mundo real, a compra de armamento e transferência tecnológica é a materialização de uma aliança política. O contraponto é no âmbito latino-americano. Mais uma vez o país líder da região exerce a liderança se distanciando dos vizinhos. Depois, quando reclamam do Brasil sub-imperial e de costas para a América Latina, ficamos surpreendidos.


Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat e depois em Estratégia & Análise

sábado, 20 de dezembro de 2008

Vice-líder no RS, SBT planeja ampliar estrutura local em 2009

Atual sede do SBT em Porto Alegre

Nem mesmo os investimentos da Record no Rio Grande do Sul estão sendo suficientes para garantir a vice-liderança ao canal de Edir Macedo. A estratégia de adquirir a TV Guaíba mostrou-se errônea, uma vez que os telespectadores gaúchos não têm a tradição de sintonizar o dígito 2, onde a programação da emissora é retransmitida.

Em contrapartida, o SBT RS comemora. A estréia da novela “Revelação”, no dia 8 de dezembro, garantiu a vice-liderança em Porto Alegre, com 8 pontos de média contra 33 da RBS, afilhada da Globo. Já no segundo capítulo, a trama de Íris Abravanel conquistou significativos 12 pontos, contra 20 da primeira colocada. Outra estréia, a série americana “Raja”, exibida às 13h45, vem marcando 10 pontos de média, contra 4 do popularesco “Balanço Geral” local.

A boa audiência do SBT RS deve render novos investimentos. Além do “SBT Rio Grande” de Cristiane Finger, planeja-se para 2009 um segundo horário de jornalismo local, provavelmente na faixa das 18 horas. O primeiro passo será a construção de um prédio anexo com dois novos estúdios (um deles em formato news room), salas de reuniões e um espaço destinado à área técnica.

Por Andres Kalikoske
Mestrando em Comunicação na UNISINOS.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O AI-5 quarenta anos depois (3)

por Bruno Lima Rocha*

Encerro aqui a trilogia a respeito do Ato Institucional No. 5, datado de 13 de dezembro de 1968. Neste texto o tema é delicado, mas precisa ser abordado. Além da camaleonização dos operadores políticos que apoiaram o regime de força e há mais de duas décadas posam como democratas, existe o problema da falsificação da história.

Explico. Na Argentina, durante os anos ’80, surge a “Teoria dos dois demônios”. Trata-se de uma justificativa para a não-punição dos torturadores. O argumento é falso, mas de fácil reprodução e se espalhou pelo Cone Sul. Coloca na mesma posição aos militares golpistas e os membros da resistência armada à ditadura. Ambos seriam “os demônios” contra a democracia. O nome, inspirado no romance do escritor russo Dostoiévski (1821-1881), já é uma posição política.

Vejo isso como um absurdo. Primeiro, porque o golpe começou quando o vice-presidente eleito, João Goulart, não pôde assumir com plenos poderes. Em setembro de 1961, mudaram a forma de governo, instaurando o parlamentarismo sem consultar aos brasileiros. Segundo, a guerra interna tampouco justifica a barbárie. Até a guerra tem regras e são previstas na Convenção de Genebra. E, todo o método aplicado no combate a guerrilha era baseado em crime de lesa humanidade. Terceiro, argumentam que não se pode usar a violência contra um regime de exceção. Então, por esta lógica, deveríamos condenar a Resistência Francesa, que combateu tanto a ocupação nazista como o governo fantoche de Vichy. Aliás, pensando assim, até a Revolução Francesa e as independências das colônias americanas devem ser condenadas. Quarto, a afirmação que não se pode julgar o passado político e que isso gera um clima de revanchismo. Por esta mesma lógica, devemos condenar o Tribunal de Nuremberg e a punição aos genocidas. Quinto, afirmam que os ex-guerrilheiros se tornaram parte da classe política brasileira e incorrem hoje nos mesmos erros. Embora isto seja a verdade para a maioria, não é para a totalidade. E, ainda assim não justifica. Seria o mesmo que dizer que os israelenses não podem condenar o nazismo por formarem parte de um Estado opressor contra os palestinos.

Passadas quatro décadas e oito em cada dez brasileiros não sabem o que é o AI-5. O Brasil insiste em apagar a memória, ocultar a verdade e impedir a Justiça. É hora de mudar este quadro.

Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat.

*Bruno Lima Rocha é jornalista e cientista político, editor do portal Estratégia e Análise. E-mail: blimarocha@gmail.com.

Fonte: Estratégia e Análise

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

"É a RBS que governa o estado"

Entrevista com Celso Tres, por Rafaela Mattevi e Cora Ribeiro, estudantes de Jornalismo da UFSC. Publicado originalmente no jornal-laboratório Zero, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), edição de novembro 2008.

Na quarta-feira (10/12), o Ministério Público Federal de Santa Catarina entrou com uma Ação Civil Pública (processo nº. 2008.72.00.014043-5) contra o oligopólio da empresa Rede Brasil Sul (RBS) no Sul do Brasil. O MPF requer, entre outras providências, a diminuição do número de emissoras da empresa em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, de acordo com a lei; e a anulação da compra do jornal A Notícia, de Joinville, consumada em 2006 – que resultou no virtual monopólio da empresa em jornais de relevância no estado de Santa Catarina. O quadro geral da situação pode ser conferido a seguir, na entrevista realizada em novembro com Celso Tres, um dos procuradores que elaborou a medida judicial.

***

O Cade também é réu

Desde 2006, o MP fala em processar a RBS pela compra do jornal A Notícia. Isso vai acontecer?

Celso Tres – Sim, a ação está sendo instruída há dois anos, por meio de um Inquérito Civil Público (ICP), porque é bem complexa. Também participam vários procuradores no estado. A RBS tem uma posição totalmente dominante. No RS e em SC, são 18 emissoras de televisão, dezenas de estações de rádio, uma dezena de jornais. E a culminância disso foi quando a RBS comprou o jornal A Notícia, o que a tornou dona de todos os jornais de expressão dos dois estados.

Então, o que nós vamos discutir é essa questão do oligopólio à luz inclusive da lei que regula a ordem econômica, não é nem a lei da mídia propriamente dita. É tão grotesco isso, que nem essa lei que regula a atividade de economia em geral permite o oligopólio – obviamente, é muito menos lesivo numa sociedade você ter um oligopólio de chocolate, pasta de dente, do que ter oligopólio da mídia. Falo oligopólio, porque monopólio seria a exclusividade absoluta; mas a RBS tem posição quase totalitária.

A tendência da economia é a concentração e, por isso, certas compras de empresas têm que ser analisadas. Esse caso da RBS é um escândalo, ela governa o estado. Como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a compra do AN? O Cade é réu na ação porque aprovou isso.

Violação a direito difuso

O que vai ser requerido, especificamente, na ação?

C.T. – Em linhas gerais, o que o MP demanda é: primeiro, que a compra do AN seja desfeita – eles vão ter que devolver o jornal para o antigo dono ou vender para terceiros; segundo, que seja cumprida a lei que diz que eles só podem ter no máximo duas emissoras no estado, ou seja, que acabe essa farsa que é de ser tudo da mesma família; e terceiro, o que eu acho mais importante, a implementação da programação local. A Constituição Federal determinou que é obrigatória a programação local. Só que em 20 anos nunca se adequou a lei. Então, o MP está querendo que a Justiça arbitre um percentual – 30% de programação local no âmbito do estado e 15% em cada região, no mínimo.

São inúmeros réus: todas as pessoas físicas da RBS, cada "emissora", o Cade; a União, por causa do Ministério das Comunicações (MC). E o MP pede para que a Justiça estabeleça uma multa por violação a um direito difuso, em razão da omissão do poder público. A gente vai entrar com a ação nos próximos meses e a sentença em primeiro grau deve sair em um ano.

Evitar concentração

O que foi feito no Inquérito?

