sexta-feira, 30 de abril de 2010

GVT vai entrar em TV paga com caixas híbridas de IPTV e DTH

O plano da GVT para entrar no mercado de TV por assinatura passa por uma solução tecnológica híbrida, que combinará IPTV com a TV paga via satélite (DTH) em uma única caixa. "Muitas operadoras na Europa estão fazendo isso, com grande sucesso", diz Amos Genish, presidente da empresa, que recentemente foi adquirida pelo grupo de mídia e telecomunicações francês Vivendi. A GVT pretende entrar em TV por assinatura em 2011, e tem no serviço a sua principal prioridade depois da banda larga. "A TV por assinatura de hoje é o que era a banda larga há alguns anos", diz, referindo-se ao potencial de crescimento, às baixas penetrações, poucos competidores e poucas diferenças entre os produtos existentes. "Queremos entrar em TV por assinatura com todas as inovações do IPTV, com vídeo sob demanda, com serviços over the top, como YouTube e games, time shifting e com interatividade", disse a esse noticiário. A GVT também acredita que os preços e pacotes oferecidos no Brasil possam ser melhorados. "Sabemos que a programação nacional de qualidade é muito cara,", disse. Ele também reconhece que o modelo de negócios praticado pelos programadores com as operadoras atuais está muito consolidado e que esse será um grande desafio. "Mas quando falamos em VOD, em serviços over the top, os modelos precisarão mudar, porque haverá uma demanda dos usuários por novos serviços".

A estratégia da GVT de adotar uma solução híbrida com DTH e IPTV unidos em uma mesma caixa passa também por uma questão regulatória, já que não há restrições para a TV por assinatura via satélite no Brasil. "A oportunidade para entrar em TV por assinatura é agora. Não podemos mais esperar o PL 29, e esse modelo nos permite entrar rapidamente em operação".

Primeiros passos

A GVT, contudo, ainda está nos momentos iniciais dessa estratégia. O plano de negócios será apresentado no final de maio aos acionistas (Vivendi), e a licença de DTH ainda não foi pedida à Anatel. "A parte da licença na Anatel é simples. E os acionistas já nos disseram que investimentos não serão problema. Eles verão que a oportunidade é essa", disse.

A GVT acredita que a Vivendi também terá um papel importante no relacionamento com os programadores, mas não espera que o conteúdo do grupo de mídia francês será um diferencial na oferta do serviço de TV paga no Brasil. "O conteúdo do Canal + não é o mais adequado para o Brasil", brincou Genish, referindo-se ao serviço de TV paga da Vivendi, na França. "Mas um bom canal de culinária com chefs franceses pode ser uma boa", completou.

A aposta da GVT na tecnologia de IPTV deve-se à característica de sua própria rede de telecomunicações. Ao contrário das empresas de telefonia tradicionais, a GVT tem uma rede de acesso baseada em par trançado em que a distância até a central é de 400 metros, em média, o que permite oferecer com segurança velocidades de até 35 Mbps por VDSL. Além disso, a empresa está investindo fortemente em acesso por fibra para clientes que querem velocidades de até 100 Mbps. "Na Europa, a tecnologia está funcionando muito bem e os custos estão muito próximos do cabo", diz Amos Genish, citando ainda o exemplo da AT&T e da Verizon nos EUA, com redes de acesso baseadas em fibra.

Fonte: Teletime News

Programa de banda larga já beneficia 44 mil escolas públicas

O Ministério das Comunicações divulgou novo balanço do Programa de Banda Larga nas Escolas, apontando a conexão de 44.059 instituições educacionais públicas urbanas até 30 de março deste ano. O número representa 67,91% das 64.879 das escolas abrangidas pelo programa.

Nesse primeiro semestre de 2010 foram conectadas 1.371 escolas. Os estados com mais escolas conectadas são Minas Gerais (5.282), São Paulo (5.045), Rio de Janeiro (4.113) e Bahia (4.109). Já as unidades da federação com menos instituições contempladas são Roraima (75), Amapá (137) e Acre (187). De acordo com a agência, todos os estados serão completamente atendidos até o fim de 2010, contemplando mais de 37 milhões de alunos.

O Programa Banda Larga nas Escolas foi desenvolvido pelo Ministério das Comunicações em 2008, como resultado de um compromisso voluntário das concessionárias de telefonia fixa firmado na ocasião da alteração do Plano Geral de Metas para a Universalização (PGMU), que trocou a meta de instalação dos PSTs (Postos de Serviços de Telecomunicações) pela construção do backhaul em todos os municípios brasileiros.

A vigência do programa - que não tem ônus para a União, estados, Distrito Federal ou municípios - vai até 2025, com compromisso de ampliação periódica da velocidade. Na época da assinatura do termo aditivo pelas operadoras, em 2008, havia em torno de 56 mil escolas públicas urbanas no país. Desde então, foram implantadas mais de oito mil novas escolas, chegando ao número atual de 64.879 instituições que serão atendidas pelo projeto. Os dados são do último censo escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), vinculado ao Ministério da Educação. (Da redação, com assessoria de imprensa)

Fonte: Tele Síntese

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Rádios da EBC em Brasília realizam evento para dar voz ao público

O Colóquio de Ouvintes das Rádios Nacional de Brasília e Nacional FM, realizado na manhã do dia 27 (terça-feira), foi espaço para registrar as impressões do público das emissoras, mas também para um balanço feito pelos seus diretores. As declarações dos ouvintes mostraram o carinho do público pelas rádios públicas, mas também que há muitas e antigas reivindicações ainda não atendidas. Já os representantes das rádios avaliam que, em dois anos de criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), as emissoras avançaram em alguns aspectos, especialmente técnicos, mas ainda são “o primo pobre da TV Brasil”.

O evento foi organizado pela EBC como parte das comemorações dos 50 anos de Brasília. O objetivo foi promover um diálogo direto da empresa com os ouvintes, relatar críticas e sugestões.

Para Orlando Guilhon, superintendente de rádios da EBC durante o Colóquio de Ouvintes, a criação da estatal, que substituiu a Radiobrás no comando das rádios, “trouxe mais investimentos”. “Mas não se pode negar que a TV acaba ganhando mais destaque, como ocorre em qualquer outra empresa”, disse. “Que ninguém nos ouça, mas a rádio é o primo pobre da TV Brasil, na EBC. Nós aqui vivemos tentando chamar atenção. Conseguimos sim, mas é uma batalha muito grande.”

Além de Guilhon, participaram do evento, o coordenador da Rádio Nacional FM, Carlos Senna, a coordenadora da Nacional AM, Cristina Guimarães, e a Gerente Regional em Brasília, Taís Ladeira, além de membros da equipe de rádio da EBC. Houve no colóquio um esclarecimento do trabalho realizado e do objetivo de uma rádio pública.

Em pouco mais de dois anos de EBC, os investimentos nas rádios brasilienses foram feitos em equipamentos. Foram comprados quatro transmissores para AM com alta potência, novos estúdios e, em breve, todas as rádios se mudarão para uma nova sede. Os equipamentos ainda não estão em funcionamento, isso ocorrerá após a mudança. Só então uma das principais queixas feitas pelos ouvintes será solucionada: é esperada uma melhora significativa na qualidade do sinal. “Os novos transmissores que estamos comprando são híbridos, funcionam com analógico e funcionam também com digital. Fazendo uma comparação, a AM ficará com som de FM e a FM com som de CD. As duas melhorarão”, diz Carlos Senna.

Entre as dificuldades enumeradas pelos diretores, destaca-se a falta de funcionários. “A EBC cresceu, mas o número de funcionários públicos, não”, queixa-se Guilhon. Segundo ele, há a intenção de realiza um concurso para contratação de quadros o mais rápido possível. Se isso ocorrer ainda nesse ano, já no ano que vem, os novos funcionários começam a trabalhar.

Outro problema é a falta de investimentos em divulgação. De acordo com os diretores, existe uma dificuldade de renovar o público. Os dados não são atuais, mas o último levantamento disponível mostrou que os ouvintes das rádios públicas de Brasília têm, em sua maioria, mais de 30 anos. Os diretores presentes ao colóquio acreditam que, para haver uma renovação, é preciso investimento em marketing.

Participação

Para os diretores das rádios, a boa relação com o público demonstrada durante o Colóquio de Ouvintes encontra é explicada por uma característica do meio – o rádio – e uma opção das emissoras públicas – a abertura à participação. “O rádio é o meio mais democrático que existe. Em um país com 16 milhões de analfabetos, as pessoas podem se expressar”, destacou a radialista Mara Régia. “Participação é importante, renova tudo que a gente faz”, ressalta Cristina Guimarães, diretora da Nacional AM. Os ouvintes podem participar ao vivo na programação ou com sugestões feitas à Ouvidoria.

O colóquio corroborou a necessidade de ampliar estes espaços de participação. Os ouvintes que compareceram ao colóquio elogiaram e reclamaram.

“A minha relação com a rádio Nacional é uma relação de amor”, definiu Diva Azevedo. Arlindo José dos Santos, José Ribamar e Maria Cleonice Leão repetiram as mesmas palavras. José Ribamar saiu de Sobradinho para mostrar a cara e “não ser um ouvinte anônimo”.

Esta busca por sair do anonimato ou identificar quem faz parte do seu dia-a-dia através da programação das rádios motivou vários ouvintes a participar do colóquio. Quando Newton Ferreira chegou, o evento já havia começado. Ele acabou não participando com perguntas ou comentários, mas, segundo ele, “valeu à pena só para conhecer os locutores preferidos”. Antes mesmo de entrar, já comentava: “Eu tenho uma ideia de como são, mas nunca vi. Você já?”

As demonstrações de carinho pela rádio não abafaram as reclamações. As principais reivindicações foram por conteúdo educativo, qualidade de som e democratização do acesso. As sugestões também indicaram a necessidade de tornar a programação mais descontraída.

Theodora Fischli, antiga ouvinte da rádio, enfatizou a importância da qualidade da informação. “Nós aprendemos tanto com os locutores. Eles deviam buscar mais estudos, mais curiosidades, se preparar bem, como se fossem dar uma aula”, disse. Demonstrando conhecimento acima da média sobre as emissoras, Theodora desfiou a programação atual e antiga. E constatou que falta um pouco mais de foco educativo.

Já em relação à qualidade de som, apesar de reconhecerem que houve mudanças nos últimos anos, principalmente na frequência AM, o público ainda exige melhoras. “Eu moro na Asa Norte, próximo ao centro da cidade e lá AM não é boa”, destacou Vasco Vasconcelos. Ele, que também é artista, pede uma maior divulgação do trabalho local: “É preciso valorizar talentos daqui de Brasília. Democratizar o acesso também para aqueles que estão engatinhando no meio musical”, afirmou.

De acordo com os representantes das rádios, as considerações foram todas anotadas e serão levadas para a direção da empresa. Algumas demandas levadas à Ouvidoria anteriormente serão em breve atendidas. A programação deverá se voltar mais ao esporte e à rádio dramaturgia, com a produção de rádionovelas e programas infantis. Além disso, têm se buscado cada vez mais parcerias com entidades e rádios comunitárias, para que a cobertura seja mais ampla.

