quinta-feira, 30 de abril de 2009

Neutralidade científica é pauta em reunião do Grupo CEPOS

Na última quarta-feira, dia 29, ocorreu na Unisinos a quarta reunião de 2009 do Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS). O tema tratado foi a neutralidade científica, utilizando como base o texto “Neutralidade da ciência: desencantamento e controle da ciência”, do professor Marcos de Oliveira, da Universidade de São Paulo (USP). O texto foi apresentado pela pesquisadora Ms. Marcia Turchiello Andres (UNISINOS) e debatido pelo mestrando Rodrigo Jacobus (UFRGS).

A professora Marcia fez uma introdução do texto, explicando o que é neutralidade científica e sua relação com os valores sociais. A comunidade científica considera a ciência neutra, o que a legitimaria enquanto valor universal, ou seja, a ciência não seria regida por valores religiosos, políticos, ideológicos, entre outros. Durante a explanação, discutiu-se ainda se a ciência é autônoma referente às interferências externas, e seguindo a lógica do Prof. Oliveira, concluiu-se que a comunidade científica sofre influência de determinados setores da sociedade. Esse fato está diretamente ligado à mercantilização e à tecnologização da ciência, fatores que transformaram esta num objeto do mercado nesta etapa neoliberal do capitalismo.

Rodrigo Jacobus questionou o fato de que a ciência não pode ser livre de valores, uma vez que estes estão implícitos no próprio pesquisador. Para ele, os cientistas se mostram neutros para se proteger dos vários órgãos da sociedade. O próprio Galileu, apresentado no texto como precursor da idéia da neutralidade, estaria apenas se defendendo do poder da Igreja. Rodrigo ainda cita outros autores para ilustrar sua opinião referente à neutralidade científica, como o professor Boaventura de Sousa Santos. Além disso, Jacobus destacou que a ciência deveria dialogar com outros conhecimentos, ao invés de proteger o “way of life” científico. Também diz que está na hora da ciência tomar partido, isto é, declarar que lado prefere.

Essa última opinião foi a da maioria dos membros do Grupo CEPOS que estavam presentes na reunião. A questão levantada é que há muita preocupação em se mostrar neutro, imparcial, diante do objeto de pesquisa, enquanto todos sabem que na verdade a imparcialidade não existe, e que está mais do que na hora de assumirmos isso diante da universidade, da própria ciência, e também da mídia. No entanto, reconhecer a parcialidade na ciência não significa deixar de investigar as diferentes características que fazem parte do objeto.

A próxima reunião do Grupo CEPOS está marcada para o dia 20 de maio, quarta-feira, às 17 horas.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Teremos programação interativa na TV digital aberta? (Parte V)

Por Patrícia Maurício*

E agora?

A partir das entrevistas feitas para este artigo e do acompanhamento que venho fazendo do mercado televisivo me parece claro que a maioria das pessoas que trabalham, inclusive em cargos de chefia ou como empresários, na produção de programas ou do jornalismo de televisão não estão preocupadas com interatividade na TV digital, pelo menos até agora. Na verdade, sequer pensam nisso. Aqueles poucos que pensam sobre o tema, de forma geral vêem a questão mais como um problema do que como oportunidade – uma possibilidade tecnológica a mais em benefício do telespectador mas que não se traduz em aumento de receita, pelo menos no que diz respeito a uma interatividade no jornalismo e nos programas – e por isso deve ser adiada o máximo possível, em meio a testes e declarações de apoio em público. A interatividade para a venda de produtos já é vista com melhores olhos, como parece mostrar a palestra do vice-presidente da Rede Bandeirantes pensando em vender mais pizzas que os concorrentes. Porém, com a demora na homologação do Ginga, a possibilidade de usar interatividade empaca.

Não faltam modelos para interatividade na TV aberta ou pesquisadores universitários dispostos a criá-los. A grande questão é o interesse do mercado em produzir programas interativos, que exigem roteiros e produção mais cara. Como já comentado acima, um dos entrevistados que não quiseram se identificar, que vem acompanhando de perto as negociações da TV digital, afirma que a TV Globo (leia-se Ministério das Comunicações?) faz pose de que quer a interatividade mas, ao mesmo tempo, bloqueia a novidade. Enquanto isso, as empresas de software que fabricariam o Ginga e suas aplicações estão morrendo. Elas (e os telespectadores) não têm sequer uma data distante, mas definida pelo governo, para garantir a implantação do middleware brasileiro. E o governo apenas vai deixando para depois, ao que parece, indefinidamente. Ou espera para ver, como disse o assessor para Assuntos Internacionais do Ministério das Comunicações.

Enquanto isso, a internet vai ganhando terreno – o que definitivamente é uma coisa boa, desde que não sirva, paradoxalmente, para ser mais um instrumento de exclusão. A interatividade com programas de televisão usando internet já é realidade há bastante tempo e só vem aumentando. Como o governo não se movimenta para homologar, regulamentar e incentivar a interatividade na TV, pode logo se tornar realidade o prognóstico do dono da produtora KN de que ela vai ser via web, com tudo convergindo para o computador. Se esta tecnologia for rapidamente democratizada, tudo resolvido. Caso contrário, o que é o mais provável, quem não tiver dinheiro para ter acesso a esta tecnologia vai ficar apenas com uma televisão em que as únicas novidades são som e imagem de melhor qualidade e, eventualmente, uma emissora pública com multiprogramação – além de alguns poucos exemplos de interatividade que podem demorar a chegar e atenderão a um público pequeno. Toda uma tecnologia desenvolvida para que os telespectadores como um todo possam interagir com os emissores, feita para a TV aberta que hoje é o meio de comunicação acessível a praticamente todos os brasileiros, será desperdiçada. Em vez de democratizar as comunicações, estaremos novamente atendendo apenas a quem tem mais dinheiro e, com isso, fazendo bons negócios – o interesse público fica em segundo lugar. Alguma novidade nisso?

*Patrícia Maurício é professora agregada do curso de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutoranda em Comunicação e Cultura na UFRJ, com o projeto "TV Digital: conflitos antigos no nascimento de uma nova mídia no Brasil". E-mail: patriciamauricio@uol.com.br

terça-feira, 28 de abril de 2009

Telenovela em tempos de crise

Por Andres Kalikoske*

A crise econômica internacional parece ter atingido a atividade televisiva em sua principal fonte de captação de recursos: o setor publicitário. Um contraste em relação a 2008, ano fervilhante para a teledramaturgia brasileira, por exemplo. Os efeitos são visíveis: na Europa, as principais emissoras – RTP, SIC e TVI – amenizaram seus orçamentos, diminuindo a produção de teleficção e passando a investir em programas de menor custo, como entretenimento e shows de realidade. O caso da RTP, uma TV estatal, é ainda mais grave: apesar de em 2008 ter anunciado uma arrecadação de 51 milhões de euros em receitas, sua dívida ultrapassa os 800 milhões.

No que diz respeito às vendas internacionais, a própria feira televisiva de Cannes, na França, conhecida por ser o maior mercado europeu de negócios audiovisuais, apresentou em sua última edição uma grande quantidade de formatos com custos pífios de realização, sobretudo concursos de auditório. No âmbito latino-americano, salvo a Record – cujas cifras provêm da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), sua mantenedora – as emissoras também têm optado pela diminuição de prejuízos, através do barateamento da produção ou a própria redifusão de programas, os chamados produtos de estoque.

Nestes tempos, para as organizações cujo principal produto é a teledramaturgia – especialmente as redes brasileiras, argentinas e mexicanas –, o mínimo risco de perder audiência pode representar um enorme prejuízo. Caminho das Índias, da Globo, é um exemplo de telenovela que não veio para inovar, uma vez que grande parte de sua narrativa já foi explorada em outras tramas de sua autora, Glória Perez. O enredo mais parece uma versão hindu de O Clone, reproduzindo fielmente seus elementos – como a pastelaria dos indianos, que muito se parece ao bar de Dona Jura; ou os desencontros de Maya e Bahuan, que também remetem aos intermináveis vaivens de Jade (Giovanna Antonelli) e Lucas (Murilo Benício).

Temáticas da novela América também foram reaproveitadas, como o núcleo da religiosa Creuza (Juliana Paes), uma falsa moralista que adorava seduzir os homens. Enredo parecido se vê atualmente em Caminho das Índias com a impetuosa Norminha, que, mesmo com a excelente atuação de Dira Paes, ainda se trata de uma personagem requentada. No decorrer dos capítulos, outra pedra no sapato de Glória Perez foi o protagonista Bahuan. O ator Márcio Garcia, seu intérprete, sofreu rejeição por parte do telespectador e desde então tem aparecido menos que os demais personagens, ficando até dois capítulos fora do ar. Como a reviravolta do personagem pode representar riscos, seu novo norte será, nas palavras da autora, um homem "duro, implacável, que se deixa levar e dominar pelas exigências dos sentidos e pelas ambições materiais".

Na Argentina, de modo geral, as emissoras aumentaram a quantidade de produtos reprisados. Tal corte de custos evidencia-se especialmente na programação da Telefé, a principal rede do país. A tradicional novela do prime time foi amputada da programação, em uma clara demonstração de que o mercado publicitário portenho não está disposto a viabilizar custos elevados. Em seu lugar entrou o programa Justo a Tiempo, típico game-show de perguntas e respostas. Exibida seqüencialmente, a ficcional Los Exitosos Pells teve seu final prolongado. A estratégia é capitalizar a emissora, frente ao possível fracasso de sua sucessora – outra novela, ainda em fase de produção.

A série nacional Casados con Hijos é veiculada em dois horários (ao meio-dia e às 14 horas), seguida pelas novelas Doña Bárbara, importada do México, e Amor en Custódia, que é nacional, porém outra reprise. A faixa das 17 horas, tradicionalmente dedicada às novelas infanto-juvenis da Cris Morena Group, até poucos dias atrás exibia filmes, majoritariamente norte-americanos, além do desenho animado Los Simpsons. No entanto, há uma semana passou a veicular a terceira temporada de Casi Ángeles, uma espécie de Chiquititas remodelada.

No vice-líder Canal 13, que é ligado ao grupo Clarín, a redifusão de produtos é em menor medida, mas em fortes doses: a novela Floricienta, produzida originalmente em 2005, tem início às 17 horas, terminando somente quando a Telefé encerra Casi Ángeles, por volta das 20 horas. Nas demais emissoras, a sobrevida do mercado publicitário é ainda mais evidente: Xica da Silva, produção brasileira de 1997, da hoje extinta TV Manchete, ocupa o principal horário do Canal 9, sendo que a emissora ainda reprisa as também brasileiras O Rei do Gado e Sinhá Moça.