C.T. – O ICP não é um processo judicial, não tem contraditório, ou seja, quem é investigado não tem direito de resposta. Mesmo assim, o MP abriu pra RBS se manifestar e, inclusive, eles vieram com o mesmo discurso do Ministério da Comunicação. Eles [a RBS e o MC] se comunicaram, é uma piada. A mesma pessoa que redigiu a resposta do Ministério redigiu a da RBS, é uma coisa vergonhosa. O mesmo discurso: "Não, porque a lei diz que é a mesma pessoa física só que no caso não é." É chamar o legislador de imbecil.

Quando a lei diz que tu não podes ser titular de mais de dois veículos, qual é o objetivo dela? É evitar concentração. Se é da mesma família, se tem a mesma programação, está concentrado, é evidente. É uma fraude clara ao objetivo da lei. Não teria sentido proibir que alguém seja proprietário de mais de dois meios de comunicação e permitir que esse meio de comunicação transmita a mesma programação, tenha a mesma linha editorial etc. É a mesma coisa que nada.

Pessoa física, e não pessoa jurídica

Então o problema do oligopólio é a fiscalização?

C.T. – A nossa legislação é desacatada porque o uso da radiodifusão sempre foi um benefício político. Essa relação do poder público está tão viciada que o MC não faz absolutamente nada para reprimir esses ilícitos e o caso da RBS é muito claro.

Na última eleição [para governador], isso ficou bastante evidente. A tríplice aliança de Luiz Henrique foi com a RBS; foi uma vergonha porque no primeiro turno a RBS anunciava que não ia ter segundo turno. Daí, deu segundo turno e eles anunciaram até um dia antes da eleição dizendo que a diferença era astronômica e, no final, deu 5% de diferença entre o Amin e o Luiz Henrique. Então não há dúvida de que a RBS elegeu o Luiz Henrique. Independentemente da pressão política, isso é irrelevante para o MP. Mas qualquer inocente sabe que a massificação de alguém que está na frente arrasa, induz o povo a votar.

Em cada estado, um titular só pode ter no máximo duas emissoras – emissoras, não retransmissoras. Este é outro vício: as emissoras têm outorgas de emissão, ou seja, elas deveriam produzir programação, mas não produzem ou fazem uma programação local ínfima, como é o caso da RBS. Existem várias "emissoras", em Florianópolis, Criciúma, Lages, Xanxerê, Blumenau, Joinville. Mas, na verdade, elas só produzem um noticiário local.

Hoje, na verdade, em SC, ou você trabalha na RBS ou você está fora. Você vai estar trabalhando ou em órgãos bem pequenos, espaço de trabalho inclusive bastante reduzido, caso do que eles fizeram com o AN. As matérias são as mesmas, teve um momento assim que chegaram ao ridículo de colocar a mesma manchete, a mesma matéria.

A radiodifusão – emissora de rádio e TV – deve estar em nome de pessoa física, não de pessoa jurídica, e cada pessoa só pode ter duas por estado. Daí, o que eles fazem é colocar em nome de pessoas da família. E isso tudo está demonstrado claramente na ação. Inclusive a questão da retransmissão.

Dizimar a concorrência

E isso não é contrato simulado, colocar tudo no nome da família inteira?

C.T. – Essa questão da titularidade é uma questão criminal, porque é uma falsidade ideológica. Isso a gente vai verificar mais tarde. O objetivo, agora, é mudar a realidade. O MC diz que não controla isso porque a RBS está em nome de terceiros. É óbvio que é irrelevante que a concessão esteja no nome de A ou B, até porque – como é o caso de Blumenau, que não está no nome da família Sirotsky – retransmitem a mesma programação, essa é a grande questão, o conteúdo.

A lei diz que ter 20% do mercado é ter posição dominante e obviamente a RBS tem isso. E essa questão tem vários aspectos: direito à informação e direito à expressão, e também a questão da publicidade. Por exemplo, o Diarinho de Itajaí, o que a RBS faz com os caras? Na Rede Angeloni, faz contratos publicitários, impedindo que o supermercado coloque lá o Diarinho para os caras venderem. Então não existe concorrência, acabou. A concorrência é dizimada. Na Grande Florianópolis, eles lançaram o jornal A Hora a R$ 0,25, o que é claramente um preço inferior ao de custo, pra dizimar com a concorrência. Essas são as práticas deles.

Executivo subalterno

Existe solução?

C.T. – A questão é permitir a multiplicidade. A rede pública de televisão, com a criação da TV Brasil, poderia ter sido uma saída, mas o governo fez tudo errado. O correto seria que o Estado disponibilizasse canais, não adianta tentar produzir programação.

Seria fácil: criar 30 canais de TV para serem disponibilizados à população. Depois seria só colocar retransmissoras públicas nos centros urbanos, para os canais transmitirem programação independente. Uma medida simples, percebe? Bastava criar os canais e construir as retransmissoras. É uma questão tecnológica e de vontade política.

Custaria muito mais barato do que o governo tentar produzir programação e todos teriam oportunidade de fazer sua produção. O governo faria as retransmissoras, pura e simplesmente. Seria uma revolução na comunicação. A mídia, em pouco tempo, mudaria porque, com uma multiplicidade de canais, o canal com maior audiência chegaria a 15%, 10%, como é nos EUA, que é o correto.

Certamente se o governo viesse "Ah, vamos fazer aplicar a lei das duas emissoras", eles iam dizer, "Não! É uma lei da ditadura! O Lula é o Chávez." É uma besteira. O que diz a lei? Cada cidadão tem que ter um número x de canais, essa é a meta. Podia botar no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) isso aí. É uma questão econômica, direitos individuais, gera muito emprego, oportunidades, veiculação comercial; atingiria em cheio a própria economia.

O principal modo de democratizar não seria combater o monopólio e o oligopólio?

C.T. – O primeiro passo seria esse, mas, como eu falei, os órgãos do executivo são muito subalternos e também a RBS pode virar o governo. Qual a finalidade de um deputado federal que vai lá propor uma legislação mais rígida para isso? Se é um deputado de SC, a RBS vai fazer algumas reportagens contra o cara e ele está acabado. O cara não se reelege mais.

Você já foi ameaçado?

C.T. – Não, por isso não.


Fonte: Observatório da Imprensa

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

AI-5, uma guerra interna que o povo perdeu

Um golpe dentro do golpe. É o que afirmam os historiadores sobre a assinatura do Ato Inconstitucional número 5, editado em dezembro de 1968, durante o governo do general Costa e Silva. Expressão mais forte da ditadura brasileira, entre 1964 e 1985, ele vigorou até 31 de dezembro de 1978 e produziu uma série de ações arbitrárias de efeitos duradouros. Definiu o momento mais duro do regime militar, dando poder de exceção aos governantes, que puniam aqueles que fossem inimigos desse sistema. Segundo o cientista político Bruno Lima Rocha, que palestrou em Santa Cruz na noite da última quinta-feira, o AI-5, que completa 40 anos neste sábado, “foi uma guerra interna que o povo perdeu.

Na opinião de Rocha, embora tenha sido humanamente um crime, sob o ponto de vista político o AI-5 foi um ato “brilhante” do regime militar. “Não sou a favor da ditadura, e sim da democracia. Mas se eu fosse pela ditadura, apoiaria o AI-5, porque ele deu todas as condições do mundo para ter um governo forte, uma economia sob o comando do hoje conselheiro econômico do governo, Antônio Delfim Neto, que fez um grande acordo com os industriais de São Paulo e permitiu que as Forças Armadas não fossem contaminadas pela luta contra a subversão”, analisa.

