terça-feira, 30 de setembro de 2008

Membro do Grupo CEPOS é homenageada no Piauí

Prestigiando o trabalho da professora Jacqueline Lima Dourado, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), o Governo do Estado do Piauí irá conceder a comenda da Ordem Estadual do Mérito Renascença, que será entregue pelo governador Wellington Dias em um evento realizado no dia 19 de outubro.

Jacqueline destaca-se como professora na área da comunicação e o reconhecimento se deve aos serviços prestados em prol do estado do Piauí. “É uma honra muito grande porque nunca tive nenhum cargo no governo. Sou professora e me senti muito feliz pelo reconhecimento”, comemora. Ela também ressalta que além de seu desempenho como educadora, sempre tenta levar conhecimento sobre o seu estado a outras pessoas, valorizando o que há de melhor no nordeste brasileiro.

Jacqueline é formada em jornalismo, especialista em Teoria da Comunicação e Teoria da Imagem, mestre em Comunicação e Cultura, e atualmente é doutoranda em Ciências da Comunicação, na Universidade do Vale dos Sinos (UNISINOS), na cidade de São Leopoldo/RS. Entre suas atividades, participa do grupo de Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS), vinculado ao programa de pós-graduação Ciências da Comunicação da UNISINOS.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Livro discute uma comunicação mais democrática

O grupo de pesquisa CEPOS (Comunicação, Economia Política e Sociedade) celebra a chegada do seu mais novo filho: trata-se do livro ECONOMIA POLÍTICA DA COMUNICAÇÃO: Estratégias e desafios no capitalismo global. Organizada pelo Prof. Dr. Valério Cruz Brittos, a obra reúne 13 artigos de pesquisadores do grupo, além de um pesquisador externo, o Prof. Dr. Dênis de Moraes.

Os textos têm como eixo comum a reflexão sobre as práticas comunicacionais no Brasil e no mundo, as políticas públicas e a inclusão digital, visando ampliar o espaço crítico na sociedade. Questões como o impacto da digitalização da televisão no Brasil, o papel da sociedade civil e suas relações com o Estado e a evolução dos mercados audiovisuais, são alguns dos temas abordados pelos pesquisadores do CEPOS, neste livro que em breve estará a venda pela editora Unisinos e disponível para consulta em bibliotecas universitárias.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Comunicação é melhor quando incomoda

Formado em Matemática e pós-graduado em Filosofia da Ciência, Cláudio Weber Abramo é conhecido pelo modo duro e contundente com que faz suas críticas. Por cerca de nove anos, trabalhou no jornalismo brasileiro, entre os quais os periódicos “Folha de S. Paulo” e “Gazeta Mercantil”. Há oito anos, ele integra a organização Transparência Brasil, criada com a motivação do combate à corrupção. Nesta entrevista à revista Sesc TV, ele fala sobre a relação entre mídia e democracia.

Qual o papel da mídia no processo de amadurecimento da democracia de um país?
Um dos componentes fundamentais da democracia é a existência de meios de comunicação independentes do Estado. No entanto, a independência do veículo só é possível se há independência econômica. Se eles não têm recursos de receitas publicitárias e ainda assim conseguem se manter, esse dinheiro sai de algum lugar. E sai do Estado, da publicidade oficial. Isso ocorre não apenas em lugares distantes, acontece em São Paulo também. O Brasil tem entre 600 e 700 jornais diários, mas há poucos veículos de comunicação que são realmente independentes.

Os meios de comunicação de massa brasileiros, em especial a televisão, têm efetivamente contribuído para um avanço na participação política da população?
O rádio e a televisão são os meios de comunicação mais significativos que temos. Existe a questão da hegemonia, como é o caso da Rede Globo. Mas não vejo esse domínio como algo totalmente ruim. A Rede Globo é, certamente, um fator de civilização em grande parte do país. Devido à organização em rede, algumas notícias podem ser divulgadas em âmbito nacional. Um exemplo é o caso do escândalo recente no governo do Maranhão. Se dependesse das TVs locais, os maranhenses nunca saberiam o que aconteceu. Só souberam porque saiu no Jornal Nacional. A notícia teve de vir de fora. Ou seja, embora esse domínio da Rede Globo seja criticado por muitos, essa presença massiva é benéfica em certas circunstâncias. E as pessoas só podem aperfeiçoar sua opinião sobre o que acontece na sociedade se forem bem informadas.

Como o senhor avalia o horário político obrigatório nas redes de rádio e televisão?
O horário político obrigatório não esclarece e por uma razão óbvia: não há o contraditório. Há carência de informação para a escolha dos cargos de vereador e deputado. Essa informação chega muito mal ao eleitor. Eu não acredito que a televisão possa fazer alguma coisa para mudar isso. Vou morrer sem ver a televisão investir no contraditório. Porque o contraditório, no Brasil, é visto como algo feio. As eleições se resolvem pelo marketing e me parece que são decididas pelos marqueteiros. Só que o marketing eleitoral é, basicamente, mentiroso. Procura injetar uma mentira. E se a população vota sem discutir, votará mal.