Outra discussão é a presença de religião na rádio, que transmite uma missa católica pela manhã. “O espaço da religião deve existir, mas deve-se ter cuidado”, diz o superintendente Orlando Guilhon, que acredita que o assunto ainda deve ser debatido. O tema já foi levado ao Conselho Curador da EBC.

Ouvidoria

Para o ouvidor responsável pelas emissoras de rádio, Fernando Paulino, encontros presenciais são fundamentais para garantir a participação, mas é necessário que o contato seja constante. De acordo com dados da Ouvidoria, em um ano e meio foram registradas 250 participações.

Paulino acredita que os resultados são positivos e que o número têm crescido à medida que os ouvintes descobrem o serviço. “A participação tem proporcionado sugestões que geraram mudanças na emissora. Ouvimos não apenas o que se refere a jornalismo, mas também a entretenimento. É um desafio grande, mas acredito que a experiência tem sido positiva.”

Fonte: Observatório do Direito à Comunicação

Anatel prepara reforma em regulamentos de TV paga de olho em novas outorgas

A Anatel prepara uma ampla mudança nos regulamentos e normas do setor de TV por assinatura. Segundo a conselheira Emília Ribeiro, as mudanças visam a abertura do processo de licitação de TV paga que, ainda segundo a conselheira, deverá ser realizada independentemente da aprovação do PL 29/2007, projeto de lei que muda as regras do setor de TV paga e que está em discussão no Congresso. Estão sendo revistos os regulamento de TV a cabo e de serviços especiais, o regulamento do Serviço Especial de TV por Assinatura (TVA, operador em UHF), a norma de DTH e a norma de MMDS, além dos regulamentos de direitos dos usuários e de qualidade de serviço de TV paga. "Existe um marco regulatório hoje, e com ajustes na regulamentação, é perfeitamente possível fazer a licitação de TV paga rapidamente", disse Emília Ribeiro, que participou do encontro anual da NeoTV, que aconteceu em Campinas nesta quarta, 28. A conselheira é a relatora dos novos editais de TV paga no Conselho Diretor. O assunto estava em pauta no começo de 2009, mas voltou para a análise técnica onde ficou ao longo de quase todo o ano passado. O tema deve retornar nas próximas semanas à pauta do conselho diretor. Nesse período, o Ministério das Comunicações também foi consultado sobre a oportunidade de reabertura do mercado de TV paga e a sinalização foi positiva.

Segundo apurou este noticiário, o regulamento e a norma de TV a cabo estão em fase final de revisão pela área técnica. A principal novidade será a simplificação do detalhamento técnico, sobretudo a norma do cabo, que foi pensada para uma realidade digital que não faz mais sentido hoje. A Anatel pretende dar um enfoque na percepção do serviço em detrimento de índices técnicos que perderam o sentido. Outra preocupação na mudança do regulamento é em relação às exigências para futuros processos de licitação, que devem ser muito menos detalhados do que as licitações realizadas entre 1998 e 2001.

Procuradoria

A norma do DTH está nesse momento com a procuradoria jurídica e a norma do MMDS ainda aguarda uma definição sobre a designação das regras de uso da faixa de 2,5 GHz.

O novo regulamento o cabo, contudo, ainda precisará passar pela análise da procuradoria especializada, e só então chega ao conselho.

Segundo o gerente geral de regulamentação e outorgas da superintendência de comunicação de massa da Anatel, Marconi Maia, que também participou do evento da NeoTV, as novas outorgas poderão sair tão logo o conselho diretor aprove o planejamento de TV a cabo e defina o preço das concessões.

Em relação ao planejamento, o assunto está sendo novamente analisado pela procuradoria da Anatel. A preocupação da conselheira Emília Ribeiro, relatora da matéria, é esclarecer, entre outras coisas, de que maneira a agência lidará com empresas de telecom que queiram entrar no setor de TV a cabo. Pelo planejamento proposto, não haverá mais restrições ao número de operadoras em cada cidade, o que em tese libera qualquer interessado a simplesmente pleitear uma licença de TV paga. Mas isso ainda depende de uma interpretação sobre eventuais limites que poderão ou não ser colocados às teles, já que hoje elas são restringidas pela Lei do Cabo (art. 15), pelos limites de capital estrangeiro, pelo artigo 86 da Lei Geral de Telecomunicações e pelo contrato de concessão do STFC (especialmente a cláusula 14.1.).


Fonte: Teletime News

Lula é eleito o líder mais influente do mundo pela revista Time

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito pela revista norte-americana Time o líder mais influente do mundo em 2010. O presidente dos EUA, Barack Obama, ocupa apenas a quarta colocação no ranking.

Em sete edições, esta é a primeira vez que um presidente lidera a lista, que indica as 100 personalidades mais influentes do mundo, divididas em quatro categorias: líderes, heróis, artistas e pensadores.

Lula lidera o ranking dos líderes, seguido pelo presidente de administração da Acer, J. T. Wang. Em terceiro está o chefe do Estado-Maior dos EUA, almirante Mike Mullen. Obama aparece no quarto lugar.

O perfil de Lula foi escrito pelo cineasta Michael Moore, que definiu o presidente como um “filho genuíno da classe operária da América Latina” que se tornou presidente e quer levar o Brasil ao “primeiro mundo”.

Fonte: Comunique-se

Universidade rejeita assessor de comunicação sem diploma

O Conselho Universitário da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) não admitiu um servidor sem graduação em Jornalismo para exercer o cargo de assessor de comunicação. Carlos Alberto Meyer, formado em letras, já trabalhava na assessoria de imprensa da instituição.

Mesmo com a exigência do diploma específico no edital da seleção interna, o servidor resolveu se candidatar à vaga, por possuir registro profissional como jornalista e sindicalização, além de ter atuado em veículos de comunicação por 34 anos. Meyer foi aprovado no teste, mas não pôde ocupar o cargo. Inconformado com a decisão, o servidor recorreu ao Conselho de Administração, que admitiu a contratação.

Após saber que Meyer tomaria posse do cargo de assessor de comunicação, professores do curso de Jornalismo da UEPG interpuseram recurso ao Conselho Universitário para que admitisse apenas profissional com graduação na área.

Intervenção sindical
No mesmo período, o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijorpr), Márcio Rodrigues, tratou do assunto com o reitor da UEPG, João Carlos Gomes. O presidente da entidade ressaltou a necessidade da contratação de um profissional graduado em Jornalismo.

“Seria um contrassenso a faculdade ter um curso de Jornalismo e deixar que uma pessoa sem formação na área fosse contratada. Seria um contrassenso nós, como sindicato, aceitarmos isso”, afirmou Rodrigues. O presidente da entidade ressaltou que Meyer é filiado, mas que o registro aconteceu em gestões anteriores à sua.

Servidor protesta
Meyer está inconformado com a decisão e se diz lesado. “Estou me se sentindo injuriado e discriminado. Tive perda moral e financeira. Eu sou sindicalizado, exerço a profissão há mais de 34 anos. Isso é assédio moral”, criticou.

O servidor disse que se a vaga fosse para um concurso público, até admitiria intervenção do sindicato, mas em uma seleção interna, critica a interferência.

“Se tratava apenas de um reenquadramento da função. Eu não entendo um sindicato que vai contra seu filiado. Me trataram como um clandestino. Eu preferia que eles não tivessem se manifestado, ou me amparassem”.

Meyer informou que ainda não sabe se entrará com uma ação judicial para que possa ser enquadrado na função.

Fonte: Comunique-se

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O Bufão insubstituível do jornalismo brasileiro

Texto e fotos: Carol Anchieta

História, comunicação, jornalismo impresso alternativo e... humor. Esses foram os pontos que marcaram o trabalho de Rodrigo Jacobus, integrante do Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS) que apresentou ao grupo, na tarde da terça feira dia 27 na UNISINOS, o trabalho de mestrado defendido na Universidade Federal do Rio Grande Do Sul (UFRGS) pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação.


Com o título: “UM NOBRE BUFÃO NO REINO DA GRANDE IMPRENSA – A construção do personagem Barão de Itararé na Paródia jornalística do semanário A Manha (1926-1935)”, o trabalho que levou dois anos para ser concluído, tem como tema, como fica claro já no título, a construção do personagem Barão de Itararé, encarnado pelo jornalista Apparício Torelly, junto à paródia jornalística do semanário de humor A Manha frente à grande imprensa do Rio de Janeiro entre 1926 e 1935.

Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé, nasceu na cidade de Rio Grande, no interior do Rio Grande do Sul, em 29 de janeiro de 1895. Em 1906 matricula-se, como interno, no Colégio Nossa Senhora da Conceição, em São Leopoldo-RS, onde faz o seu primeiro jornal manuscrito, intitulado "Capim Seco", e a partir daí escrever passou a fazer parte da vida de Apparício.

Em 1925, já o Rio de janeiro foi trabalhar em O Globo de Irineu Marinho. Em seguida Apporelly foi convidado por Mário Rodrigues (pai de Nelson Rodrigues) no jornal "A Manhã". Em 1926 criou o semanário que se tornou o maior e mais popular jornal de humor da história do Brasil. Bem ao seu estilo de paródias, o novo jornal tinha o nome de "A Manha".

E para contar toda a rica e tortuosa trajetória deste, que foi um jornalista pioneiro no humor político brasileiro, Rodrigo partiu de 3 perspectivas: o jornalista e a pessoa Apparício Torelly, o jornal A Manha e o próprio Personagem o Barão. A partir disso problematizou “De que modo o personagem Barão de Itararé, criado por Apparício Torelly, é construído n’A Manha a partir do surgimento da publicação em 1926 até a prisão de Apporelly em 1935? E como esta construção relaciona-se à grande imprensa do Rio de Janeiro neste contexto sócio-histórico?”


Logo trabalhou características como aspectos sócio-histórico-culturais, Quem foi Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, qual sua trajetória, Quais as principais características d'A Manha e Quais elementos definem a grande imprensa, mais especificamente aqueles pertinentes ao jornalismo praticado no período proposto.

Na apresentação o destaque ficou para este segundo item de quem foi Apparício Torelly, pois o grande conhecimento de causa do mestrando tornou os pequenos adendos interessantíssimos, pois detalhes como a vida, as relações e até a morte de parentes e do próprio Quem foi Apparício Torelly forma apresentados de forma tão intensa que todo grupo na sala ficou interessado em saber mais sobre este jornalista.

