terça-feira, 3 de agosto de 2010

Conselho de Segurança da ONU vai avaliar conflito entre Líbano e Israel

DE SÃO PAULO

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) vai mediar a disputa diplomática gerada pela troca de tiros entre as tropas do Líbano e de Israel na fronteira, que deixou ao menos cinco mortos.

O governo israelense criticou duramente o governo libanês, a quem acusou pelo confronto. O primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, instruiu as forças militares a responderem a qualquer ataque. "Israel respondeu e vai continuar a responder no futuro a qualquer tentativa de estragar a calma na fronteira e prejudicar os moradores de Israel e os soldados que os protegem".

O ministro de Defesa, Ehud Barak, Barak alertou o Líbano a evitar "mais provocações" e disse esperar que a comunidade internacional condene o incidente.

Apesar do duro discurso oficial, o comandante militar do norte de Israel, o general Gadi Eisenkot, disse não acreditar que os confrontos desencadearão mais violência. "Acredito que esse foi um evento isolado. Nós recebemos pedidos das altas patentes do Exército libanês para cessar-fogo", disse Eisenkot a jornalistas na base próxima à fronteira com o Líbano.

Uma fonte diplomática revelou às agências de notícias, em condição de anonimato, que o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, que preside nesta terça-feira o Conselho de 15 membros, anunciará em breve uma reunião da entidade para debater o episódio de violência.

Mais cedo, o Ministério de Relações Exteriores de Israel acusou o Líbano de violar a resolução 1701 do Conselho de Segurança, que suspendeu as hostilidades entre os dois lados na guerra de 2006 entre Israel e o grupo libanês Hizbollah.

A resolução pede a interrupção do tráfico de armas e proíbe armas não autorizadas na região entre o rio Litani e a Linha Azul, a fronteira monitorada pela ONU entre Israel e o Líbano.

CONFRONTO

As tropas israelenses e libanesas trocaram fogo mais cedo na tensa fronteira entre os dois países, nos confrontos mais sérios desde o fim da guerra há quatro anos. Ao menos três soldados libaneses, um jornalista e um oficial israelense morreram, segundo fontes de ambas as partes.

Os relatos sobre os confrontos são divergentes. O próprio Eizenkot disse à imprensa israelense que os militares faziam uma operação de rotina na região da fronteira, em Misgav Am, para podar uma vegetação que atravessava os dois países. A ação, afirma ocorreu somente dentro do território israelense.

Os oficiais libaneses que supervisionavam a operação de uma posição permanente teriam sido alvos de tiros de sniper, no que o general chamou de "evento planejado, uma agressão do Exército libanês que atirou em soldados dentro do território israelense sem nenhuma provocação".

Já o Exército libanês afirma que os soldados dispararam apenas tiros de alerta aos israelenses que tentavam cortar uma árvore do lado libanês da fronteira.

Em retribuição, segundo testemunhas, os militares israelenses atiraram ao menos sete projéteis explosivos contra a vila libanesa de Edayseh. Um deles matou o jornalista do "Al Akhbar" Assaf Abu Rahhal também foi morto ao ser atingido por um dos projéteis israelenses na vila de Edayseh

A porta-voz da Unifil, as tropas de paz da ONU na região, Andrea Tenenti confirmou que houve trocas de tiros entre os dois exércitos na região de Edayseh e pediu máxima cautela.

TENSA CALMA

No verão de 2006, depois da captura pelo Hizbollah de dois soldados israelenses na fronteira, uma guerra de 34 dias foi travada entre Israel e o partido xiita, matando mais de 1.200 libaneses, em maioria civis e 160 israelenses, em maioria militares.

Os confrontos desta terça-feira, contudo, não parecem envolver o Hizbollah.

Depois do confronto de 2006, a ONU enviou 12 mil membros de suas tropas de manutenção de paz, conhecidos como Unifil.

As tensões na fronteira aumentaram nos últimos meses. Israel alega que as guerrilhas do Hizbollah expandiram significativamente e melhoraram seu arsenal de foguetes desde 2006.

Entre outras coisas, membros do governo de Israel acusam a Síria e o Irã de dar materiais ao Hizbollah, incluindo mísseis Scud capazes de atingir qualquer ponto de Israel, uma acusação que o grupo libanês não nega nem confirma.

Fonte: Folha.com