sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Ativista chinesa é condenada a um ano de trabalho forçado por mensagem no Twitter

Redação Portal IMPRENSA

Autoridades da China condenaram a ativista de direitos humanos chinesa, Cheng Jianping, a passar um ano em um campo de trabalho forçado por ter enviado uma mensagem em seu perfil no Twitter, em que ironizava a onda de protestos no país contra a presença do Japão na Expo Xangai. Cheng foi acusada de perturbação da ordem social, e passará por um período de "reeducação por meio do trabalho".


Segundo informou a organização não-governamental (ONG) Anistia Internacional, Cheng havia "retuitado" uma mensagem de seu namorado, Hua Chunhui, em que ele ironizava os movimentos antijaponeses que acontecem no país desde setembro, e dizia que os manifestantes deveriam destruir o estande do Japão na Expo Xangai para "provocar o inimigo". A chinesa também publicou outro tweet, como se convocasse seus compatriotas. "Ataque, juventude raivosa".

A chinesa havia desaparecido dez dias depois de ter postado a mensagem no Twitter, no dia em que iria se casar, e reapareceu na última segunda-feira (15), data em que foi condenada. Para o diretor da ONG na Ásia, Sam Zarifi, a sentença aplicada pela China à ativista mostra o quanto o país reprime as publicações online. "Sentenciar alguém a um ano num campo de trabalho, sem julgamento, só por repetir observação claramente satírica de outra pessoa no Twitter revela o nível de repressão on-line na China", disse.

Já o namorado de Cheng informou que a ativista havia assinado um abaixo-assinado que pede a libertação do ganhador do Nobel da Paz, o dissidente chinês Liu Xiaobo, condenado a 11 anos. Para Chunhui, a sentença aplicada à chinesa poderia ser uma forma de puni-la por apoiar Xiaobo.

O microblog é um dos sites bloqueados pelo governo chinês, mas alguns internautas conseguem burlar a censura. Cheng já havia sido detida por cinco dias em agosto, após manifestar apoio ao vencedor do Nobel, que defende a liberdade de expressão e o uso de meios de comunicação eletrônicos, como a Internet, para acabar com a censura no país. Até o momento, as autoridades judiciais da China não comentaram o caso.

Em setembro, o governo chinês impediu a circulação da revista literária Coro de Solistas, editada pelo escritor chinês Han Han, e que é considerado o blogueiro mais lido mundo. As autoridades do país alegaram que a publicação não possuía uma licença específica para circular na China.

Fonte: Portal IMPRENSA