quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Governo de transição fecha canal de TV privado

Por Leticia Nunes (edição) e Larriza Thurler

O governo provisório da Tunísia fechou o Hannibal TV, um dos mais populares canais do país, na noite de domingo [23/1]. Segundo uma agência de notícias estatal, a emissora privada estaria tentando "abortar a revolução dos jovens, espalhar confusão, incitar conflitos e transmitir informações falsas" que poderiam "criar um vácuo constitucional e desestabilizar o país para levá-lo a uma espiral de violência com o objetivo de restaurar a ditadura do ex-presidente". O dono do canal foi preso.

Um porta-voz do Hannibal afirmou que o governo simplesmente interrompeu o sinal, sem aviso ou explicações. "O dono apoiava a revolução, dando voz às pessoas", afirmou. A Tunísia encontra-se em crise depois que protestos contra o desemprego, liderados por jovens e estudantes, acabaram crescendo a tal ponto que obrigaram o presidente Zine el-Abidine Ben Ali, criticado pelo autoritarismo político, a deixar o país. Um governo de coalizão foi instalado, mas ainda conta com muitos membros do antigo partido de situação, incluindo o primeiro-ministro, Mohamed Ghanuchi – o que tem provocado ainda mais protestos. Eleições serão realizadas em seis meses.

Teste

O dono da emissora seria parente da mulher de Ben Ali. Ainda assim, o canal não teria relação lá muito amigável com o governo. Desde a queda do presidente, sua programação política e noticiosa tem, em grande parte, ecoado as manifestações pela saída do antigo partido de situação do governo de transição.

Na manhã de segunda-feira [24/1], o Hannibal voltou ao ar. Mas o breve fechamento foi suficiente para aumentar as críticas às autoridades do antigo regime, e o destino do canal é visto como um importante teste para o compromisso do governo interino com as liberdades civis. Com informações de David Kirkpatrick.

Fonte: Observatório da Imprensa