quarta-feira, 4 de maio de 2011

Mídia no Brasil: mais do mesmo

Por: André Porto Alegre


A divulgação dos resultados dos cinco maiores grupos de comunicação do Brasil apresentados na última edição do Meio & Mensagem, é reflexo do comportamento dos profissionais de mídia e condiz com a realidade vivida nas salas de espera das grandes agências brasileiras.

Apesar do discurso fácil que defende a pulverização da verba publicitária dos anunciantes pelos mais variados meios e veículos de comunicação, o dia a dia de uma agência de propaganda apresenta um único dado de realidade: o número de PI`s (pedidos de inserção) para Globo, Estadão, Folha, RBS e Abril (e seus respectivos grupos de empresas) é diretamente proporcional ao número de contatos publicitários dos outros veículos sentados na sala de espera. Ou seja, crescem as PI`s dos cinco à medida que crescem as oportunidades de mídia em outras plataformas de comunicação, que, com muito custo, conseguem espaços nas agendas dos atolados profissionais de mídia envolvidos no penoso e trabalhoso processo de autorizar inserção para cinco empresas.

Portanto não há o que comemorar no crescimento de 17,7% do bolo publicitário que resulta em um faturamento de 29,1 bilhões de reais se, desse montante, 18 bilhões ou 61% se destina aos cinco grupos de comunicação.

Não se trata de colocar em dúvida a capacidade dessas empresas, ícones da comunicação nacional, em promover um constante e consistente processo de modernização capaz de encantar agências e anunciantes com inovações pertinentes (SIC). Não se fortalece uma indústria, principalmente a de comunicação, com concentração de recursos em um país de 200 milhões de habitantes espalhados por 8 milhões de quilômetros quadrados.

A concentração dos investimentos de mídia no Brasil é um inequívoco sinal de atraso da nossa indústria incapaz de financiar as novas alternativas. Continuamos a fazer mais do mesmo, míopes diante da mudança de comportamento do consumidor. Continuamos a acreditar na ladainha promovida pelos que só se interessam pela manutenção desse status quo e disfarçam seus objetivos com os argumentos de defesa do modelo de negócio da propaganda brasileira.

Esse é o nosso modelo de negócio, o modelo da concentração e da hegemonia que, convenhamos, é desprovido de afinidade com a realidade dos consumidores e por isso, só por isso, tem seus dias contados.

Fonte: Meio e Mensagem