A Globo trabalha com a meta de estrear a interatividade da TV digital na próxima edição do Big Brother Brasil. Segundo uma fonte, há reuniões diárias entre a engenharia e a central de produção da Globo para tentar definir como será o conteúdo e o desenho das telas interativas. Como ainda não há decoders com a versão final do Ginga (middleware do sistema brasileiro de TV digital), o desenvolvimento é baseado na versão preliminar, que está sendo embarcada em alguns modelos de set-top boxes. "Sabemos que poucos equipamentos estarão preparados para a interatividade, mas é preciso começar em algum momento", disse a fonte.
A Band, segundo Luis Renato Olivalves, diretor de interatividade do grupo, também está desenvolvendo seus primeiro aplicativos. Segundo ele, a Band está montando sua equipe para a área. "Temos que arriscar. Vamos ter que aprender com erro", disse o executivo. Os testes são feitos com conteúdos do jornalismo, por enquanto.
Em relação aos set-top boxes da TV por assinatura, a princípio não devem rodar as aplicações interativas, ou pelo menos não a versão que vai para a TV aberta. O problema não seria apenas a diferença de linguagem, já que os decoders da TV paga não usam o Ginga, mas a capacidade de processamento dos equipamentos. "Os decoders (para TV aberta) com processadores Intel são muito rápidos. Nos da TV paga, se você clicar no 'i' (botão de interatividade), pode aproveitar para ir ao banheiro enquanto o equipamento processa", diz a fonte da Globo.
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Se a linguagem, o grafismo e o conteúdo da interatividade dentro das atrações do canal já são temas de discussão, a parte referente aos comerciais gera debates ainda mais acalorados.Segundo Olivalves, da Band, a emissora já montou algumas regras. São três: a interatividade nos breaks não poderão ter tela cheia, para que os próximos comerciais programados sejam exibidos, apenas o último comercial do break poderá ter interatividade em tela cheia; a interatividade dos programas serão cortadas quando os breaks entrarem no ar; serão definidos preços para carregar aplicativos não relacionados aos breaks. Este último caso, vale explicar, é quando algum cliente contrata o carregamento de um aplicativo, sem vinculação a um comercial exibido. "A Caixa Econômica poderia disponibilizar uma tabela de financiamento da casa própria, por exemplo", explica.
Na Globo, a discussão não chegou ao final. "Não conseguimos chegar a um desenho que não canibalize o modelo atual de publicidade", diz a fonte na emissora, que ainda não está confiante que um anunciante aceitaria ter seu comercial reduzido na tela por conta da interatividade de outro anunciante.
Fernando Lauterjung
PAY TV