Por Luciano Martins Costa
Nesta sexta-feira (9/7), faz exatamente um mês que a jovem Eliza Samudio foi, segundo a polícia, barbaramente espancada e morta por ordem do goleiro do Flamengo Bruno Fernandes.A descrição das torturas, feita por duas testemunhas, deixou transtornado até mesmo um experiente delegado que acompanha o inquérito. Das páginas dos jornais emerge o atleta com um perfil monstruoso, um jovem cujos pais têm passagens pela polícia e que parece capaz de matar o próprio filho.
O assunto virou obsessão da imprensa e, nos últimos dias, as emissoras de televisão acompanham freneticamente a movimentação dos acusados e da polícia. Desde o caso da morte da menina Isabella, encerrado há três meses com a condenação do casal Nardoni, não se via tanta movimentação de jornalistas em torno de uma história policial.
As revistas semanais já haviam estampado em suas capas, nas edições correntes, a história do desaparecimento de Eliza Samudio, mas apenas na quarta-feira (7/7) a imprensa teve acesso aos detalhes escabrosos do crime. Ao se encerrar a semana, a polícia não tem mais dúvidas e a imprensa já crava seu veredicto.
Morte anunciada
No entanto, falta um detalhe ao noticiário. Esse detalhe foi levantado pela repórter Eleonora Paschoal, no Jornal da Band, da Rede Bandeirantes de Televisão, na quinta-feira (8/7). Trata-se da questão da violência contra a mulher, tema central do caso Bruno Fernandes, assunto que a imprensa costuma contornar.
A repórter da Band relatou casos de agressões que eram crônicas de morte anunciada, e que no entanto não geraram a atenção necessária da mídia e das autoridades para evitar o desfecho trágico. Citou, evidentemente, o assassinato da jornalista Sandra Gomide, cujo autor, Antonio Pimenta Neves, segue impune.
Nesta sexta-feira (9/7), O Globo reproduz declarações das candidatas à Presidência da República Dilma Rousseff e Marina Silva lamentando mais um caso de violência contra a mulher, mas não aparece uma linha de iniciativa dos jornais propondo uma análise dessa perversidade social que ainda envergonha o Brasil.
Fonte: Observatório da Imprensa