terça-feira, 5 de outubro de 2010

O impacto eleitoral limitado da web

Por Guilherme Mergen

Se nos Estados Unidos a internet se consolidou como carro-chefe da eleição do presidente Barack Obama, o mesmo veículo tem menos força para interferir diretamente no processo eleitoral do Brasil. Na primeira corrida presidencial do país em que candidatos traçaram estratégias focadas nas ferramentas online, uso da web se restringiu à função de divulgação, e não de mobilização, como na vitória norte-americana. A avaliação é do especialista de inovação em Marketing, Ricardo Cappra.

Na opinião de Cappra, um dos estrategistas contratados por Obama para atuar na campanha nos países da América Latina, pelo menos três pontos explicam o abismo entre a campanha virtual dos candidatos ao Palácio do Planalto e o trabalho desenvolvido no Estados Unidos em 2008: a inclusão digital, o uso das ferramentas e a dependência da internet dos meios de comunicação tradicionais no Brasil.

Enquanto mais de 60% da população americana têm acesso à internet banda larga, o percentual brasileiro caminha para alcançar os 20%, segundo o Instituto Brasileiro de Estatísticas e Geografia (IBGE).

– Quando foi chamado para auxiliar na campanha online da Dilma (candidata do PT), o Ben Self – marqueteiro guru da campanha de Obama – alertou que o acesso ainda era baixo para repetir uma estratégia semelhante – afirma.

Se a inclusão digital foge do controle dos marqueteiros dos candidatos, a forma como a web é utilizada está diretamente ligada às coordenações das campanhas. Tanto Cappra quanto o professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Henrique Autoun, avaliam que a utilização da internet é limitada.

Para o ex-integrante da equipe de Obama, além do pontapé inicial para as ações online ter sido tardio, ferramentas como Twitter, Facebook e blogs ganharam um caráter de divulgação – diferente da eleição americana, em que a web atraiu simpatizantes através de processos de socialização.

– A campanha do Obama agregava pessoas e movimentos do mundo inteiro pela internet. Cada etapa da campanha tinha uma mobilização especial na web, o que levava as pessoas para dentro do projeto dele. Aqui usamos as ferramentas como divulgação. O material publicado na TV e no rádio também vai à Internet, mas sem sofrer as adaptações necessárias – avalia.

Apesar de classificar a campanha online como um "avanço interessante", Autoun aponta deficiência nas estratégias para potencializar a internet na corrida presidencial. Segundo ele, a web agrega resultados quando deixa de ser vista unicamente como meio de audiência e como um espaço voltado a repercutir discussões de TVs e jornais.

– Não adianta pensar que é como televisão, que quanto melhor a audiência melhor está o candidato. A web com muita audiência e sem mobilização não vale nada. Vale quem faz coisas, e não quem simplesmente assiste.

Baixa arrecadação

Novidade na campanha deste ano, a arrecadação online também demostra a limitação da internet no processo eleitoral brasileiro. Única candidata a pedir doações em seu site, Marina Silva (PV) contabilizava R$ 168 mil de arrecadação na web até a noite desta sexta-feira. Ao todo, a coordenação do PV prevê gastar R$ 90 milhões na campanha. Nos Estados Unidos, Obama arrecadou US$ 500 milhões pela internet.

Na opinião de Autoun, as regras da doação virtual, aprovadas às pressas pouco antes do período eleitoral, são confusas, o que intimida o simpatizante a ajudar.

– Achei o procedimento confuso. A lei que permite as doações tem restrições esquisitas, que tornaram a arrecadação ambígua. É necessário construir um instrumento adequado para poder fazer a arrecadação e prestar contas, os dois procedimentos ao mesmo tempo.

Cappra também defende um processo de arrecadação "mais profissional", com meios transparentes, com a finalidade de o eleitor acompanhar o destino do seu dinheiro. Na campanha de Obama, o doador recebia um relatório com a aplicação dos discursos.

– Doação em campanha já é um tema difícil no Brasil. Se não for de uma forma muito transparente, não vai dar certo.

Futuras eleições

Mesmo de forma tímida se comparada aos Estados Unidos, a campanha deste ano na internet mostra o quanto o espaço deve crescer nos próximos pleitos. No entanto, para garantir a ascensão, os mecanismos precisam ser aprimorados, especialmente os de arrecadação, segundo os especialistas.

– A internet cresceu de maneira tão assustadora e tão significativa que certamente vai ter um papel maior nas próximas eleições. A questão é descobrir de que maneira vão funcionar os mecanismos, porque eles não são iguais. Dependem da cultura de uso, da cultura política local – argumenta o professor da UFRJ.

O integrante da campanha de Obama relaciona o avanço do mundo online nas corridas eleitorais com a inclusão digital do país.

– O avanço depende de uma movimentação forte rumo à inclusão digital, de um ambiente mais preparado para a campanha na internet. Sem dúvida, a web terá outro peso na próxima eleição presidencial brasileira.