Justamente a empresária Maria Cristina de Giacomi, à frente da empresa Cris Morena Group, foi quem se deu melhor em remotos tempos de crise da TV argentina. Sua produtora de conteúdo surgiu em meio ao colapso de 2002, no ápice da desvalorização do peso argentino – que chegou a 70%, provocando uma forte fuga de anunciantes. O know-how de Morena (que é ex-cônjuge de Gustavo Yankelevich, diretor de programação da Telefé por mais de dez anos) colaborou suntuosamente para eliminar possíveis desacertos em suas realizações, avançando nas questões relevantes para concepção de um produto televisivo. Hoje, oito anos depois, Morena ainda colhe frutos.

Com a redução de anunciantes, as emissoras do país novamente buscam a terceirização, apostando em produtos independentes – e, de longe, mais baratos – para alavancar sua audiência. É a chamada plataforma horizontal, ou seja, quando um canal de TV se limita à exibição do produto, não participando de sua produção. Algo comum em diversos países, mas ainda pouco praticado por emissoras latino-americanas.

No México, principal atingido pela crise, o tradicional intervalo de seis minutos do Canal de las Estrellas (emissora do conglomerado Televisa) foi substituído por inserções de três minutos, sendo que nesse tempo ainda são veiculados dois institucionais do próprio grupo. A empresa não obteve lucro no quarto semestre de 2008, embora tivesse registrado ganhos de 206 milhões de dólares no mesmo período de 2007. Com a desvalorização do peso mexicano, as dívidas negociadas em moeda norte-americana se tornaram onerosas. Em uma clara tentativa de suavizar seu prejuízo, a Televisa tenta ganhar mercado em países que, até então, não faziam parte de sua estratégia de expansão. É o caso de recentes contratos firmados com canais da China e França.

Um investimento errôneo também está pesando nos ombros do grupo mexicano. Após perder judicialmente ações do canal Univisión, sua subsidiária nos Estados Unidos, em uma batalha judicial que se estendeu durante anos, adotou a estratégia de gerar receita a partir dos milhares de roteiros de telenovelas que estão em seu acervo. Mas apesar de ser um bom negócio, a comercialização de um roteiro não é mais vantajosa do que a venda de uma novela mexicana integral (dublada e finalizada, pronta para ser exibida). Isto porque, no primeiro caso, é necessário remunerar autores, adaptadores e, muitas vezes, até empresas distribuidoras que intermediaram a negociação.

Neste difícil momento para a telenovela latino-americana, a ordem é diminuir possíveis riscos. Em outras palavras, abolir experimentações e novos formatos. O Brasil, apesar do atual reaproveitamento de temáticas e produtos de estoque, mantém-se continuamente na produção de telenovelas, tendo os altos investimentos da Record como exceção. A TV argentina se salva por ser a maior fonte de sustentação de teleficção da América Latina, através de seus scripts concebidos no idioma espanhol. E quanto às novelas mexicanas, o desafio será comover os anunciantes do país até que a crise seja amortizada. Para a Televisa, especialista em lágrimas e falta de inovação, isso não será tarefa difícil.

* Jornalista, mestrando em Ciências da Comunicação na UNISINOS. E-mail: kalikoske@hotmail.com.

Publicado originalmente no Observatório da Imprensa, em 28/04/09.

Teremos programação interativa na TV digital aberta? (Parte IV)

Por Patrícia Maurício*

O que pensam produtoras independentes de vídeo

Uma das principais produtoras de vídeo do Brasil, a KN Vídeo já tem programas para celular e internet, além dos tradicionais programas de TV e até quadros no jornalismo esportivo da TV Globo. Sempre na vanguarda da convergência de mídias e do uso de novas tecnologias, era de se esperar que a KN fosse uma das primeiras produtoras, senão a primeira, a produzir para a TV digital interativa. Mas Jorge Nassaralla, dono da empresa, está bastante cético.

Para Nassaralla, a TV digital está muito devagar e ainda vai demorar bastante para termos interatividade nela, porque, segundo ele, a interatividade é a última coisa neste processo. “O primeiro passo é transformar tudo em HD. Isso estava começando a acontecer, até vir a crise econômica mundial”, contou. Ele explicou que não é possível gravar com equipamentos que usam mini DV (fita digital) e ir ao ar como HD (high definition, alta definição). No chamado full HD, que é a TV digital de verdade, a imagem é formada por 1080 linhas por 1920. Segundo Nassaralla, o custo do HD é 50% maior que o atual, “e os patrocinadores não estão querendo bancar estes custos”.

Para transmitir em full HD é preciso trocar câmeras, equipamentos de mídia e os sortwares das ilhas de edição. “Fui ver agora uma câmera e custa R$ 96 mil. Até desisti, tem que esperar, porque encarece muito e só o custo sobe, a receita não sobe”, contou o dono da KN. Segundo ele, atualmente a TV Globo e a Globosat são os principais compradores das produções.

Com este quadro, somado ao fato de que tem percebido crianças e adolescentes até 17 anos migrando em massa da televisão para o computador, Nassaralla não tem dúvidas: “Minha aposta é na internet, que vai atropelar; vejo problemas para a TV a cabo e para a TV aberta, que vai ser para a classe C”. Ele cita o seu próprio exemplo: tem em casa a internet conectada à sua TV de 42”. O diretor assiste nesta tela, com qualidade excepcional, a jogos de futebol americano, basquete e beisebol transmitidos ao vivo em full HD via internet, pelos quais ele paga US$ 20 por mês. Do sofá ele pode clicar um botão e ver todos os dados de passes certos e errados, mandar e-mail e, mais tarde, rever o que quiser dos jogos, que ficam armazenados. “É só ter uma velocidade acima de 8 M de banda larga, eu tenho 12”, explica.

E vale lembrar que nem tudo é pago na internet, muito pelo contrário. E os programas na rede já conseguem muito mais patrocínio que no passado recente. A TV da KN na internet, por exemplo, tem patrocínio de grandes empresas. Nassaralla acredita que a TV aberta no celular, ao contrário da via internet, vai ser apenas um nicho, assistida na sala de espera do médico e no trânsito, ou uma mania que vai passar. Ele afirma que para fazer uma boa TV no celular é preciso fazer programas específicos para o meio. Além de levar em conta a tela pequena, usando muitos closes, o tempo da cena tem que ser mais rápido, as falas dos atores mais curtas, porque cada episódio deve durar um ou dois minutos.

Com todas estas mudanças e pouco espaço para certezas absolutas, Nassaralla comenta o que tem observado: “O ibope das novelas da Globo vem caindo direto, e eles viram que não está indo para a Record, está indo para outro lugar. As TVs grandes não sabem o que fazer”.

A palestra do Keith Clarkson, produtor-executivo da Xenophile Media, do Canadá, no congresso da IETV em agosto de 2008 reforça a aposta da KN Vídeo (e, no contexto internacional, da BBC) na internet. Clarkson mostrou que seus programas, com sucesso estrondoso junto ao público infantil canadense, usam da interatividade não via TV, mas a criança indo depois ao computador. Ao responder a uma pergunta da platéia sobre como desenvolver bons programas aqui com interatividade, ele disse que “é importante o governo ajudar. No Canadá, o governo há dez anos começou a empurrar para isso. Houve ênfase na criação de produtos. É difícil fazer isso sem incentivos do governo. Sua indústria tem que fazer lobby junto ao governo”.

Nuno Godolphim, produtor executivo da Pindorama Filmes (que faz, entre outros, os programas apresentados por Regina Casé), afirma que não há nada ainda de concreto sendo pensado na produtora em relação à TV digital interativa. “Agora não está dando para fazer nada, agora é ‘me manda aí o seu videozinho e a gente bota no programa’”, afirma. Nuno diz acreditar que a interatividade vai vingar, mas se vai ser pela própria televisão ou via internet, ele acha que é futurologia. “Isso só vai ficar mais maduro quando tiver uma TV digital madura, daqui a uns cinco anos. Por enquanto as pessoas estão tateando nessas tecnologias”, avalia.

A FBL Criação e Produção, produtora fundada pelo falecido jornalista Fernando Barbosa Lima especializada em documentários para TV e DVDs e que está criando agora um programa novo do Ziraldo para a TV Brasil, também não tem planos no momento para a TV digital. O diretor de projetos da FBL, Dermeval Netto, afirma que muito pouca gente que cria para a TV tem o domínio desse novo sistema, que, segundo ele, é divulgado por especialistas em engenharia de telecom, com versões muitas vezes truncadas, confusas e incompreensíveis. Ele também não conhecia as linhas de crédito do BNDES para produção de conteúdo.

"Há um domínio muito precário das informações sobre interatividade na TV digital, principalmente pelo pessoal das produtoras independentes. Acredito que é no jornalismo que a interatividade vai acontecer mais rapidamente, porque é ao vivo e é feito pelos profissionais que estão dentro das emissoras, e que têm o acesso às tecnologias já disponíveis na emissora e no sistema em geral. Quem está fora hoje das emissoras não tem noção ainda de até que ponto as emissoras estão avançando nisso. A maioria dos canais de TV está caminhando para produzir grande parte de seus programas fora, menos o jornalismo, que é papel editorial de cada emissora. E os programas das produtoras independentes são gravados" – comentou ele.

Para Dermeval, não sendo ao vivo o programa, não há interatividade. “Isso vai depender do conceito de interatividade mas, para mim, interatividade é o público poder participar da decisão do que está sendo transmitido”, opinou. Ele lembrou que esta interatividade já existia no programa “Você Decide”, da TV Globo, no qual os espectadores votavam num de dois finais pré-gravados para decidir como a história terminaria e, nos intervalos, um apresentador ia mostrando ao vivo o resultado da votação; e também no “Intercine”, da mesma emissora, em que se votava no filme que passaria no fim de semana entre as opções apresentadas, também por telefone.

O diretor de televisão conta que fez interatividade no final dos anos 80 e início dos 90, levando para a TV os curtas dos festivais de cinema. As pessoas votavam por telefone nos filmes e o vencedor ganhava o prêmio do júri popular.

"Mas esta interatividade por telefone é manipulável. Uma vez um filme gaúcho estava ganhando dos favoritos, e ficamos surpresos acompanhando a votação por região e vendo que o Rio Grande do Sul estava votando em massa naquele filme. O técnico da empresa que contratamos para disponibilizar as linhas telefônicas achou que não estávamos gostando do resultado, me chamou e perguntou se queria que fechasse as linhas do Rio Grande do Sul. Desse jeito o telespectador gaúcho passaria a encontrar as linhas ocupadas, e os votos do estado parariam de entrar, mudando o resultado. Não fizemos isso, mas vi que o processo, e o resultado, são manipuláveis", contou.

Em outra experiência, lembra Dermeval, Fernando Barbosa Lima inovou em 1995 ao criar para a Band o programa da Sílvia Popovic, em que um monitor e uma câmera eram colocados ao vivo em praças públicas do Rio e de São Paulo e as pessoas entravam ao vivo fazendo perguntas para o programa e participando dos debates no estúdio. “Agora, esperamos outras formas de participação na TV digital interativa, criando a possibilidade de entrada do público de casa; e acho que esta interatividade vai incluir a web, com o telespectador mandando vídeo, por exemplo. E essa interatividade via internet já está bastante desenvolvida em muitos programas da TV, especialmente no esporte, além dos chats pós-programas", acrescenta.