Depois de apresentar um breve histórico dobre as publicações da época, desde as artesanais que incluem os PASQUINS, até as da grande imprensa que marcaram a história do país, como as revistas O Malho (1902), O Tico-Tico (1905), O Cruzeiro (1928), Rodrigo expôs as diversas fases do A Manha, criado e publicado por Torelly.
Outro aspecto levando foram os vários títulos que o jornalista usava para referir-se a si mesmo em seus textos que justificou uma vez em outubro de 1930, Aparício se autodeclarara Duque nas páginas do A Manhã: “O Brasil é muito grande para tão poucos duques. Nós temos o quê por aqui? O Duque Amorim, que é o duque dançarino, que dança muito bem mas não briga e o Duque de Caxias que briga muito bem, mas não dança. E agora eu que brigo e danço conforme a música.”

E mais tarde como ele próprio anunciara semanas depois: "Como prova de modéstia, passei a Barão." E assim seguirem-se os títulos com Duque de Itararé e em seguida Grão – Duque de Itararé.

Ao final da apresentação, como foi comentado a cima, o interesse em saber mais sobre o jornalista foi definitivamente despertado, e para isso Rodrigo sugere a leitura do livro “As 2 Vidas De Aparício Torelly O Barão De Itararé” (Cláudio Figueiredo, Editora Record - Rio de Janeiro/1987).

Fica a todos a sugestão, e fica também a pergunta para depois da leitura: existe humor no jornalismo brasileiro?





PL 29: relator pode incluir canais religiosos no espaço qualificado.

O relator do PL 29/07 na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) reafirmou nessa terça-feira (27), durante o início da discussão da proposta, seu empenho em buscar um consenso para votação já na próxima semana. Mas já admite a alteração de seu parecer, incluindo canais religiosos e de jornalismo no espaço qualificado que, de acordo com o texto atual, serve para calcular as cotas de produção nacional.

Caso isso aconteça, avaliam parlamentares que trabalharam para construir o acordo com os setores interessados que permitiu a aprovação da matéria na Comissão de Ciência e Tecnologia, a política de cotas estará destruída, o que resultará na retirada do apoio ao projeto de importantes entidades., dificultando o avanço da proposta.

Para o deputado Jorge Bittar (PT-RJ), ainda há espaço para um acordo sem que seja preciso inviabilizar as cotas. Ele disse que parte da bancada evangélica, que teme a perda de espaço para os canais religiosos, está convencida de que a proposta já atende a reivindicação dela, uma vez que as retransmissoras são obrigadas a carregar os canais locais.

Caso o impasse continue, Bittar defende que os canais religiosos sejam incluídos na lista de carregamento obrigatório (must carry), que no texto atual, atende os canais do campo público. Porém, reconhece que há dificuldades de fazer essa alteração na CCJ, que não tem competência para realizar mudanças no mérito do projeto.

Destaques

Na reunião dessa terça-feira, Cunha fez um apelo aos parlamentares da comissão para que apresentem os destaques antes da votação em favor da construção de uma proposta de consenso. O pedido foi recebido com reclamações de deputados, que querem apresentar os destaques apenas no momento da votação.

O deputado Régis de Oliveira (PSC-SP) apresentou voto em separado em que considera inconstitucional o estabelecimento de cotas para a produção nacional. Para ele, a intervenção sobre a comunicação audiovisual fere a prerrogativa da empresa em determinar de que forma seus negócios serão conduzidos, interferindo na sua liberdade comercial. “É uma restrição à liberdade de iniciativa”, sustentou.

Esse é o terceiro voto em separado apresentado na CCJ. Outros dois foram apresentados pelos deputado Roberto Magalhães (DEM-PE) e Paes Landim (PTB-PI), que pedem, respectivamente, a supressão dos artigos que tratam das cotas de produção nacional e da supressão dos itens que ampliam a atuação da Ancine, originalmente concebida como ente de fomento da produção de obras audiovisuais cinematográficas brasileiras, dando ao órgão poder de regulação das atividades de produção e programação de conteúdos audiovisuais.

O parecer do relator, deputado Eduardo Cunha, apresenta quatro emendas saneadoras. Uma delas elimina o regime especial de transição das licenças de Serviço Especial de TV por Assinatura (TVA) para o novo Serviço de Acesso Condicionado (SAC). Cunha também suprime o item que permite a "renovação automática" das licenças de TVA, por considerar que ele beneficiaria empresas que operam irregularmente. Esta emenda terá que ser adaptada à decisão recente da Anatel, que renovou as atuais licenças de TVAs.

Fonte: Tele Síntese

Relatora de projeto sobre propaganda para crianças diz que autorregulamentação está falida

Brasília – Até junho a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados vai votar um projeto de lei (PL) que regulamenta a veiculação de propaganda dirigida a crianças. A expectativa é da deputada Aline Correa (PP-SP), relatora de três projetos sobre o tema na comissão.

De acordo com a parlamentar, a autorregulamentação, defendida por agências de propaganda e anunciantes, “está em condição de falência” uma vez que não há punição aos profissionais.

Depois de aprovados na comissão, os projetos seguem para o plenário da Câmara e em seguida para o Senado.

Entre os projetos relatados por Aline Correa está o que estabelece a proibição de publicidade “nos meios de televisão e radiodifusão voltados ao público infantil, nos horários compreendidos entre as 6 horas e as 20 horas”.

“Seria cômico se não fosse trágico”, ironizou o advogado Edney Narchi, vice-presidente do Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Para ele, o projeto expressa “radicalismo” e está “fora dos padrões aceitáveis pela sociedade brasileira, que gosta de propaganda”.

Segundo o vice-presidente do Conar, que participou hoje (27) de uma audiência pública na Câmara dos Deputados, as queixas às propagandas nos órgãos de defesa do consumidor não passam de 1,5% do total recebido em todo o país.

A mesma opinião tem o representante da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) Stalmir Vieira. Para ele, o projeto “não faz sentido” e representa a tentativa de criminalizar um setor. “Muita gente aprendeu, por meio da televisão, hábitos elementares”, acredita.

Em sua avaliação, a regulamentação não é necessária porque “está provado que a sociedade sabe se mobilizar”, em referência a protestos recentes contra o anúncio de uma agência de viagens que dizia que era “pateta” quem não viajasse para a Disney (Estados Unidos). A propaganda foi retirada do ar.

Para a coordenadora do Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, Isabella Henriques, o Brasil não tem legislação que regulamente a propaganda para crianças. Além disso, a atuação do Conar não “é suficiente” uma vez que o órgão não está organizado em todo o país e não tem poder punitivo conferido por lei.

A psicóloga Roseli Goffman, do Conselho Federal de Psicologia, afirma que o “Conar não representa a sociedade brasileira”, pois envolve apenas os próprios publicitários. Ela lembra que o fim da publicidade infantil é uma reivindicação aprovada na 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em dezembro do ano passado.

Segundo dados do Ministério Público da União apresentados na audiência, o investimento em propaganda infantil no ano passado foi de R$ 209,7 milhões para setores que movimentaram mais de R$ 15 bilhões na economia (roupas, R$ 5,58 bilhões; fast food, R$ 5 bilhões; brinquedos, R$ 1 bilhões, entre outros).

O Brasil conta hoje com 50 milhões de crianças. Dessas, 22 milhões estariam fora do mercado consumidor de produtos anunciados.

O brasileiro (adulto e criança) assiste a mais de cinco horas por dia de televisão. Pesquisa do Instituto Sensus (2007) revela que 58,3% dos pais não sabem o que os filhos assistem. Outra pesquisa, feita pelo Datafolha em São Paulo, revela que 73% dos pais entrevistados concordam com algum tipo de restrição à publicidade dirigida.

Fonte: Agência Brasil

Steve Ballmer diz que Microsoft apoiará projeto do Ministério da Educação

Executivo diz a ministro da Educação, Fernando Haddad, que companhia destinará verba para Sistema Universidade Aberta do Brasil.

O CEO da Microsoft, Steve Ballmer, se reuniu em Brasília nesta quarta-feira (28/4) com o ministro da Educação, Fernando Haddad.

No encontro, a companhia americana afirmou que vai destinar recursos para o projeto Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), que será ampliado para para países de língua portuguesa no continente africano.

O apoio da Microsoft se dará principalmente na instalação de pólos de educação a distância nessas regiões. Os detalhes da parceria serão discutidos entre representantes da Microsoft e do ministério em reunião marcada para a próxima semana. .

O objetivo do UAB é, além de fortalecer relações com os países da África e preservar a língua portuguesa, é capacitar professores e ampliar a oferta de educação a distância para estudantes africanos.

Lançado em 2005 pelo Ministério da Educação, o UAB é um sistema integrado de universidades públicas que dá cursos de nível superior para a população. Embora seja aberto a todo tipo de participação, o foco primeiro do projeto são os professores, seguidos dos diretores de instituições de ensino e trabalhadores do ensino fundamental.

Fonte: IDG Now

Após decisão do Supremo, MTE registra mais de mil jornalistas sem diploma

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) já contabiliza 1098 registros de jornalistas sem graduação específica na área, após a decisão do Supremo Tribunal Federal, que derrubou a obrigatoriedade de diploma para exercer a profissão.

A emissão de registro para jornalistas sem graduação passou a ser adotada pelo MTE no início deste ano, após publicação do acórdão da decisão. A orientação é de que os profissionais formados sejam registrados como “Jornalista Profissional”, e os sem diploma, “Jornalista/Decisão STF”.

O estado que mais emitiu o registro para não diplomados foi São Paulo, com 554 emissões. A lista segue com Minas Gerais (113) e Distrito Federal (70). O único estado que ainda não emitiu esse tipo de registro foi o Amapá. Os dados contabilizam registros emitidos até o dia 09/04.

Para o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murilo de Andrade, o número não altera a posição dos sindicatos em defender ou não a filiação de não diplomados. “É bom lembrar que já temos um estoque de quase 15 mil precários, por liminar. Esse novo número não altera a posição dos sindicatos em lutar pela regulamentação da profissão”, declarou.

Andrade acredita que o número de jornalistas sem graduação na área tende a crescer ainda mais. “Não me surpreende esse número, achei que até poderia ser maior. Tenho a impressão que irá crescer cada vez mais, porque o Ministério do Trabalho não tem critérios para o registro, basta estar vivo”, critica.

Sobre os direitos que esses novos jornalistas pretendem desfrutar, o presidente da Fenaj diz que a questão deve ser polêmica. “Os direitos desses jornalistas agora é problema do Congresso Nacional, digo da Câmara e do Senado. Eles que terão que saber o que fazer com esse estoque de jornalistas sem formação”, conclui.

Fonte: Comunique-se

terça-feira, 27 de abril de 2010

Oficina de crítica audiovisual e perspectivas alternativas

Por Jonathan Reis*

O Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS) realizou no último dia 15 mais um encontro de socialização do conhecimento com alunos da Escola Estadual Haydée Mello Rostirolla, localizada no bairro Feitoria, em São Leopoldo.

Na oportunidade, os alunos assistiram ao curta-metragem produzido pelo Intervozes “Levante Sua Voz”, que retrata a concentração dos meios de comunicação existentes no Brasil. Através dessa proposta, os pesquisadores motivaram os estudantes para a reflexão sobre a liberdade de expressão, relacionando o conteúdo apresentado com fatos atuais que demonstram as relações entre mídia e sociedade.