De que forma a televisão pode inserir, em sua grade cotidiana, programas que contribuam para ampliar o debate democrático no país?
Não sei, vejo muito pouco a televisão hoje, só assisto besteira. Mas talvez investir em debates, notícias. E não achar que a discussão é feia. A comunicação tanto é melhor quanto mais gente incomoda. A tendência dos dirigentes de TV é evitar o controverso. Nunca vou assistir num canal aberto uma discussão sobre ateísmo, por exemplo. Queria ver. Chama um padre, um estudioso e um ateu. Não vai acontecer isso na televisão, porque há um enorme receio de perder público ao cobrir assuntos controversos. A mentalidade é muito tacanha, dominada pela publicidade. A atitude é de vender a informação, mas informação não deve ser vendida.

A Transparência Brasil recebeu o Prêmio Esso de Jornalismo na categoria Melhor Contribuição à Imprensa, em 2007. É uma prova de que a imprensa ainda depende de ferramentas externas para avaliar os políticos?
A informação em estado bruto não serve para nada. Há um emissor, que no caso dos assuntos políticos, é o Estado. Para que a informação seja inteligível, alguém precisa processá-la. Os jornalistas precisam desses “intérpretes da notícia” e, muitas vezes, a própria mídia faz esse papel. O jornalismo brasileiro é meramente declaratório. Fulano diz isso e ciclano diz aquilo. Mas o que isso quer dizer? O jornalista tem dificuldade em entender a situação. E as faculdades não contribuem em nada para a formação desse profissional. Sem contar o agravante que temos em municípios menores, em que o jornalista acumula a função de assessor de imprensa de órgãos estatais. A ferramenta Excelências, criada pela Transparência Brasil [que reúne informações sobre a atuação dos políticos brasileiros], é usada por jornalistas, mas mesmo eles têm dificuldades em explorá-la além da superfície. Claro que os jornalistas são nosso público prioritário, porque a imprensa é multiplicadora, mas não se restringe a eles. Pensamos que é útil para o eleitor.

Está entrevista foi publicada pelo site Observatório do Direito à Comunicação.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Direito à comunicação é tema da IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) vai sediar, de 16 a 18 de outubro, a IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã, cuja temática vai girar em torno das “pesquisas acadêmicas e experiências da sociedade civil, mercado e Estado na efetivação do direito humano à comunicação”. O evento deverá reunir estudantes, pesquisadores, representantes dos movimentos sociais, comunicadores comunitários e palestrantes renomados, a exemplo de Armand Mattellart, John Downing, José Marques de Melo e Cicilia Peruzzo.

A conferência, que integra o calendário das comemorações dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, tem como objetivo promover o debate sobre o papel dos meios de comunicação na garantia dos direitos do cidadão, a diversidade no espaço midiático e o reconhecimento da comunicação como direito humano. Segundo informações da coordenação do evento, quase 70 trabalhos foram aprovados para apresentação nas sessões de comunicação científica.

Sendo realizado pela primeira vez fora do Sudeste do país, o Mídia Cidadã deste ano pretende dar ênfase aos resultados do acompanhamento sistemático da produção midiática na região Nordeste, feito pelo Observatório da Mídia Regional do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPE, sem perder de foco a promoção e proteção dos direitos humanos em todo canto do país. A idéia é justamente estreitar os espaços entre os discursos científico e político e as experiências empíricas da sociedade civil e do empresariado do setor das comunicações.

A inovação trazida para a edição deste ano é a I Feira Nacional de Mídia Cidadã, que abrirá espaço democrático em meio ao hall do Centro de Artes e Comunicação da UFPE para exposições de serviços de comunicação cidadã. Na oportunidade, pesquisadores, organizações não-governamentais, movimentos sociais e empresas poderão trocar e discutir experiências de diversas regiões do Brasil.

Informações sobre programação e inscrições podem ser obtidas através do site da UFPE.

Notícia publicada pelo site Eptic.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Lançamento de livro de Luca Bussotti

Maputo, Sábado, 20 de Setembro de 2008:: Notícias

É LANÇADO hoje, às 10 horas, na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, o livro “Saber, Cidadania e Dependência” da autoria do sociólogo italiano radicado no país, Luca Bussotti.
A obra será apresentada pelo emérito sociólogo moçambicano Elísio Macamo, que não só falará da obra como também em torno das questões que a mesma levanta.
“Saber, Cidadania e Dependência” atenta-se a três âmbitos que o autor os considera delicados e interligados na actual realidade do país. Os mesmos são: o saber, de tipo académico e científico, mas também “cívico”, pois funciona como alicerce de uma concepção plena e madura da cidadania. Há ainda a complexa relação do indivíduo com as estruturas do Estado, e os factores internos aos grupos sociais mais desvantajados, que operam como resistências ao envolvimento num meio urbano sempre mais presente nas várias realidades do país. O livro é ainda produto de três estudos realizados desde 2004 no nosso país.
O seu autor refere que a sua pesquisa é qualitativa e a escolha de um meio como o Bairro da Liberdade, local onde foi feita a pesquisa de campo, prende-se com o facto de tencionar falar sobre uma realidade que não era de âmbito rural e também não era urbana, isto é: uma realidade semi-periférica.
Nessas realidades semi-periféricas existe aquilo que diz serem dois mundos que entram em conflito.
Doutorado em Sociologia do Desenvolvimento na Universidade de Pisa (Itália), depois de ter ensinado desde 2002 até 2007 no Departamento de Ciências Sociais na Universidade de Pisa é agora docente na Escola de Comunicação e Artes da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). É um dos maiores estudiosos italianos de sociologia africana e sobretudo moçambicana. Já publicou vários livros em Italiano sobre Moçambique.

