O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as empresas que faltaram à 1º Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), na abertura do evento, na noite desta segunda-feira (14/12) em Brasília.
“Lamento que alguns atores da área da comunicação tenham preferido se ausentar desta Conferência, temendo sabe-se lá o quê. Perderam uma ótima oportunidade para conversar, defender suas idéias, lançar pontes e derrubar muros. Eu, que sou um homem de conversa e de diálogo, volto a dizer, lamento. Mas cada um é dono de suas decisões e sabe onde lhe aperta o calo. Bola pra frente”, declarou o presidente, que foi ovacionado em seguida.
Como empresas, apenas a Band e a Rede TV! participam da conferência, representadas pela Associação Brasileira dos Radiodifusores (Abra) e Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil). A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Associação Brasileira de Internet (Abranet), Associação Brasileira de TVs por Assinatura (ABTA), Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner), Associação dos Jornais do Interior (Adjori) e Associação Nacional dos Jornais (ANJ) deixaram, no dia 13/08, a comissão do debate por divergências com outras entidades.
Jornalismo independente
Lula também falou das novas tecnologias, do crescimento da banda larga no Brasil e sobre jornalismo. O presidente sugeriu a democratização da informação por meio de veículos independentes. “É possível editar um jornal eletrônico na internet, onde não há gastos com papel e distribuição, com um custo bem inferior ao atual. (...) É possível também que grupos de jornalistas e profissionais competentes decidam criar jornais eletrônicos de boa qualidade, preferindo trilhar seu próprio caminho em vez de trabalhar para os outros.
Rádio e comunidade
O tema radiodifusão também foi citado, mas “rádios comunitárias” não estava no discurso prévio, o que foi cobrado por entidades representativas. Sobre o assunto, o presidente comentou que existem muitos equívocos nesse setor, como “pessoas que requerem rádios comunitárias em nome de movimentos sociais”, mas na realidade são apenas políticos.
TV digital
O ministro das comunicações, Hélio Costa, enfatizou a implantação da TV digital no Brasil. “A implantação do sistema brasileiro de TV digital traz para toda a população canais de cidadania, educação, cultura, o que é impossível pelo sistema analógico. O sistema de TV digital brasileiro contempla ainda uma abertura para a comunidade interagir com a produção de conteúdo, e serve de modelo para todos os países do Mercosul”, ressaltou.
Apesar de Lula ter sido ovacionado, o, Hélio Costa, foi vaiado por alguns delegados, que afirmavam que mesmo o ministro estando em um cargo público, seu patronato era o empresariado.
Além do presidente e do ministro das comunicações, discursaram também João Carlos Saad, presidente do Grupo Bandeirantes, representando a Abra, Rosane Bertotti, secretária nacional de comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Celso Schröder, 1º vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e coordenador do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). A abertura contou também com uma homenagem ao jornalista Daniel Herz, militante pela democratização da informação, falecido em 2006.
O encontro, que vai até quinta-feira (17/12), tem como tema “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”, nele serão discutidos três eixos temáticos: “produção de conteúdo”, “meios de distribuição” e “cidadania: direitos e deveres”.
A Confecom tem a participação de 1.684 delegados de todo o País, com cobertura de mais de 300 jornalistas. Dos delegados, 40% representam movimentos sociais, 40% o empresariado e 20% o Governo e o Congresso Nacional. O debate final formalizará um relatório com propostas para a democratização da comunicação que será encaminhado ao Congresso.
Fonte: Comunique-se