Na seqüência da atividade, os discentes conheceram a mídia independente, assistindo a vídeos alternativos distribuídos através do site do Centro de Mídia Independente (CMI). Esses conteúdos foram centro de debates, onde todos contribuíram com idéias que podem ser desenvolvidas para uma comunicação mais plural.

Os alunos mostraram-se cientes quanto às influências da mídia na sociedade, relacionando a midiatização com o consumo de produtos, o padrão de beleza, a falsa realidade das telenovelas, as estratégias dos oligopólios e a sensibilização.

Os problemas sociais do bairro Feitoria também foram foco das discussões. Idéias como a maior democratização da comunicação foram trabalhadas de forma a ajudar na solução das dificuldades apresentadas. Mídias como jornais comunitários, blogs na internet, palestras e a busca por informações em vários veículos foram algumas das sugestões dos estudantes para uma comunicação mais plural.

* Graduando em Publicidade e Propaganda na UNISINOS e membro do Grupo de Pesquisa CEPOS.

Fonte: Convergência Digital.

Ipea sugere novo marco regulatório e uso de fundo em banda larga

BRASÍLIA (Reuters) - Uma revisão imediata da regulação do setor de telefonia e o uso dos recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) são fundamentais para o sucesso do Plano Nacional de Banda Larga em preparação pelo governo federal, avalia o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

"Os governos devem liderar o caminho para a expansão da banda larga, visto que os países que a priorizaram como um serviço universal já estão colhendo resultados altamente positivos", de acordo com o Ipea.

Em análise divulgada nesta segunda-feira sobre políticas públicas de massificação de Internet rápida, o Ipea afirmou que "o arcabouço jurídico-regulatório desenhado no final da década de 1990 está enfrentando a prova do tempo". "É preciso discutir uma reforma para que a regulação contemple de modo mais moderno o fenômeno da convergência tecnológica", afirmou o Ipea.

A Lei Geral de Telecomunicações, de 1997, privilegiou a telefonia fixa, já superada pelo serviço móvel. Naquela ocasião, lembrou o Ipea, a Internet foi considerada "um mero serviço de valor adicionado".

O instituto ligado ao Ministério do Planejamento recomenda, ainda, que o governo use os "vultosos recursos do Fust", que é recolhido pelas operadoras mas vem sendo utilizado como fonte de superávit primário. "Essa situação freou o ímpeto para que o fundo fosse efetivamente utilizado", disse o Ipea.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está trabalhando num Plano Nacional de Banda Larga para universalizar a Internet rápida no país. O anúncio do projeto, contudo, vem sendo adiado há algum tempo.

Uma das possibilidades em estudo é a reativação da estatal Telebrás, que poderia ser o braço público no plano.

Executivos do setor de telefonia têm se posicionado contra a reativação da Telebrás, afirmando que a iniciativa privada tem condição de liderar o plano de banda larga e que a competição em base desigual desestimularia investimentos.

Fonte: Reuters Brasil

Uma Rosa com Amor: a melhor novela do SBT nos últimos 10 anos

Por Valério Cruz Brittos e Andres Kalikoske*

O mercado brasileiro de televisão, com seu diversificado número de programadores, apresenta uma miscelânea de padrões tecno-estéticos que são regidos pelo hegemônico (Globo), mas que também se configuram como anacrônicos, emergentes, periféricos e alternativos. Ainda que demais taxonomias possam ser tencionadas, inegavelmente o canal de Silvio Santos encontra-se na faixa dos anacrônicos. Como produtor de conteúdos, é clara sua opção por artistas remanescentes, especialmente dos anos 90 do século 20. Quanto aos formatos de produção, são regidos pelo que funciona em países latino-americanos, com raros avanços em renovação e experimentação.

Com a ascensão da Record desde 2004, o SBT migrou da vice-liderança para oscilar entre o segundo e o terceiro lugares, causando um mal-estar interno nunca antes visto. Em sinal de alerta, voltou a produzir novelas brasileiras, de forma que, embora títulos como Revelação e Vende-se um Véu de Noiva não se tenham mostrado completamente eficientes (com índices de audiência abaixo do esperado por seus executivos), representam um ganho de know how sempre necessário.

Deslizes e riscos diminuídos

Nesta fase de reposicionamento, a corriqueira instabilidade na programação, com mudanças bruscas e sem aviso prévio nos horários dos programas, já não faz parte da realidade da emissora. No ramo da teledramaturgia, os recursos econômicos também estão sendo melhor empregados, através da contração de novelistas experientes e enredos interessantes. Descontinuar o núcleo de teledramaturgia reativado por Íris Abravanel em 2008, por exemplo, não está nos planos, pois há o reconhecimento do papel da telenovela na composição da grade de programação, operante como produto de entretenimento fundamental. Isso mostra que desacertos do passado, por vezes frustrantes aos telespectadores e ao mercado publicitário, devem ser evitados a todo custo.

Não obstante o padrão hegemônico da Globo lidere a preferência dos telespectadores – alfabetizados pela gramática televisiva da emissora desde os anos 60 –, este amadurecimento do SBT pode ser visto de segunda a sábado, às 20h15, em Uma Rosa com Amor. De longe, é o melhor produto que a emissora de Silvio Santos realizou nos últimos 10 anos. Trata-se de uma adaptação da obra de Vicente Sesso, exibida com enorme sucesso nos anos 70, pela própria Globo. No entanto, desta vez, deslizes e riscos foram diminuídos: seu horário de veiculação é estratégico, uma vez que as principais emissoras estão apresentando telejornais, e a adaptação da história está sendo realizada pelos experimentados Tiago Santiago, Renata Dias Gomes e Miguel Paiva – os dois primeiros advindos da Record, e o último com larga trajetória em roteiros.

Problema de áudio foi solucionado

Outro ponto forte do produto são seus intérpretes, que nem de longe lembram os atores inexperientes (muitos oriundos do teatro), freqüentemente presentes nas produções que a emissora adaptava do México. No elenco, veteranos como Betty Faria (mal aproveitada na Globo, onde mantinha um contrato por obras), Jussara Freire, Edney Giovenazzi e Lúcia Alves dividem a cena com outros rostos também conhecidos.

A história conta com boas doses de comicidade. Como a espirituosa Serafina Rosa, Carla Marins volta à TV após um período de participações em especiais. Sua personagem é espontaneamente engraçada, sem beirar o humorismo barato. A heroína também não tem vocação para coitadinha: apesar de romântica, aceita se casar por dinheiro. Já Cláudio Lins defende muito bem seu personagem Claude Antoine, um francês radicado no Brasil. Na composição do papel, optou por utilizar um sotaque franco-brasileiro, o que representa um enorme risco, mas está sendo trabalhado com verossimilhança.

É cedo para dizer se Uma Rosa com Amor devolverá a vice-liderança do horário ao SBT. Em seu segundo mês no ar, a audiência não ultrapassou os oito pontos e se manteve distante da Record, a segunda colocada. Em rápida análise, este número é coerente e muito bom, frente aos percalços passados do SBT. Na corrida por melhores índices, a emissora encomendou uma pesquisa, que identificou a aversão dos telespectadores aos longos diálogos. Depois disso, chegou até mesmo a cogitar uma aceleração na edição da novela, que já conta com uma boa frente de capítulos gravados. Outro ponto positivo é que, desde sua estréia, o produto já apresentou melhorias: um problema de áudio, recorrente nos primeiros capítulos, foi solucionado. Antes disso, ecos e ruídos dificultavam o entendimento das falas dos personagens.

Roteiro sem novidades

Apesar da boa receita, o investimento de Silvio Santos em roteiros brasileiros deve ser analisado com cautela, uma vez que, seguindo normas contratuais com a Televisa, a emissora dispõe de diversos textos mexicanos para produção até 2012. Especula-se, inclusive, que o próximo título da casa já estaria em fase de pré-produção. Seria uma tradução do roteiro La Mentira, escrito nos anos 50 pela mexicana Caridad Bravo Adams, e pertencente a este acervo.

Se, por um lado, o SBT muito contou com scripts latino-americanos em sua teledramaturgia, por outro, parece que agora é a vez da Globo também incorporar esta peculiaridade transnacional em suas produções. O roteirista Daniel Ortiz, ex-funcionário da Televisa, acaba de assinar com a emissora carioca. Será um dos responsáveis pela nova novela do prime time da emissora, sem título definido, mas provisoriamente chamada de Passione. Silvio de Abreu, autor titular, o convidou pessoalmente. Sempre atuando como colaborador, Ortiz nunca esteve sozinho à frente de uma novela, mas acumula experiências no Chile, Peru e Inglaterra. Seu último trabalho obteve grande sucesso nos Emirados Árabes – mercado que, inclusive, a Globo deseja ganhar cada vez mais espaço, especialmente aproveitando a ótima aceitação de Caminho das Índias, recentemente exibida no país.

Por sua vez, a Televisa anunciou sua primeira co-produção com o canal pago Nickelodeon. Trata-se da teleficção adolescente Sueña Conmigo, um remake do decano e lacrimejante texto Papa Corazón, do argentino Abel Santa Cruz. A produtora Illusion Studios, realizadora de diversos programas para a Nickelodeon, também se integra ao projeto, cujas gravações devem ocorrer em Buenos Aires, com a finalidade de baratear custos. Escrito nos anos 70, o roteiro não deve apresentar novidades, sendo que, no próprio México, já ganhou diversas variantes. Chispita, também conhecida dos brasileiros, é sua versão mais clássica, já exibida e reprisada pelo SBT diversas vezes.

*Respecrtivamente: Professor titular no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos, coordenador do Grupo de Pesquisa CEPOS (apoiado pela Ford Fundation) e doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea pela FACOM - UFBA; e mestre e doutorando em Comunicação pela Unisinos.

Fonte: Observatorio da Imprensa


Um padrão de qualidade na televisão

Por Luciano Correia dos Santos*

A exemplo do mercado cinematográfico, que se transformou num produto internacional desde a primeira metade do século passado, a televisão também conseguiu criar um mercado mundial de programas. Para tanto, procedeu adaptando formatos a realidades específicas, exportando diretamente os próprios programas ou vendendo os formatos sob a forma de copyright. Os Estados Unidos adotam as mesmas estratégias usadas na comercialização dos seus filmes e mantêm um papel de protagonista para vender produtos cujos custos já foram amortizados internamente. A partir desta etapa, representa uma mais-valia cada vez mais importante no faturamento das empresas. O caso da holandesa Endemol, uma produtora especializada em reality shows que exporta seus programas para 23 países, serve de exemplo à globalização do mercado e à expansão de um lucrativo mercado.
A Rede Globo adotou esses procedimentos com seu principal produto de exportação, as telenovelas, antes que se consolidassem como produto brasileiro apreciado em vários países. Vários autores classificam a história da televisão em fases, segundo diferentes critérios, a partir de um olhar sobre a programação, o desenvolvimento técnico, econômico ou outras formas. Considerando o contexto de cada classificação, é possível afirmar que cada uma delas atende aos objetivos previamente imaginados. No entanto, de maneira mais geral, e levando em conta a construção de uma gramática própria que a afastasse dos modos de fazer televisivos, adotados desde seus primórdios (basicamente influenciados pelo rádio, cinema e teatro, mas também fortemente pela imprensa, sobretudo as revistas), é possível dizer que uma primeira fase vai de 1950 até princípios dos anos 1960, com a introdução do videoteipe.