Próximo Big Brother estreará interatividade da TV Digital no Brasil

A Globo trabalha com a meta de estrear a interatividade da TV digital na próxima edição do Big Brother Brasil. Segundo uma fonte, há reuniões diárias entre a engenharia e a central de produção da Globo para tentar definir como será o conteúdo e o desenho das telas interativas. Como ainda não há decoders com a versão final do Ginga (middleware do sistema brasileiro de TV digital), o desenvolvimento é baseado na versão preliminar, que está sendo embarcada em alguns modelos de set-top boxes. "Sabemos que poucos equipamentos estarão preparados para a interatividade, mas é preciso começar em algum momento", disse a fonte.

A Band, segundo Luis Renato Olivalves, diretor de interatividade do grupo, também está desenvolvendo seus primeiro aplicativos. Segundo ele, a Band está montando sua equipe para a área. "Temos que arriscar. Vamos ter que aprender com erro", disse o executivo. Os testes são feitos com conteúdos do jornalismo, por enquanto.

Em relação aos set-top boxes da TV por assinatura, a princípio não devem rodar as aplicações interativas, ou pelo menos não a versão que vai para a TV aberta. O problema não seria apenas a diferença de linguagem, já que os decoders da TV paga não usam o Ginga, mas a capacidade de processamento dos equipamentos. "Os decoders (para TV aberta) com processadores Intel são muito rápidos. Nos da TV paga, se você clicar no 'i' (botão de interatividade), pode aproveitar para ir ao banheiro enquanto o equipamento processa", diz a fonte da Globo.

Publicidade
Se a linguagem, o grafismo e o conteúdo da interatividade dentro das atrações do canal já são temas de discussão, a parte referente aos comerciais gera debates ainda mais acalorados.Segundo Olivalves, da Band, a emissora já montou algumas regras. São três: a interatividade nos breaks não poderão ter tela cheia, para que os próximos comerciais programados sejam exibidos, apenas o último comercial do break poderá ter interatividade em tela cheia; a interatividade dos programas serão cortadas quando os breaks entrarem no ar; serão definidos preços para carregar aplicativos não relacionados aos breaks. Este último caso, vale explicar, é quando algum cliente contrata o carregamento de um aplicativo, sem vinculação a um comercial exibido. "A Caixa Econômica poderia disponibilizar uma tabela de financiamento da casa própria, por exemplo", explica.

Na Globo, a discussão não chegou ao final. "Não conseguimos chegar a um desenho que não canibalize o modelo atual de publicidade", diz a fonte na emissora, que ainda não está confiante que um anunciante aceitaria ter seu comercial reduzido na tela por conta da interatividade de outro anunciante.


Fernando Lauterjung
PAY TV

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Na Bolívia se joga o futuro da América Latina!

Bruno Lima Rocha, cientista político.
Este artigo foi originalmente publicado no portal Estratégia & Análise (www.estrategiaeanalise.com.br)

Os acontecimentos que se sucedem em Bolívia devem deixar aos latino-americanos em sentido de alerta. O problema não é a defesa de um governo com perfil nacionalista e raízes indígenas, mas sim a capacidade de nossos países poderem buscar a auto-determinação e o uso soberano de seus próprios recursos. A luta popular em Bolívia e a vontade expressa no jogo real da política de derrotar o projeto privatista e neoliberal remontam à Guerra da Água em Cochabamba (2000), na vitória na Guerra do Gás (2003), na posterior derrubada de Gonzalo Sanchez de Losada e logo em seguida de Carlos Mesa e numa acumulação de forças muito anterior e que vai mais além da vitória eleitoral do MAS.

É nítido que na Bolívia o jogo político é duro e sem limites legais ou institucionais. A proposta de fundo da maioria de origem tradicional é a construção de instituições políticas que expressem o Poder Popular. A vertente dessa expressão também passa, é óbvio, pelo governo de perfil nacionalista de Evo Morales e Álvaro Garcia Linera. Retomar a soberania definitiva sobre seu território ancestral passa pela superação do obstáculo manifestado pela oligarquia organizada, indo além de qualquer limite, contratando inclusive mercenários brasileiros e peruanos como é demonstrado no Massacre de Pando. Isto acontece porque Morales não faz o que quer e nem governa com os banqueiros, como faz Luiz Inácio e o governo de fato de Henrique Meirelles.