A gota d’ água para a promulgação do ato foi o pronunciamento do deputado federal Márcio Moreira Alves, do MDB, nos dias 2 e 3 de setembro. Ele pediu que a população não participasse dos desfiles militares de 7 de setembro e que, “ardentes de liberdade”, se recusassem a sair com os oficiais. “O AI-5 era o cerceamento da pouca liberdade política que havia dentro do regime militar. Qual a sua intenção? Fazer valer o regime de força e aniquilar a oposição armada da ditadura”, ressalta o especialista. Esse tipo oposição, no seu modo de ver – “e sem nenhum tipo de bravata” –, era correta, embora não contasse com o apoio popular necessário. “Eles eram golpistas, quebraram a regra democrática e tinham que ser derrubados.”

Baixado em caráter excepcional e, portanto, sem apreciação judicial, o AI-5 autorizava o presidente da república a intervir nos estados e municípios, cassar mandatos parlamentares, suspender por dez anos os direitos políticos de qualquer cidadão, decretar o confisco de bens considerados ilícitos e suspender a garantia do habeas corpus. No preâmbulo do ato, dizia-se ser essa uma necessidade para atingir os objetivos da “revolução”, com “vistas a encontrar os meios indispensáveis para a obra de reconstrução econômica, financeira e moral do País”.

Por Roberto Patta, da Gazeta do Sul.

Fonte: Gazeta do Sul

"Revelação" evidencia fragilidade do SBT como produtor de teledramaturgia

Por Valério Cruz Brittos e Andres Kalikoske

A fim de driblar a carência de autores consagrados em seu casting, majoritariamente contratados pela Globo e Record, o SBT recorreu a uma medida pouco plausível, mas estranhamente interessante para reativar seu núcleo de teledramaturgia. Trata-se do lançamento da cônjuge de Sílvio Santos, Íris Abravanel, como novelista, à frente de Revelação. A produção é um divisor de águas na história da emissora: além de ser a primeira novela gravada em alta definição, marca o fim de uma joint venture iniciada há nove anos com a mexicana Televisa. Com texto original – o primeiro desde Fascinação, escrita por Walcyr Carrasco, em 1998 –, o produto estréia com seus 150 capítulos inteiramente gravados, impossibilitando possíveis ajustes ao longo da transmissão, conforme a reação do público.

A julgar pela primeira semana de exibição, o vôo solo do SBT não deve nada aos seus recentes títulos, co-produzidos com a Televisa. Falta agilidade, verossimilhança e um gancho que prenda efetivamente o telespectador, de forma que se sinta motivado a não perder o capítulo seguinte. Com um time de sete roteiristas (alguns advindos de uma igreja evangélica, da qual Íris é devota), supervisionados pelo já demitido Yves Dumont, a espinha dorsal do enredo patina ao explorar os desencontros do casal protagonista. Nas cenas de ação, a ausência de agilidade é notável, tanto na narrativa quanto na estética – algo que a Globo sabe explorar muito bem e a Record já aprendeu. O picote das seqüências na edição não garantiu agilidade: ao contrário, só quebrou a narrativa, prejudicando-a.

Problemas de áudio e vídeo

Para completar, o núcleo cômico até tenta fazer graça, mas a retração dos atores diante das câmeras – muitos são oriundos do teatro – torna o resultado sofrível, conseguindo ficar aquém dos humoristas de A Praça É Nossa. Nessa configuração, os experientes Antonio Petrin, Elaine Cristina, Flávio Galvão e Cláudia Mello têm pela frente a difícil tarefa de manter a audiência conquistada pela reprise de Pantanal – ou, ao menos, não amargar índices pífios, ao ponto da novela ser minimizada ou retirada do ar, o que sempre é possível, mesmo que a autora seja uma das donas da emissora.

De um lado, Revelação não traz atores-celebridades capazes de agregar público por sua própria figura; de outro, com a exceção dos mais experientes, grande parte do elenco não domina o naturalismo característico da dinâmica de interpretação na telenovela brasileira.
Sem renunciar ao seu padrão tecno-estético, o SBT mostra-se frágil como produtor de teledramaturgia, levando ao ar um produto tecnicamente mal acabado, o que atesta que os R$ 200 mil destinados para a realização de cada capítulo estão sendo muito mal utilizados. No primeiro episódio, apresentado a partir das 23h15 da segunda-feira 8/12, caracteres exagerados confundiam o telespectador, tentando situar os países onde a história se inicia – Portugal, Espanha e Brasil. Além disso, por diversas vezes faltou sincronia entre o áudio e o vídeo, remetendo a uma deficiência já superada pelo cinema brasileiro (neste caso, porque as falas dos atores eram gravadas separadamente), ou, em ironia, às novelas mexicanas, dubladas em português.

Pantanal como atração fixa?

Em meio a tantos deslizes, Revelação tem alguns acertos que, frente a um investimento subseqüente e contínuo no setor de teledramaturgia, podem render bons frutos ao SBT. O tema de abertura, interpretação inédita do trio Sá, Rodrix e Guarabyra, dá vitalidade à trilha sonora, sob responsabilidade da produtora musical Laura Finocchiaro. O texto, apesar de inexpressivo, tem vantagens, com relação à tradição do canal. Mesmo que timidamente, o enredo resgata temas contemporâneos da sociedade brasileira, como as dificuldades enfrentadas pelo surdo-mudo Léo (Jiddú Pinheiro), a busca inconseqüente pelo poder, através do prefeito George Castelli (Flavio Galvão), e a ação preponderante dos narcotraficantes nas favelas (o que vem sendo bem explorado pela Record).

Apesar da acirrada concorrência do mercado televisivo brasileiro, imposta especialmente a partir dos investimentos da Record em infra-estrutura, nem de longe Revelação remete a produções vitoriosas da história do SBT, como a bem cuidada Éramos Seis, de 1994, ou a requintada Sangue do Meu Sangue, veiculada em 1995. Partindo do entendimento de que os produtos de teleficção necessitam de investimentos sucessivos, para aprimoramento de know-how, gerando resultados em longo prazo, Silvio Santos contratou a equipe de teledramaturgia da Band para coordenar suas futuras produções. Com passagens pela Globo, Record e pelo próprio SBT, o diretor Del Rangel assume o setor a partir de 2009. Tal ação, somada à aquisição de 35 obras de Janete Clair escritas para o rádio, pode indicar um novo horizonte para o canal.

Enquanto a inovação não sai do papel, Silvio Santos deve explorar exaustivamente os produtos da Manchete, adquiridos junto à produtora independente JPO. Repleta de planos longos, imagens belíssimas, narrativa lenta e doses fortes de erotismo, com beldades desnudas em paisagens pastoris, Ana Raio e Zé Trovão parece ser, no momento, a melhor opção para a emissora assegurar seu segundo horário de novelas (ainda que a exibição original, na Manchete, não tenha obtido todo o êxito pretendido). Isso se Pantanal não se transformar em atração fixa na grade de programação, como foi recentemente cogitado. Sua audiência, que gira em torno de 15 pontos, mostra que ainda há fôlego para banhos de rio, tuiuiús e marruás.

Publicado originalmente no Observatório da Imprensa, em 16/12/2008.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Rede digital única fortalece oferta de TVs públicas

O Brasil tem um sistema de televisão marcado historicamente pela hegemonia do modelo comercial. Os veículos de rádio e TV com finalidade lucrativa hoje compõem 80% dos canais, 95% do faturamento do setor e 95% da audiência. Assinado recentemente, o protocolo para a construção de uma infra-estrutura comum de transmissão no sinal digital que abrigará seis canais do chamado campo público configura-se como uma iniciativa capaz de alterar este quadro, de início em relação à oferta e, potencialmente, nos índices de audiência.

A rede digital servirá para transmitir os sinais da TV Brasil, da TV Câmara, da TV Senado e da TV Justiça, mais um canal de responsabilidade do Ministério da Educação e um do Ministério das Comunicações. Estes dois últimos ainda não estão em funcionamento, mas estão previstos no decreto que instituiu o Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (5820/2006) sob as denominações de Canal da Educação e Canal da Cidadania.

