quarta-feira, 6 de maio de 2009

Pai da TV no Estado fala ao Portal3

Por Andrei Andrade

O jornalista Sérgio Reis, um dos ministrantes do Curso 50 Anos da TV no Rio Grande do Sul, tem mais de 60 anos de experiência na comunicação. Foi o fundador da primeira emissora de TV no Estado, a TV Piratini, em 1959, e comandou a primeira transmissão a cores da TV brasileira, em 1972. Trabalhou nas TVs Gaúcha, Guaíba e Difusora, estando presente nos momentos mais marcantes destes 50 anos em que os gaúchos convivem com a televisão. Atualmente, apresenta o programa Tribuna Independente, na Rede Vida, e dá aulas na Feplam. Na tarde da última segunda-feira, ele conversou com o Portal3.

Como o sr. avalia a atual programação da TV brasileira?

Acho que está faltando criatividade, humildade e conhecimento geral para quem faz TV no Brasil. As novelas, por exemplo, contam a mesma história há 30 anos. Os programas de humor exploram o homossexual, o que é crime, uma estupidez. Os programas infantis tratam as crianças como imbecis, os apresentadores se dirigem a elas como se fossem mais infantis ainda. Com esse quadro, quem tem alguma inteligência se afasta do veículo. Os apresentadores não têm a menor humildade. São parte de um culto às celebridades que não ajudam em nada o Brasil.

E no Rio Grande do Sul?

De modo geral, me agrada. As séries dramáticas da RBS são muito boas, assim como os telejornais. Acredito que todas as TVs fazem boa cobertura dos eventos especiais do Estado.
Alguns bons programas ainda merecem melhor tratamento, como “Guerrilheiros da Notícia”, que tive o prazer de participar na TV Guaíba. Era um programa bom e barato, que dava muita audiência no horário das 19h. Quando mudou para a Pampa, passaram para o início da tarde e o público caiu muito.

Vejo que a Record está bastante preocupada em conquistar audiência no Estado, e tem feito um bom trabalho de identificação com o gaúcho. Pode ser apenas uma estratégia de mercado, mas está dando certo.

Que momentos merecem maior destaque dentro nos 50 anos de TV no Rio Grande do Sul?

Acredito que cada emissora que se inaugura é um momento extremamente importante para a comunicação. Fundei a TV Piratini antes do video-tape e acredito que o advento desta tecnologia mereça ser destacado, pois só aí passamos a receber programas vindo do eixo Rio-SP, mesmo que com bastante atraso. O desfile de carnaval, por exemplo, era transmitido na quaresma!
A inauguração da TV a cores é outro marco histórico que teve origem no Rio Grande do Sul. Ninguém queria botar cor na TV, redes como Globo e Bandeirantes eram contra, pelos custos que trariam. Foram os diretores da Difusora que compraram a ideia, e então transmitimos a Festa da Uva de Caxias do Sul, para todo o Brasil.

Por último, tem o programa Grande Desafio, que foi uma co-produção entre as TVs Gaúcha e Paranaense, dificílima de fazer. Era um game-show de perguntas e respostas onde competiam gaúchos contra paranaenses, com a tela dividida, com dois sinais simultâneos. Foi uma importante inovação.

E o curso, como será?

Vou falar no processo histórico da TV no Estado, contando como começou e o que mudou, pra melhor ou pra pior, nesse período. A ideia é tirar crenças estereotipadas, como, por exemplo, a de que antes do vídeo-tape só se improvisava. Era justamente o contrário, não havia improviso. Vou ressaltar a importância da televisão, que pode ser feita com muito ou pouco recurso, e tentar mostrar como que, às vezes, tecnologia em excesso mais atrapalha do que ajuda.

Fonte: Portal3