Esta primeira fase é caracterizada pelas transmissões ao vivo, onde toda a programação era apresentada dos estúdios, inclusive os intervalos comerciais, o que significava uma urgência em cada nova cena exibida, pois isto significava mudança de ambiente, posicionamento de câmeras, iluminação e mobilização de pessoal técnico e artístico. Tais variações ocorriam tanto na passagem dos programas para os comerciais, como dentro dos próprios programas, a exemplo uma novela, quando a trama exigia mudança de ambiente. A urgência do ao vivo possibilitou o aprimoramento do trabalho de contrarregra, já existente nas apresentações das radionovelas, cuja ambientação exigia toda uma composição sonora de efeitos de chuva, trovões, carros, motores, passos, tiros etc. Na televisão, o serviço do contrarregra acrescenta o plano visual, com efeitos de fogo, fumaça, luzes, cenários, noite, dia, dentre outros.

Se a prática e o tempo foram conferindo agilidade na apresentação da programação, as limitações sempre restringiam a possibilidade de muitas variações, à maneira do teatro. A rigor, pode-se dizer que as transmissões televisivas até então não iam muito além de um teatro filmado, ou do rádio filmado. Essas imagens evocam a forte influência dos meios rádio e teatro, convergindo para um terceiro meio de grande penetração massiva naquele momento, que era o cinema.

O VT deslancha, assim, novas narrativas, que, no caso brasileiro, coincidem com as tentativas de criar uma televisão que se permitisse chamar de brasileira. Não bastasse este salto, abre um novo mundo para ser explorado economicamente, com a possibilidade de distribuição dos programas gravados, que, ao mesmo tempo introduz elementos definidores do futuro modelo de negócio: a) o barateamento dos custos da programação, com a venda dos programas para canais de outros estados (a medida vale para novelas, programas de auditório, humorísticos e shows musicais); b) o preenchimento da programação dos canais com programas gravados, tornando as exibições ao vivo menos problemáticas: c) a ligação de algumas capitais (primeiramente Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife) pela exibição de programas comuns, sinalizando então para a ideia de rede que viria a se concretizar em 1969.

A tecnologia desempenha um papel fundamental na conformação e evolução dos mercados, o que se aplica aos diversos setores midiáticos e, em específico, à televisão. O videoteipe traz, então, um aprimoramento da programação na direção do que um dia a Rede Globo vai denominar de Padrão Globo de Qualidade, embora seja um conceito interno, autorreferente, cujo enunciado embute, já na enunciação, o propósito de estabelecer uma diferença estética por ações concretas e pela abstração conduzida pelo seu marketing.

A TV Excelsior paulista viria a promover, bem antes, as mais ousadas investidas em busca de modernas gramáticas televisivas, dentre elas a nacionalização das telenovelas e a destinação do horário nobre a programas produzidos por ela. A história da Excelsior, entretanto, só durou uma década: inaugurada em 1960, teve sua concessão cassada em 1970 pelo regime militar.
Independente de ter seus enunciados reconhecidos formalmente pela própria Globo e demais canais, seu padrão tecno-estético passou a ser perseguido como a estratégia mais acertada de conquistar públicos fiéis. A questão que se põe, no momento, é se o paradigma instalado pela empresa líder do oligopólio segue sendo hegemônico, funcionando, portanto, como referência e barreiras para as demais competidoras, ou se, ao contrário, a própria dinâmica do mercado televisivo pode abrir brechas para novas acomodações nas posições de liderança. A fase da digitalização, marcada, dentre outros aspectos, pela multiplicidade da oferta, abre fortes perspectivas de novos arranjos. Resta aguardar os próximos capítulos.

* Luciano Correia dos Santos é jornalista, professor da Universidade Federal de Sergipe e doutorando em Ciências da Comunicação na Unisinos.

Fonte: Revista IHU Online

Em carta, Paulo Markun admite deixar a presidência da TV Cultura

O jornalista Paulo Markun, atual presidente da Fundação Padre Anchieta, conversou com os funcionários da instituição nesta segunda-feira (26/04) e, em carta, admitiu deixar o cargo. Ele afirmou que a candidatura do secretário da Cultura de São Paulo, João Sayad, à presidência da TV Cultura foi algo inesperado. O jornalista tinha preparado um plano de ação para os próximos três anos, mas preferiu não comentar o assunto com a imprensa. Markun recusou a cadeira da Presidência do Conselho Curador da instituição e enfatizou que voltará a se dedicar ao jornalismo com satisfação.

“Informei que retornaria com alegria ao universo profissional a que sempre pertenci”, escreveu na carta.

O presidente da FPA disse que conversou, cordialmente, com Sayad e que o secretário não pretende fazer mudanças radicais no trabalho que está sendo desenvolvido na instituição.

O jornalista agradeceu o trabalho dos funcionários da instituição e listou alguns motivos para comemorar. Entre eles, uma parceria firmada entre a FPA e o governo do Estado; o pagamento de todas as dívidas; multiprogramação com três canais; aumento das produções independentes; prêmio APCA e inovação na rádio Cultura Brasil, com a criação de um portal de música brasileira; aumento da audiência da rádio Cultura FM; reformulação do Jornal da Cultura; crescimento na audiência dos portais da TV Cultura; parcerias com emissoras nacionais e estrangeiras, entre outros.

“Creio que no reino deste mundo, cabe agora a vocês, que há 43 anos trabalham para erguer (e melhorar) a Fundação Padre Anchieta, uma bela tarefa, digna da grandeza dos homens”, concluiu.

Fonte: Comunique-se

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Laboratório secreto da Otan avalia futura guerra cibernética

Os principais especialistas em informática tentam prever a evolução dos conflitos em um mundo cada vez mais dependente da internet, em um laboratório ultrasecreto da Otan em Tallin, capital da Estônia.

Apesar de descartarem os cenários de um desastre planetário, os analistas advertem que os ciberataques estarão no centro de um conflito bélico no futuro.

Esta célula muito sofisticada, chamada na Otan de Centro de Excelência para a Cooperação em Ciberdefesa (CCDCOE, Cooperative Cyber Defence Centre of Excellence), tem sede em Tallin, capital da Estônia, país chamado agora de "E-Stonia" pelo avanço nas tecnologias de internet.

"Fomos mais longe no ciberespaço que a ficção científica imaginou", declarou Ilmar Tamm, coronel estoniano e diretor da célula.

O laboratório fica em um imóvel de 1905, onde trabalham analistas militares em comunicações desde os tempos do telégrafo e dos pombos-correios.

Os especialistas prevêem um "quinto campo de batalha" contra um adversário potencial, depois da terra, mar, ar e espaço.

"A complexidade e a multiplicidade de domínios tornam um problema difícil de resolver, mas oferecem uma zona cinza ideal para indíviduos mal-intencionados", explica o coronel Tamm.

"Muitos Estados entenderam que isto pode ser uma arma. Não podemos ignorá-lo nem ser negligentes sobre o futuro impacto", completa.

"Não sou ingênuo o suficiente para pensar que as armas convencionais vão desaparecer algum dia, mas podemos imaginar uma sinergia", comenta.

A Estônia, membro da Otan desde 2004, teve uma experiência amarga em 2007. O pequeno país báltico de 1,3 milhão de habitantes, um dos mais informatizados do mundo, foi objeto de ciberataques em massa, o que paralisou por vários dias os sites do governo e das empresas.

"Evidentemente era o começo de uma nova era", afirmou à AFP o ministro estoniano da Defesa, Jaak Aaviksoo.

"Os ataques tinham todas as características de um crime virtual que, no fim, ameaçou a segurança nacional. Era uma mudança qualitativa que provocou um choque em muitos".

Os ataques aconteceram depois da retirada de Tallin de um monumento controverso em homenagem ao Exército Vermelho, construído após a Segunda Guerra Mundial.

Moscou, com quem a Estônia, desde que voltou à independência em 1991, tem relações tensas, não escondeu o mal-estar.

Tallin afirmou que os ciberataques vieram de computadores oficiais russos, o que Moscou negou de maneira veemente.

Um exemplo mais recente, destacou Aaviksoo, foi o ataque ataque de hackers contra portais georgianos, em 2008, no momento do conflito armado entre Geórgia e Rússia.

"A cibersegurança, a ciberdefesa e o ciberataque existem, é um fato", constatou o ministro estoniano.

Recentemente, investigadores canadenses afirmaram que uma rede virtual com sede na China roubou segredos militares indianos, invadiram endereços do Dalai Lama e atacaram computarores ao redor do mundo.

Uma equipe da Universidade de Toronto seguiu os ataques, procedentes segundo os investigadores de computadores de Chengdu, na China, mas não conseguiu identificar os culpados.

Pequim rejeitou a acusação. Chengdu abriga unidades de comunicações de inteligência militar chinesas.

Fonte: Portal Terra

Quem manda na internet?

Quem manda na rede? As empresas de telefonia e cabo oferecem conexões pagas à internet. Os produtores de conteúdo, como Google ou Yahoo, contribuem com a informação, financiando-se com a venda de publicidade. Os usuários pagam pelo acesso à rede e com suas visitas geram tráfego, aumentando as receitas publicitárias. Nessa cadeia de serviços, quem administra o tráfego online? Quem tem o direito de dar mais ou menos velocidade às conexões? De quem é a internet?

A reportagem é de David Alandete, publicada pelo jornal El País e reproduzida pelo portal UOL, 25/04/2010.

Por enquanto, os que podem administrar fisicamente a rede são os provedores de internet. Na Espanha, são empresas como a Telefónica, que oferecem conexões e cobram por elas. Com a generalização da rede, esses provedores denunciam que lhes é negada uma oportunidade de negócio: os usuários usam a internet como desejam, os provedores de conteúdo enriquecem às suas custas, e apesar disso suas receitas se mantêm fixas.

Esse incômodo foi manifestado pelo presidente da Telefónica, César Alierta, em fevereiro passado. "É evidente que as máquinas de busca na internet utilizam nossa rede sem pagar nada, o que é uma sorte para eles e uma infelicidade para nós. Mas também é evidente que isto não pode continuar. As redes são implantadas por nós; os sistemas são feitos por nós; o serviço pós-venda é feito por nós. Isto vai mudar, estou convencido", ele disse.

O governo da França lançou uma pesquisa popular para saber a opinião dos cidadãos a respeito, e Bruxelas espera debater um modelo para a Europa antes do verão.