Outro produtor independente que não quis se identificar comentou sobre a linha de financiamento do BNDES para conteúdo opinando que elas só fazem sentido se for para financiar um programa piloto que depois será oferecido ao mercado e, com o dinheiro da venda do programa, se paga o financiamento. “O custo de um piloto varia muito, depende do tipo de produção. O GNT, TV Brasil e Multishow compram séries por R$ 30 mil por programa. Mais do que isso, nem pensar. Com isso se faz programas mais despojados. Programas com elenco, cenário, custariam uns R$ 60 mil por programa; aí você tem que ter patrocinadores ou a emissora ter dinheiro dentro dos projetos dela para comprar”, afirmou o produtor. Ou seja, o limite mínimo de empréstimo teria que ser bem mais baixo.

Quanto à previsão de Dermeval Netto de que o jornalismo será o primeiro a usar interatividade, esta idéia não é endossada pelo âncora do Jornal da Band, da Rede Bandeirantes de Televisão, Ricardo Boechat. Ressalvando que não tem familiaridade com o tema, ele diz acreditar que a interatividade vai funcionar mais “no mundo do consumo, da programação, do arquivo”. Segundo o jornalista, se o telespectador quiser interagir enviando uma informação, por exemplo, esta informação primeiro precisa ser checada pela redação, como qualquer outra (e como já é feito há muito tempo no caso de algum telespectador entrar em contato com a emissora), então não será possível o telespectador simplesmente enviar uma mensagem que entre no noticiário diretamente.

Boechat tem uma série de perguntas que, para ele, resumem a dificuldade de ter um jornalismo realmente interativo na TV. “Qual o modelo, a paginação do telejornal que você vai botar no ar para ter a interatividade? Hoje a paginação vale como unilateral. No rádio a gente faz isso via e-mail, mas na TV, para o modelo que fazemos de telejornalismo, não consigo enxergar um futuro promissor para isso. Você está no ar, o telespectador entra, como você se acautela de o telespectador colocar ali uma barbaridade?”, questiona ele. Já para programas não jornalísticos, Boechat acha que isso pode funcionar. Perguntado sobre a possibilidade de o telespectador acessar mais informações na tela sobre uma reportagem que acabou de ir ao ar, deixando para assistir ao restante do noticiário depois (que ficaria gravado), o jornalista não pareceu muito animado. Ele citou como interessante a possibilidade de telespectadores colocarem à disposição da emissora imagens capturadas por celular. Vale lembrar, porém, que isso já pode ser feito via internet – uma vez que a imagem sempre precisa passar pelo crivo da redação antes de ir ao ar.

*Patrícia Maurício é professora agregada do curso de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutoranda em Comunicação e Cultura na UFRJ, com o projeto "TV Digital: conflitos antigos no nascimento de uma nova mídia no Brasil". E-mail: patriciamauricio@uol.com.br.

UM BREVE OLHAR SOBRE O NIASSA

Nos últimos meses de Dezembro a Fevereiro visitei o Niassa, a província mais extensa do país.

Na província do Niassa as chuvas são regulares, a terra produz muita comida, recursos minerais, desde o Ouro de Lupilichi até o Rubi de Mavago. As paisagens são belas e atraentes, próprias para um turismo de primeira categoria.

A fauna, a flora, as águas cristalinas e as praias virgens do lago e reserva do Niassa respectivamente, assim como outros recursos naturais subaproveitados fazem da província uma jóia por facetar.

Porém, “o Niassa está esquecido”, quem o diz são os Massukos, uma banda musical da casa. E, com base naquilo que se pode constatar no terreno, a opinião é verdadeira, senão vejamos:

O desenvolvimento caminha a passos lentíssimos, quase todas estradas são de terra batida e esburacadas. No tempo chuvoso, a situação é pior. A chuva destrói as pontes e picadas. Os transportadores de passageiros e mercadorias não se arriscam a enfrentar o martírio de explorar o trájecto.

O comboio de Cuamba (a segunda maior cidade) para Lichinga (a capital provincial) circula uma ou duas vezes por mês. Não transporta passageiros e dura mais de cinco dias, por causa dos carris tortos, num percurso de aproximadamente 300km.

As infraestruturas são de construção precária. Alguns dirigentes defendem a exiguidade de fundos como a causa pela má qualidade das obras. Outros denunciam a existência de crónicos esquemas de corrupção, clientelismo e uma falta águda de transparência nos concursos para construção de infraestruturas do estado. Mas seja o que for, a verdade é uma: a situação não é boa.

O povo é simpático, trabalhador, acolhedor e continua dormindo a sonhar com dias melhores, enquanto se contenta com os jogos de futebol do Moçambola aos domingos.

Na capital provincial, as ruas e avenidas confundem-se com burracos, o dia-a-dia é feito de filas enormes nas poucas instituições bancárias existentes. Um certo banco, tão útil para as populações tem uma e única agência com duas ATMs operacionais para toda província.

Nas escolas, alunos do nível pré-universitário estudam em cubículos sem coberturas laterais, submetidos a todos riscos possíveis. As salas de aulas albergam mais de 90 alunos sentados no chão. Virou coisa normal de segunda a sexta-feira ver pais e filhos transportando cadeiras de casa para escola e vice-versa.

Em Lichinga falta água canalizada, faltam transportes públicos, faltam serviços básicos, para além dos preços e o custo de vida elevadíssimos. Contudo, os dirigentes políticos insistem que a província está a desenvolver. Ora, ora tenhamos peso na consciência!

Entenda-se o seguinte: entre muitas coisas, a província vai desenvolver quando em primeiro lugar as vias de comunicação estiverem acessíveis. É urgente a asfaltagem da estrada que liga Nampula e Lichinga é também necessária que a linha fêrrea que une as duas principais cidades esteja operacional.

O crescimento económico da província está também dependente do tipo de dirigentes que norteiam os seus destinos. Faltam dirigentes sérios, com vontade e visão de desenvolvimento, muito diferente da visão destes últimos cujo mandato está terminar.

Nos últimos cinco anos a província teve a pouca sorte de ser dirigida por pessoas “incapazes” que no auge da sua mediocridade tiveram a coragem de devolver fundos aos doadores alegando não haver áreas de aplicação. Esse tipo de governantes deveria ser escoraçados.

Niassa precisa sair da letargia em que se encontra. Para tal é preciso muita seriedade e um trabalho árduo de todos nós. Os dirigentes não devem olhar as províncias como fonte de produção de riqueza pessoal, muito menos para acomodar interresses de conterrâneos, amigos de infância e fomentar o tribalismo segundo denunciaram no ano passado os professores doutores Brazão Mazula e Carlos Machili respectivamente.

Uma força para todos compatriotas que lutam nas várias frentes para o bem-estar desta pátria amada, Deus vos oiça!

felixesperanca@gmail.com.
www.felixesperanca.blogspot.com

A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO NEPOTISMO NAS ORGANIZAÇÕES MOÇAMBICANAS

Parecendo que não, mas é um facto, o nepotismo está ganhar terreno nas nossas organizações públicas e privadas, isto é, nos últimos anos está cada vez mais dificil ter emprego numa empresa qualquer deste país se o concorrente não tiver familiares ou amigos na organização que pretende servir.
Qualquer cidadão atento pode notar que as nossas empresas públicas e privadas estão virando clubes de amigos e familiares, onde as portas estão abertas somente para pessoas conhecidas, como: cunhados, vizinhos, netos, afilhados entre outras espécies de parentesco que se pode encontrar por aí.
Os nossos jornais têm sempre anúncios de vagas para emprego nas empresas. Porém, esses supostos anúncios não passam de simples escritos para o “Inglês ver”. Na verdade, as vagas publicitadas vêm já ocupadas, as entrevistas que se fazem servem para brincar com as pessoas ou justificar qualquer cláusula que se calhar a lei prevê.
O cenário é dramático. É dramático sobretudo para o jovem recém graduado que pretende singrar no mercado de trabalho, para mostrar os seus dotes profissionais e materializar os seus conhecimentos científicos, a fim de desenvolver o país, mas não o pode fazer porque é impedido por questões mesquinhas como o nepotismo.
É triste para o estudante que por azar ou sorte do destino deixou a sua província para continuar os seus estudos, contudo, porque é o primeiro e único a sobresair na familia e não tem padrinhos é condenado ao Deus dará até aos últimos dias da sua vida.
A situação fica ainda mais penosa para aquele cidadão anónimo que vive no limiar da pobreza, abaixo de um dólar por dia e mesmo assim continua a sonhar com dias melhores, “anestesiado” com pão e circo que o governo proporiona.
Só que, este mesmo cidadão já começa a ficar farto da palhaçada porque o pão torna-se cada vez mais escasso e o circo começa a perder graça, daí opta pela coisa mais simples que consegue fazer: abster-se das eleições, caso não, vai a procura das soluções mais rápidas e não boas para a sociedade, neste caso, pauta pelo crime, roubo e outras práticas antisociais.
Fica mais díficil ainda para aqueles que, por causa dessa postura das nossas organizações procuram alternativas no comércio informal e nas pequenas indústrias, mas mesmo assim não escapam dos impostos que “diariamente” tem sido criados neste país.
Moçambique é um país pobre e todo mundo sabe muito bem disso. É necessário que se invista mais no capital humano, nas pessoas competentes e dotadas de habilidades e capacidades para operar tecnológias e solucionar as crises que nos enfermam.
Senhoras e senhores não se pode sair da condição de pobreza agindo nesses moldes. Com o nepotismo e clientelismo institucionalizados não se constrói um país próspero, mas sim, um clube de amigos e familiares onde a preguiça e anarquia, os desmandos e os abusos de confiança imperam.
Quando se trata de servir o país, não se devia brincar em serviço. Nestes casos os valores de um homem não devem ser medidos com base nos graus de parentesco, pois é preciso basear-se na competência e na capacidade de solução dos problemas. É assim como funcionam as coisas em países onde reina a disciplina e cultura de trabalho.
Muitas vezes os nossos governantes cantam que, “a juventude é a seiva da nação”. De que juventude se trata? Essa maioria sem horizontes, a qual depois do término de seus estudos não tem tido por onde ir?
Ou referem-se a seus filhos, enteados e afilhados com oportunidades de escolher entre continuar a estudar num país do primeiro mundo, às custas do erário público, ou singrar no mercado de emprego numa dessas grandes empresas da praça com direitos a salários chorudos e regálias infindáveis.
É assim que pretendemos combater a pobreza absoluta no país? Será este, Moçambique para todos do qual Sua excelência o Presidente da República falou na abertura da reunião dos quadros do partido Frelimo a 19 de Abril de 2009?
Estamos a transformar as organizações e consequentemente o país num clube de amigos e familiares. Pensem nisso, compatriotas!

felixesperanca@gmail.com

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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Teremos programação interativa na TV digital aberta? (Parte III)

Por Patrícia Maurício*

Existe incentivo do governo para conteúdo?

