terça-feira, 19 de maio de 2009

50 anos da TV no RS foi tema do CEPOS Debate

Por Denis Gerson Simões


Mantendo a tradição de fomentar o debate crítico quanto a temas do campo da comunicação, o Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (Cepos) promoveu na última segunda-feira, 18 de maio de 2009, o CEPOS Debates tratando dos 50 anos da Televisão no Rio Grande do Sul. Também organizada pelo Curso de Comunicação Social da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos, a atividade contou com as explanações dos jornalistas Sérgio Reis, Lauro Schirmer e Geraldo Canali, grandes personalidades da história da TV no estado. O colóquio, mediado pelo Prof. Ms. Edelberto Behs, coordenador do curso de jornalismo, ocorreu no miniauditória da Biblioteca da universidade.

Lauro Schirmer, que hoje é diretor do Museu Hipólito José da Costa em Porto Alegre, fez a primeira explanação da noite. Abriu o colóquio com o tema do jornalismo no princípio da tevê, iniciando na TV Piratini, primeiro veículo televisivo do Rio Grande do Sul, que iniciou suas transmissões em 20 de dezembro de 1959. Schirmer expôs a entrada de uma nova mídia no extremo sul do Brasil, com suas peculiaridades e limitações técnicas. Ele tratou tanto do contexto dos programas ao vivo no estúdio, quanto das atividades externas ao prédio da emissora, práticas que foram se reconfigurando na medida em que chegavam novos avanços tecnológicos. Não pode deixar de apontar fatos pitorescos, como o exemplo da transmissão do lançamento do monoquíni na capital, em 1964, matéria essa que acabou por gerar enorme repercussão e ainda decorrer em uma suspensão do sinal da TV Gaúcha por 24 horas.

Também envolvido no caso do monoquíni, o jornalista Sérgio Reis foi outro painelista da noite. Com grande dose de humor, Reis recordou importantes momentos da televisão no Rio Grande do Sul, derrubando mitos e esclarecendo fatos, que agora ganham visibilidade em meio às comemorações das cinco décadas de TV no estado. Trouxe ao debate a figura de Assis Chateaubriand, que para levar a nova mídia para diversos cantos do Brasil realizou altos investimentos, tanto em equipamentos e estrutura física, quanto na capacitação de pessoas a serem aptas a dirigir esse novo veículo de comunicação. Reis fez parte do grupo dos 18 gaúchos que freqüentou o curso de capacitação no RJ, aprendendo com os profissionais experientes como organizar a tevê que nascia. Diz ele que “a equipe veio preparada para isso”, para planejar e executar a programação ao vivo, trabalho que exigia ensaio e conhecimento das técnicas disponíveis. “Não se tratava de uma estrutura de improvisação”, ressaltou o jornalista. E lembrou: “as pessoas que trabalharam na implantação na televisão em 1959 tinham consciência de que estavam dando início a um veículo de comunicação que mudaria a vida dos gaúchos”.

Trazendo um olhar de outra geração, mas não menos envolvida com o nascimento da televisão, Geraldo Canali expôs que viu em sua infância o surgimento da TV, no período em que era comum o televizinho e quando as pessoas paravam para admirar o conteúdo televisivo pelos aparelhos com imagens e sons nas vitrinas das lojas. Canali, que é doutor em comunicação e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, contou parte da história da televisão no estado a partir do ponto de vista do espectador. Lembrou seus anseios e euforias frente ao novo equipamento eletrônico, que ganhava espaço central em residências e locais públicos (como escolas e igrejas). Tratou em sua fala da gradual mudança tecnológica e da formação das empresas do setor. TV Piratini, TV Gaúcha, TV Difusora, TV Guaíba, cada canal com suas especificidades e dialogando com seu tempo, dando forma ao contexto atual da radiodifusão no RS. Ao final colocou, com descontração, que na segunda metade do século XX iniciou um processo tevecrático, contrapondo-se ao até então predomínio teocrático.

O encontro destas três personalidades foi uma viagem pelos primeiros anos dos novos tempos do Rio Grande do Sul. As questões abordadas neste CEPOS Debates, além de qualificados e consistentes, caracterizaram-se por serem críticas e condizentes com a realidade, trazendo à tona um período de transformações profundas no pensar e fazer comunicação no sul do país. Quem pode fruir deste momento teve oportunidade única.