Alierta representa os interesses dos provedores de conexão, que não só pedem que se cobre das empresas de conteúdo, como também reclamam a capacidade de administrar suas redes, mesmo que isso represente certa discriminação contra alguns usuários. Já existe um pronunciamento judicial sobre o assunto nos EUA. Em 6 de abril um tribunal decidiu que o governo não tem o direito de obrigar as empresas de telefonia e cabo a serem neutras no tratamento dado a seus clientes. Isto é, um provedor (como a Telefónica ou, nos EUA, a Comcast) tem o direito de discriminar um usuário que utilize programas que ocupem muita largura de banda.

A Comcast, maior operadora de cabo dos EUA, começou em 2007 a desacelerar o tráfego de usuários que executam frequentemente programas de troca de arquivos P2P. Um deles, Raam Dev, de 28 anos, fez um teste com sua conexão. Era cliente da Comcast havia quatro anos. Começou a utilizar o programa de troca de arquivos BitTorrent e notou uma grande lentidão. Decidiu usar um programa para medir a velocidade dos downloads. Passaram 18.878 para 4.500 Kbps (kilobits por segundo), depois de baixar um arquivo legal através de um torrent (um programa de acesso a páginas de download).

"Repeti a experiência meia dúzia de vezes", ele explica. "Em cada ocasião minha conexão desacelerou de forma considerável, depois de passar 4 ou 5 minutos descarregando um torrent, e depois voltava à normalidade depois de 20 ou 25 minutos". Há anos ele deixou de ser cliente da Comcast, mas continua indignado por essa política. "É como se a companhia telefônica distorcesse as ligações quando seus clientes falam de assuntos de que a firma não gosta. É absurdo."

É a mesma opinião da agência do governo americano que regulamenta as comunicações, a Federal Communications Commission (FCC), que em 2008 advertiu verbalmente a Comcast por desacelerar conforme o tipo de tráfego. O então presidente da comissão, Kevin Martin, disse: "Alguém gostaria que o serviço de correio abrisse sua correspondência e decidisse que não quer ter o incômodo de entregá-la, devolvendo-a ao remetente com a desculpa de que não encontrou o destinatário?"

A Comcast se justificou dizendo que essas medidas correspondiam a uma mera "gestão da rede". "A grande maioria dos 9 bilhões de protocolos de controle de transmissão de redes P2P que ocorrem na rede da Comcast não são afetados por essa medida", explicou Sena Fitzmaurice, porta-voz da firma. "Só entre 6% e 7% de nossos clientes utilizam P2P semanalmente."

Ao longo dos anos, criaram-se dois campos na batalha pela neutralidade na internet. De um lado, as empresas provedoras de conteúdo online como Google, Amazon ou Skype, apoiadas pelo governo Obama. Por outro, a Comcast e outros grandes provedores, como Verizon ou AT&T, que consideram que a infraestrutura é sua e podem fazer o que quiserem.

Até os pais fundadores da internet se manifestaram, enviando em outubro uma carta aberta à FCC. "Acreditamos que as propostas de neutralidade na rede de não discriminação e transparência são componentes imprescindíveis de uma agenda de políticas públicas centrada na inovação de que este país precisa", disseram, entre outros, o vice-presidente da Google, Vint Cerf.

Durante meses a batalha parecia favorecer um lado. A neutralidade na rede se impunha. A tal ponto que em 22 de outubro passado a FCC apresentou seus princípios para conseguir a neutralidade total na internet. Entre suas propostas mais inovadoras, destacam-se três: que os provedores de internet não possam impedir que os usuários compartilhem informação legal na rede; que respeitem a livre concorrência entre provedores de conteúdo, sem favorecer uns ou outros, e que informem ao governo e a seus clientes como administram suas redes.

Obama disse, dias depois, que não poderia estar mais de acordo. "Esse é o papel do governo: investir para incentivar a inovação e impor normas de senso comum que assegurem que existe um campo de jogo nivelado."

A ascensão da neutralidade parecia inevitável, até que no último dia 6 um juiz de Washington sentenciou que o governo não tem o direito de ditar aos provedores de banda larga como devem administrar suas redes, e que a FCC havia se excedido em sua competência. Há um motivo principal para isso: segundo a lei de telecomunicações de 1996, a internet é um serviço de informação, e não de telecomunicações. A FCC só pode regulamentar serviços de telecomunicações (telefonia, emissão de rádio, satélite, cabo coaxial).

As firmas telefônicas e de cabo se felicitaram por essa vitória jurídica. Nem o governo nem a FCC reagiram ainda. Os líderes democratas no Congresso, sim. E anunciaram que tentarão reclassificar a internet e colocá-la na categoria da telefonia. Entre eles, o senador John F. Kerry, de Massachusetts: "A FCC deve ter autoridade legal sobre isso, e uma mudança semelhante seria coerente com a história das telecomunicações nos EUA".

"Pelo contrário", opina o pesquisador associado da faculdade de direito da Universidade de Stanford Larry Downes. "Se o governo ganhar a capacidade de regulamentar a internet, poderá impor tarifas e preços, lastreando o mercado. Esse tipo de regulamentação se aplicava no século passado, quando havia um monopólio legal na telefonia, algo que sucedeu até 1984. Além disso, implica que os governos estatais e locais também podem cobrar impostos e tarifas, fazendo que os serviços encareçam."

"Se uma coisa está funcionando, por que modificá-la?", explica Downes. "Apesar desses casos isolados, a internet funciona de forma imparcial. De nossas conexões, podemos ter acesso a qualquer site do mundo, desde que não haja censura. É anacrônico que o governo federal queira erigir-se como um policial da rede, tentando solucionar um problema antes que ele exista."

Por motivos comerciais, os provedores têm a mesma opinião. Em fevereiro, duas das grandes operadoras, AT&T e Verizon, redigiram uma carta aberta na qual diziam que reclassificar os serviços de internet seria uma medida "extremista". "Essa drástica mudança na normativa seria insustentável legalmente e no mínimo afundaria a indústria em anos de litígios e caos regulatório". Foi um aviso.

O caso da Comcast, no entanto, é isolado. Esse tipo de desaceleração ou bloqueio das conexões só ocorreu com outra empresa, a Madison River Communications, em 2005. "O risco de que uma companhia desacelere o tráfego de seus usuários está sendo exagerado", opina Robert Litan, economista e advogado do Instituto Brookings, em Washington. "O mercado de internet nos EUA é muito competitivo. As empresas oferecem serviços cada vez melhores por preços cada vez mais módicos. Só pela má publicidade que isso representa, é pouco provável que a Comcast volte a adotar uma medida semelhante."

Então, esse é um debate meramente teórico? É algo que só vai definir como os cidadãos navegam pela rede? Os provedores de conexão e muitos analistas opinam que não, e apontam para um setor específico que abriu o debate e se beneficiará de uma normativa como a proposta por Obama: as firmas que oferecem conteúdo, como Google, Microsoft, Yahoo ou Amazon. Pode ser que esse apoio angélico à neutralidade, à liberdade, à transparência na internet esconda interesses comerciais, dizem.

"As empresas que criam aplicativos, como Google, Amazon ou Ebay, são as grandes beneficiárias da neutralidade", explica Downes, de Stanford. "Com essas iniciativas, se garantem de forma preventiva que ganharão dos provedores de conexão. Na realidade, funcionam como um hobby: forçam um tipo de legislação para se beneficiar dela. Mas a verdade é que o controle governamental da rede só prejudicaria a competitividade no mercado. Que interesse terão as empresas de cabo e telefonia em melhorar as infraestruturas se não puderem obter um benefício adicional por isso?" Isto é, se Google e outras pagarem para usar a rede, a Comcast e a Telefónica terão mais incentivos para melhorar suas infraestruturas, beneficiando finalmente o usuário.

As organizações de cidadãos que defendem a imposição da neutralidade o fazem citando outras possíveis consequências. "Entendemos que as empresas querem fazer dinheiro", explica Liz Rose, porta-voz da Free Press, que processou a Comcast em 2007 pelo caso que agora foi decidido em Washington. "O que queremos é que os consumidores tenham direitos. Nenhuma empresa telefônica ou de cabo deveria censurar o que os internautas comunicam a seus amigos. Segundo estão as coisas hoje, podem fazê-lo. A Comcast não deveria poder censurar crenças políticas na rede, e o é. Não deveria poder espionar as comunicações de seus usuários e vender a informação para empresas publicitárias."

A menção à publicidade não é casual. E pode ser que eventualmente o debate da neutralidade na rede se concentre nas receitas de publicidade. A Comcast está em uma posição comprometida. Em dezembro, a General Electric anunciou sua intenção de lhe vender parte do conglomerado multimídia NBC. Isso significa que a maior operadora de cabo dos EUA também terá uma grande plataforma de conteúdos, que inclui redes de televisão como NBC, Bravo ou SyFy.

Com isto, se a Comcast decidir priorizar um tráfego em suas redes sobre outro, e se tiver o direito de fazê-lo, quem a impedirá de fazer que o conteúdo de seus canais e seus sites seja carregado mais rapidamente que os da concorrência, assim obtendo mais receitas de publicidade?

Nesse delicado equilíbrio que é a arquitetura comercial da rede, o conceito de neutralidade é tão complexo quanto mutável. Diz servir ao cidadão, mas não é um assunto exclusivamente de liberdades civis. Baseia-se em interesses econômicos subjacentes. Em meio à polêmica, os EUA poderão se tornar um exemplo de intervenção governamental, coisa que não ocorre com muita frequência.

Fonte: IHU - Instituto Humanitas Unisinos

Em reportagem, Record acusa O Globo de "preconceito religioso"

A Rede Record exibiu neste domingo (25/04) uma reportagem em que critica o tratamento dado pelo O Globo a um evento religioso da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). O Dia D, como é chamada a festa, reuniu mais de oito milhões de pessoas em todo o Brasil. O evento foi retratado pelo jornal carioca como um "caos" para o Rio de Janeiro.

A reportagem da Record questionou o destaque negativo dado ao encontro religioso na manchete “Caos no Rio de novo surpreende autoridades”. “A foto ocupava meia página e não mostrava o evento, só ônibus estacionados. E comparava uma festa religiosa com a tragédia que provocou a morte de mais de 250 pessoas no começo desse mês”, critica a emissora.

Na página interna, o jornal fez um trocadilho com o nome da igreja. ”Caos universal e autorizado”. De acordo um cientista político entrevistado pela Record, a crítica do jornal à Iurd foi clara.

No dia seguinte, O Globo publicou outra matéria sobre o evento. “Inquérito apura responsável por caos durante megaculto”, com algumas fotos de montanhas de lixo deixadas pelos fiéis. “O jornal não mostra que voluntários do evento recolheram o lixo”, rebateu a Record, que ainda acusa o veículo de ter “manipulado a imagem”.

A emissora ainda acusa O Globo de ter ridicularizado a festa. “Uma frase em destaque zombava: O evento era da igreja, mas a visão era do inferno”. Algumas frases como essas partiram dos leitores e entrevistados pelo veículo.