No 5º Fórum Internacional de TV Digital o Ministério das Comunicações mandou, no lugar do seu secretário de Telecomunicações e então presidente do Fórum de TV Digital, o assessor para Assuntos Internacionais, Jeferson Fued Nacif. O evento se consolidou como uma das principais vitrines da discussão sobre a TV digital, e o ministério envia, no lugar de seu representante confirmado, um funcionário que, embora solícito e aparentemente competente, está preparado para explicar para estrangeiros como está a TV digital no Brasil. Resultado: uma palestra rasa para os critérios daquela audiência e usando powerpoint em espanhol.

Em conversa informal após a palestra, Jeferson disse que não sabia se o Ministério das Comunicações estava estudando leis ou regulações - a orientação lá era esperar para ver: “Enquanto aguardamos o desenvolvimento das tecnologias vamos deixar como está”. Ou seja, nenhuma política pública para o setor, deixemos à lei do mais forte. E na hora das perguntas da platéia após as palestras, ele não sabia dizer se existia algum financiamento ou incentivo do Ministério das Comunicações para conteúdo. “Talvez no Ministério da Cultura”, arriscou.

O governo tem, sim, uma linha de crédito para conteúdo de TV digital, mas se esta é a ajuda necessária é outra questão. No mesmo congresso do IETV representantes de produtoras de vídeo e de canais por assinatura ficaram intrigados com a apresentação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que opera esta linha, porque não ficou em nada claro como ela poderia ser útil a um produtor de conteúdo se o objetivo for democratizar, e não concentrar, a produção. O chamado Programa de Apoio à Implementação do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Protvd) tem um total de R$ 1 bilhão para emprestar até 2013 e se divide em três tipos de financiamento: Protvd Fornecedor, para desenvolvimento de tecnologia, compra de equipamentos, etc, para fabricantes de transmissores e receptores; Protvd Radiodifusão, destinado às emissoras de TV para construção de infra-estrutura digital e de estúdio; e o Protvd Conteúdo, voltado para a produção de conteúdo nacional.

Embora há vários anos os técnicos que dão palestras sobre o assunto já venham dizendo que “agora é a vez do conteúdo”, para este congresso o BNDES enviou um representante do Protvd responsável pelos financiamentos à indústria eletrônica. Marcelo Goldstein explicou que o financiamento para conteúdo é para emissoras, mas elas têm condições melhores se comprarem conteúdo de produtores independentes. Em conversa informal após a palestra, perguntado sobre para que serve financiamento para produção de conteúdo se a TV não é como o cinema, que vai ter bilheteria depois para pagar pelo empréstimo (programas da TV comercial são normalmente financiados por patrocínio, anunciantes) ele não soube responder, explicando que outra área tratava do conteúdo.

Dito isto, fomos procurar o BNDES para falar com a outra área. Patrícia Vieira, gerente do Departamento de Cultura do BNDES, contou que nenhuma operação foi aprovada ainda nesta linha. “Quando a empresa entra com o pedido é feita uma análise e uma classificação da empresa de acordo com os limites de exposição ao risco. São usados, para isso, indicadores financeiros da empresa, como rentabilidade, patrimônio líquido e lucro. E as empresas radiodifusoras que se interessaram não se enquadraram nos critérios”, explicou ela.

O Protvd Conteúdo, de acordo com o BNDES, financia a produção de conteúdo audiovisual brasileiro produzido pelas emissoras para TV no valor mínimo de R$ 3 milhões e apoia até 60% dos itens financiáveis do projeto, com taxa de TJLP mais 3% ao ano. Além disso, financia, com condições mais favoráveis, a aquisição, por parte das concessionárias, de conteúdo de produtoras independentes. Nesse caso, o financiamento será de até 90% dos itens financiáveis do projeto, com taxa de TJLP mais 2% ao ano.

Mas existe uma outra linha de crédito que as produtoras independentes podem pegar para financiar programas interativos. É o ProCult, que serve para o audiovisual como um todo, e pode ser usada também para TV digital. O limite mínimo para empréstimo é de R$ 1 milhão, o que já é pouco para os padrões do BNDES, que, em geral, tem um limite mínimo de R$ 10 milhões nas linhas de financiamento. Isso, na prática, inviabiliza a participação de pequenas produtoras. Patrícia Vieira, porém, explica que a maior parte dos bancos comerciais é credenciada pelo BNDES para emprestar valores mais baixos desta linha de crédito, cobrando uma taxa além dos juros, a ser negociada com o cliente. E, segundo ela, o ProCult tem regras mais flexíveis de exposição ao risco que o ProTVd. Apesar das aparentes vantagens, nenhuma produtora se interessou em usar o empréstimo para produzir conteúdo para TV digital.

O único financiamento que está tendo saída para conteúdo (duas operações já fechadas) é uma modalidade de ProCult que tem o objetivo de incentivar a entrada de produtoras brasileiras no mercado internacional. Para cada R$ 1 milhão emprestados (o mínimo por operação) o BNDES oferece R$ 750 mil a fundo perdido (através da Lei do Audiovisual). Ou seja, o produtor ganha dinheiro para fazer os programas. Mas, para isso, a produtora brasileira precisa ter um projeto em co-produção com uma produtora estrangeira, com, no mínimo, 40% de participação dos brasileiros. E o projeto não precisa ser para TV digital. Não há nesta linha, que parece ser a única interessante para um produtor de conteúdo, nada que incentive o desenvolvimento da produção de conteúdo nacional, muito menos do conteúdo interativo.

Em relação à democratização deste conteúdo, com várias vozes podendo se expressar, coisa que o governo afirmou ser seu interesse na criação da TV Brasil, a palestra de Marcelo Goldstein e a conversa informal posterior, que incluiu duas representantes de canal por assinatura, mostrou que, ao menos no que diz respeito a recursos financeiros que incentivem, o governo não parece tão preocupado com o tema. Na palestra, ele comentou da possibilidade de empréstimos às produtoras com valor mínimo de R$ 1 milhão, e já ouviu o protesto de um produtor independente no momento das perguntas da platéia. Na conversa informal após as palestras, ouvindo o mesmo protesto e que apenas um par de produtoras seriam capazes de pegar empréstimos deste tamanho, ele disse que o melhor é ter poucas grandes do que muitas pequenas. Este tipo de análise parece puramente financeira, pensando na operacionalização do empréstimo, e não na democratização e diversificação do conteúdo que esta pulverização pode trazer.

*Patrícia Maurício é professora agregada do curso de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutoranda em Comunicação e Cultura na UFRJ, com o projeto "TV Digital: conflitos antigos no nascimento de uma nova mídia no Brasil". E-mail: patriciamauricio@uol.com.br.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Teremos programação interativa na TV digital aberta? (Parte II)

Por Patrícia Maurício*

Os projetos das emissoras e o que não é dito

Todas as redes de televisão brasileiras se dizem comprometidas com o projeto de TV digital, mas pouco se fala de conteúdo. Nos congressos, seminários e palestras em geral sobre o assunto são enviados representantes da engenharia e, em alguns casos, altos executivos, mas ninguém ligado diretamente à produção de conteúdo. Vejamos os representantes das emissoras no último congresso do Instituto de Estudos da Televisão (IETV), em agosto de 2008, quadro que pouco ou em nada difere de outros seminários e palestras sobre o tema: pela TV Globo, o diretor da Central Globo de Engenharia, Fernando Bittencourt 2; pela Rede Bandeirantes, o vice-presidente Frederico Nogueira; pela Record, o diretor de Tecnologia, José Marcelo do Amaral; pelo SBT, Alexandre Sano, executivo de Tecnologia.

Neste 5º Fórum Internacional de TV Digital do IETV, Fernando Bittencourt mostrou pesquisa dizendo que as pessoas estão dedicando mais tempo a assistir vídeos. Caiu de 2007 para 2008 o percentual de tempo destinado à TV em relação a outros meios, mas em número de horas, segundo ele, o tempo se manteve (o que ele não destacou é que o tempo para internet aumentou). “É o mesmo tempo hoje que há dez anos”, garantiu.

Bittencourt disse que existe uma diferença conceitual muito grande entre TV digital terrestre e Telco TV (a TV por celular, por exemplo): “A mídia de telecomunicações tem um custo para a audiência. Quanto maior a audiência, maior o custo para quem está gerando. Quanto mais pessoas conectadas na internet, IPTV, maior o custo. E tem limite. Na TV aberta o custo não tem diferença”, afirmou. Para o diretor da Globo, o modelo que vai ter que surgir é o usuário demandar conteúdo, como um replay ou um compacto, via rede de telecom e pagar por ele.

Respondendo a pergunta da platéia sobre quando haveria interatividade plena e o que as emissoras acham disso, Bittencourt explicou que no celular o middleware estava definido e agora começaram as conversas com as companhias de telefonia. “Vai acontecer rápido. Em casa ainda está uma discussão por causa da indefinição no middleware, mas teremos a melhor do mundo”, garantiu, para logo em seguida ser menos otimista: “É difícil
porque (a interatividade) compete com o programa, mas é bom para o telespectador. Assim que tivermos definição do middleware vai ter isso, mas é difícil, porque se a interatividade for menos interessante que o programa...”. O diretor da Globo ainda deixou escapar uma certa impaciência com as mudanças tecnológicas que podem alterar um mercado que vinha funcionando muito bem para a emissora. Foi respondendo a uma pergunta sobre se a Globo faria multiprogramação, ou seja, transmitir dois ou até quatro programas no mesmo horário, o que a compressão de dados digital permite. “O dinheiro que a gente tem é o nosso, e, neste raciocínio, em tese, não faz muito sentido gastar para produzir mais. Quem fizer isso vai estar competindo com o mesmo mercado que existe hoje. O modelo de publicidade não vai mudar por este motivo, por ser multiprogramação”, afirmou ele, mostrando que o número de anunciantes e a receita que a emissora consegue com eles não vai se alterar, portanto, não vale a pena gastar mais com isso. Tentando enterrar de vez a idéia da multiprogramação, o diretor da Globo afirmou que “abrir mão da alta definição é fatal”.

E comentários de dentro da emissora mostram que a interatividade, para ela, ainda é muito incipiente, muito distante. “Tem que discutir roteiro, como vão atrelar conteúdo com interatividade”, explicou uma fonte, lembrando que a parte tecnológica a engenharia já resolveu há muito tempo e tem atualmente parcerias com empresas para produzir softwares para interatividade. Outra fonte porém, de fora da emissora e envolvida com a questão da interatividade, diz que “a Globo posa querendo que aconteça a interatividade e, ao mesmo tempo, bloqueia”.

