O formato de áudio que veio substituir o long play (LP), conhecido como CD (compact disc), vem perdendo definitivamente sua força, podendo esse conteúdo ser baixado gratuitamente. Ante a internet e sua gama de opções, as grandes gravadoras não vendem mais como antes e passaram a buscar alternativas de financiamento. O mundo virtual foi o primeiro, e ainda é praticamente o único, espaço de comunicação a possibilitar às bandas independentes mostrarem suas músicas, estilos e imagem. O fenômeno acontece em proporções mundiais devido às múltiplas possibilidades interativas da própria internet.
Esta forma mais ampla de disponibilizar músicas e singles reforçou a posição das denominadas bandas indies (do inglês independentes), que registram seus trabalhos em estúdio com recursos próprios. No começo do movimento, eram postadas poucas músicas e a internet era usada mais para divulgar o CD físico pelo estágio tecnológico anterior de distribuição de áudio via rede e porque persistia o apego a esse tipo de mídia, hoje decadente. Atualmente, grande parte das bandas que trabalha com recursos próprios, principalmente as principiantes, disponibiliza seus álbuns completos gratuitamente na internet.
Não se pode esquecer que essa democratização musical também foi possibilitada pela tecnologia cada vez mais presente também nos estúdios, através da digitalização na captura de áudio. O acesso à tecnologia digitalizada de gravação é a cada dia mais possível, sendo prova disso o aumento de pequenos estúdios com registros de áudio amador por parte das bandas da cena alternativa, que não dispõem de tantos recursos, ou de grupos que estão começando. No passado, além de cara, a gravação independente não garantia a qualidade da gravação, de forma que tal recurso nem era cogitado como possibilidade por artistas e produtores.
Conteúdos gratuitos
Frente ao grande sucesso desses artistas independentes, as gravadoras têm buscado fechar contratos com bandas já consagradas no cenário alternativo, proporcionando-lhes boas estruturas, estúdios de qualidade e acesso a grandes palcos. Várias bandas acabam rendendo-se ao mainstream, que usa o alternativo como laboratório. Aqui no Brasil, há, como exemplo, a banda Fresno, que permaneceu por anos pagando para produzir e materializar seus álbuns. O público dessas bandas, em geral, não aprova a troca de lado devido às mudanças musicais impostas pelas gravadoras, construindo trabalhos integrados e cada vez mais comerciais.
Não obstante, a maioria das bandas independentes não consegue sustentar-se economicamente e algumas acabam falindo, como uma empresa (na verdade, depois de um tempo, é quase o que uma banda se torna). Uma minoria, por sua vez, alcança uma carreira muito bem-sucedida (principalmente em países da América do Norte e alguns da Europa) depois de um bom tempo de estrada. Quando consagradas e populares, algumas bandas optam por cobrar pelos álbuns virtuais, via de regra com resultados pífios, já que os mesmos conteúdos, em sua maioria, são disponibilizados gratuitamente em famosos sites de download.
Linguagem rápida
Este cenário configura-se como um extremo liberalismo musical, existindo empresas de diversas dimensões e um processo concorrencial. No capitalismo contemporâneo, onde a globalização é um traço característico, o lucro não funciona bem quanto à comercialização de álbuns, e sim, em termos de vendas de shows. Contudo, no longo prazo o sistema deve chegar a um quadro estável de funcionamento deste mercado, assim como dos demais setores, conformando-se mais claramente o modo de obtenção de retorno comercial, já viabilizado pelas grandes turnês, preferencialmente mundiais, envolvendo o mainstream, é claro.
Existem muitos casos que provam a internacionalização das canções de gêneros independentes. Músicos do cenário independente de um país acabam sendo influenciados e identificando-se com trabalhos de artistas, também dessa cena, de regiões separadas por quilômetros de oceanos. Uma determinada banda não precisa mais ter um contrato com uma gravadora transnacional para ser conhecida em vários lugares do mundo. A música chega como uma linguagem rápida e jovem, podendo uma determinada banda ou artista ser pouco conhecido, mas ter fãs espalhados (um pouco) por várias partes do mundo.
