Algumas das empresas que fecharam acordo com o governo para oferecer a banda larga popular a partir de setembro definiram que esse serviço – de 1 Mbps e R$ 35 mensais -- estará associado a planos de telefonia fixa. Pelo combo, cobrarão R$ 65 ao mês. A prática de venda casada é permitida desde que o consumidor tenha a opção de adquirir só a internet rápida. Mas a alternativa “solo” pode estar disponível apenas em 3G, conexão ainda considerada instável no país, enquanto o combo com serviço de voz virá associado à banda larga fixa.
A Telefônica, por exemplo, anunciou duas alternativas dentro do PNBL (Plano Nacional de Banda Larga). A internet com tecnologia ADSL (fixa) virá no plano de R$ 65, sendo R$ 35 da conexão e R$ 30 de telefonia fixa. Se o consumidor quiser pagar US$ 30 por mês, terá de optar pelo 3G da Vivo. Metade das queixas recebidas pela Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações) sobre a alternativa móvel referem-se à indisponibilidade do serviço.
A Sercomtel tem um pacote de R$ 65 nos mesmos moldes da Telefônica (R$ 35 para internet e R$ 30 para telefonia fixa). Mas a empresa, que atende Londrina e Tamarana, divulgou que a banda larga desvinculada do telefone só estará disponível em julho de 2013. Até lá, a companhia oferece um serviço de internet pré-paga de R$ 29,90 mensais e 400 Kbps – por conta da velocidade, a alternativa não se encaixa nas definições do PNBL.
“Sem dúvida precisamos oferecer o acesso isolado, que é a banda larga sem o acesso de voz, mas essa é uma meta a ser atingida no prazo de dois anos. Temos os desafios de custos e de adaptação de rede para fazer essa oferta que é o objetivo final”, afirmou ao UOL Tecnologia Fernando Kireeff, presidente da Sercomtel.
As operadoras Oi e CTBC, que também já fecharam acordo com o ministério das Comunicações, foram procuradas pela reportagem, mas não deram detalhes sobre seus planos. Antes de setembro, outros prazos haviam sido determinados – sem cumprimento – para o início da implementação do PNBL: julho, abril e dezembro de 2010. A promessa inicial era que cem cidades estariam conectadas à internet rápida pelo Plano Nacional de Banda Larga até o final do ano passado.
Qualidade
Atualmente, o assinante tem a garantia de 10% da velocidade contratada. No final de outubro, no entanto, a Anatel deve divulgar novas metas de qualidade. “A Anatel está começando com 30% [de entrega da velocidade da conexão contratada] e isso vai aumentando gradativamente. A exigência me parece imperativa, fundamental”, afirmou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, em entrevista ao UOL.
Questionado se essa massificação da oferta de banda larga não deve piorar ainda mais a qualidade do serviço que está entre os líderes de reclamações, o ministro afirmou: “esperar [o serviço] melhorar para distribuir ao povo me parece injusto”. E complementou: “é melhor ter milhões reclamando da internet do que milhões sem saber como ela funciona para poder reclamar”.
Bernardo ponderou que, se considerada a telefonia móvel e fixa, são mais de 250 milhões de usuários em todo o país. “É mais do que a população brasileira. Parece natural ter muita reclamação, até porque o serviço apresenta deficiência mesmo.” Mas, segundo ele, o caminho não é esperar até que o problema se resolva, para só então oferecer a banda larga popular. “Por que só eu posso reclamar da minha internet? Por que o rapaz que serve o cafezinho aqui não pode fazer isso?” questionou em seu gabinete, onde recebeu a equipe de reportagem do UOL.
O objetivo do PNBL é fazer com que 40 milhões de domicílios tenha conexão rápida até 2014. Segundo dados da Telebrasil (Associação Brasileira de Telecomunicações), esse número hoje gira em torno de 17,4 milhões.
Fonte: Uol Tecnologia