sexta-feira, 23 de março de 2012

Banda larga: Escolha da Price despreza tecnologia nacional, diz CGI

A escolha da parceria inglesa entre a consultoria PriceWaterhouseCoopers e a SamKnows é reveladora da dificuldade brasileira em apostar na competência nacional – e, indiretamente, escoa recursos que poderiam ser investidos na infraestrutura da Internet no país.

Ao menos é como avalia o conselheiro, por notório saber, do Comitê Gestor da Internet, Demi Getshko, também presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, que disputou com os britânicos a seleção promovida pela Anatel e feita pelas operadoras.

Getshko lembrou que a SamKnows, a parceira tecnológica da consultoria eleita como Aferidora da Qualidade da banda larga, nasceu graças a incentivos da agência reguladora de telecomunicações da Inglaterra, o Ofcom, para avaliação das conexões à Internet.

“É evidente que não precisamos de uma solução nacional em todas as áreas. Mas, infelizmente, não fizemos o que a Inglaterra fez em 2007, quando o Ofcom fomentou a empresa”, destacou o “pai” da Internet brasileira durante audiência, na quinta-feira, 22/3, no Senado Federal.

Além da competência na área, Demi Gesthko lembrou que o NIC.br – como, de resto, toda a estrutura de governança da Internet no Brasil – é público, não tem fins lucrativos e todos os recursos (oriundos da venda de endereços .br) são aplicados na rede, como a construção de Pontos de Troca de Tráfego.

“Tudo o que pudermos reverter para a Internet brasileira é positivo, mas perdeu-se a oportunidade”, disse. Pelo serviço de medição da qualidade da banda larga no país nos próximos cinco anos, a parceria Price/SamKnows receberá R$ 99 milhões.

O próprio ministro das Comunicações, Paulo Bernardo – que é membro titular do CGI – já desqualificou os argumentos do NIC.br como choro de perdedor. Pode ser. Mas vale lembrar que tanto os critérios de medição de qualidade, depois incorporados pela Anatel, bem como os primeiros testes em parceria com o Inmetro, foram criados pelo NIC.br.

Testes que continuarão sendo feitos independentemente de oficialmente aceitos pela Anatel – é com base nos resultados da Entidade Aferidora que poderão ser aplicadas sanções às empresas. “Nós vamos continuar medindo o que acharmos importante”, completou Demi Getshko.

Fote: Convergência Digital.