O plano de parte das emissoras ou órgãos responsáveis é veicular mais de uma programação em seus canais, modelo conhecido por multiprogramação. A TV Brasil pretende carregar as educativas estaduais. O Ministério da Educação quer veicular a TV escola (hoje distribuída por satélite), um canal para os professores, outro com conteúdos das TVs universitárias e um quarto ainda em definição. Já a TV Câmara deve utilizar o seu espaço para viabilizar a criação de uma rede legislativa com os canais de Assembléias Legislativas e Câmaras de Vereadores.

Segundo a responsável pelo projeto na TV Câmara e vice-presidente da Associação Brasileira de TVs Legislativas (Astral), Evelin Maciel, há um grande interesse das assembléias e câmaras na viabilização de seus canais no sinal digital. De qualquer forma, a composição do uso do canal destinado à TV Câmara em cada cidade será resultado da articulação entre a Câmara dos Deputados com os legislativos estaduais. As Assembléias, por sua vez, irão organizar a participação das Câmaras de Vereadores.

Já a TV Brasil não tem planos para criar uma outra programação para além do carregamento do sinal das educativas estaduais. A TV Senado e o Canal da Cidadania, cuja criação está até agora sob responsabilidade do Minicom, são outros que também não sinalizaram o lançamento de outras programações.

No caso deste último, ainda há esta possibilidade, uma vez que não há uma definição clara de como funcionará este canal. “Os atuais comunitários, que são veiculados pela TV a cabo, serão partícipes como produtores de conteúdo, mas não vamos apenas fazer a migração deles para o sinal aberto. O canal será uma outorga da União, mas com gestão realizada por meio de um conselho com a participação de vários segmentos”, explica Marcelo Bechara, consultor jurídico do ministério.

Sistema misto

Em uma projeção, os seis canais públicos poderão veicular cerca de 12 programações. Se considerarmos que os radiodifusores comerciais ocupam cerca de 10 canais na maioria das grandes e médias cidades hoje, entre as seis redes mais conhecidas e novas emissoras em UHF, poderemos ter em alguns anos quantidade semelhante ou até superior de programação de mídias públicas na televisão aberta brasileira.

A esta previsão, acrescenta-se o fato de os operadores comerciais terem perspectiva muito reduzida de optar pela multiprogramação. Até agora, tem demonstrado resistência por considerarem que esta traz impactos negativos a seus modelos de negócio em razão da pulverização de audiência que ela gera. Portanto, o número de canais desta modalidade de mídia deve se manter praticamente o mesmo no cenário digital.

Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) e autor de livro sobre TV Digital César Bolaño, caso haja a concretização deste operador de rede com este conjunto de programações, cria-se no Brasil um antes impensável sistema dual, comercial e público de televisão. “Com uma política estruturada de garantia de condições para transmissão de cinco ou mais canais públicos em multiprogramação, poderemos ter em pouco tempo um sistema misto de radiodifusão, pelo menos na oferta de programações”, afirmou.

A ressalva justifica-se porque a existência do mesmo número de canais não significará, pelo menos no curto e médio prazo, uma divisão da audiência como ocorre na Europa, onde os canais públicos foram os precursores e operaram sob a forma de monopólio durante décadas. Mas, acrescenta Bolaño, abre-se um cenário radicalmente diferente e que pode gerar alterações estruturais na televisão brasileira.

Na avaliação de Evelin Maciel, a rede única digital dos canais públicos federais será um “divisor de águas”. “O principal diferencial será na diversidade de conteúdo. Hoje, a gente tem seis canais abertos e vamos multiplicar, tornando a oferta muito grande”, analisa. Para a representante da TV Câmara, a complementaridade entre os sistemas público, estatal e privado, prevista no Artigo 223 da Constituição Federal, finalmente “pode sair do papel”.

Redução de custos e PPP

Segundo o coordenador da área de migração para a TV Digital da TV Brasil, Delorgel Kaiser, a opção por este tipo de infra-estrutura compartilhada foi motivada pela redução de custos que ela proporciona. “Se cada uma fosse operar a sua estrutura, a sua torre, gerador de energia etc., o custo para a União seria muito caro, porque estaríamos multiplicando despesas. Optamos então por este modelo para poupar recursos, otimizar investimentos e para podermos implantar de forma mais rápida o sinal digital das emissoras públicas”, explica.

A construção da rede e a sua operação será feita mediante uma parceria público-privada (PPP) com uma empresa que será escolhida em licitação prevista para o início do próximo ano. Segundo Kaiser, a escolha do instrumento da PPP se deveu ao fato de as licitações comuns não poderem contemplar contratos de longo prazo, mas de apenas cinco anos. “Este é um projeto que deverá estender-se por 20 ou 25 anos, uma vez que estamos buscando atender a maior parte da população. Ele irá demorar em função dos investimentos”, diz.

O contrato deve prever a cobertura de todas as capitais e de 230 cidades com mais de 100 mil habitantes. Ao final do longo período, a infra-estrutura construída retornará como patrimônio à Empresa Brasil de Comunicação. A estimativa de custos é de R$ 10 milhões por ano para cada um dos seis órgãos federais que encabeçam a iniciativa.

No entanto, embora o projeto contemple a presença de todos os entes elencados anteriormente, ele será implantado em módulos, com arranjos diferenciados para cada cidade a partir da disposição dos órgãos e dos limites de recursos de cada um deles. “Se algum dos parceiros não quiser ter programação, ele vai poder modular isso. Poderá contratar os serviços e com parte dos recursos para entrar só nas capitais, ou em cidades X ou Y”, diz o dirigente da TV Brasil.

A construção das estruturas de transmissão seguirá o cronograma definido pelo Ministério das Comunicações de migração ao sinal digital. “Em primeiro lugar, implantaremos nas capitais e em seguida vamos para as cidades”, conta Kaiser. Hoje, já há transmissões em sete capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre e Salvador), além da cidade de Campinas. A expectativa é que em dois anos o operador de rede público já esteja na maioria das capitais brasileiras.

Por Jonas Valente, do Observatóriodo Direito à Comunicação.

Fonte: Observatório do Direito à Comunicação

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Para fornecedores, balanço do primeiro ano de implantação é positivo

Após um ano do início das transmissões digitais em São Paulo, a expectativa divulgada pela indústria é de totalizar, até o final de 2008, a venda de 300 mil a 470 mil aparelhos capazes de receber o sinal digital. O número apurado junto à Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) nesta terça-feira, 2, é de 470 mil. A associação considera a expectativa de venda de 100 a 120 mil conversores, 90 mil aparelhos de televisão com receptor embutido, 180 mil celulares com TV digital e 100 mil receptores portáteis. Contudo, há uma divergência. O Fórum do SBTVD vem trabalhando com números bem inferiores. Há cerca de um mês, Moris Arditti, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Gradiente, membro da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) e da diretoria do Fórum SBTVD, apresentou na Futurecom expectativas mais conservadoras. Segundo ele, a base instalada de televisores digitais até o final do ano deve chegar a 150 mil receptores fixos (entre STBs e TVs com recepção embutida) e 150 mil receptores móveis (incluindo celulares com recepção de TV integrada).

Para o diretor de tecnologia da Philips do Brasil, Walter Duran, o número de televisores habilitados para receber o sinal digital ficou dentro das expectativas. "É preciso considerar que durante boa parte do ano, essa venda aconteceu apenas para uma capital, onde o sinal estava disponível", diz. Ele acredita que o mercado será criado gradativamente, e que, assim como a TV em cores, que só emplacou com o aumento do número de programas transmitidos em cores, seu crescimento depende também da disponibilidade de conteúdo. "Acho também que é necessário haver investimento na divulgação do produto. As pessoas precisam ter informação sobre a TV digital", afirma.