***
[Valério Cruz Brittos e Mateus Gross são, respectivamente, professor titular no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos e graduando em Comunicação Social – Relações Públicas na mesma instituição]
Esta forma mais ampla de disponibilizar músicas e singles reforçou a posição das denominadas bandas indies (do inglês independentes), que registram seus trabalhos em estúdio com recursos próprios. No começo do movimento, eram postadas poucas músicas e a internet era usada mais para divulgar o CD físico pelo estágio tecnológico anterior de distribuição de áudio via rede e porque persistia o apego a esse tipo de mídia, hoje decadente. Atualmente, grande parte das bandas que trabalha com recursos próprios, principalmente as principiantes, disponibiliza seus álbuns completos gratuitamente na internet.
Não se pode esquecer que essa democratização musical também foi possibilitada pela tecnologia cada vez mais presente também nos estúdios, através da digitalização na captura de áudio. O acesso à tecnologia digitalizada de gravação é a cada dia mais possível, sendo prova disso o aumento de pequenos estúdios com registros de áudio amador por parte das bandas da cena alternativa, que não dispõem de tantos recursos, ou de grupos que estão começando. No passado, além de cara, a gravação independente não garantia a qualidade da gravação, de forma que tal recurso nem era cogitado como possibilidade por artistas e produtores.
Conteúdos gratuitos
Frente ao grande sucesso desses artistas independentes, as gravadoras têm buscado fechar contratos com bandas já consagradas no cenário alternativo, proporcionando-lhes boas estruturas, estúdios de qualidade e acesso a grandes palcos. Várias bandas acabam rendendo-se ao mainstream, que usa o alternativo como laboratório. Aqui no Brasil, há, como exemplo, a banda Fresno, que permaneceu por anos pagando para produzir e materializar seus álbuns. O público dessas bandas, em geral, não aprova a troca de lado devido às mudanças musicais impostas pelas gravadoras, construindo trabalhos integrados e cada vez mais comerciais.
Não obstante, a maioria das bandas independentes não consegue sustentar-se economicamente e algumas acabam falindo, como uma empresa (na verdade, depois de um tempo, é quase o que uma banda se torna). Uma minoria, por sua vez, alcança uma carreira muito bem-sucedida (principalmente em países da América do Norte e alguns da Europa) depois de um bom tempo de estrada. Quando consagradas e populares, algumas bandas optam por cobrar pelos álbuns virtuais, via de regra com resultados pífios, já que os mesmos conteúdos, em sua maioria, são disponibilizados gratuitamente em famosos sites de download.
Linguagem rápida
Este cenário configura-se como um extremo liberalismo musical, existindo empresas de diversas dimensões e um processo concorrencial. No capitalismo contemporâneo, onde a globalização é um traço característico, o lucro não funciona bem quanto à comercialização de álbuns, e sim, em termos de vendas de shows. Contudo, no longo prazo o sistema deve chegar a um quadro estável de funcionamento deste mercado, assim como dos demais setores, conformando-se mais claramente o modo de obtenção de retorno comercial, já viabilizado pelas grandes turnês, preferencialmente mundiais, envolvendo o mainstream, é claro.
Existem muitos casos que provam a internacionalização das canções de gêneros independentes. Músicos do cenário independente de um país acabam sendo influenciados e identificando-se com trabalhos de artistas, também dessa cena, de regiões separadas por quilômetros de oceanos. Uma determinada banda não precisa mais ter um contrato com uma gravadora transnacional para ser conhecida em vários lugares do mundo. A música chega como uma linguagem rápida e jovem, podendo uma determinada banda ou artista ser pouco conhecido, mas ter fãs espalhados (um pouco) por várias partes do mundo.
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[Valério Cruz Brittos e Mateus Gross são, respectivamente, professor titular no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos e graduando em Comunicação Social – Relações Públicas na mesma instituição]