Hoje o país dos mineiros de 1952 está diante de seu maior desafio. O conjunto de povos e nacionalidades ancestrais do Alto Peru, as sociedades tradicionais quéchuas, aymaras, guaranis, tupis e dezenas de outras etnias, os descendentes na mestiçagem das cidades, mineiras e cocaleras experimentaram nos últimos 50 anos uma série de marchas e contra-marchas, golpes e contra golpes. Experimentaram também a vitória pontual e em defesa de interesses estratégicos. Esta agora é uma a mais, no momento a mais importante, mas não a definitiva. É preciso entender que as bases das relações de poder construído desde abaixo lá fez da organização do tecido social, da prática de justiça comunal e alianças de base a forma de desmontar um sistema de partidos políticos podres, corrompido com as experiências privatizadores dos anos ’80. O exército de Banzer e Barrientos ficou acantonado em 2003 e agora é uma variável duvidosa. Esta mesma força que já esteve sob comando do general traficante Hugo, já se viu derrotada em 1952 e pode ser derrotada de novo. Mas, antes de chegar ao limite do confronto, a prática da bandalha e das hordas desorganizadas pagas por gente do quilate de Branco Goran Marinkovic é o atual obstáculo. E, se derrotada for a oligarquia e impedida uma solução “negociada” que atenda os interesses dos latifundiários da soja, restará toda uma larga marcha rumo à implantação das novas bases constitucionais, do experimentalismo de Justiça Comunal, das experiências populares de auto-governo e de re apropriação definitiva do sub solo e da YPFB. Neste plano joga papel determinante a presença de transnacionais do petróleo e derivados, incluindo a prática presença sub imperialista brasileira no país hermano.

Agora a luta é intestina e defronta a oligarquia da chamada Meia Luna, dominante nos departamento de Tarija, Beni, Pando e comandada pelos latifundiários da soja e narcotraficantes de Santa Cruz. Esta gente, opera através de loggias proto-fascistas e atentam abertamente contra os interesses do povo. O governo de Morales é um alvo, mas a meta é a destruição da organização popular e das alternativas indigenistas, das formas tradicionais e comunitárias de controle da vida social, do controle boliviano das riquezas naturais. A dita luta por autonomia nada mais é do que a vontade política de uma oligarquia aliada das transnacionais, de um intento de golpe patrocinado pelo Departamento de Estado, CIA e DEA e financiado com o dinheiro espoliado do povo boliviano. As multidões de homens e mulheres que lutam por “autonomia” são, em sua grande maioria, empregados, afiliados políticos e cabos eleitorais destes oligarcas. A situação de desobediência civil e não governo é enorme na Bolívia. Por esquerda, os protestos sociais são cada vez mais enfurecidos e as metas de reivindicações obrigam a Morales a fazer o que a maioria do povo organizado propõe. Este é o conceito operacional de Poder Popular em sua prática política. Mas, por direita, a oligarquia que também saiu “vitoriosa” no referendo revocatório dos governos nacional e departamentais, joga as forças no caos, no locaute e no bloqueio econômico. Qualquer semelhança com o avanço da reação a partir de 1971 no Chile governado pela Unidade Popular não é mera coincidência.

Se os ensinamentos da história do Continente operar sobre os formuladores de política de La Paz, espera-se que uma guarda e reserva técnica seja imediatamente convocada e posta sob alerta. Se Morales confiar apenas e tão somente no aparelho militar oficial ele corre sério risco. Junto com seu governo, todo um projeto que ultrapassa, e muito, os limites da democracia liberal e da organização estatal-burguesa da sociedade. O ponto de conflito agora são os impostos que a oligarquia não quer pagar, não quer por tanto transferir renda e assim quebrar a unidade nacional se apropriando das riquezas nacionais para si. É semelhante com o aumento das taxas de juros no Brasil ou a forma como a burocracia escuálida se apropriava da Pedevesa venezuelana até a vitória do povo em abril de 2002. Uma análise séria deve compreender que na Bolívia hoje se luta uma batalha pelo destino na América Latina em conflito com o imperialismo sob o manto macabro da globalização.

O impasse político do governo Morales pode ser solucionado indo além das possibilidades legais. Existe uma esquerda popular muito mais à esquerda do que o recalcitrante vice-presidente Linera e da burocracia que vacilou na hora de gritar pela independência da YPFB. À esquerda do MAS está a ex-guerrilha do Movimento E.G. Pachakuti, está a Coordenação Regional de El Alto, estão as instituições sociais de tipo Justiça Comunitária, existe um enorme tecido social organizado que, definitivamente, não vai entregar o país e a terra ancestral para os herdeiros de Cortez e Pizarro.

Se vale a análise histórico-estrutural é para vermos as analogias e correlações de distintos momentos de uma mesma rota. Vivemos todos os latino-americanos o caminho prévio de outro Levantamento de 1809, ocorrido em Chuquisaca e La Paz. Em 1809, uma geração de jovens nacionalistas do antigo Alto Peru não reconheceu a legitimidade da pretensão de Carlota Joaquina de governar os vice-reinados. Esta decisão apontou o rumo da libertação da América, e a resposta realista veio rápida. O governador de Potosí, leal ao colonialismo, ocupou militarmente as cidades rebeldes. Tardaram 15 anos para o acúmulo de forças livrado em 1824, na Batalha de Ayacucho, quando a reação realista sai derrotada política e militarmente.