Ano bom

Para o vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Samsung para a América Latina, Benjamim Sicsú,o primeiro ano foi muito positivo, se comparado com o período inicial de transição para TV digital em outros países. O executivo lembra que o Brasil adotou um padrão que trazia inovações que não foram testadas nos outros países: o MPEG-4 e o áudio AC3. Mesmo assim, a indústria nacional conseguiu lançar produtos funcionais. Além disso, Sicsú comemora o fato de a maioria dos fabricantes ter lançado famílias de equipamentos. "Em 2009, essas famílias devem ser ainda mais completas, com 14 ou 15 modelos de receptores por fabricante", aposta.

É justamente a oferta de famílias mais completas que deve trazer diferentes públicos para a nova tecnologia, ajudando, assim, a gerar escala e reduzir os preços. Contudo, diz Sicsú, a variação cambial pode anular a redução de preços com o ganho de escala. Por enquanto, ainda há queda de preços. A escala mundial de telas de LCD e plasma ajuda o país, acredita o executivo da Samsung.

Consumo

A Eletros também estima que, até o final do ano, tenham sido vendidos de 9 milhões a 9,5 milhões de aparelhos de televisão no país. Destes, 2,5 milhões devem ser de tela plana (plasma ou LCD).

A tendência da substituição de televisores de tubo por outros de tela plana foi constatada também na pesquisa do Instituto Ipsos para a Philips do Brasil. Segundo o levantamento, a TV de tela plana já está presente em 19% dos lares das classes A e B+. Quando perguntados sobre a intenção de compra de eletrônicos, 45% dos respondentes disseram que têm o propósito de adquirir uma TV de tela fina. A pesquisa ouviu 400 consumidores paulistanos e cariocas das classes AB+.

Já o estudo qualitativo, realizado pela Voltage, mostrou que a característica mais desejada pelos consumidores quando o assunto é televisão é a interatividade, o que agrega características como conectividade e convergência. O desejo de ter comunicação via TV e que o aparelho se torne a central de entretenimento da casa também foram alguns dos principais resultados apontados pelo estudo, que foi realizado na cidade de São Paulo, com 20 homens e mulheres da classe A, de 20 a 40 anos.

Por Daniele Frederico e Fernando Lauterjung.
Fonte: TELA VIVA

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

AI-5 quarenta anos depois (2)

por Bruno Lima Rocha*

Este artigo é a seqüência da trilogia a respeito dos quarenta anos do Ato Institucional de Número 5 (AI-5). Sigo no assunto, porque, além de recuperar a memória, forçadamente apagada, também é preciso compreender o porquê da dificuldade de pôr este tema na ordem do dia. Uma possibilidade para isto é a ausência das esquerdas agindo na cruzada pela punição e responsabilização dos autores e mandantes dos crimes de lesa-humanidade.

Assim, sem mobilização social, se atribui tudo ao nível jurídico da causa. Gastamos mais tempo interpretando o parágrafo 2º da Lei No. 6683, de 28 de agosto de 1979 (ver na íntegra), conhecida como Lei de Anistia, do que nos mobilizando para sanear o aparelho repressivo. Isto se dá porque, ao contrário dos demais países do Cone Sul, a pauta direitos humanos não é da ordem do dia. E por desgraça, nem o governo de turno capitaliza os louros de pôr ditadores na prisão. É por isso que no Brasil vemos o Conselho Federal da OAB questionar no Supremo a validade da anistia para os torturadores, mas não temos o reflexo disso nas ruas.

Esta omissão é ampla, geral e irrestrita. Equivocadamente os operadores políticos da transição rifaram o tema. Todos os governos após a vitória indireta de Tancredo Neves e José Sarney no colégio eleitoral vêm protelando a abertura dos arquivos das Forças Armadas e o esclarecimento de todas as circunstâncias das desaparições forçadas e assassinatos. Lula, FHC, Itamar, Collor e o próprio ex-senador maranhense pela ARENA evitaram mexer no passado recente. Assim, temos no Brasil a responsabilidade histórica da ditadura imputada apenas aos militares. Com esta manobra, se deu um processo de “camaleonização” de lideranças políticas, empresariais, latifundiárias, religiosas, intelectuais, tecnocráticas e midiáticas, além das transnacionais e do serviço diplomático dos EUA. Estes agentes coletivos e seus operadores são tão responsáveis pela ditadura como o mais articulado dos conspiradores. Como sustentáculos do regime de exceção, têm tanta culpa pelos horrores da ditadura como o mais ensandecido e bárbaro torturador da Rua Tutóia, da Invernada de Olaria e de outras dezenas de centros de horror estatal que havia no país.

Passadas mais de quatro décadas do golpe de 1º de abril de 1964, é hora de enfrentar a verdade, abrir os arquivos e punir aos culpados.

Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat

*Bruno Lima Rocha é jornalista e cientista político, editor do portal Estratégia e Análise. E-mail: blimarocha@gmail.com.

Fonte: Estratégia e Análise

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Record RS prevê crescimento de 40% em 2009

A Record do Rio Grande do Sul promete ampliar sua programação no ano de 2009, a partir de investimentos em infra-estrutura e novas contratações. Apesar dos baixos índices de audiência que a emissora vem atingindo, principalmente na capital Porto Alegre, executivos do grupo estão otimistas, prevendo um crescimento de 40% para os próximos 13 meses.

Desde sua estréia, em julho de 2007, a Record RS vem implementando uma série de mudanças nos seus telejornais, a fim de conquistar definitivamente o mercado gaúcho. A última delas é a saída de Farid Germano Filho do Rio Grande no Ar, que será substituído pela ex-moça do tempo Aline Schneider. Com a entrada de Aline, o formato do telejornal também muda: passará a ser uma revista eletrônica, com notícias e reportagens sobre assuntos como saúde, beleza e comportamento.

Para o próximo ano, a ordem é intensificar a cobertura de eventos regionais, que, subseqüentemente, deverá elevar seu faturamento. Outra medida será aumentar o tempo dos noticiosos locais, que não se limitará mais às 3 horas propostas pela programação da rede, gerada em São Paulo. A Record RS também coloca, entre suas prioridades, a implantação de sua imagem em sistema digital (HDTV). Para tanto, além da aquisição de equipamentos nacionais e internacionais para a melhora da imagem, áudio e sinal, acredita-se que até o final deste mês o telespectador gaúcho poderá acompanhar a programação do canal em sinal digital, o que será melhorado e estendido nos próximos meses.

Por Andres Kalikoske
Mestrando em Ciências da Comunicação na UNISINOS e bolsista CNPq

Fotos do 3º Seminário de Pesquisa CEPOS

Os professores Valério Cruz Brittos, Christa Berger, Pedro Gilberto Gomes, Ione Bentz e Edelberto Behs abrem o 3º Semiário de Pesquisa CEPOS.

O Prof. Dr. Valério Cruz Brittos inicia as exposições no Seminário.



Prof. Dr. César Bolaño discorre sobre o tema "Digitalização e Desenvolvimento".




Público atento às falas dos professores Bolaño, Anita Simis, Valério Cruz Brittos e Pedro Gilberto Gomes

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

AI-5 quarenta anos depois (1)

por Bruno Lima Rocha*

Neste artigo inicio uma trilogia debatendo os sentidos e efeitos do Ato Institucional de número 5 (AI-5). No próximo dia 13 de dezembro esta famigerada peça jurídica, revogada em 31 de dezembro de 1978, cumpre quatro décadas de sua assinatura. Infelizmente, hoje perdemos a dimensão de seu significado e tiramos a responsabilidade sobre seus autores. Neste texto e nas duas semanas que seguem, tenho a intenção de contribuir para inverter essa memória apagada.

O AI-5 foi um ato de governo, dando juridicidade para uma escalada repressiva, apertando o torniquete dentro da ditadura. Alguns analistas o consideram o “golpe dentro do golpe”. Particularmente discordo desta tese. A medida foi um recurso de recrudescimento por parte de um regime militar. O texto estipulava no papel a correlação de forças que nas ruas dos grandes centros era disputada quadra a quadra desde a retomada dos protestos populares com a setembrada de 1966. A resposta foi à altura do desafio imposto. A sociedade brasileira mudava e o comportamento dos agentes políticos também.

