O jornalista norte-americano Carl Bernstein criticou a criação de um Conselho Nacional de Jornalismo, que está em discussão no Brasil e foi tema de proposta aprovada durante a Confecom. Em sua opinião, a punição para o trabalho mal feito pela imprensa vem dos próprios leitores.
“(...) Ter conselhos oficiais que avaliem o trabalho jornalístico é um caminho péssimo (...). Não tenho qualquer problema em receber críticas do meu trabalho jornalístico por um político ou quem quer que seja. Criticar é bom. E também acho que nós, jornalistas, devemos responder por um mau trabalho. Mas apontar um conselho oficial governamental para criticar e punir é uma ideia muito ruim, um erro”, afirmou em entrevista ao O Globo.
Bernstein também falou sobre a liberdade de imprensa nos Estados Unidos e na América Latina. Ele disse que a relação entre os governos Nixon e Bush com a mídia era falsa e até desonesta, mas considera que no governo Obama esse cenário mudou. "Obama tem uma compreensão fundamental sobre o valor de uma imprensa livre para uma sociedade e uma cultura democráticas. Ele também entende que é inútil tentar manipular a mídia".
Autor de uma biografia do Papa João Paulo II, em parceria com Marco Politi, em 2005, e de um livro sobre a atual secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, lançado em 2007, Bernstein criticou como a Igreja Católica tratou a imprensa após a repercussão dos escândalos de pedofilia envolvendo padres. “... O papa atual toma atitudes absurdas, culpando a imprensa, como se o jornal The New York Times fosse responsável pelos escândalos sexuais da Igreja apenas porque os noticiou”, afirmou.
Bernstein ganhou reconhecimento por ter feito, ao lado de Bob Woodward, uma série de reportagens que derrubou o presidente americano Richard Nixon. O jornalista virá ao Brasil em maio para participar de um seminário sobre liberdade de imprensa.
Fonte: Comunique-se