A independência política não garantiu a soberania dos povos, mas apontara uma trajetória a ser percorrida. Quase 190 anos vive-se um embate parecido. No avanço do poder do povo, na transformação do Estado nacional em espaço público e sob controle direto, no desmonte dos aparatos burgueses de regulação social, a direita aparece com toda a sua força. Hoje o epicentro do destino da capacidade emancipatória e na manifestação institucional de novo tipo formada pelo empoderamento das maiorias dentro da diversidade livra a Batalha na Meia Lua boliviana. O destino da América Latina na próxima década acabou de começar a ser escrito ou re-escrito.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Revista Estudos da Comunicação recebe colaborações

Quem tem interesse de ver seus trabalhos publicados pela Revista Estudos da Comunicação do Curso de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), poderá enviar seu material até dia 10 de outubro, para publicação de Dezembro/2008.

Seguindo a linha editorial Imagem, Mídia e Práticas Sociais, os textos em forma de artigos, comunicações científicas, ensaios, entrevistas, reportagens científicas e resenhas, podem ser encaminhados pelo email: teresa.f@pucpr.br.

Os trabalhos serão analisados por pareceristas do Conselho Consultivo, se aprovados seguem para a publicação. Para outras informações acesse o site ou entre em contato pelo mesmo endereço eletrônico.

A Revista está disponível on-line no seguinte endereço:
http://www.pucpr.br/pesquisa_cientifica/revistas_cientificas.php

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Democracia ritual y desmovilización popular

Bruno Lima Rocha*

Uno de los mayores problemas en la política actual es el control de la población sobre la clase política. No sólo la “mayoría silenciosa”, aún los grupos militantes ejercen muy poco control sobre sus representantes. Este es un problema vital para cualquier régimen democrático. El poco ejercicio del control, la sistemática frustración de las expectativas se refleja en la desconfianza permanente de la población para con los actores individuales (políticos). Es de la naturaleza de la política: sin control no hay ejercicio de poder. Por lógica, si no hay efectivo control por la mayoría, entonces el sistema es controlado por pocos. Siendo así, el ejercicio de poder termina por beneficiar a los controladores del propio sistema. ¿Y la democracia, donde está?

Parto del principio que la meta democrática no puede ser sólo un rito de normas y procedimientos. El rito de la competición electoral no sustituye, ni puede ser más importante que el de la participación directa. Participación es la palabra clave, pero con poder decisivo, y no un maquillaje donde los recursos de movilización atienden a los objetivos de las prácticas políticas de cooptación. Las entrañas de la sociedad organizada son las instituciones de base. Es de este tejido social que nacen y hasta reviven las posibilidades de transformación. En la ausencia de esta participación, sobran los programas de asistencia directa.

Desde la vuelta del régimen democrático en Brasil, en 1985, y específicamente después de la Constituyente “ciudadana” de 1988, vivimos una situación social esquizofrénica. Por un lado, en teoría, aumentan los derechos de las mayorías. Por otro, una serie de barreras estructurales frenan el avance popular: - el derecho no es normativizado en leyes funcionales; - la clase política va se autonomizando de sus representados -los recursos necesarios para el ejercicio de estos derechos nunca constan en las directrices presupuestarias, y aún cuando constan son coincidentemente “contingenciados”, o sea, desviados para otras funciones- aumenta la carga impositiva, pero el Estado cada vez funciona menos y empeora sus servicios.

Durante los últimos 12 años, el Estado brasileño operó con una lógica absurda. Abrió mano del ejercicio de funciones básicas, rechazó tener objetivos estratégicos de medio y largo plazo y ancló su alianza en el casino financiero y en el monopolio de la comunicación. Este mismo estilo “low profile” de gobernar, capitaneado por Fernando Henrique Cardoso y sus afiliados de partidos (conocidos como el tucanato), fue fielmente, reproducido por Lula, el Campo Mayoritario y su Núcleo Duro de gobierno. Para esto, el PT dio su gran contribución para el rito de la “democracia” brasileña. Por un lado, dedicó sus mejores y mejor preparados cuadros para ser reproductores de un estilo y una escuela de gobierno pactados, que no atiende los intereses de las mayorías. Por el otro, calmó y desarticulo estas mismas mayorías.

Al no pactar el país socialmente, ayudó a desorganizar la clase que decía representar y aumentó el vínculo directo de la mayoría excluida con los programas de ayuda del Estado. Esto garantiza que las tales “masas en disponibilidad” se mantengan en disponibilidad electoral y no cambien nada de sus relaciones sociales básicas. En vez de movilización social, cestas básicas. La moneda de cambio es el voto y no la presión. Los movimientos populares no consiguen llegar siquiera a ser clientes del gobierno. La inmensa masa de jóvenes desempleados o subempleados, que abundan en favelas y periferias del norte al sur del país queda como está, hasta que termine el mes y llegue a sus casas la próxima bolsa familiar. Entre bolsa y bolsa, es más fácil el camino del crimen que el de la militancia.