Podemos compreender o golpe de 1º de abril de 1964 como a resultante da conspiração de direita iniciada em 1961, somada na reação às ameaças de distributivismo (materializado nas “reformas de base”); crise institucional (na quebra de hierarquia e cisão das forças armadas e polícias militares); e duplo poder (como nas greves de solidariedade convocadas pelo CGT). Já o AI-5 pode ser lido como a soma das lutas internas no interior da ditadura (com definições ideológicas como a do ministro da Justiça Luís Antônio da Gama e Silva); a expansão da presença dos operadores de inteligência sob comando dos EUA (caracterizado por Dan Mitrione dentre outros agentes); e a medida de governo que materializava o poder discricionário para afirmar o Brasil Potência. Também foi a resposta ao surgimento de uma esquerda com intenção revolucionária, não alinhada com Moscou e sob influência latino-americana. Mas, ressalto que nenhuma análise política posterior e complexa pode “justificar” os crimes de lesa humanidade cometidos.

Entendo que o ato da ditadura deve ser analisado como uma ação de governo de exceção no comando de um Estado. Como toda atividade política, a mesma tem autores responsáveis e que por ela devem ser responsabilizados (leia o documento na íntegra). No momento em que o país discute a punição aos autores e mandantes dos crimes hediondos de tortura, cárcere clandestino, estupro e desaparição forçada, a compreensão do AI-5 é atual e necessária. Como já afirmei antes, o povo que não sabe de onde veio, não entende onde está e nem decide para onde vai.

Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat.

*Bruno Lima Rocha é jornalista e cientista político, editor do portal Estratégia e Análise. E-mail: blimarocha@gmail.com.

Fonte: Estratégia e Análise

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Começa o Seminário de Pesquisa

Cerca de 50 pessoas compareceram na manhã desta sexta-feira, 5, ao Mini Auditório do Centro 3 para o III Seminário de Pesquisa Cepos: Economia Política da Comunicação como Meio de Análise Midiática. As discussões continuam durante a tarde.

A abertura do evento, às 8h30, contou a presença de autoridades acadêmicas que destacaram a importância da pesquisa como ferramenta de aprendizado. O Prof. Dr. Valério Brittos, professor da Unisinos e coordenador do Cepos; Edelberto Bhes, coordenador do curso de Jornalismo; Christa Berger, coordenadora de pesquisa do PPGCom e o Prof. Dr. e pró-reitor da universidade, Pedro Gilberto Gomes, compuseram a mesa que deu início às atividades do Seminário.

Na parte da manhã, a programação teve duas mesas de debates, que apresentaram painelistas da própria universidade e convidados. A primeira mesa, com início às 9h, teve como tema
“Digitalização e Desenvolvimento”. Os expositores foram Valério Brittos, da Unisinos; o Prof. Dr. César Bolaño, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), e a Profa. Dra. Anita Simis, da Universidade Estadual Paulista (UNESP). A mediação ficou por conta do Prof. Pedro Gilberto Gomes.

Digitalização e Desenvolvimento

A primeira mesa contou com exposições dos professores acerca da problemática da digitalização das comunicações. A maneira como ela pode impactar os padrões comunicacionais existentes foi apresentada por Brittos, que trouxe para debate o que chamou de “padrão técnico-estético digital alternativo”, que seria uma nova maneira de produzir audiovisual, fugindo dos padrões hegemônicos existentes e apostando na interação oferecida pela era digital.

Inovação e movimentos

A segunda mesa, composta pelo Prof. Mestre João Miguel (UEM), pela Mestranda Caroline da Silva (UNISINOS); pelos acadêmicos Diego Goulart (UNISINOS), Andrei Andrade (UNISINOS), Taize Odelli (UNISINOS) e com mediação da Profa. Dra. Luiza Carravetta (UNISINOS), tratou das inovações da comunicação, abordando temas como a fuga dos padrões estéticos realizada pelo CineEsquemaNovo, festival de cinema de Porto Alegre. A STV, emissora moçambicana, também foi abordada, quando João Miguel mostrou como ela se coloca como “mediadora das demandas sociais”, assumindo o papel de um Estado fragilizado. O espaço das produções locais dentro das grandes mídias foi a terceira pesquisa apresentada.

Balanço Parcial

Para o Prof. Valério Brittos, o aproveitamento da parte da manhã foi excelente, e demonstra o desenvolvimento que o Seminário teve desde a sua primeira edição. “O público está diversificado, as apresentações foram ótimas, assim como as contribuições do coletivo. E é exatamente isso que o Cepos busca, a integração e a construção coletiva de idéias”. Brittos destacou o apoio da Unisinos, que como brincou o pró-reitor, Pedro Gilberto Gomes, “não foi dado só pelos lindos olhos do Valério”. Gomes lembrou a importância que a pesquisa tem para a Unisinos, e o compromisso da universidade com a qualidade acadêmica.

Por Maria Maurente, estágiária de Jornalismo do Portal 3
Fonte: Portal 3

Negros continuam em situação marginal na mídia

O dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, que celebra a morte de Zumbi dos Palmares em 1695 como símbolo de resistência à escravidão, é tradicionalmente marcado por marchas e protestos realizados pelo movimento negro. Este momento, utilizado para dar visibilidade ao debate sobre a igualdade racial no Brasil, é válido também para uma reflexão sobre como esta questão é retratada nos meios de comunicação, das notícias às novelas, e qual é a influência que estes conteúdos geram no imaginário popular em nosso país.

Um dos exemplos mais gritantes é a afirmação de estereótipos existente na teledramaturgia brasileira. Resistem na TV as velhas situações de inferioridade impostas aos negros e negras: a doméstica, a mulata sambista, o malandro delinqüente. Mais recentemente, o político corrupto da novela “A Favorita” da Rede Globo surgiu para “comprovar” a doutrina da emissora de que a ascensão social pela iniciativa individual é possível, mas que mau-caratismo não tem cor, mesmo que um só exemplo baste.

É, de qualquer maneira, sintomático que os rostos vistos nos telejornais e programas de auditório sejam quase sempre brancos. “O dado é que existe uma invisibilidade do negro nos meios de comunicação”, afirma Márcio Alexandre Gualberto, militante do Coletivo de Entidades Negras do Rio de Janeiro. A resposta das emissoras – que operam em regime de concessão pública, nunca é demais lembrar – à demanda dos negros e negras, quase metade da população do país, refere-se a casos de integrantes deste segmento em posição de destaque, como os jornalistas Glória Maria e Heraldo Pereira, trajetórias que podem ser consideradas como exceções que servem apenas de confirmação à regra.

Segregação simbólica

Para Dennis de Oliveira, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e membro do Núcleo de Pesquisas e Estudos Interdisciplinares sobre o Negro, há no país uma “segregação simbólica”, ou seja, tolera-se a presença do negro em atividades lúdicas como esporte, dança e música como uma forma de compensação por sua ausência em outros espaços. “O resultado é justamente a criação de estereótipos”, diz o docente.

“Quem entrega a pizza na propaganda é sempre um negro. Queremos que todos sejam tratados iguais”, afirma Gláucia Matos, militante da Fala Preta! - Organização de Mulheres Negras. Segundo ela, o conteúdo dos personagens negros tem uma tendência à desvalorização, sobretudo no caso das mulheres. “Nas crônicas policiais, o branco é sempre retratado como classe média, enquanto o negro é visto como marginal”, concorda Márcio Gualberto. “Além disso, na TV, quando a vitima é negra, sua reação é sempre pela vitimização ou pela superação, mas nunca a denúncia”, acrescenta Dennis de Oliveira.