Voltando ao congresso da IETV, Frederico Nogueira, um dos vice-presidentes da Bandeirantes, começou falando da alta definição, que já estava em todo o jornalismo e novelas das emissoras. Ao tratar da interatividade, mostrou (durante quase todo o tempo dedicado ao assunto) exemplos de vendas pela TV digital. Disse que se medirem quantas pizzas a Band vendeu e quantas o concorrente vendeu a emissora pode levar algo por isso. “O custo de produção deste tipo de anúncio simples é baixo”, afirmou. Nogueira, que no fim de 2008 foi eleito presidente do Fórum Brasileiro de TV Digital para o biênio 2009/2010, disse também que o jornalismo não está pensando tanto quanto deveria em fornecer informações de texto, clima, etc. Sobre interatividade plena fora dos comerciais, falou apenas na possibilidade de votar em música no programa do Raul Gil. A apresentação teve piadinhas e alegria, mas nada de concreto em relação à interatividade. Apenas após uma pergunta mais direta da platéia sobre o assunto disse que pensa também que a TV digital interativa pode ser usada para marcação de consultas e declaração do Imposto de Renda. “Todos nós já investimos alguns milhões nesses testes, só temos que esperar as especificações. Isso até pode alterar o ranking de audiência das TVs”, animou-se.

Alexandre Sano, executivo de Tecnologia do SBT, falou um pouco mais que os outros sobre interatividade. Contou que o SBT tem um grupo de trabalho multidisciplinar focado em interatividade e que faz parcerias com empresas para o desenvolvimento de aplicações. Ele citou como possibilidades de interação pensadas na emissora enquetes, o programa “Topa ou não topa”, votação no programa “Astros” (reality show musical) e promoções durante os intervalos. “O mercado vai ditar o que é melhor para a interatividade no Brasil”, sentenciou. Sano lembrou ainda que a TV digital pode trazer para a TV aberta benefícios como um guia de programação, bloqueio de canais (pela classificação indicativa) e a possibilidade de fazer downloads. E, como os representantes das outras emissoras, tratou da alta definição, dizendo que o SBT aumentou sua produção em alta definição e que as compras de programas no exterior já levam isso em conta.

Respondendo à pergunta da platéia sobre interatividade, Sano afirmou que a local vai acontecer em velocidade maior que a plena. “A plena todos têm interesse, até porque você consegue medir o telespectador, saber retorno da programação, o que acha”, completou. Apesar do interesse declarado, nada de concreto existe ainda. Já o diretor de Tecnologia da Rede Record, José Marcelo do Amaral, foi mais claro:

– Primeiro tem que ter um conservadorismo. As iniciativas agora estão indo para interatividade não plena. Tivemos reunião com banco grande que já imagina fazer transações pela TV digital. Mas temos que ser conservadores, porque temos que ver como vai impactar no vídeo, na tela inteira. O negócio de comprar pizza parece interessante, mas tem que ter um pé no freio para pensar nisso – ponderou ele.

No mais, as palestras dos representantes das emissoras neste evento, como em todos outros de que pude participar, trataram de tecnologia.

Enquanto isso, na TV Brasil no Rio de Janeiro, a rotina ainda se desenrola em meio a equipamentos analógicos (com exceção das ilhas de edição). Lá, notícias sobre as perspectivas para a TV digital, se é que existem, ainda não foram compartilhadas com os funcionários. Interatividade via TV aberta digital é algo que não se comenta. Um dos programas mais interativos da emissora é o Atitude.com, destinado ao público jovem, mas não passa pela cabeça de ninguém ali uma perspectiva concreta (ou mesmo remota) de que esta comunicação com o telespectador seja feita através da própria TV.

A diretora do programa, Kitty Kiffer, explica que, além das entradas de telespectadores no programa por telefone e da apresentadora ler e-mails, eles fizeram uma experiência via internet com o ponto de cultura de Cataguazes, em Minas Gerais, que pretendem repetir. “Nos pontos de cultura há câmera e ilha de edição. Fizemos uma transmissão ao vivo com o pessoal de Cataguazes, que mandou a imagem pela internet e o áudio pelo telefone celular”, contou. Ela explicou que, para este tipo de experiência, o programa “não tem o compromisso de uma imagem tecnicamente maravilhosa”. Segundo Kitty, a intenção da TV Brasil é estimular o que chama de produção colaborativa. “Eu não tenho dinheiro para ter correspondente em Manaus, mas pode ser que tenha lá uma garota esperta, estudante, que mande para o programa o que está acontecendo lá”, resumiu. Por isso ela pretende fazer das experiências ao vivo, via internet, com os pontos de cultura, algo freqüente no programa. Quanto à TV digital, Kitty conta que houve algumas reuniões de diretoria sobre o tema na TV Brasil, “mas os diretores de programas não ficaram sabendo de nada”.

Outra emissora educativa, o Canal Futura, também será parte da TV aberta digital, por ter canais em UHF cobrindo, a partir de 2009, os municípios fluminenses Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo. Mas as preocupações no Futura também estão ainda longe da interatividade via televisão. “Hoje tem várias linhas de possibilidade; estamos botando conteúdo na web e nossos programas estimulam a participação por e-mail e telefone. Mas ida e volta pelo controle remoto não estamos pensando agora. Nem o Ginga foi homologado ainda!”, explica Ana Lúcia Gomes, gerente de Programação do Canal Futura.

Perguntada sobre se vê futuro na interatividade pela TV digital, ela disse que sim, mas respondeu pensando mais na possibilidade de multiprogramação: “Temos uma série de conteúdos que pautam os programas, dão base e não aparecem na televisão. Hoje temos 66 programas de meia hora sobre saúde que têm um material imenso que a gente podia disponibilizar até em outro canal, servir para educação à distância. Para nós pode ser muito interessante algo como a TV Cultura está fazendo, com dois novos canais, para aprofundar o conteúdo e ter retorno dos professores”. E o que precisa para Futura ser interativo? “Homologação do Ginga. E a gente não vai estar na linha de frente. Os pilotos certamente sairão da TV comercial”, opina Ana Lúcia.

E no exterior, como vai a interatividade na TV aberta? Não é objetivo deste artigo fazer uma pesquisa no exterior, mas uma palestra em outubro de 2008, no Rio de Janeiro, da diretora da BBC nos trouxe, em domicílio, um exemplo de como uma das mais importantes emissoras do mundo está lidando com a questão. E o fato é que a BBC está concentrando investimentos na interatividade via internet. A diretora geral de Televisão da BBC, Jana Bennett, nem mesmo tratou do assunto durante a palestra e, perguntada, informou que, pela televisão, a emissora vem oferecendo opções de interatividade local, como colocar várias câmeras em shows de rock, para que o telespectador possa escolher o que ver. “Mas os investimentos vão crescer na web e ficar estáveis na TV”, afirmou ela, citando como exemplo de interatividade na web a cobertura dos Jogos Olímpicos. “Nós queremos que as pessoas vejam os programas, não importa aonde”, acrescentou.

A BBC já disponibiliza seus programas (interativos ou não) na web por sete dias após terem ido ao ar na TV, mas apenas para os britânicos. Jana informou também que a emissora envia alguma coisa para celular, meio que ela acredita ter bastante potencial, mas considera que o preço de distribuição ainda é um problema. E ela conclui que “histórias bem contadas vão continuar, na TV ou na web, que deve ser usada como aliada, não como inimiga”.

*Patrícia Maurício é professora agregada do curso de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutoranda em Comunicação e Cultura na UFRJ, com o projeto "TV Digital: conflitos antigos no nascimento de uma nova mídia no Brasil". E-mail: patriciamauricio@uol.com.br.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Teremos programação interativa na TV digital aberta? (Parte I)

Por Patrícia Maurício*

A britânica BBC não pretende aumentar seus investimentos em interatividade na TV digital. Seus esforços e investimentos crescentes estão concentrados na interatividade via internet. No Brasil, uma pergunta incômoda em tempos de convergência também vinha sendo se valia a pena desenvolver conteúdo e tecnologia para interatividade na televisão quando a internet já fazia isso – e ver TV via internet é cada vez mais uma realidade. A resposta típica para esta pergunta era a de que somos um país pobre e a internet de banda larga ainda demoraria a ser disseminada, enquanto que a televisão já está em 93,1% dos lares, de acordo com o IBGE. Mas, neste caso, ainda ficaria faltando garantir o canal de retorno para todos esses 93,1 % poderem interagir.

Crucial para a interatividade existir, este canal de retorno do telespectador para a emissora pode ser via telefone fixo (presente em 55,2% dos domicílios), telefone celular ou internet, inclusive por banda larga via rede elétrica – que ainda não é considerada ideal por alguns técnicos, mas acaba de ser regulamentada pela Anatel (em 13 de abril) e espera regulamentação pela Aneel. Movimentos que lutam pela democratização das comunicações vêm defendendo o uso do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, proveniente da cobrança de 1% da conta telefônica) para levar banda larga a todos os municípios do Brasil, permitindo que este canal de retorno seja via internet. Mas não há indicação alguma de que isso venha a acontecer.

Enquanto não temos bola de cristal, nem, o que seria um bom substituto, uma política clara por parte do governo em relação à TV digital interativa, além de incentivos públicos à produção de conteúdo para ela (como veremos adiante), a resposta está no mercado. Embora possa haver mudanças no quadro por qualquer decisão que venha a ser tomada pelo governo ou uma nova visão por parte das empresas (o que não parece provável), os projetos de emissoras de TV e produtoras independentes de vídeo devem dar o tom do conteúdo da TV digital. Fomos ouvir emissoras, produtores independentes de vídeo representativos do segmento, governo, academia e fabricantes de equipamentos, quase todos aparecendo com nome e sobrenome nesta reportagem, outros falando em off, para ter uma idéia do que nos espera no futuro próximo. Haverá interatividade na programação ou ficaremos apenas com os benefícios de som e imagem de alta qualidade? O que diz e o que está de fato fazendo quem produz conteúdo para televisão no Brasil? Quais são os seus planos para a interatividade?

Vale lembrar que a interatividade se divide em local e plena. A local permite que o telespectador interaja com conteúdos previamente armazenados pela emissora, como o acesso a um texto que dê mais informações sobre uma notícia dada e vídeos adicionais que dêem mais detalhes, por exemplo, sobre a rotina de um animal num programa sobre vida selvagem (ou o exemplo mais fácil e barato de produzir, a disponibilização das imagens captada por outras câmeras durante um jogo de futebol ao vivo para o telespectador escolher); e a interatividade plena permite que o telespectador interfira na programação que está sendo enviada para todos, votando, enviando informações e e-mails, etc.

Como vai o Ginga, que vai permitir a interatividade

Em julho de 2007 os criadores do Ginga fizeram um evento para demonstrar publicamente que o middleware já estava totalmente pronto e poderia ser usado. O fato de até hoje ele não estar homologado, ou seja, autorizado a vir embutido nos televisores ou nos conversores para permitir a interatividade, parece mostrar que não há interesse do governo (leia-se Ministério das Comunicações, leia-se ministro Hélio Costa) em colocar o componente brasileiro naquilo que chamam de modelo nipo-brasileiro de TV digital. A impressão que este comportamento passa é de que a interatividade também não interessa tanto ao governo (leia-se Ministério das Comunicações, leia-se ministro Hélio Costa), dada a demora em todo este processo.