Cualquiera que se haya ocupado de la dura tarea de movilizar personas, de trabajar para que éstas se hagan sujetos y protagonistas de su propio destino, sabe como es de dura esta faena. Más pesada aún cuando hay una profunda confusión de conceptos, confundiendo movimiento popular, partido político y gobierno electo. Más confuso aún cuando todas las expectativas fueron jugadas en el ejercicio de una parcela del poder real de la sociedad, justo aquel ocupado a través de la elección al Poder Ejecutivo.

Súmese a eso algo que más al sur llamamos de “lavar el discurso”, como hierba lavada de un mate ya frío y sin gracia. Lavando el discurso y profesionalizando la militancia, se calman los ánimos. Un proceso de esta envergadura es fruto de al menos una década, y no meses o años de gobierno. El resultado es visible: cuánto menor la movilización popular, mayor será el asistencialismo. El escepticismo para con la clase política crece de un lado, pero no encuentra eco en la poco practicada independencia de clase. Ausente esta última, la lógica electoral impera, aumentando así la autonomía de la misma clase política, en quien nadie confía más.

En este breve artículo, no queremos aumentar el lugar común del “nadie sirve” y “nada podemos hacer”. Es justo lo opuesto. La primera medida para salir de la crisis política en que se encuentra la militancia de los movimientos populares de este país, es reconocer la crisis y ver las causas y consecuencias directas de la misma. Reconocido el problema, identificando su cuestión céntral, entran en acción el coraje y la lucidez de cortar por lo sano y hacer lo que tiene que ser hecho. Los lectores me perdonen la extrema franqueza, pero hago análisis para el campo al cual pertenezco.

En una comunidad tradicional, regida por elementos federalistas, los jefes y consejeros tenían el poder y el don de la palabra. Aun así, en cualquier momento podrían tener el poder de mandar retirado por la mayoría que lo otorgó. Considerando que vivimos en una sociedad compleja, injusta y con múltiples sujetos, una reflexión es más que urgente: ¿Cómo ejercer control directo sobre la clase política?

Detalle, en ningún momento esta misma sociedad tradicional detiene la capacidad de movilización a sus fuerzas y delega todo en los mandatarios. Justamente lo opuesto de lo que ocurre aquí.

Volviendo al Brasil contemporáneo, y creo que el ejemplo se adecua a casi toda nuestra América Latina, la realidad desnuda y cruda, conocida por todos los brasileños, es la siguiente: Las instituciones públicas no funcionan y no atienden la mayoría de nuestro pueblo.

Obviamente, este tema no pasa ni cerca de los “sabios”, que vienen discutiendo la reforma política a lo largo de la última década. En teoría la “democracia” sería el régimen del mando del pueblo. Queda entonces otra pregunta: Si el régimen tiene como base el mando del pueblo, ¿por qué la mayoría necesita quedar paralizada para que esta democracia funcione?

Considerando lo que los sabios, especialistas, actores individuales y consorcios partidarios nos dicen con sus propios actos, y no con sus estudiados gestos, la duda sólo aumenta. Es obvio que, aumentando los recursos de movilización popular, aumentan también la desconfianza en los políticos profesionales, altos tecnócratas y sus aliados de las grandes corporaciones privadas. El modelo democrático practicado en Brasil no aguanta la desconfianza sumada a la presión popular.

¿Es sólo eso la democracia? ¿Entonces que democracia es ésta?

Bruno Lima Rocha é jornalista e cientista pólítico, editor do portal Estratégia e Análise. E-mail: blimarocha@gmail.com

Agradecemos la publicación de estos artículos citando esta fuente y solicitamos favor remitir a nuestro correo el Link de la pagina donde esta publicado. Gracias
barometrointernacional@gmail.com

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Viagem à África




Por João Miguel


O projeto (Viagem à África - Moçambique) que está sendo realizado pela professora Maria Ester Martins de Nascimento, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ver. Arnaldo Reinhardt, na Vila Iguaçu, periferia de Novo Hamburgo/RS merece ser destacado.
O momento que tivemos hoje (10/09) naquela unidade de ensino mostrou que a criançada está interessada em saber aquilo que o currículo escolar lhes tem sonegado, ou seja, o conhecimento do continente africano, diferente daquele que a mídia amiúde visibiliza. Diferentemente do que costumeiramente observo, ouço e me perguntam, a interação com aquela pequenada deu sinais claros de que as coisas podem tomar um rumo mais promissor.
Além do mais, o intercâmbio que vem sendo feito com a Escola de EP 1 e 2 (escola primária de 1º e 2º graus) de Inhagoia, na periferia de Maputo, com todas as dificuldades de contato, está alargando o horizonte de visão de mundo das crianças envolvidas, as gaúchas e as maputenses. Para mim, estes momentos são de aprendizado.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Lula visitará Moçambique em Outubro

A visita do Presidente brasileiro a Moçambique, a 16 de Outubro, vai constituir um "impulso poderoso" nas relações bilaterais através de "medidas concretas", disse quinta-feira, em Brasília, o ministro dos Negócios Estrangeiros moçambicano.