Esta segregação tem tamanho poder que atinge a imagem que os negros têm de si próprios. Em 1932, Castro Barbosa cantava a marchinha “O teu cabelo não nega”, composição de Lamartine Babo até hoje executada nos blocos carnavalescos. “Mas como a cor não pega, mulata, mulata eu quero teu amor” é a mensagem passada pela música. Desde então, as piadas pejorativas relativas ao cabelo crespo típico da raça negra não cessaram. Gualberto conta que é comum que os negros passem em algum momento pela “crise do cabelo”.

Isso acontece, diz ele, porque a idéia de belo reproduzida pela mídia é justamente o padrão europeu. “É como o negro que fica rico e se casa com uma loira. Esta é a lógica do vencedor imposta pelos meios de comunicação”. Gláucia Matos conta que o movimento negro inclusive já processou a marca de palhas de aço Assolan por associar seu produto ao cabelo crespo de maneira pejorativa.

Preconceito velado

No último dia 2 de novembro, o inglês Lewis Hamilton não ganhou a etapa de São Paulo da Fórmula 1, mas levou o título do campeonato vencendo justamente um brasileiro. Primeiro negro a conquistar a principal categoria do automobilismo mundial, Hamilton e familiares sofreram um racismo que não acreditavam encontrar por aqui. As manifestações foram exaustivamente reproduzidas pela imprensa européia, mas no Brasil a repercussão foi quase nula, revelando a omissão da mídia nativa em denunciar o preconceito de seus cidadãos.

Para Márcio Gualberto, para além da presença física na teledramaturgia ou na publicidade, existe nos meios de comunicação em geral, sobretudo no jornalismo, “incapacidade, indiferença e má vontade” para lidar com a questão do preconceito racial. Gláucia Matos acredita que este cenário se refere ao papel da mídia em manter o preconceito. “Existem inúmeros casos de racismo nos tribunais. Os jornais também não dizem que a maioria dos jovens assassinados no país são negros”, afirma.

Admissão de culpa

O sociólogo brasileiro Florestan Fernandes dizia que a característica mais marcante do racista brasileiro é a de não se considerar racista. A melhor tradução prática dessa afirmação surge em “Não Somos Racistas”, livro de Ali Kamel, diretor-executivo de jornalismo da Rede Globo. “Ao mesmo tempo em que admite que existem diferenças, diz que é preciso ignorá-las para não criar uma divisão no país. É algo paranóico”, comenta Gualberto.Na avaliação de Dennis de Oliveira, a mídia insiste que o racismo no Brasil não tem um caráter sistêmico, abordando a questão sempre pela ótica individual. “A ação da mídia é sempre no sentido de minorar a questão, tirando-lhe a seriedade para que não entre na agenda [pública].”

O professor aponta que a única forma de superação do preconceito nos meios de comunicação seria o movimento negro se organizar para construir mídias alternativas. Gláucia Matos afirma que existem conquistas por conta da atuação do movimento, que tem monitorado e denunciado com maior rigor. “Mas no que depender da mídia”, diz ela, “ainda falta muito.”

Por Henrique Costa, do Observatório do Direito à Comunicação.

Fonte: Observatório do Direito à Comunicação

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Brasil e Japão elaboram norma conjunta para o padrão de TV digital

O objetivo é facilitar o papel dos interlocutores que tentam disseminar o uso do sistema em outros países

O secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Roberto Pinto Martins, afirmou que o encontro do Grupo de Trabalho Conjunto Brasil-Japão, que aconteceu esta semana em Brasília, foi concluído com uma boa notícia para os entusiastas do sistema nipo-brasileiro de TV digital (ISDB). Os dois governos decidiram, nesta quarta-feira, 3, integrar as normas técnicas do ISDB. O objetivo é facilitar o papel dos interlocutores que tentam disseminar o uso do sistema em outros países. "Agora, temos um sistema harmonizado. Independente de os avanços terem vindo do Brasil ou do Japão, eles estarão numa única norma. Isso facilitará os acordos", destacou o secretário de Telecomunicações. Segundo ele, tal indefinição gerava, até então, confusão nos países que ainda não decidiram sobre a adoção do sistema de TV digital.

Martins assegurou que o Brasil não tem interesse em cobrar royalties pelos recursos agregados ao sistema ISDB que foram desenvolvidos pelos pesquisadores brasileiros. "Assim como o sistema japonês reuniu recursos do padrão europeu (DVB) e norte-americano (ATSC), ele passa a incorporar também os aplicativos desenvolvidos por nós. Como os japoneses não cobraram de nós o uso da tecnologia, também não temos este interesse", afirmou.

O secretário de Telecomunicações do Minicom considera que as negociações entre os governos brasileiro e argentino caminham a passos largos. "O governo argentino já se convenceu de que não há impedimentos técnicos para adoção do ISDB. O que está faltando é apenas uma decisão política para que a escolha seja finalmente realizada", destacou Martins. Segundo ele, a escolha pode ser adiada para o início de 2009, caso processo de decisão assuma um ritmo lento neste fim de ano.

Por Rafael Bitencourt, da Telecom Online
Fonte: Telecom Online

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O "futebolês" que trava o jornalismo esportivo

Por Valério Cruz Brittos e Andrei Andrade

É cada vez mais comum ver ex-jogadores de futebol ganhando espaço no elenco de comentaristas da mídia esportiva brasileira. Com o advento do pay-per-view no Campeonato Brasileiro, em 1995, e o aumento das transmissões esportivas locais, vive-se hoje o apogeu quantitativo deste ramo. Por outro lado, a qualidade perde cada vez mais, com ex-ídolos do esporte que com palavras e idéias demonstram intimidade bem menor do que tinham com a bola.

Em qualquer área de cobertura midiática especializada, tecer um comentário requer mais do que conhecimento empírico do assunto tratado. É necessário o constante exercício de atualização, capacidade de contextualização e irrestrito domínio de linguagem. No caso do jornalismo esportivo, é preciso ir além do bê-á-bá específico do assunto – ou o futebolês –, que pode funcionar dentro do vestiário, mas numa transmissão jornalística ofende o ouvido dos espectadores.

Bons exemplos de ex-jogadores comentaristas também existem. Paulo Roberto Falcão, do Grupo RBS e da Rede Globo, é um dos bons comentaristas atuais, que ajudam a transmitir informações e elucidar questões técnicas e táticas de forma didática durante a transmissão de um jogo de futebol. Apesar disso, em sua coluna diária no jornal Zero Hora, o ex-jogador do Internacional ainda incorre demasiadas vezes no lugar-comum, o que torna o texto um insosso resumo do noticiário futebolístico do dia anterior.

Opinião e bom português

Outros ex-atletas do passado também podem ser incluídos na categoria dos que praticam um jornalismo opinativo de qualidade, como o tricampeão mundial Tostão e o ex-flamenguista Junior, que sabem enxergar o futebol além das experiências pessoais. Mas na maioria das apostas feitas em ex-jogadores como comentaristas o resultado beira a tragédia.

É inegável que a voz do ex-atleta aumenta a credibilidade de uma transmissão, por se tratar justamente de alguém com vivências específicas, que faltam ao jornalista, quanto a campo de jogo e meandros do mercado futebolístico. Contudo, a autoridade do formador de opinião não se dá em casos pontuais como estes, mas sim na coerência do discurso, na contextualização da análise e na elucidação objetiva de questões, que o afastem do mero "palpiteiro". Tais fatores consagraram o jornalismo opinativo que, de certa forma, propõe organizar o mundo e oferecer caminhos para as pessoas que se interessam por determinado tema.

O futebol, já dizia Nelson Rodrigues, "dentre as coisas menos importantes da vida, é a mais importante". Não é exagero dizer que se trata do principal entretenimento do povo brasileiro, além de ser cada vez mais um produto que dialoga diretamente com áreas vitais da sociedade, como a economia, a política e a educação. Por essas razões, é indispensável tratá-lo jornalisticamente, com a mesma seriedade dispensada a outras editorias, que tendem a não dar espaço de opinião para palpiteiros mal-informados. Um caminho para o jornalismo esportivo ser levado a sério é a aposta em profissionais competentes para emitir opinião com qualidade e em bom português. Não havendo este tipo de profissional, quem perde é o público, que não pode cobrar qualidade de quem não está preparado para oferecê-la.