O coordenador do Laboratório TeleMídia da PUC-Rio, Luiz Fernando Gomes Soares, é criador do Ginga junto com seu ex-orientado Guido Lemos, da UFPB. Luiz Fernando se disse preocupado com a demora, mas evita criticar quem quer que seja por ela. Ele explica que, tecnicamente, o Ginga está totalmente pronto há mais de um ano. Para dispositivos portáteis o middleware já pode ser usado, pois eles usam apenas o Ginga-NCL. Mas para os fixos, ou seja, televisores de casa, o Ginga-J também é usado, e ele inclui componentes que têm propriedade intelectual não pertencente ao Brasil. Segundo Luiz Fernando, tanto a questão jurídica que envolve a descoberta de quem tem a propriedade intelectual e a negociação sobre seu custo quanto a substituição desses componentes por outros sem propriedade intelectual passam pelo Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD), que reúne emissoras, indústrias de equipamentos de transmissão, recepção, empresas de software e o setor acadêmico. O professor da PUC não tem previsão de quando esta questão será resolvida no Fórum.

*Patrícia Maurício é professora agregada do curso de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutoranda em Comunicação e Cultura na UFRJ, com o projeto "TV Digital: conflitos antigos no nascimento de uma nova mídia no Brasil". E-mail: patriciamauricio@uol.com.br.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Reportagem exclusiva para o Observatório DDD discute interatividade

A interatividade é uma das grandes mudanças anunciadas pela TV digital. Porém, ainda não contamos com esse recurso. “Teremos programação interativa na TV digital aberta?”, reportagem exclusiva de Patrícia Maurício, professora da PUC-RJ, questiona se haverá mesmo interatividade na TV aberta em um país onde a internet já faz esse papel.

“Haverá interatividade na programação ou ficaremos apenas com os benefícios de som e imagem de alta qualidade? O que diz e o que está de fato fazendo quem produz conteúdo para televisão no Brasil? Quais são os seus planos para a interatividade?”. Patrícia responde a essas perguntas, mostrando a posição de grandes emissoras perante a interatividade e o que o Governo está fazendo para alavancar esse projeto.

A professora ainda aborda a questão da concorrência da televisão com a própria internet, que vem ganhando a preferência de quem antes adotava a TV como meio principal de entretenimento e informação. A reportagem mostra a visão de profissionais da comunicação, que em grande parte se mostram céticos quanto à interatividade.

“Teremos programação interativa na TV digital aberta?”, dividida em 5 partes, será publicada aqui no Observatório da Digitalização, Democracia e Diversidade a partir desta quinta, 23 de abril de 2009.

Relacao elite politico-economica e a Comunicacao em Mocambique

























Teve lugar, dia 20 de abril, na ECA uma palestra cujo tema foi a relacao elite politico-economica e a comunicacao: desafios e oportunidades. A mesma foi proferida pelo Mestrando Raul Chambote, bolsista da Ford, na Inlgaterra.
Chambote apresentou o panorama actual dessa relacao em que a midia e reprimida e nao exerce com total liberdade a sua missao.
O debate foi muito aceso e incluiu a analise da relacao Governo-Doadores e a falta de transparencia na aplicacao e no destino dos valores monetarios recebidos de outros paises.
Varios intervenientes no debate mostraram que o jornalismo mocambicano ainda e fraco estruturalmente e, muitas vezes, o jornalista se subemete a situcoes de suborno para silenciar noticias relacionadas a assuntos que poderiam incriminar individuos ou grupos que fazem parte dessa elite politico-economica no pais.
A falta de regulamentacao no campo da publicidade, sobretudo dos veiculos publicos de comunicacao tambem foi um dos problemas apresentados pelos participantes que sugerem novas formas de insercoes na programacao para uma maior transparencia.
Qual e o lugar do jornalista mocambicano nesse contexto de interferencias?
Como e percebida pelos meios de ocmunicacao social, a relacao que se estabelece entre os doadores e governo?
O que significa ajuda? Como percebemos os numeros?
Esses foram alguns dos questionamentos feitos pelo palestrante no intuito de provocacao ao debate. E os participantes reagiram:
- a oferta e um indevidamento do pais
- e mais dependencia para Mocambique e para toda a Africa
- tudo o que recebemos nao aplicamos
- nao deve ser o doador a determinar em que aplicar o valor cedido
-etc.

Tambem esteve neste evento, como convidada, a Dra Celia Diniz, representante do Africa, America Institute que incentivou os alunos do curso de jornalismo e os profissionais da comunicacao a ficarem atentos sobre os valores, as pessoas e sobre aquilo que cada individuo opta fazer na vida. Enfatizou que 'e muito importante que as pessoas nao alienem o seu papel de cidadao. Ser cidadao 'e ser participativo. E deixou uma recomendacao para todos: aprender, pensar, fazer.

Leonilda Muatiacale

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Grupo CEPOS discute TV digital com estudantes de Dois Irmãos


Rafael Cavalcanti

O Grupo de Pesquisa CEPOS promoveu na sexta-feira, 17, o primeiro CEPOS Debates de 2009. Com o tema “A TV digital e o Brasil”, as professoras Mestres Márcia Andres e Paola Nazário, juntamente com o acadêmico Rafael Cavalcanti, palestraram para cerca de cem estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Affonso Wolf, em Dois Irmãos (RS). O evento teve mediação da doutoranda Nádia Schneider e coordenação do prof. Dr. Valério Cruz Brittos. Na ocasião, temas como o processo de implantação da TV digital no país, democratização da comunicação e políticas públicas de controle da mídia foram apresentados aos jovens. A palestra corresponde a um objetivo do grupo CEPOS, que pretende levar o debate sobre a digitalização da televisão para os diversos setores da sociedade civil.

Jornalistas independentes em Cuba creem que medidas americanas facilitarão acesso à informação

Jornalistas independentes, que encontraram na internet um meio de romper o isolamento do país e transmitir tanto o que acontece na ilha como receber notícias do exterior sem o filtro do governo, acreditam que o fim das restrições às remessas de dinheiro e às viagens de cubano-americanos ajude à circulação de informações no país, mostra reportagem da repórter do GLOBO Cristina Azevedo.

A ajuda econômica poderá facilitar o acesso à internet, que chega a custar seis euros a hora, e se traduzir em maior facilidade para comprar ou receber computadores e celulares e na troca de informações. O governo de Barack Obama derrubou ainda restrições a negócios de empresas de telecomunicações com Cuba.

- Acho que isso ajudará muitas famílias em situação crítica, assim como o intercâmbio de experiências, o que pode ser benéfico à democratização - acredita Miriam Leiva, ex-Dama de Branco (grupo de mulheres de presos políticos) e jornalista independente.

- Quanto às comunicações, é um passo importante, pois o governo cubano dizia que não permitia internet nas casas porque os americanos não deixavam fazer convênios. Agora não podem usar esse argumento.

Textos via e-mail ou telefone

A medida, segundo Miriam, deixou os cubanos felizes e levou Fidel Castro a escrever quatro reflexões em dois dias. Ela colabora para um site de notícias na Flórida, o Cubanet. Os jornalistas que usam a internet e os blogueiros não chegam a ser presos, mas há outros meios de represália mais sutis.

Os jornalistas independentes não recebem ou recebem pouco pelo trabalho. Muitos têm blogs, cujo acesso é proibido em seu próprio país. Os textos são ditados por telefone para alguém no exterior que os coloca na rede ou enviados por e-mail. Quem tem acesso à internet baixa as páginas de interesse, copia e passa para amigos, que repassam adiante. Por isso é difícil estabelecer o número de pessoas com acesso a material originalmente digital. Isso ajudou a florescer novamente o jornalismo independente.

Leia a matéria na íntegra na edição digital do jornal O GLOBO (exclusivo para assinantes).

Fonte: O Globo Online

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Decreto presidencial convoca Conferência

DECRETO DE 16 DE ABRIL DE 2009.

Convoca a 1a Conferência Nacional de Comunicação - CONFECOM e dá outras providências.O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,

D E C R E T A:

Art. 1o Fica convocada a 1a Conferência Nacional de Comunicação - CONFECOM, a se realizar de 1o a 3 dezembro de 2009, em Brasília, após concluídas as etapas regionais, sob a coordenação do Ministério das Comunicações, que desenvolverá os seus trabalhos com o tema: “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”.

Art. 2o A 1a CONFECOM será presidida pelo Ministro de Estado das Comunicações, ou por quem este indicar, e terá a participação de delegados representantes da sociedade civil, eleitos em conferências estaduais e distrital, e de delegados representantes do poder público.

Parágrafo único. O Ministro de Estado das Comunicações contará com a colaboração direta dos Ministros de Estado Chefes da Secretaria-Geral e da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, na coordenação dos trabalhos para a realização da Conferência.

Art. 3o O Ministro de Estado das Comunicações constituirá, mediante portaria, comissão organizadora com vistas à elaboração do regimento interno da 1a CONFECOM, composta por representantes da sociedade e do poder público.Parágrafo único. O regimento interno de que trata o caput disporá sobre a organização e o funcionamento da 1a CONFECOM nas suas etapas municipal, estadual, distrital e nacional, inclusive sobre o processo democrático de escolha de seus delegados, e será editado mediante portaria do Ministro de Estado das Comunicações.

Art. 4o As despesas com a realização da 1a CONFECOM correrão por conta dos recursos orçamentários do Ministério das Comunicações.

Art. 5o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 16 de abril de 2009; 188o da Independência e 121o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Hélio Costa

Este texto não substitui o publicado no DOU de 17.4.2009

Fonte: Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação

quinta-feira, 16 de abril de 2009

TV Globo Brasília começa a transmitir em sinal digital em 22/04

A TV Globo em Brasília dá início às suas transmissões com TV digital a partir de 22/04.

A inauguração será feita diretamente do DFTV 2ª edição.Com a implantação do sistema digital, imagem e som são transmitidos com definição superior.

Ainda este ano serão iniciadas as transmissões digitais da TV Globo Nordeste e em mais 14 afiliadas da TV Globo.

Fonte: Comunique-se

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Desenvolvimento e características nos EUA e Brasil

Por Valério Cruz Brittos e Luciano Correia dos Santos*

Uma das primeiras medidas do presidente Barack Obama, ao tomar posse, foi pedir ao Congresso de seu país adiamento do prazo final (até então anunciado como "improrrogável") de desligamento da televisão analógica nos Estados Unidos. Em 26 de janeiro de 2009 o Senado norte-americano atendeu o novo presidente e adiou o término da transição para a TV digital terrestre (TDT) de 17 de fevereiro para 12 de junho do mesmo ano. Ao colocar esta como uma de suas primeiras iniciativas, Obama alegou a defesa de cerca de seis milhões de norte-americanos, em sua maioria velhos e pobres, que teriam problemas para se adaptar à mudança caso ela fosse processada imediatamente, pois ficariam sem sinal televisivo.