Oldemiro Balói, que se encontra em visita oficial ao Brasil, evitou precisar que medidas concretas seriam estas, mas fontes governamentais em Brasília avançaram que Lula da Silva deve anunciar o financiamento de uma fábrica de medicamentos anti-retrovirais que começará a funcionar em Maputo até ao final de 2009.

O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, disse que o Governo está a definir se os recursos a serem aplicados na construção da fábrica de anti-retrovirais serão transferidos por doação ou mediante cooperação técnica. "Isto vai estar definido até antes da visita do Presidente Lula a Moçambique", disse Celso Amorim.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil deve investir 10 milhões de dólares (6,5 milhões de euros) na fábrica de Maputo, sendo que quatro milhões de dólares destinados à primeira etapa do projecto já estarão disponíveis até o final deste ano.

"O impacto da fábrica há-de ser grande. Primeiro, é uma indústria que se instala, que gera empregos e contribui para o PIB (Produto Interno Bruto). Sob o ponto de vista da saúde, o impacto será ainda muito maior", salientou Balói.

O ministro moçambicano lembrou que a taxa de prevalência da sida no seu país é muito alta - 16% - e que a possibilidade de ter medicamentos produzidos localmente facilitará a distribuição, além de beneficiar, numa fase posterior, outros países africanos.

A matéria-prima da fábrica de anti-retrovirais será fornecida pela Índia e a tecnologia pelo Brasil. A nova unidade de medicamentos de Moçambique vai fabricar oito dos 15 anti-retrovirais que o Brasil tem tecnologia para produzir. Os técnicos moçambicanos serão formados pelo laboratório Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que se está a instalar em Moçambique.

O acordo entre os Governos brasileiro e moçambicano para a instalação em Maputo da sede do escritório regional da Fiocruz em África foi assinado quinta-feira, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, pelos chefes da diplomacia dos dois países. Balói e Amorim firmaram também o acordo que permitirá a capacitação dos técnicos moçambicanos na área de produção de medicamentos anti-retrovirais.

Outro convénio assinado prevê a implementação de um projecto para fortalecer o órgão regulador moçambicano do sector farmacêutico, mediante capacitação e intercâmbio com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"Queremos concretamente criar um marco neste relacionamento. Há uma angústia das duas partes em fazer muito mais do que estamos fazendo", disse o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), após reunião com o MNE moçambicano.

Silvio Crestana e a delegação africana chefiada por Oldemiro Balói passaram em revista os projectos de cooperação já existentes e acertaram focar mais os projectos para obter "resultados visíveis", como a melhoria da produtividade agrícola e pecuária de Moçambique.

Informação do site Expresso, do dia 5/9/2008.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

II Seminário Viagem à África – Moçambique


Justificativa
O presente seminário é a continuidade do estudo relacionado a Moçambique, dentro da proposta do projeto “Viagem à África – Moçambique”, que surgiu mediante a fala dos alunos e alunas, no ano de 2007.
Ojetivos
a) Proporcionar no espaço da sala de aula, o estudo de um país africano destituído de estereótipos, que “ainda” estão contidos em nosso cotidiano, quando se trata do continente africano, decorrente de um currículo “eurocêntrico”.
b) Manter um diálogo, com interlocutores africanos, com o intuito de aprendizagens recíprocas.
Data: 10 de setembro de 2008 Horário: 9 horas
Local: EMEF. Ver. Arnaldo Reinhardt
Participação especial: Professor da Universidade Eduardo Mondlane - Moçambique; Doutorando na UNISINOS, João Miguel
Turma protagonista: 4º ano A; Professora: Maria Ester Martins do Nascimento
Diretora: Salete Mattoso
Coordenadora pedagógica: Alexandra Scherer
Orientadora pedagógica: Mariléia Reck

SBT anuncia a compra de todas as obras de Janete Clair

O SBT anunciou a compra de 35 novelas de uma das maiores autoras de novelas da dramaturgia brasileira.

Janete Clair, falecida há 25 anos, teve todo o seu acervo de textos de novelas, sinopses e alguns capítulos escritos vendidos para a emissora de Silvio Santos.

A intenção do SBT é de solidificar o retorno a dramaturgia nacional, que terá Revelação como estreante de sua nova fase.
A compra foi realizada em sigilo, apenas entre Silvio e a família da autora. Os valores não foram divulgados.
Confira o comunicado oficial:
O SBT adquiriu toda a obra radiofônica da maior autora da história da televisão brasileira: Janete Clair.
São 35 novelas que serão adaptadas e produzidas para a televisão a partir de 2009.
A maior parte é composta por histórias inéditas na TV, porém, também há radionovelas que deram origem, em outras emissoras, a grandes sucessos televisivos. O SBT irá produzir novas versões dessas radionovelas, nas quais serão mantidas a genialidade da autora e a inigualável qualidade de seus textos.

