A ONU alertou nesta segunda-feira que até 3,5 milhões de crianças paquistanesas que sobreviveram às enchentes no país correm agora o risco de contrair doenças associadas às águas, como diarreia, disenteria e cólera.
A estimativa, baseada em cálculos do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), foi revelada à BBC Brasil por Stacey Winston, representante do escritório da ONU para a coordenação de assuntos humanitários da ONU em Islamabad.
Segundo o Unicef, pelo menos seis milhões de crianças foram afetadas pelas inundações.
Na quarta-feira, a ONU fez um apelo por doações de US$ 459 milhões para ajuda de emergência ao Paquistão, mas avisou que, em longo prazo, serão necessários bilhões.
De acordo com a entidade, a capacidade de distribuir mais água potável às crianças vulneráveis teria impacto imediato no salvamento de suas vidas, mas, até agora, a organização recebeu apenas US$ 19 milhões.
Cólera
A OMS (Organização Mundial de Saúde) já está se preparando para uma possível epidemia de cólera no país.
No fim de semana, a ONU confirmou ter identificado o primeiro caso da doença, embora o governo paquistanês não tenha notificado a entidade sobre casos confirmados.
O ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Shah Mahmood Qureshi, disse que se o país não receber mais ajuda, milhões de pessoas poderão passar fome e grupos extremistas tentarão tirar vantagem do crescente desespero dos sobreviventes.
Mais de duas semanas após o início das inundações, muitos paquistaneses estão frustrados pela lentidão na resposta das autoridades.
Na província de Sindh, no sul do país, a população bloqueou uma rua para protestar contra a demora na chegada da ajuda.
Mais ao oeste, na província do Baluquistão, cidades foram inundadas devido a uma decisão do governo de desviar águas da inundação trazidas pelo rio Indo para longe de Jacobabad - uma cidade importante no noroeste de Sindh - e de uma base da Força Aérea paquistanesa na região.
Segundo o governo paquistanês, cerca de 20 milhões de pessoas foram afetadas pelas inundações e pelo menos 1,5 mil morreram.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, visitou o Paquistão e afirmou, no fim de semana, que a inundação no país é o pior desastre que já viu. Segundo ele, 20% do país está sob as águas.
Fonte: BBC Brasil