O jornalista Paulo Sant’Ana protagonizou nesta terça-feira (17) mais um capítulo da estratégia do Palácio Piratini que visa transformar a governadora Yeda Crusius (PSDB) em vítima. A carta, enviada em caráter, supostamente, pessoal ao jornalista da RBS, foi publicada pelo jornal Zero Hora que destaca a reflexão sobre “solidão do poder” feita por Yeda. Entre outras coisas, a chefe do Executivo gaúcho volta a criticar as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal que desbarataram uma quadrilha que agia no interior do Detran. Yeda se refere a essa investigação como a “famigerada Operação Rodin”. Não é a primeira vez. No ano passado, no auge do escândalo do Detran, Yeda se referiu à Polícia Federal como “os do lado de lá”, sem especificar quem seriam exatamente “os do lado de cá”.
Durante todas as investigações da Operação Rodin, Yeda nunca criticou os acusados de integrar a quadrilha que desviou mais de R$ 50 milhões dos cofres do Detran. Classificou um dos principais acusados, Lair Ferst, como um “companheiro do partido” e deporá como testemunha de defesa de outro acusado de liderar o esquema, o ex-presidente do Detran, Flavio Vaz Netto. Vaz Netto, aliás, que chantageou o governo por meio de uma carta onde ameaçava voltar à CPI do Detran e “contar tudo o que sabia”. O movimento de vitimização vem contando com a “generosidade” da mídia local, em especial do grupo RBS que fez, mais uma vez, as vezes de assessoria de imprensa do governo no episódio da campanha de outdoors de sindicatos de servidores públicos gaúchos contra as políticas do atual governo, defendendo a proibição dos cartazes que mostravam a imagem de Yeda.