Artigo publicado originalmente no Observatório da Imprensa em 2/12/2008.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

TV digital no Brasil completa um ano de funcionamento

Ao completar hoje (2) o primeiro ano de funcionamento, o sistema brasileiro de TV digital comemora avanços na oferta do serviço e na produção de conteúdos, mas ainda tem pela frente o desafio de despertar maior interesse dos telespectadores e garantir interatividade. A tecnologia está implantada em dez cidades e a programação passa por adequações.

“Quando começamos, tínhamos duas novelas exibidas em alta definição e hoje temos canais de televisão inteiros feitos com programação 100% digital. Já temos uma linha completa de televisores aptos à tecnologia. É um balanço extremamente positivo e alvissareiro”, afirmou à Agência Brasil o presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD), Frederico Nogueira.

O SBTVD é um órgão consultivo e de assessoramento ao comitê governamental para o desenvolvimento da TV digital brasileira. O órgão prevê que a tecnologia digital deverá fechar 2008 com cobertura suficiente para atender cerca de 40 milhões de habitantes, com base no cronograma de implantação do Ministério das Comunicações e no número de habitantes das cidades (Censo 2007/IBGE), onde o sistema entrará em operação até o final de 2008.
Para que o potencial de crescimento técnico se traduza diretamente em maior número de telespectadores, os especialistas ressalvam ser necessária uma mudança cultural que não ocorre repentinamente.

“Uma coisa foi na última revolução, quando houve a migração do preto e branco para o colorido. Você tinha como visualizar isso. Agora, quando você diz que aumentou a definição de 420 linhas para 1.080 linhas há uma dificuldade de saber e compreender o que é isso. Então é preciso que pessoa veja, note a diferença e pense que aquilo é uma coisa para ser ter na sua casa”, argumentou Nogueira. “Mas isso é algo que, com o brasileiro gostando de tecnologia como gosta, será vencido até mais rapidamente do que em países com renda per capita mais alta que o Brasil”, previu.

Quando se fala em atrair mais telespectadores, a discussão se volta invariavelmente para o preço dos conversores de sinal. Hoje, o modelo mais simples desse aparelho que adapta o televisor para receber a programação digital é vendido a R$ 199,00.
Na última sexta-feira (28), ao comentar as perspectivas da tecnologia para os próximos anos, o ministro das Comunicações, Hélio Costa , destacou a necessidade de se ampliar a produção dos conversores ( atualmente na casa dos 100 mil aparelhos por mês) e a possibilidade de nova redução nos preços.

“Acho que o próprio governo tem espaço para reduzir impostos na área federal. Se conseguíssemos tirar o PIS e a Cofins, já teríamos aí um desconto básico de 30% no preço do conversor”, afirmou o ministro.

A perspectiva de queda no preço também é apontada pelo SBTVD. “O ciclo de vida de qualquer produto começa com um preço mais alto e vai baixando. Você vai diluindo custos, a economia de escala vai funcionando, com mais gente comprando”, avaliou Nogueira.

Uma previsão de vendas da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) mostra que até o fim desse ano devem ser comercializados de 100 mil a 120 mil conversores, 90 mil aparelhos de TV com conversores embutidos, 100 mil receptores portáteis e 180 mil receptores móveis (celulares). O SBTVD calcula, por sua vez, que 645 mil telespectadores façam uso das transmissões digitais em dezembro de 2008.

Até o segundo aniversário de implantação, especialistas e autoridades prevêem que a TV digital brasileira estará implantada em todas as capitais e em cidades importantes do interior, já com os recursos de interatividade disponíveis após a conclusão de especificações técnicas.

São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS) já têm transmissão digital em HD e para dispositivos móveis e portáteis. Florianópolis (SC), Salvador (BA) e Campinas (SP) terão até este mês.

Por Marco Antônio Soalheiro da Agência Brasil.
Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

III Seminário de Pesquisa CEPOS tem programação fechada

por Larissa de Oliveira, do Portal3

Começa na próxima sexta-feira, 5, o III Seminário de Pesquisa realizado pelo grupo Comunicação, Economia, Política e Sociedade (Cepos), da Unisinos. O evento é aberto à comunidade acadêmica e vale 10 horas complementares. Dentre os temas discutidos nesta edição estão a digitalização e o desenvolvimento dos meios de comunicação, inovação, alternativas comunicacionais e sociedade, os audiovisuais e a cidadania e estratégias e conteúdos na área da comunicação.

Andrei Andrade, bolsista de iniciação científica de Comunicação da Unisinos participa pela primeira vez do seminário. “É uma experiência totalmente nova pra mim, e também um grande desafio, considerando o pouco tempo de vida acadêmica que tenho, que é de seis meses”.

O aluno ressalta, ainda, a necessidade de quem deseja trabalhar com pesquisa científica de participar de seminários, congressos e mostras científicas. “Estou estudando bastante o mapeamento da programação local das redes de TV, feito pelo Cepos, que é o tema da minha apresentação”.

Confira abaixo a programação completa do evento:

08:30 – Abertura.
Autoridades acadêmicas (internas e externas).

09:00 – Mesa 1: Digitalização e desenvolvimento.Expositor: Prof. Dr. Valério Cruz Brittos (UNISINOS).Expositor: Prof. Dr. César Bolaño (UFS).Expositor: Profa. Dra. Anita Simis (UNESP).Mediador: Prof. Dr. Pedro Gilberto Gomes (UNISINOS).
10:45 – Exposição de livros do grupo (intervalo).

11:00 – Mesa 3: Inovação e movimentos.Expositor: Profa. Dra. Helenice Carvalho (UFRGS). Expositor: Prof. Ms. João Miguel (UEM).Expositores: Msta. Caroline da Silva (UNISINOS); Acad. Diego Goulart (UNISINOS).Mediador: Profa. Dra. Luiza Carravetta (UNISINOS).
12:30 – Almoço.

14:00 – Mesa 2: Estratégias e conteúdos.Expositor: Msto. Andres Kalikoske (UNISINOS).Expositor: Prof. Ms. Luciano Correia dos Santos (UFS).Expositores: Acad. Rafael Cavalcanti (UNISINOS); Acad. Tamires Gomes (UNISINOS).Mediador: Prof. Dr. Antônio Hohlfeldt (PUCRS).
15:30 – Exposição de teses, dissertações e monografias do grupo (intervalo).

15:50 – Mesa 4. Sociedade e alternativas.Expositor: Prof. Dr. Eduardo Vizer (UBA).Expositor: Prof. Ms. Bruno Lima Rocha (UFRGS); Msto. Rodrigo Jacobus (UFRGS).Expositor: Msta. Paola Madeira Nazário (UNISINOS).Expositores: Acad. Andrei Andrade (UNISINOS); Acad. Taize Odelli (UNISINOS).Mediador: Prof. Dr. Flávio Porcello (UFRGS).

17:40 – Mesa 5. Audiovisual e cidadania.Expositores: Profa. Dra. Flávia Seligman (UNISINOS); Msta. Araci Koepp dos Santos (UNISINOS).Expositores: Profa. Ms. Jacqueline Dourado (UFPI); Ms. Marcia Turchiello Andres (UNISINOS).Expositor: Profa. Ms. Nadia Helena Schneider (Sec. Municipal de Educação Dois Irmãos).Mediador: Profa. Dra. Nísia Martins do Rosário (UNISINOS).

19:10 – Encerramento (avaliação e planejamento).Prof. Dr. Valério Brittos (UNISINOS).Profa. Dra. Anita Simis (UNESP).Todos os participantes.

20:00 – Confraternização.

Observações: ao final de cada mesa, necessariamente haverá tempo para debates.
Fonte: portal3