sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Regulamento de cabo deve entrar em consulta em março

Redação Tal Viva

Em breve a Anatel deverá entrar na reta final da reforma das regras para a oferta de TV a cabo no país. O conselheiro João Rezende disse nesta quinta-feira, 27, que o novo Regulamento de TV a Cabo deve entrar em consulta pública em março deste ano. Por enquanto, o documento está sendo revisto pela Superintendência de Serviços de Comunicação de Massa (SCM). Mas Rezende, que é o relator da proposta no Conselho Diretor, está otimista de que o documento será finalizado rapidamente.

O regulamento é a última parte de uma longa reforma nas regras de TV por assinatura promovida pela Anatel com o intuito de abrir o setor para novos concorrentes. Esse processo teve início com a edição de uma medida cautelar suspendendo o limite no número de outorgas por cada município brasileiro. Essa suspensão já foi formalizada com a aprovação de um novo planejamento do serviço no ano passado. E, com isso, a agência abriu caminho para que novas prestadores de TV por assinatura entrem no mercado sem que haja um limite ao número de outorgas. As mais interessadas no serviço são as concessionárias de telefonia fixa, que querem empacotar múltiplos serviços.

A atualização do regulamento é muito importante neste momento de renovações de licenças e emissão de novas outorgas especialmente por trazer o preço que essas autorizações terão. A Anatel já sinalizou por duas vezes - na aprovação do planejamento e, hoje, na definição do custo das renovações - que cobrará o preço administrativo pelas outorgas, de R$ 9 mil. Mas o valor só será formalizado quando a agência incluí-lo formalmente no novo regulamento.

Renovações

Outros documentos envolvendo a oferta de TV a cabo deverão passar por consulta pública no próximo mês. São as condicionantes para a renovação das outorgas de TV a cabo que vencem a partir do dia 12 de dezembro deste ano, como adiantou este noticiário. A regra geral manda que a Anatel coloque em consulta cada uma das licenças que serão renovadas. Mas, como 79 outorgas estão em prestes a vencer, a agência reguladora resolveu juntar em um mesmo processo as licenças pertencentes a cada grupo de mídia interessados, para permitir um acesso mais organizado aos dados.

Assim, serão colocados em consulta os condicionamentos para 18 grupos (veja lista abaixo). A necessidade de divulgar as condicionantes à sociedade já estava prevista, mas até então a Anatel não havia confirmado quando e como iria apresentar os dados.

A agência não entrou em detalhes sobre as condicionantes, restringindo apenas a dizer que elas serão focadas na expansão e melhoria da qualidade do serviço. Mas as diretrizes já foram expostas no manual para o pedido de licenças novas, associado ao novo planejamento de cabo. Basicamente, a agência trabalha na imposição de metas de abrangência, fazendo com que as empresas ampliem sua área de atuação. Vale lembrar que essas outorgas que vencem entre 2011 e 2012 não possuíam nenhum compromisso de atendimento, por serem originárias do serviço de DISTV lançado em 1996, quando as condicionantes não era a praxe do setor.

Pontuação

A grande novidade está no método de apuração do cumprimento dessas obrigações. A agência pretende estipular uma espécie de sistema de pontuação, onde a classe social das residências atendidas pela empresa influencia o cumprimento da meta. Simplificando o sistema, clientes com maior poder aquisitivo (classes A e B) contam mais "pontos" para o cumprimento das metas do que os clientes das classes D e E. Na prática, o sistema torna mais fácil o cumprimento das obrigações pelas empresas que hoje atuam em áreas com populações mais abastadas.

À primeira vista, o modelo pode parecer um contrasenso para uma agência que pretende estimular a expansão dos serviços. Mas, na verdade, o sistema simplesmente admite uma realidade natural do mercado: de que as empresas, sem condicionantes, concentraram-se nas áreas mais rentáveis para promover sua oferta. Assim, espera-se que, consciente dessa realidade, a agência imponha metas equilibradas o suficiente para garantir uma expansão mínima da oferta, mesmo admitindo que a concentração desse serviço está nas classes A e B atualmente.

Fonte: Tela Viva