Fonte: Observatório da Imprensa

Consumidores preferem TV paga a sites de vídeo online

Redação AdNews

Com cerca de mil entrevistados, o estudo realizado pela ABI Research revelou que 32% dos consumidores manisfetaram interesse em assistir vídeos disponíveis na Internet em sua TV. Os números representam quase o dobro dos que mostraram a mesma intenção em uma pesquisa realizada há dois anos.

Embora o mercado de vídeos e filmes na web esteja crescendo, o fato não impactou a base de clientes das operadoras de televisão por assinatura. Os dados mostram que apenas 13% declararam que cancelariam os serviços de televisão por assinatura para substituir por um plano de acesso à Internet para assistir vídeos online ou alugar tal conteúdo.

Segundo Jason Blackwell, diretor da ABI Research, "as alternativas para o serviços de TV por assinatura, como Netflix, iTunes, Hulu e afins, ainda são descentralizadas e pode ser complicado para clientes".

O analista da indústria, Michael Inouye, concorda com Blackwell: "Requer muito trabalho utilizar individualmente todos estes sites para conseguir o mesmo que oferece uma empresa de televisão por assinatura; além disso existem certos conteúdos que não estão disponíveis na web", disse ele.

Fonte: AdNews

Usuários de mundos virtuais passam 1 bi, estima consultoria

Redação Folha.com

O número de usuários registrados em mundos virtuais ultrapassou a marca de 1 bilhão durante o 3º trimestre deste ano.

Mundos virtuais são comunidades on-line nas quais pessoas operam avatares em um ambiente simulado por computador --como o Second Life ou World of Warcraft.

De acordo com a consultoria britânica KZero, que analisa mundos virtuais e bens de mercado virtuais, há um aumento de 51 milhões em relação ao 2º trimestre deste ano, e de 350 milhões em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo informações do site ReadWriteWeb, 468 milhões desses usuários têm idade entre 10 e 15 anos. Essa faixa etária teve um aumento de 24 milhões de usuários no 2º trimestre do ano.

O mundo virtual mais popular, segundo a companhia, é o Stardoll (cujo público tem 15 anos ou menos), com 288 milhões de contas registradas.

Fonte: Folha.com

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

TVs UNIVERSITÁRIAS - As dificuldades da regulamentação

Por Valério Cruz Brittos e Carine Fekl Prevedello em 28/9/2010

As televisões universitárias, segmento que cresce no Brasil desde a instituição da Lei da TV a Cabo (nº 8.977), de 1995, fazem parte – de acordo com a legislação – do grupo de canais de acesso público. Entretanto, carregam estruturalmente e conceitualmente uma série de contradições. Por estarem associadas ao segmento de emissoras de interesse público, representariam uma programação alinhada a valores culturais elevados, ao regionalismo e às temáticas da cidadania. Serviriam, portanto, à demarcação e ao fortalecimento do audiovisual de contraponto ao padrão comercial, o que não necessariamente é identificado nas grades de programação desse tipo de TV, presente especialmente em operações de cabo.

A discussão do papel das emissoras televisivas universitárias no cenário comunicacional brasileiro envolve os propósitos das instituições que as gerenciam e o perfil editorial que se propõem a desenvolver. Os canais televisivos, mesmo os públicos e educativos, muitas vezes ainda padecem de interferência política – característica, aliás, do sistema de concessões da radiodifusão no país –, priorizando as questões de visibilidade das organizações que integram. As duas dimensões, conceitual e estrutural, estão relacionadas à construção de um conceito de televisão universitária, o que requer mais pesquisa, reflexão e debate, sendo ainda recentes e escassos os estudos acerca desse tema.

Desde o final dos anos 1990, a Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU) propõe a inclusão de centros universitários e faculdades como entidades capacitadas a estruturar emissoras e poder integrar ou gerenciar canais de utilização básica gratuita na TV a cabo. Assim é que tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que visa a alterar a redação da Lei 8.977, que hoje permite apenas às universidades obter licença para operação de canal de TV a cabo. Contudo, essa é uma determinação que vem sendo sistematicamente burlada, em especial através de canais compartilhados e em municípios onde há uma espécie de convênio firmado entre uma universidade e as demais instituições de ensino superior.

O caminho a ser percorrido

A dimensão política, no entanto, não se aplica somente no aspecto da negociação de gestão e ocupação do canal, mas também – e talvez principalmente – na formulação de um propósito de articulação da finalidade das televisões universitárias como emissoras de interesse público, ou seja, associadas ao segmento das TVs públicas, congregando, assim, algumas características comuns, mas, sobretudo, princípios e objetivos. Por conseguinte, a dimensão política deve ser associada não ao enquadramento e à delimitação de projetos, como tradicionalmente ocorre, por sua associação com partidarização ou objetivos menores, mas à sua relação (indispensável) com os macro interesses da sociedade (que deve servir).

Considerando-se a relevância crescente desse tipo de serviço televisual, propõe-se operacionalmente um conceito de televisão universitária que preserve a dimensão política, na sua conexão com o interesse público, ao mesmo tempo em que assegure uma exigência estrutural-produtiva mínima, de forma a garantir a formulação de grade própria e o adequado posicionamento legal dessas emissoras frente às legislações vigentes. Um canal universitário não é (ou não pode ser) um espaço de divulgação mercadológica, de marketing ou de reforço da imagem de uma instituição de ensino superior: caso a emissora constitua-se e apresente-se desta forma, não poderia ser caracterizada como tal, com todas as consequências daí advindas.

