Na última quarta-feira, dia 29, ocorreu na Unisinos a quarta reunião de 2009 do Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS). O tema tratado foi a neutralidade científica, utilizando como base o texto “Neutralidade da ciência: desencantamento e controle da ciência”, do professor Marcos de Oliveira, da Universidade de São Paulo (USP). O texto foi apresentado pela pesquisadora Ms. Marcia Turchiello Andres (UNISINOS) e debatido pelo mestrando Rodrigo Jacobus (UFRGS).
A professora Marcia fez uma introdução do texto, explicando o que é neutralidade científica e sua relação com os valores sociais. A comunidade científica considera a ciência neutra, o que a legitimaria enquanto valor universal, ou seja, a ciência não seria regida por valores religiosos, políticos, ideológicos, entre outros. Durante a explanação, discutiu-se ainda se a ciência é autônoma referente às interferências externas, e seguindo a lógica do Prof. Oliveira, concluiu-se que a comunidade científica sofre influência de determinados setores da sociedade. Esse fato está diretamente ligado à mercantilização e à tecnologização da ciência, fatores que transformaram esta num objeto do mercado nesta etapa neoliberal do capitalismo.
Rodrigo Jacobus questionou o fato de que a ciência não pode ser livre de valores, uma vez que estes estão implícitos no próprio pesquisador. Para ele, os cientistas se mostram neutros para se proteger dos vários órgãos da sociedade. O próprio Galileu, apresentado no texto como precursor da idéia da neutralidade, estaria apenas se defendendo do poder da Igreja. Rodrigo ainda cita outros autores para ilustrar sua opinião referente à neutralidade científica, como o professor Boaventura de Sousa Santos. Além disso, Jacobus destacou que a ciência deveria dialogar com outros conhecimentos, ao invés de proteger o “way of life” científico. Também diz que está na hora da ciência tomar partido, isto é, declarar que lado prefere.
Essa última opinião foi a da maioria dos membros do Grupo CEPOS que estavam presentes na reunião. A questão levantada é que há muita preocupação em se mostrar neutro, imparcial, diante do objeto de pesquisa, enquanto todos sabem que na verdade a imparcialidade não existe, e que está mais do que na hora de assumirmos isso diante da universidade, da própria ciência, e também da mídia. No entanto, reconhecer a parcialidade na ciência não significa deixar de investigar as diferentes características que fazem parte do objeto.
A próxima reunião do Grupo CEPOS está marcada para o dia 20 de maio, quarta-feira, às 17 horas.