Para finalizar a reportagem, a Record disse que o jornal não deu espaço para os fiéis ou organizadores do evento. “Outro detalhe revela o preconceito: os fiéis e os organizadores do evento não aparecem nas páginas do O Globo, o jornal não quis ouvi-los”, afirmou.

A emissora questionou e comparou o tratamento dado, por um jornal do grupo Infoglobo, a um evento católico ocorrido em São Paulo há dois. “Mas por que o tratamento não foi igual na cerimônia da enseada de Botafogo? Qual a explicação para tanto preconceito religioso?”, questiona a emissora.

Na última semana, o bispo da Universal, Clodomir Santos, já havia respondido ao jornal, afirmando que o tratamento dado ao evento era "uma maldade” e “falta de respeito", ao comparar a festa ao caos das chuvas no Rio.

Fonte: Comunique-se

sábado, 24 de abril de 2010

Bicentenários na América Latina: meios de comunicação e as novas lutas de independência

Por Gislene Moreira*
O ano de 2010 marca o início das comemorações dos bicentenários da independência na América Latina. Venezuela foi o primeiro a celebrar, em 19 de abril, os duzentos anos de ruptura dos laços coloniais. Em maio é a vez da Argentina e as celebrações se prolongarão por todo o continente pelos próximos 20 anos. Um largo período de festividades que retratam um prolongado e indefinido processo de lutas emancipatórias que não se esgotaram no passado.

Mais contemporânea, a defesa da democratização dos meios de comunicação se anuncia como a nova batalha da independência dos povos latino-americanos das amarras das antigas elites dominantes.

Se no período colonial, a manipulação e o controle, se faziam pela cruz e pela espada, agora se refletem no domínio político e econômico de uma elite sobre as Indústrias Culturais. Um processo que foi intensificado com as políticas neoliberais de privatização do setor, cujo resultado é uma concentração mediática em que os quatro principais grupos de comunicação latino-americanos (Globo no Brasil, Clarín na Argentina, Cisneros na Venezuela e Televisa no México) controlam mais de 60% do mercado regional de audiências.

Mas as respostas a esse cenário já apontam a possibilidades de novas configurações. Dos pioneiros, Venezuela e Argentina, surgem alguns dos principais embates da “descolonização midiática”.

Em 14 de abril desse ano, 50 mil pessoas, entre militantes e ativistas do direito à comunicação, profissionais da imprensa, políticos e cidadãos comuns, tomaram as ruas de Buenos Aires para defender a Lei de Comunicação e Serviços Audiovisuais. Aprovada pelo senado em outubro do ano passado, a lei 26.522/09 está paralisada por duas liminares judiciais. A pressão é para que a Suprema Corte de Justiça intervenha de maneira favorável à nova legislação.

Construída com base nas propostas da sociedade civil organizada na Coalizão para uma Nova Lei de Meios, o novo marco rompe com a herança regulatória da ditadura no país e quebra o quase monopólio midiático de o Clarín, detentor da maior concentração nacional.

As lutas pela independência do controle corporativo da comunicação extrapolaram as batalhas econômicas e políticas, para invadir as ruas e os tribunais argentinos. No centro do debate estão os anseios por ampliar as fronteiras da democracia em dois setores ainda bastante blindados: a mídia e o judiciário.

Na mesma semana da marcha argentina, a sede da televisora comunitária de Cátia TV, na periferia de Caracas foi palco do “Encontro Internacional da Comunicação Popular na Batalha Anti-imperialista”. O evento reuniu emissoras comunitárias de todo o continente na tentativa de organizar um movimento regional para enfrentamento dos grupos econômicos midiáticos.

Assim como para os argentinos, o desafio desse grupo é grande. Associados historicamente com a construção de alternativas progressistas de comunicação, esses atores agora se situam no meio do fogo cruzado entre as trincheiras do modelo privado de dominação comunicativa e o controle informativo estatal.

Nesse cenário, os meios comunitários passam por um momento de redefinição importante. Frente ao poder ostensivo do capital, as alianças com os governos são condição essencial para qualquer perspectiva de alteração das estruturas midiáticas. Do outro lado, as chamadas “novas esquerdas” muito cedo descobriram que sem a legitimação de uma sociedade civil não conseguem as condições necessárias nas regras democráticas para enfrentar a oposição mediática a seus governos. Desses novos acordos em construção, surgem as possibilidades de enfrentamento e libertação da colonização midiática.

A questão é que nesses vínculos está presente o eterno risco que atormentou os antigos processos de independência: mudar para continuar o mesmo. Na maioria das antigas colônias, o processo de libertação das metrópoles não significou mudanças na exploração e domínio da maioria da população. Na prática, os “libertadores nacionais” se armaram dos mesmos chicotes que mantiveram a exclusão de indígenas, negros, mulheres e trabalhadores, e que se perpetuam ainda hoje.

Para uma independência autêntica, o que se exige cada vez mais é um urgente retorno aos antigos princípios por um fazer comunicação plural, inclusiva e democrática. Essa é a bandeira a ser continuamente empunhada nesse campo de batalha que está apenas começando.

Nessa nova conjuntura, o Brasil será um dos últimos a celebrar o bicentenário da independência, pois só participa das festas em 2022. E se depender do nosso histórico “Grito do Ipiranga”, as lutas por uma comunicação mais livre e democrática no país vão exigir atenção, cuidado e perseverança ainda mais redobrados.

* Doutoranda em Ciência Política pela FLACSO-México e membro do Grupo de Pesquisa CEPOS (apoiado pela Ford Foundation), E-mail: gislene.moreira@flacso.edu.mx.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Reality shows: extravasando a violência. Entrevista especial com Alex Primo

Os reality shows são líderes de audiência no mundo todo, principalmente no Brasil. Nesta última edição, a interação durante as chamadas provas de resistência evidenciaram uma violência reprimida por parte dos telespectadores que aprovavam que os participantes passassem por situações ruins e constrangedoras. Sobre este tema, a IHU On-Line entrevistou, por telefone, o professor Alex Primo que falou desse tipo de intervenção do público durante demonstrações de fraqueza em cadeia nacional e ideias como a de multidão solitária.

“Existem pelo menos dois lados. Um de extravasar energia em programas de violência na televisão, já que precisamos reprimir a violência. Apesar de sermos animais, precisamos engolir esses instintos mais violentos. Por outro lado, é como se as pessoas quisessem punir os candidatos do Big Brother que podem ganhar um grande prêmio, simplesmente vivendo naquela casa”, disse ele.

Alex Primo é mestre em Jornalismo pela Ball State University (EUA) e doutor em Informática na Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde, atualmente, é professor. É autor de Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura, cognição (Porto Alegre: Sulina, 2007) e do blog Dossiê Alex Primo.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Tudo o que se passa num reality show de grande repercussão tem espaço na mídia. E, nesse sentido, as cenas de tortura psicológica, principalmente aquelas que podem sofrer intervenção do público, são muito comentadas. Porque se tem tanto prazer em assistir e participar desse tipo de interação?

Alex Primo – É muito confortável a pessoa estar sentada no sofá da sua casa, assistindo à televisão, depois de um dia difícil. Ali, ela quer descarregar suas energias. Talvez, por isso que as pessoas também gostem tanto de filmes de ação, de guerra e policiais. É uma maneira de extravasar confortavelmente. As pessoas que assistem aos candidatos em um reality show, que tem um prêmio muito alto, e que podem ganhar esse prêmio não fazendo “nada”, querem puni-los. Elas pensam que, se elas têm que trabalhar duro para conseguir um salário regular, como esses candidatos podem conseguir 1,5 milhão de reais, ficando simplesmente alguns meses em uma casa, como no Big Brother? Existem pelo menos dois lados. Um de extravasar energia em programas de violência na televisão, já que precisamos reprimir a violência. Apesar de sermos animais, precisamos engolir esses instintos mais violentos. Por outro lado, é como se as pessoas quisessem punir os candidatos do reality show que podem ganhar um grande prêmio, simplesmente vivendo naquela casa.

IHU On-Line – Esse gosto por assistir à fraqueza em cadeia nacional diz o que sobre a sociedade atual?


Alex Primo – Realmente, mostra esta violência reprimida que existe entre todos nós. O mundo é violento, e, enquanto isso, às vezes, sentimos vontade de matar alguém no trânsito, de agredir alguém que foi antipático, mas não podemos fazer isso por uma série de fundamentos sociais e religiosos. Esse lado animalesco é reprimido, e parece que a única maneira bem aceita é a pessoa conseguir dar vazão a isso, através dos programas e jogos violentos. Estas são formas pacíficas de extravasar a violência.

IHU On-Line – Os reality show funcionam como uma espécie de catarse, já que, teoricamente, não podemos realizar um ato como esse, mas vemos isso projetado na TV?

Alex Primo – Acho que sim. Esses reality shows objetivam mostrar algo que seria real e autêntico. As nossas vidas cotidianas e, potencialmente, sem graça, estão na tela da TV em horário nobre. O que as pessoas se enganam é que exista essa autenticidade ali. Aquilo é um programa de televisão, que tem anunciantes, que precisa levantar um alto rendimento de seus custos, para depois dizer que é mais barato que uma novela, por exemplo. Por causa disso, ele é agendado, tem um script, ainda que os próprios candidatos não o conheçam especificamente. A própria edição do programa favorece algum candidato e não outro. Essa realidade que as pessoas pensam, não está necessariamente ali, até porque os candidatos sabem que estão concorrendo a um prêmio e estão sendo avaliados pelo público. Realmente é uma catarse, uma prova disso que este foi o décimo ano do Big Brother Brasil, e o programa continua tendo sucesso. Ele movimentou a audiência, e a grande mídia que cobriu tudo. As pessoas também querem celebrar junto, é uma maneira delas se unirem, estarem assistindo e conversando sobre o mesmo tema. O Twitter e os smartphones, hoje, permitem que as pessoas assistam a esse programa e discutam enquanto o programa está acontecendo.

IHU On-Line – Esse tipo de situação é algo que o público realmente quer ver ou é induzido a desejar assistir?

Alex Primo – Se perguntarmos para as empresas de mídia, elas irão dizer que é o público que pede isso. Se o programa é ruim, os problemas deveriam ser justificados pelo público que quer assistir a isso, que define colocar o canal em uma determinada emissora e não trocar. Não concordaria com isso porque outros canais também têm reality shows, e talvez não tenham a mesma popularidade. A Rede Globo continua tendo a televisão massiva mais importante, ainda mais pela imposição. Se você quer ver TV à noite, não se passam mais filmes, não se tem mais programas cômicos. É só Big Brother que passa todas as noites. Não podemos também achar que é só esse lado, o outro também é verdadeiro. Como eu comentava antes, as pessoas querem ver seus semelhantes na televisão. Claro que é bom ver ficção, personagens irreais, que nos façam esquecer essa vida dura, mas também é bom ver pessoas que pareçam como nós.