Desta forma, chega-se a uma proposição conceitual primeira de TV universitária como uma emissora instituída, gerida e mantida por uma universidade, com regime jurídico público ou privado sem fins lucrativos, formada por estudantes, professores e funcionários, capaz de produzir uma programação independente, com a finalidade de retratar atividades relacionadas ao ensino, pesquisa e extensão, bem como servir à representação da diversidade cultural e peculiaridades regionais em que está inserida, explorando novos formatos audiovisuais e temáticas que a consolidem como uma alternativa ao padrão comercial hegemônico. Trata-se de um caminho a ser percorrido, mas que não será atingido sem uma regulamentação clara.

Fonte: Observatório da Imprensa

Mídia global se prepara para resgate de mineiros chilenos

Por Piers Scholfield

Em frente à mina de San José, no Chile, a história dos 33 mineiros soterrados tem side descrita por diversos jornalistas como a principal reposrtagem de interesse humano do anos.

Os 32 chilenos e um boliviano se tornaram um fenômeno midiático, e cada um deles tem uma história distinta – e em geral fascinante – para contar.

Temos Franklin Lobos, que já foi estrela da primeira divisão do futebol do país; Johnny Barrios, que, por ter sido responsável por cuidar de sua mãe diabética quando ele era criança, tornou-se o médico não oficial dos colegas.

Mario Gomes, 63, o mais velho do grupo, que está no setor da mineração desde os 12 anos, escreveu o famoso bilhete que revelou que ao mundo que os mineiros ainda estavam vivos: “Estamos bien en el refugio los 33” (Estamos bem no refúgio os 33).

Sua mulher, Lilian Ramirez, é presença constante no Campo Esperança (onde familiares dos mineiros montaram acampamento) e tem dado entrevistas para possivelmente centenas de redes internacionais de TV, jornais e revistas.

E temos também Mario Sepulveda, cuja face tem se tornado familiar depois de aparecer em vídeo e nas TVs mundias como o guia dos mineiros no subterrâneo.

Como disse à BBC Claudio Ibañez, um dos psicólogos da equipe de resgate: “Ele vai ser uma estrela”.

Avanços
Mas a história que todos querem ouvir é o relato em primeira pessoa dos próprios homens a respeito da terrível experiência que estão vivendo no interior da mina.

Na última sexta-feira, o ministro chileno de Minas, Laurence Golborne, disse à imprensa que a data estimada para o resgate deve ser antecipada para “a segunda metade de outubro”.

E tem havido progresso na segunda tentativa de resgate – o chamado plano B. Os equipamentos alcançaram uma profundidade de 428 metros na manhã deste sábado, após perfurar 56 metros de rocha em 24 horas.

É possível, portanto, que o resgate ocorra dentro de dez dias ou até mesmo uma semana.

As TVs, portanto, se preparam para transmissões ao vivo e montam acampamento ao lado da mina ou na cidade de Copiapó. E o governo corre contra o relógio para montar uma infraestrutura capaz de abrigar as equipes da imprensa internacional que devem chegar nos próximos dias.

Estrutura
Uma grande plataforma foi montada na montanha no topo da mina, para oferecer uma visão das operações de resgate.

Tomás Urzua, chefe do departamento de imprensa internacional do governo chileno, disse à BBC que haverá tomadas elétricas a cada quatro metros da plataforma, uma conexão wi-fi estável e uma sala de imprensa, onde ministros e funcionários da equipe de resgate atualizarão os jornalistas quanto ao progresso da operação.

Em Santiago, a equipe de imprensa do governo já recebeu 300 pedidos de credenciamento vindos de todo o planeta, e outros devem ser requeridos nos próximos dias.

Só dos EUA 30 pessoas irão cobrir o acontecimento. São funcionários das redes NBC, ABC, CNN, Fox, Telemundo e Univisión.

Cobrirão para a Grã-Bretanha as redes ITN, Sky e Five News, além da BBC.

Somando-se a tudo isso a presença da mídia do próprio Chile, temos um cenário de intensa demanda por espaço e recursos midiáticos.

Mineiros
E a grande disputa vai ser para falar diretamente com os mineiros e suas famílias. Há, no Campo Esperança, rumores não confirmados de que alguns parentes estão assinando contratos de entrevistas exclusivas com alguns meios.

Outras famílias apenas esperam que o resgate não se converta em um reality show global.

“Ninguém quer ser visto chorando em frente às câmaras”, disse à BBC Maria Herrera, cujo irmão, Daniel, está entre os soterrados.

Ela está ciente de que a atenção midiática pode ser excessiva para seu irmão, mas diz que vai apoiá-lo quando ele for resgatado. “É para isso que serve a família”, diz. “Para cuidar dele, protegê-lo, amá-lo.”

Fonte: BBC Brasil