quarta-feira, 28 de abril de 2010

O Bufão insubstituível do jornalismo brasileiro

Texto e fotos: Carol Anchieta

História, comunicação, jornalismo impresso alternativo e... humor. Esses foram os pontos que marcaram o trabalho de Rodrigo Jacobus, integrante do Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS) que apresentou ao grupo, na tarde da terça feira dia 27 na UNISINOS, o trabalho de mestrado defendido na Universidade Federal do Rio Grande Do Sul (UFRGS) pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação.


Com o título: “UM NOBRE BUFÃO NO REINO DA GRANDE IMPRENSA – A construção do personagem Barão de Itararé na Paródia jornalística do semanário A Manha (1926-1935)”, o trabalho que levou dois anos para ser concluído, tem como tema, como fica claro já no título, a construção do personagem Barão de Itararé, encarnado pelo jornalista Apparício Torelly, junto à paródia jornalística do semanário de humor A Manha frente à grande imprensa do Rio de Janeiro entre 1926 e 1935.

Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé, nasceu na cidade de Rio Grande, no interior do Rio Grande do Sul, em 29 de janeiro de 1895. Em 1906 matricula-se, como interno, no Colégio Nossa Senhora da Conceição, em São Leopoldo-RS, onde faz o seu primeiro jornal manuscrito, intitulado "Capim Seco", e a partir daí escrever passou a fazer parte da vida de Apparício.

Em 1925, já o Rio de janeiro foi trabalhar em O Globo de Irineu Marinho. Em seguida Apporelly foi convidado por Mário Rodrigues (pai de Nelson Rodrigues) no jornal "A Manhã". Em 1926 criou o semanário que se tornou o maior e mais popular jornal de humor da história do Brasil. Bem ao seu estilo de paródias, o novo jornal tinha o nome de "A Manha".

E para contar toda a rica e tortuosa trajetória deste, que foi um jornalista pioneiro no humor político brasileiro, Rodrigo partiu de 3 perspectivas: o jornalista e a pessoa Apparício Torelly, o jornal A Manha e o próprio Personagem o Barão. A partir disso problematizou “De que modo o personagem Barão de Itararé, criado por Apparício Torelly, é construído n’A Manha a partir do surgimento da publicação em 1926 até a prisão de Apporelly em 1935? E como esta construção relaciona-se à grande imprensa do Rio de Janeiro neste contexto sócio-histórico?”


Logo trabalhou características como aspectos sócio-histórico-culturais, Quem foi Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, qual sua trajetória, Quais as principais características d'A Manha e Quais elementos definem a grande imprensa, mais especificamente aqueles pertinentes ao jornalismo praticado no período proposto.

Na apresentação o destaque ficou para este segundo item de quem foi Apparício Torelly, pois o grande conhecimento de causa do mestrando tornou os pequenos adendos interessantíssimos, pois detalhes como a vida, as relações e até a morte de parentes e do próprio Quem foi Apparício Torelly forma apresentados de forma tão intensa que todo grupo na sala ficou interessado em saber mais sobre este jornalista.

Depois de apresentar um breve histórico dobre as publicações da época, desde as artesanais que incluem os PASQUINS, até as da grande imprensa que marcaram a história do país, como as revistas O Malho (1902), O Tico-Tico (1905), O Cruzeiro (1928), Rodrigo expôs as diversas fases do A Manha, criado e publicado por Torelly.
Outro aspecto levando foram os vários títulos que o jornalista usava para referir-se a si mesmo em seus textos que justificou uma vez em outubro de 1930, Aparício se autodeclarara Duque nas páginas do A Manhã: “O Brasil é muito grande para tão poucos duques. Nós temos o quê por aqui? O Duque Amorim, que é o duque dançarino, que dança muito bem mas não briga e o Duque de Caxias que briga muito bem, mas não dança. E agora eu que brigo e danço conforme a música.”

E mais tarde como ele próprio anunciara semanas depois: "Como prova de modéstia, passei a Barão." E assim seguirem-se os títulos com Duque de Itararé e em seguida Grão – Duque de Itararé.

Ao final da apresentação, como foi comentado a cima, o interesse em saber mais sobre o jornalista foi definitivamente despertado, e para isso Rodrigo sugere a leitura do livro “As 2 Vidas De Aparício Torelly O Barão De Itararé” (Cláudio Figueiredo, Editora Record - Rio de Janeiro/1987).

Fica a todos a sugestão, e fica também a pergunta para depois da leitura: existe humor no jornalismo brasileiro?