É alvissareiro, depois da gestão George W. Bush, ver um presidente estadunidense mobilizado na defesa de uma minoria, principalmente um coletivo que não corresponde a grandes massas eleitorais: seis milhões significam menos de 2% dos mais de 300 milhões relativos ao montante da população norte-americana. Nos EUA, mais de 80% dos domicílios recebem o sinal via sistema de televisão por assinatura, ao contrário do Brasil, onde a TV paga tem caminhado a passos lentos e o forte é o modelo aberto, uma diferença a ser considerada pelas autoridades brasileiras como um agravante para sua popularização.

Recursos ainda em processo de definição

Num país em que a democracia aferra-se quase religiosamente à proporção dos números, é relevante o fato da concessão da sobrevida à televisão analógica ter sido aprovada, à revelia de tantos outros interesses, principalmente os comerciais, a alma do negócio do american dream (deve-se considerar o alto custo do chamado simulcasting, transmissões analógica e digital paralelas). Os empecilhos da TV digital terrestre nos Estados Unidos (este adiamento não foi o único) mostram a dificuldade de sua universalização e uma fragilidade dos EUA propriamente. Isto contrasta com a imagem que o mundo aprendeu a cultivar dos Estados Unidos, geralmente o pioneiro em quase todas as inovações tecnológicas.

Do primeiro mundo dos norte-americanos ao emergente Brasil, poder-se-ia imaginar que aqui as coisas seriam ainda piores. No entanto, pelo menos em termos de implantação da nova tecnologia televisiva por parte das emissoras, o calendário, previsto para ser executado em etapas, encontra-se adiantado. Até agora, já são 12 as capitais brasileiras que contam com o serviço, que já chegou ao interior brasileiro. Nesse mesmo mote, o objetivo do Ministério das Comunicações é levar o sinal a todas as capitais brasileiras até o final de 2009.

Se o calendário brasileiro está indo bem, no que se refere à implantação esta tecnologia tem sido muitíssimo pouco adotada pela população. Até dezembro de 2008, um ano após a estréia da TDT, apenas 645 mil receptores poderiam captar a transmissão televisiva digital, entre receptores fixos e 150 móveis (celulares, miniTVs e pen-drives). Isto pode ser atribuído à falta de atrativos para motivar a migração, pois a televisão digital até o momento resume-se a superior qualidade de imagem e áudio, além da portabilidade. Outros recursos, como multiplicação da capacidade de transmissão de sinais televisivos (multiprogramação), transporte de novos serviços e interatividade, ainda estão em processo de definição.

Um país pujante e moderno

Depois da polêmica em torno da adoção do padrão japonês para a TDT e da rejeição, pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, de um sistema efetivamente nacional, avançado e gerador de externalidades positivas, o Brasil, com sua tradicional capacidade de superação das adversidades, mesmo as técnicas e políticas, deve focar-se na necessidade de criação de políticas que estimulem a adesão à TDT. Nesse quadro, a primeira preocupação deve ser a agregação imediata de vantagens à TV digital, a ponto do usuário reconhecer que vale a pena fazer a transição. Na seqüência, deve-se pensar em como superar o entrave representado pelo baixo poder aquisitivo de grande parte da população, tendo em conta que o governo norte-americano teve que subsidiar a compra dos conversores por famílias de baixa renda.

No entanto, os números frios do desenvolvimento do calendário de implantação da TDT no Brasil mostram um país pujante e moderno, rompendo um pouco com a imagem truculenta oferecida ao mundo, como no caso do processo eleitoral e da adoção de urnas eletrônicas. A velha e torta política brasileira pode não ter melhorado muito, mas seu sistema eleitoral não só é sinônimo de uma democracia eficiente aos olhos do mundo, como, principalmente, frente àquela que é considerada a primeira democracia. Afinal, o que se viu, na recente eleição de 2000, foi uma trapalhada mundial ao vivo nos canais norte-americanos, um imbróglio tecnológico-eleitoral que fez de George W. Bush o vitorioso contra Al Gore num processo que tem sido apontado como fraudulento por diversos setores.

* Valério Cruz Brittos é professor no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos, pesquisador do CNPq e coordenador do Grupo de Pesquisa CEPOS e Luciano Correia dos Santos é professor no Departamento de Comunicação da UFS, doutorando em Ciências da Comunicação na Unisinos e integrante do Grupo de Pesquisa Cepos

Fonte: Observatório de Imprensa

Curso de Extensão sobre Estratégias de Comunicação e Política


A Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), através da Unidade Acadêmica de Educação Continuada, promove a partir do dia 16 de abril o curso de extensão “Estratégias de Comunicação e Política”. As aulas serão ministradas pelo cientista político e professor doutor Bruno Lima Rocha, que também escreve como articulista para o Blog do Noblat, Revista Voto, Barômetro Internacional (Venezuela), Revista Resistir (Venezuela), Kaos (Espanha), Argenpress (Argentina), além de editar o portal Estratégia e Análise.


O curso introduz o debate dos processos políticos com base em conceitos operacionais já testados e provados na história recente. Habilita o participante a ter uma noção básica do que é política, economia, ideologia, partido, Estado, estratégia, análise de conjuntura, previsão e geração de riscos. Vai além da idéia de assessoria para a decisão, posicionando o participante no lugar do operador. Apóia também a capacidade de trabalhar e cooperar em grupo, visando a uma meta comum e alcançável. Ao longo do curso, o aluno vai se testar em artigos de opinião, redação de panfletos, notas e o conjunto de gêneros de textos para a Comunicação & Política.


As aulas acontecerão no Centro de Ciências da Comunicação da universidade, em São Leopoldo, às quintas-feiras, das 19h15min às 22h15min, e durarão até o dia 02 de julho, na modalidade presencial, com carga horária de 33 horas. Será fornecido certificado a todos os que tiverem, no mínimo, 75% de freqüência.


Acadêmicos de Comunicação (Jornalismo, Publicidade, Relações Públicas, Realização Audiovisual e Mídia Digital), de Ciências Sociais, de Economia e Administração, ativistas, assessores, coordenadores de organizações sociais ou políticas e demais interessados devem fazer a inscrição pela internet ou procurar a Central de Relacionamentos da Unisinos. Mais informações no site http://www.unisinos.br/educacaocontinuada ou pelo telefone (51) 3591-1122, através da Central de Relacionamentos da Unisinos.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Fotos da 3ª reunião de 2009 do Grupo CEPOS

A reunião tratou do documentário hiato:, que foi exibido inicialmente para abrir as discussões.

A mesa de discussão foi composta pelo professor Dr. Rogério Lopes, pela Mestra Caroline da Silva e mediada pela professora Dra. Flávia Seligman

Membros do Grupo CEPOS e visitantes assistem ao debate.

Professor Dr. Rogério Lopes palestrando sobre o documentário hiato:.


A Mestra Caroline da Silva fala sobre o documentário, ressaltando as entrevistas nele contidas.
Membro do Grupo CEPOS comenta o debate.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Globo já transmite aplicativos interativos

Por André Mermelstein e Fernando Lauterjung

A Globo já está transmitindo aplicativos de interatividade com sua programação digital. Os aplicativos são testes e não são recebidos pelos receptores digitais disponíveis no mercado, que ainda não contam com middleware instalado. Como o Ginga-J ainda não foi normatizado, e ainda depende de negociações com a Sun, os aplicativos por enquanto são desenvolvidos apenas na linguagem NCL, parte declarativa do middleware.

A Globo demonstrou para jornalistas na manhã desta quarta, 8, um aplicativo que está sendo transmitido simultaneamente à novela "Caminho das Índias". O aplicativo traz descrições dos personagens e resultados de enquetes, com um grafismo sofisticado, desenvolvido pela área artística da Globo. Contudo, ainda não conta com nenhuma função que exija canal de retorno.

TV paga

Conforme apurou este noticiário, a Globo começa a negociar com operadoras de TV por assinatura uma forma de reescrever os aplicativos, já que as caixas da TV paga não vêm equipadas com o mesmo middleware da TV aberta. Por conta desta diferença, a interface gráfica dos aplicativos pode não ser a mesma da TV aberta, embora o conteúdo seja o mesmo.

A forma como os patrocinadores poderão participar da interatividade também parece estar definida. Não será aceito que um aplicativo de patrocinador se sobreponha ao comercial de outro, o que, de certa forma, inviabiliza o uso de aplicativos interativos durante o espaço comercial. No entanto, é possível que os patrocinadores ganhem espaço em aplicativos que rodam durante a exibição do conteúdo, principalmente nos caso de eventos, shows e esportes.

Embora os aplicativos possam se sobrepor à imagem do conteúdo principal, o que se viu na apresentação da Globo é que o aplicativo ocupa apenas os cantos laterais da tela, preservando sempre a imagem no formato 4:3.

Fonte: Tela Viva

Globo anuncia nova programação e investe no desenvolvimento de novas mídias

Por Márcia Abos

SÃO PAULO - A TV Globo promete investir em 2009 no desenvolvimento de novas mídias, tais como celular e internet, complementando ou sendo consumido ao mesmo tempo que o conteúdo da TV. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira em São Paulo, a emissora apresentou novidades previstas para este ano.

" O conteúdo da internet e celular podem ser complementares ao da TV "
Queremos aguçar no telespectador a vontade de voltar a assistir TV. Há também a tendência da simultaneidade de consumo de mídias, que se falam muito rapidamente. Assim, o conteúdo da internet e celular podem ser complementares ao da TV - explicou Manoel Martins, diretor de entretenimento da emissora.

A expectativa é de crescimento acelerado em consumo de TV digital fora do lar - em táxis, onibus, trens - além dos celulares. Espera-se que em breve essas mídias sejam tão populares no Brasil como são no Japão, informou o diretor geral da TV Globo, Octávio Florisbal.
- Certamente a TV aberta vai ter uma segunda plataforma: o celular, que perderá em audiência para a TV mas deve superar a internet - acredita Florisbal.

O jornalismo reforça esta tendência, com a criação de protótipos dos principais telejornais da emissora para serem vistos no celular. Na internet, já é possível assisti-los na íntegra ou em partes. O público poderá também interagir com apresentadores por meio de chats e sugerir pautas na web.

Na área de entretenimentos, a TV Globo começa a abrir espaço para parcerias com produtoras independentes. Em 2009, estão previstas duas séries feitas nestes moldes.
"Som e fúria", adaptação da série canadense "Sling and arrows" realizada pelo cineasta Fernando Meirelles e sua produtora O2, retrata os bastidores de um grupo de teatro que interpreta obras de Shakespeare. A estreia está prevista para junho. O elenco é composto por Felipe Camargo, Andréa Beltrão, Regina Casé e Dan Stulbach, entre outros.

