sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Professores discutem a digitalização da comunicação no curso Mídia, Controle e Democracia.

por Taize Odelli

Ontem, dia 30, às 19 horas, no auditório do Afocefe Sindicato, em Porto Alegre, ocorreu o penúltimo dia do curso Mídia, Controle e Democracia, organizado pelo Grupo de pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS). Os professores Luciano Correia, João Miguel e a professora Helenice Carvalho, trataram do tema Digitalização das Comunicações.

O Professor Mestre Luciano Correia, da Universidade Federal de Sergipe e doutorando da Unisinos, abriu a palestra, dando um histórico do jornalismo na televisão, abordando a linguagem utilizada pelos telejornais, adaptada inicialmente das rádios, e invenções que mudaram a forma de fazer o telejornal, dando a ele uma linguagem própria.

Também falou da postura da Rede Globo e suas manipulações, usando como exemplo a cobertura da emissora da campanha Diretas Já e a eleição e impeachment do presidente Collor. Sobre a digitalização, Correia ressaltou que, além da qualidade estética que a digitalização da televisão proporcionará, ela também poderá ser usada para reeditar a história. “A Globo está procurando apagar o seu passado”, diz Correia. Ele ressaltou que a digitalização aproximará o público ao entretenimento e espetáculo, e que o jornalismo está caminhando nessa direção.

Posteriormente, João Miguel, professor da UEM – Moçambique e doutorando da Unisinos, tratou das questões econômicas e sociais da digitalização. Segundo João Miguel, o capitalismo procura diminuir o tempo de giro da mercadoria na sociedade, e as tecnologias estão oferecendo isso aos consumidores.

O professor ainda levantou um tema preocupante na digitalização, que é o acesso à tecnologia. Levantando dados na África sobre o uso da internet, ele diz que a digitalização não deve ser aclamada e restrita apenas a uma pequena parte de consumidores com poder aquisitivo.

Finalizando as exposições dos professores, Helenice Carvalho, professora doutora da UFRGS, falou da cultura material da população. Ressaltou o levantamento do professor João Miguel, dizendo que é difícil ser implantado com sucesso tal tecnologia em um continente pobre como a África. “O Brasil é quase tão pobre quanto à África, mas se finge de rico, e fala de TV Digital”, diz ela.

A professora ainda falou da dificuldade que será adquirir a aparelhagem necessária para se ter uma boa recepção do sinal digital. Como as peças necessárias para transmissão e recepção do sinal são importadas, haverá um grande custo que a sociedade terá que pagar para sentir as ditas melhorias na comunicação.

A questão ressaltada pelos professores, em geral, é a democratização da comunicação. Segundo eles, os cidadãos deveriam ter maior acesso à mídia, e teriam também que discuti-la. Luciano Correia falou que, a maravilha que a digitalização proporcionará será o canal de retorno com o público, mas isso só será viável se ele tiver total acesso à digitalização.

O curso Mídia, Controle e Democracia tem continuação hoje, às 19 horas, com o tema A proposta de um modelo de comunicação democrática, que será apresentado pelos professores Bruno Lima Rocha e Rodrigo Jacobus.