IHU On-Line – De que forma o conceito de multidão solitária pode nos ajudar a compreender o comportamento do telespectador, que faz seus julgamentos e vota, e isso ganha um status de coletividade quando ele faz isso sozinho?

Alex Primo – Realmente, há uma sensação de que a pessoa está participando, de que seu voto é escutado, e que ela pode estar definindo o andamento daquele programa. Isso também pode ser, em certos aspectos, ilusório, à medida que muitas dessas edições que fazem um relato dos personagens no programa são tendenciosas. E não podem deixar de ser, tendo em vista o caráter comercial do programa, que visa ao lucro e quer ter audiência e entreter. Se há algum personagem que não está funcionando dentro da expectativa daquele horário, a edição sobre aquele personagem que é mostrado é tendenciosa, e é a própria emissora que decide isso. A pessoa acha que está definindo, mas os elementos que são dados para ela fazer esse julgamento já induzem ela a fazer aquele tipo de voto. De fato, há uma percepção mais clara, mesmo que seja ilusória de que eu estou participando junto de outras pessoas. Infelizmente, é isso que é entendido como interatividade, só que ali as pessoas já estão dadas. As opções são mínimas e não há possibilidade de uma reflexão.

Fonte: IHU - Instituto Humanitas Unisinos

DEM tenta novamente excluir política de cotas do PL 29

A exemplo da posição adotada sem sucesso durante a votação do PL 29/07 na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, os Democratas tentam novamente excluir o capítulo sobre a política de cotas de produção nacional na votação da matéria na Comissão de Constituição e Justiça. A proposta é tema de voto em separado apresentado pelo deputado Roberto Magalhães (DEM-PE) nesta semana e que será discutido na próxima terça-feira (27), quando a proposição volta à pauta da CCJ.

O deputado argumenta que a produção e programação de conteúdo bem como sua comunicação estão protegidas pela Constituição. “Legislar sobre restrição a estes direitos encontra óbices constitucionais que não podem ser olvidados, sob pena de se admitir uma grave ameaça ao Estado Democrático de Direito, a começar pela violação à liberdade dos órgãos de imprensa”, alerta.

Com esse entendimento, Magalhães propõe a supressão dos artigos 6, 17, 19, 20, 21, 22 e 23 do projeto e que tratam das cotas, definição de espaço qualificado para cálculo das cotas, conteúdo independente e fiscalização e regulação das cotas, que ficariam sob responsabilidade da Ancine. Segundo ele, essa agência, criada como um ente de fomento da produção de obras audiovisuais cinematográficas brasileiras, passaria a ter poder de regulação das atividades de produção e programação de conteúdos, além de concorrer com atividades já exercidas pela Anatel, situações não previstas no ordenamento constitucional vigente.

A ampliação das atividades da Ancine também é alvo do voto em separado ao PL 29/07, apresentado pelo deputado Paes Landim (PTB-PI). Ele alega que a produção, programação e empacotamento de obras audiovisuais podem ser objeto de incentivos e fomento, mas não de “regulação” no sentido absoluto e técnico do termo, uma vez que são atividades essencialmente ligadas ao direito de liberdade de expressão e de comunicação. Da mesma maneira, estas atividades não se subordinam a regimes de outorgas, concessões, permissões ou autorizações do poder público, sob pena de infringirem a novos dispositivos constitucionais. Landim também pede a supressão dos artigos que tratam da Ancine no PL 29/07.

Já o relator da proposição na CCJ, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) quer assegurar o carregamento obrigatório nos planos das TVs por assinatura dos canais religiosos. Além das quatro emendas saneadoras apresentadas no seu parecer, que tratam das adaptações de licenças ao novo Serviço de Acesso Condicionado, proposto no projeto.

O PL 29/07, que unifica as regras sobre TV por assinatura e permite a entrada das teles no setor, não pode sofrer alteração de mérito na CCJ, o que poderá dificultar a votação. Essa comissão pode apenas analisar questões de juridicidade e constitucionalidade da proposta. A expectativa do relator é de que a matéria seja votada no início de maio.

Fonte: Tele Síntese

A campanha Globo-Serra

A Globo rompeu a fina barreira entre a programação regular da emissora e aquela destinada ao “horário eleitoral gratuito”, invariavelmente anunciado com fado por apresentadores de telejornal.

Marcelo Salles

A campanha da TV Globo para o seu candidato do coração, José Serra, merece atenção especial ainda que já tenha sido retirada de circulação. Para quem não viu, um resumo: a pretexto de comemorar seus 45 anos de vida, um vídeo de trinta segundos reúne os principais “astros” da emissora que, com frases curtas, enviam uma mensagem na linha de “o Brasil pode mais”, slogan da campanha serrista, cuja legenda é a de número 45. “Muito mais vontade de querer ainda mais qualidade” e “é por você que a gente faz sempre mais”, dizem os “artistas” e “jornalistas” da empresa. Reparem a ênfase no “mais”, a que Serra tem se prendido para convencer os brasileiros de que é o “Pós-Lula”. No youtube: http://www.youtube.com/watch?v=qTf0SYnNMNk.

A Globo iniciou as transmissões, de fato, há 45 anos, no glorioso ano de 1965. Ou seja, apenas um ano depois do golpe de Estado que, sob a batuta da CIA, seqüestrou, torturou e assassinou milhares de brasileiros. A Globo apoiou a ditadura e foi apoiada por ela. Daí Armando Falcão, um dos ministro da Justiça da época, ter dito no documentário “Muito Além do Cidadão Kane”: “Roberto Marinho foi revolucionário de primeira hora”.

No entanto, vale ressaltar, em nome da História, que os primeiros dois contratos entre Roberto Marinho e o grupo Time Life foram assinados em 1962, em Nova York, segundo registra Daniel Herz no livro “A história secreta da Rede Globo”. No papel, a emissora tem, portanto, 48 anos.

Voltando à peça publicitária em favor de José Serra: o PT enxergou o óbvio e exigiu a retirada da campanha do ar. Foi atendido. Só que essa história não pode terminar aqui. Esse fato é extremamente grave e vai além, muito além, do uso de uma concessão pública para fins privados. Também vai além do uso de uma concessão pública em favor de um grupo político neoliberal que, em última análise, defende a exploração do povo brasileiro e legitima o assalto às riquezas do país.

A peça publicitária da TV Globo é uma poderosa arma simbólica, que só pôde ser percebida como tal porque contém elementos passíveis de serem relacionados à campanha de José Serra: o ano eleitoral, o número 45 e a repetição da palavra “mais”. Por isso, ela rompeu a fina barreira entre a programação regular da emissora e aquela destinada ao “horário eleitoral gratuito”, invariavelmente anunciado com fado por apresentadores de telejornal.

Agora, quem luta pela democracia no Brasil não pode achar que essa história termina aqui. E nem acreditar que essa batalha foi vencida só porque a peça Globo-Serra foi retirada do ar. O que devemos fazer é avançar. A esquerda, como um todo, deve compreender a importância das disputas simbólicas, entendendo, por exemplo, que toda a programação das emissoras comerciais está repleta de mensagens a serviço do projeto neoliberal: egoísmo, individualismo, racismo, preconceitos, segregacionismo, medo, Estado fraco. O sistema capitalista nunca é questionado – para as corporações de mídia, é como se não existisse outra maneira de organizar a vida.

Esse enfrentamento não pode ocorrer apenas nos períodos eleitorais. A mídia é, hoje, a instituição com maior poder de produzir e reproduzir subjetividades. Ou seja, a mídia é essencial para determinar formas de sentir, pensar, agir e viver tanto de indivíduos quanto de instituições. Se queremos formar uma sociedade democrática, todo o sistema midiático deve ser reformulado. E esta é uma batalha de todos os dias.


Marcelo Salles, jornalista, é coordenador da Caros Amigos no Rio de Janeiro e editor do www.fazendomedia.com.

Fonte: Carta Maior

Comissão de Direitos Humanos condena assassinatos de jornalistas em Honduras

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), instituição ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA), declarou ontem (22/04) que condena o assassinato do jornalista hondurenho, Jorge Alberto Georgino Orellana, morto na terça-feira (20/04), em San Pedro Sula - Honduras. Ainda na declaração, a comissão expressou sua preocupação com a condição da imprensa no país.

Dirigida pela colombiana Catalina Botero, a Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da CIDH explicou que em Honduras existe uma "grave situação de indefesa e vulnerabilidade da imprensa", além dessa declaração, fez um apelo para que o governo hondurenho adote medidas para prevenir estes assassinatos e proteja os jornalistas que estão sendo ameaçados.

O presidente de Honduras, Porfírio Lobo, confirmou que buscará o apoio de investigadores de vários países para esclarecer os homicídios contra jornalistas.

Fonte: Comunique-se

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Serpro e UFRJ desenvolvem leitor de telas para deficientes visuais

Em parceria com o Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Serpro desenvolveu o programa Liane TTS, um sintetizador de voz que faz leitura de telas para portadores de deficiência visual. O software está sendo testado no telecentro do Circo Voador, no Rio.

O analista da Coordenação Estratégica de Tecnologia (Cetec) Carlos Dallalana, que liderou o grupo do Serpro envolvido no projeto, disse que a intenção é disponibilizar o Liane TTS em todos os telecentros do Serpro. Quando os usuários com necessidades especiais entrarem com suas contas pessoais nas máquinas, o sistema de voz terá início. Pode-se também usar o Liane TTS sem instalar o programa, somente com o uso do Life CD, que roda em qualquer sistema operacional.

Para o pesquisador e analista de Sistemas da UFRJ, José Antônio Borges, que coordenou o treinamento da equipe para a construção da Liane TTS, o trabalho em conjunto com o Serpro deve continuar. "A questão da acessibilidade tem duas vertentes: uma político-social e outra que é técnica, muito complexa, que exigem soluções tecnológicas", disse.(Da redação, com assessoria de imprensa)

Fonte: Tele Síntese

Câmara conclui votação de PL sobre roaming obrigatório

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara concluiu a votação do projeto de lei que obriga as operadoras de telefonia móvel oferecerem serviços de roaming interestadual. A proposta será encaminhada ao Senado.

Para utilizar um celular em roaming é preciso que a operadora, ou outra com a qual ela tenha acordo sobre o serviço, disponha de tecnologia compatível à do celular em uso. Um celular com tecnologia GSM, por exemplo, só fará roaming em redes GSM. Por isso, o substitutivo abre uma exceção: no caso de o aparelho do usuário ser incompatível com a rede da prestadora na região visitada, a operadora não será obrigada a oferecer o serviço de roaming.

O texto dá prazo de 90 dias após a publicação da lei para a adaptação das prestadoras. Após esse prazo, se a operadora não conseguir firmar acordo com prestadoras de outros estados, ela deverá pedir a intervenção da Anatel, que decidirá sobre as condições do acordo em até 90 dias.

De acordo com o substitutivo, a obrigatoriedade do serviço de roaming será incluída na Lei Geral das Telecomunicações (Lei 9.472/97).(Da redação, com Agência Câmara)

Fonte: Tele Síntese