Obras

Janete Clair é responsável pelos grandes sucessos como: Irmãos Coragem nos anos 70, 1972 escreveu Selva de Pedra, já em 1976 foi a vez de Pecado Capital.
Em 1978 o Brasil parou para assistir "O Astro", protagonizada por Francisco Cuoco. Janete Clair se tornou a maior autora do Brasil e única a alcançar 100 pontos de audiência.
Em 1983, a escritora faleceu vítima de um câncer no intestino.

Notícia publicada originalmente em natelinha.uol.com.br

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Conteúdo nacional e mais diversidade


Por Valério Cruz Brittos e Ary Nelson da Silva Júnior em 2/9/2008

O substitutivo do deputado Jorge Bittar (PT-RJ) ao projeto de lei nº 29/07, que estabelece novas regras para a TV por assinatura e avança no processo de convergência tecnológica, ao abrir a possibilidade de ingresso das operadoras de telefonia fixa e móvel no negócio do audiovisual pago domiciliar segue causando grande polêmica e provocando discussões entre os agentes do setor, arrastando sua tramitação no Congresso.

O ponto mais polêmico da iniciativa é o que aumenta para 25% o número de canais nacionais na grade de programação da televisão paga, através de um sistema de cotas. A proposta amplia a produção de conteúdo nacional, fomentando as produtoras do país e abrindo espaço para novos agentes culturais, gerando maior diversidade e pluralidade na programação, o que deve suscitar diversas conseqüências positivas para o consumidor.

Maior oferta
Hoje, a TV paga é assistida por cerca de 8% da população brasileira, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, é vista por mais de 80% dos lares. O motivo do pouco acesso é o preço elevado e a escassez de conteúdos nacionais, num quadro de falta de estrutura e investimento no setor, pois no Brasil se paga até próximo de R$ 7,00 reais ao mês por cada canal, enquanto na Argentina o custo é de R$ 1,00. Existe uma enorme concentração na área, onde a pluralidade é comprometida, de forma que cabe às Organizações Globo e seus canais Globosat o preenchimento da grade com conteúdo nacional.

Outra grande reclamação dos consumidores da televisão paga é o excesso de repetição de programas, o que, por si só, já representa falta de diversidade na programação. Um pequeno exemplo de reprise é o seriado Friends, que ainda está no ar, com três exibições diárias, mesmo a atração tendo acabado em 2004. O projeto de lei abre possibilidade para outros agentes, juntamente com produtoras, realizarem audiovisual, aumentando o conteúdo nacional. A Net e a Sky, respectivamente operadoras de TV a cabo e por satélite, têm atualmente na sua programação poucos canais com material nacional.

No entanto, a Associação Brasileira da TV por Assinatura (ABTA) é contra a medida, alegando que as cotas (referindo-se aos 25% de canais nacionais) não irão fomentar a produção local, representando, sim, proteção e reserva de mercado, o que iria aumentar o valor mensal da assinatura. Logicamente, a ABTA luta por seus interesses, defendendo as programadoras e operadoras. Na realidade, a lei poderia acarretar maior oferta e isso, logicamente, ocasionaria uma diminuição no preço da assinatura.

Uma exclusão programada
Outra argumentação da ABTA é com relação à qualidade da programação, salientando que, com os 25% de canais nacionais, seria difícil manter o padrão atual dos produtos exibidos. Contudo, a qualidade já está comprometida, com fatores como as intermináveis repetições de seriados e filmes. A ABTA afirma que apóia a produção de conteúdo local, mas é contra o sistema de cotas e tem manifestado sua opinião através de spots, nas emissoras da televisão aberta, e por meio do sítio Liberdade na TV.

O projeto de lei incomoda a ABTA porque abre espaço para novos agentes culturais, podendo diminuir o preço da assinatura e aumentar a oferta de bens simbólicos. Novamente o interesse privado, de concentração de recursos humanos e culturais, tenta conduzir o debate em um setor de enorme repercussão pública. Caso não forem mudadas algumas regras que permanecem estáticas no tempo, no plano comunicacional, não será alcançado o patamar de 50% de telespectadores da TV paga, permanecendo mais uma exclusão programada.

Este artigo foi publicado originalmente no Observatório da Imprensa, em 2/9/08.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Canudos, sol e pó

Por Luciano Correia

Em 1996 comemoraram-se os 99 anos do final da guerra de Canudos, um dos mais importantes momentos da história do Brasil, que projetou a figura lendária de Antônio Conselheiro. “Canudos, sol e pó”, é um registro das comemorações, desde os municípios de Euclides da Cunha, Canudos e Bendegó, com direção do jornalista Luciano Correia. O trabalho foi realizado em condições totalmente mambembes, quando o jornalista dirigia a TV Aperipê de Sergipe (A TV educativa do estado). Um ônibus velho quebrando a toda hora e um equipamento de TV no antigo sistema U-Matic (quebrando mais do que o ônibus). Uma equipe de estagiários (muito mais voluntários) de jornalismo e a disposição de registrar tudo. Resultou em 22 fitas brutas, condensadas neste vídeo de 24 minutos.

Parte 1


Parte 2
Parte 3