Jornalistas independentes, que encontraram na internet um meio de romper o isolamento do país e transmitir tanto o que acontece na ilha como receber notícias do exterior sem o filtro do governo, acreditam que o fim das restrições às remessas de dinheiro e às viagens de cubano-americanos ajude à circulação de informações no país, mostra reportagem da repórter do GLOBO Cristina Azevedo.
A ajuda econômica poderá facilitar o acesso à internet, que chega a custar seis euros a hora, e se traduzir em maior facilidade para comprar ou receber computadores e celulares e na troca de informações. O governo de Barack Obama derrubou ainda restrições a negócios de empresas de telecomunicações com Cuba.
- Acho que isso ajudará muitas famílias em situação crítica, assim como o intercâmbio de experiências, o que pode ser benéfico à democratização - acredita Miriam Leiva, ex-Dama de Branco (grupo de mulheres de presos políticos) e jornalista independente.
- Quanto às comunicações, é um passo importante, pois o governo cubano dizia que não permitia internet nas casas porque os americanos não deixavam fazer convênios. Agora não podem usar esse argumento.
Textos via e-mail ou telefone
A medida, segundo Miriam, deixou os cubanos felizes e levou Fidel Castro a escrever quatro reflexões em dois dias. Ela colabora para um site de notícias na Flórida, o Cubanet. Os jornalistas que usam a internet e os blogueiros não chegam a ser presos, mas há outros meios de represália mais sutis.
Os jornalistas independentes não recebem ou recebem pouco pelo trabalho. Muitos têm blogs, cujo acesso é proibido em seu próprio país. Os textos são ditados por telefone para alguém no exterior que os coloca na rede ou enviados por e-mail. Quem tem acesso à internet baixa as páginas de interesse, copia e passa para amigos, que repassam adiante. Por isso é difícil estabelecer o número de pessoas com acesso a material originalmente digital. Isso ajudou a florescer novamente o jornalismo independente.
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Fonte: O Globo Online