Telebrás e Embraer estão em fase final de eleboração do acordo de acionistas que criará a primeira integradora de satélites brasileira. Na semana passada o conselho de administração da Telebrás aprovou um memorando de entendimento assinado entre as partes, que agora trabalham na redação do acordo de acionistas. A expectativa da Telebrás é que o documento esteja finalizado lá pelo dia 20 de dezembro. O início da operação está previsto para o começo do ano que vem, já que a empresa paralelamente trabalha na redação dos outros documentos, como o contrato social etc.
A joint-venture, cujo nome ainda não foi decidido, terá um conselho de administração formado por seis membros, sendo três indicações de cada sócio. Bolivar Tarragó Moura Neto, diretor administrativo-financeiro e de relações com investidores da Telebrás, explica que algumas matérias como questões societárias e questões que envolvam transferência de tecnologia exigirão aprovação por unanimidade. "Não é poder de veto, mas é como se fosse", afirma ele.
O capital social da companhia está estimado em, no máximo, R$ 50 milhões – que será integralizado na proporção da participação de cada sócio. A Telebrás terá 49% de participação e a Embraer 51%. Moura Neto afirma que o capital social relativamente baixo se explica porque o investimento na parte de integração, que é o propósito inicial da parceria, não é tão grande.
Por enquanto, está descartada a entrada de outros sócios, porque isso significaria um atraso na criação da empresa. "Estamos em um estágio avançado de negociação. Um sócio agora significaria rediscutir esse acordo", diz o executivo.
Clientes
O primeiro cliente da joint-venture será a própria Telebrás, que tem um orçamento de R$ 714 milhões para aplicar no primeiro satélite geoestacionário brasileiro. "A Telebrás vai encomendar dessa empresa, que vai contratar fornecedores, integrar e entregar o satélite para a Telebrás", afirma o executivo, o que descarta a hipótese de que a Embraer seja, nesse momento, investidora do satélite em si.
O objetivo inicial da empresa é concentrar-se na parte de integração, mas nada impede que, no futuro, ela se capacite para também realizar operação de satélites. O lançamento do satélite geoestacionário, que será operado em conjunto com a Defesa, esté previsto para 2014. "O cronograma é relativamente apertado, mas a gente trabalha com ele ainda".
A parceria entre as duas estatais é o veículo capaz de absorver tecnologia de montagem de satélite e fomentar esse tipo de indústria no País, como quer a presidenta Dilma Rousseff. Embora o governo já tenha sinalizado a necessidade de outros satélites, a joint-venture não deve ficar restrita à demanda estatal. Moura Neto explica que na medida em que a companhia adquira "expertise" no assunto, ela irá prospectar clientes mundo afora.
Fonte: Tela Viva