- É a primeira minissérie totalmente independente da TV brasileira - disse Meirelles.
"Decamerão - A comédia do sexo" nasceu do especial de fim de ano de 2008 da emissora. Sem data prevista para estrear, a série tem direção de Guel Arraes e é produzida em parceria com a Casa de Cinema de Porto Alegre.

Entre outras novidades da TV Globo na área de entretenimento, estão seriados como "Força-tarefa", que mostra o cotidiano de uma equipe de policiais e "Tudo novo de novo", que com uma linguagem simples pretende mostrar a realidade de várias famílias brasileiras.

Com texto de Fernando Bonassi e Marçal Aquino, "Força-tarefa" estréia em 17 de abril, logo após "A grande família". A direção é de José Alvarenga Junior e compõem o elenco Milton Gonçalves e Murilo Benício.

- A marca do seriado é a qualidade visual. "Força-tarefa" tem cara de cinema, linguagem de cinema - disse o diretor José Alvarenga Junior.

"Tudo de novo de novo" estréia em 17 de abril, logo após o Globo Repórter. O programa de ficção discute o novo formato da família brasileira. No elenco, estão Júlia Lemmertz e Marco Ricca.
- Queremos deixar o máximo da emoção em primeiro plano - adiantou a diretora da série de 12 episódios, Denise Saraceni.

Fonte: O Globo

El FMI se está comportando de manera esquizofrénica


Domingo, 5 de Abril de 2009
REPORTAJE A JAMES K. GALBRAITH


El profesor de la Universidad de Texas e hijo de John K. Galbraith, uno de los economistas más influyentes de Estados Unidos durante la posguerra, James K. Galbraith dialogó con Cash para analizar la crisis global y los resultados de la Cumbre del G-20 en Londres.


Por Tomás Lukin

Los presidentes que participaron de la Cumbre del G-20 en Londres dictaron la sentencia de muerte del Consenso de Washington, anunciaron el comienzo de un nuevo orden económico mundial, decretaron el fin del secreto bancario, prometieron más regulación y triplicaron los fondos prestables del Fondo Monetario Internacional. Para el profesor de la Universidad de Texas James K. Galbraith, hijo de uno de los economistas más influyente de Estados Unidos durante la posguerra, las medidas propuestas son insuficientes para hacer frente a una crisis que no va a terminar pronto. En una entrevista telefónica con Cash propuso destinar más dinero para impulsar una mayor inversión pública, cuyo objetivo debería ser la creación de puestos de trabajo. También reclamó una reforma del FMI y explicó que reglas más duras no resuelven los actuales problemas del sistema financiero. El hijo de John K. Galbraith consideró que las corrientes económicas dominantes están “acabadas”.

El G-20 decidió triplicar los fondos prestables del FMI, ¿supone que servirá para ponerle un piso a la crisis?

–Es una medida interesante, pero insuficiente. Es necesaria una reforma significativa en las condicionalidades y la estructura de poder de ese organismo multilateral. No sirve otorgarle un préstamo a Lituania si vas a exigirle que aplique políticas contractivas, cuando es evidente que lo que se necesitan son políticas expansivas. El FMI se está comportando de manera esquizofrénica. Hay un cambio de discurso en las esferas directivas que es destacable, pero al momento de prestarles a los países en desarrollo continúa aplicando la misma fórmula vieja. El hecho de que los directores del organismo se empiecen a elegir por mérito y no a dedo implica la admisión, el reconocimiento, de que el criterio de la excelencia profesional no fue el que gobernó el organismo en el pasado.


Algunos presidentes que participaron de la Cumbre en Londres aseguraron que se había logrado la “mayor reforma del sistema financiero desde Bretton Woods”. ¿Usted qué piensa?

–Eso es más bien una declaración sobre cuán desesperadamente se requiere una reforma financiera y cuán poco se hizo en los últimos 63 años. Las medidas que se tomaron, por ejemplo con respecto a los paraísos fiscales, son muy débiles. Los paraísos fiscales deberían dejar de funcionar. No hay forma de justificar el funcionamiento de estos refugios en la escala que lo hacen hoy. Además, por qué un gobierno debería rescatar una empresa que los está usando para no pagar impuestos y evadir regulaciones. No me parece que el G-20 haya recibido la atención que merece de parte de los Estados Unidos. Nuestro gobierno está más concentrado en las políticas domésticas antes que en la acción internacional coordinada. Hay que quebrar el monopolio del FMI y el Consenso de Washington. Los países en desarrollo necesitan tener un acercamiento común a la crisis y las instituciones internacionales deberían ayudar a estas economías como regiones y no como países individuales.

¿Considera que un marco regulatorio más duro y extensivo a todos los instrumentos financieros es una solución al problema?

–Creo que si queremos tener un sistema que funcione, será uno más regulado. Pero es un error considerar que se puede pasar un sistema que funcione simplemente mediante regulaciones más efectivas. Primero tenemos que resolver el colapso de las instituciones existentes. Tenemos un sistema financiero que es demasiado grande y necesita achicarse en forma ordenada. Poseer los bancos más grandes del mundo no nos da ningún beneficio. Las entidades que fueron mal administradas deberían ser las que sientan el ajuste. El sector bancario debe reducirse, como ha sucedido en Argentina y Brasil luego de las crisis, y esto no es malo. Pero hay que darse cuenta de que esto no se resuelve con un marco regulatorio que debería haber existido desde siempre.


¿Por qué no están teniendo éxito los rescates lanzados por las autoridades de Estados Unidos?

–El “éxito”, entendido como el reestablecimiento del crédito en términos similares a los que había antes del crac, no va a suceder hasta que los empresarios y propietarios puedan volver a pedir prestado. Y esto no va a pasar pronto. La idea de que se puede solucionar el problema dándoles plata a los bancos para que lo presten es un error muy profundo. Tiene que surgir otra forma de generar puestos de trabajo que no dependa de las burbujas especulativas, de los préstamos riesgosos.

¿Cuál sería entonces una respuesta adecuada?

–Más inversión pública, más empleo público, una red de seguridad social más fuerte, medidas que restauren la situación patrimonial de los más afectados antes que hacerlo a través de las instituciones financieras. Se necesita una intervención pública mucho más importante. Reducir los impuestos sobre los pobres y extender el acceso a la salud. Hay que extender el seguro social y sus beneficios. Las críticas a las iniciativas públicas que enfatizan el costo que generan están erradas. El gasto público sirve para ponerle un piso a la crisis. Estamos frente a un re-reconocimiento del rol que el gobierno debe jugar cuando el sector privado no cumple las funciones que usualmente se le asignan.


¿Quiere decir que el Estado debe jugar un rol relevante cuando el sector privado no lo cumple y hacerse a un lado cuando sí lo hace?

–No quiero decir eso, pero el gobierno tiene que intervenir cuando el sector privado está colapsando. Va a pasar un tiempo muy largo hasta que el sector privado pueda cumplir el rol que desempeñó durante los últimos treinta años. Y no es deseable volver a ese mundo. Tenemos otros desafíos que enfrentar, principalmente en temas de energía y medioambiente. Va a ser necesario construir empresas mixtas para enfrentar esta situación. En Estados Unidos tenemos un grave problema con la energía que no es sostenible, y éste podría ser un gran proyecto para crear trabajo.

¿Cómo sería ese proceso que describe?

–Entre 1930 y 1970, tras el cataclismo de la Gran Depresión, había una mirada mucho más sensible del rol que cumplían el sector público y el privado. Después de 1970 se dio un proceso sistemático de borrar de la memoria esos temas. Pero creo que será muy difícil borrarla una segunda vez. La inestabilidad del sistema financiero ha quedado establecida y quedó claro que un sistema bancario desregulado es la fórmula para el desastre. Nadie va a prestar atención a las teorías que nos trajeron hasta acá; están acabadas. Es la gente que se pasó los últimos 20 años diciéndonos que lo que está pasando no podía suceder. Hubo un tiempo en el que se los trató como grandes pensadores, pero no serán recordados como tales.

Sostiene que las corrientes económicas dominantes están acabadas, pero en las universidades esas teorías son casi lo único que se enseña y los medios continúan consultando a sus voceros.

–Se siguen aplicando sus teorías, pero el hecho de que me haya hecho esta pregunta tan entrada la entrevista es una prueba de cuánto se han hundido estas ideas durante la crisis. Sus ideas no tienen más credibilidad. Las universidades son el último lugar que se ajusta a la realidad; quedaron aisladas. Los Departamentos de Economía se convirtieron en reductos sellados donde los economistas neoliberales hablan entre ellos, pero su poder de influencia se está hundiendo. Las autoridades universitarias deberían cuestionarse algunas cosas. Por ejemplo, para qué fondear un Departamento de Economía cuyas teorías no conciben la posibilidad de una crisis global. Cuál es la función social que cumple una institución de este tipo si todo lo que se enseña no tiene ni una relación con los problemas que estamos enfrentando. Hay que reformar los Departamentos de Economía para darle lugar a la gente que trabaja estos temas y que ha sido excluida por mucho tiempo en todo el mundo.


El año pasado planteó que el Gobierno debía tener 200 mil millones de dólares para comprar acciones preferenciales y algo muy parecido sucedió. ¿Luego de los rescates del Citi y AIG, todavía le parece una alternativa viable?

–Yo no pondría más dinero en esas compañías. En septiembre del año pasado la alternativa era usar el dinero para comprar los activos malos o comprar acciones y convertirse en propietarios directos. Y esta última opción parecía la mejor. Pero hoy no estoy convencido de que haya sido un paso necesario, pero sí se puede decir que no fue tan malo como comprar los activos tóxicos.

¿Le preocupa el abultado déficit que presenta Estados Unidos?

–No, un no rotundo. Nuestro déficit presupuestario supera el billón de dólares y esto será la principal razón por la cual se frene la caída libre de la economía. No nos sacará de la crisis, pero al menos suministrará un piso. Hay que preocuparse para que el déficit sea lo suficientemente grande como para que esto suceda. Eso es lo único. Si fuera pequeño estaríamos en problemas. El único asunto a observar es qué sucede con el dólar.

¿Es posible abandonar el dólar como moneda de reserva internacional y comenzar a utilizar los Derechos Especiales de Giro del FMI, como propone el gobierno chino?

–Por ahora, y en un futuro cercano, el dólar es el rey. La gente los demanda, ahorra, quiere títulos del Tesoro. Es más, el dólar se ha estado apreciando con demasiada velocidad, golpeando nuestras exportaciones. Tener una segunda fuente de liquidez como los DEG puede servir para el desarrollo y la estabilización de la economía mundial. Pero hay que analizar detenidamente cómo utilizarlos de forma constructiva. Los DEG no deberían competir con los dólares sino complementarlos, ofreciéndole al sector público la posibilidad de estimular la demanda efectiva y así financiarse. Pero los flujos comerciales seguirán bajo la esfera del dólar simplemente porque no creo que el mundo quiera utilizar el euro como alternativa.