quarta-feira, 23 de junho de 2010

Amsterdam

Por Larissa Berbigier*
"O que há de melhor numa coisa nova é aquilo que satisfaz um desejo antigo"
Paul Ambroise Valery
E este era um dos meus desejos antigos anotado em um pedaço de papel.
Meus "clicks" não são os mais perfeitos, não são nada perfeitos, mas ainda são os meus.
Quem dera que eu conseguisse focar tudo o que meus olhos vêem, isso é de tamanha perfeição pra mim.
É como o paladar que eu aprovo e ingiro.
É como a música que escuto.
São como os passos bailados que assisto e ensaio os meus com a cabeça.
É como o prazer que me aquece a alma e me esquenta o coração.
São meus pequenos prazeres.


As flores são coloridas, são fortemente coloridas.
Em cada lugar que você anda tem algo para fotografar, é como cada passo.
Passou uma moto tão rápido que fez meus cabelos voar.

As cores estão espalhadas por todos os lados, aos olhos um brilho, ao coração uma bela harmonia.
O "Kiss Me Or Die" que encontrei.

Os morangos gigantes que vi, maiores que os outros que já encontrei.
Tinha frutas que eu jamais havia visto.
Em um estalo de gula, uma vontade de mordida em cada uma delas.

Um monte de areia e conxinhas do mar, as trouxe comigo.

Os coloridos você encontra nas paredes também, em forma de arte.
"A arte está nos olhos de quem a vê."
E o menino que fazia xixi.

As bicicletas são um dos meios de locomoção.
Não existe diferença de idade, velhos e jovens usam este como um dos seus meios de transporte. É fácil diferenciar a bicicleta de um local, a bicicleta das meninas algumas vezes levam flores, é cor de rosa e a dos meninos levam pinturas diferentes com amarelo, vermelho, azul...
Dá vontade de levar para casa, ou relançar a propaganda da Caloi “Não esqueça a minha Caloi”. Eu queria todas para mim.
Você pode alugar bicicletas também, e sair pedalando pela cidade. Em todos os cantos tem onde “estacionar”.

Andando pelas ruas fiquei admirada com a beleza, a particularidade da arquitetura e as cores.
Para cada lugar que se olha, tem prédios bonitos, os típicos holandeses com fachada estreita, muitas janelas floridas e diferentes cores.
Os prédios grandes e históricos, com design meio medieval.
Os prédios mais antigos datam do século XVIII.
Conhecendo Amsterdam, é possível imaginar como era a vida na época dos reinados.
Além dos prédios, a cidade está repleta de canais, que são mais de 100.
Inclusive existe uma certa rivalidade entre Amsterdam e Veneza, ambas disputam o título de mais bonita.

Suas construções, com janelas, portas e sacadas.

A tão famosa e polêmica Amsterdam.
A red district, a zona da "Luz Vermelha", é outra atração que só existe em Amsterdam.
É um bairro de prostituição que virou ponto turístico.
Nos prédios, cada janela vira uma vitrine de mulheres. Elas fazem poses seminuas, usando, digamos, biquinis pequenos, convidando os homens para entrar em seus quartos de janelas grandes, que serão fechados por uma grande cortina.
Mas não pensem que só homens vão ao local: você vê familias inteiras passeando por essas "vitrines".
Eu não tirei fotos da rua, mas é uma rua tão bonita quanto qualquer outra das tantas ruas de Amsterdam.
A arte está por todos os lugares.
Este é um bonde, ele passa pela rua entre as pessoas sem fazer nenhum sinal, você tem que estar atento. Eu quase fui atropleda por ele diversas vezes.

Você encontra diversos artistas nas ruas. Eu encontrei estes também, um grupo de brasileiros que estava tocando músicas brasileiras, óbvio, e pessoas animadíssimas tentando cantar e dançando ao nosso rítimo em Amsterdam.
O outro foi este grupo, de capoeira da Bahia, que quando cheguei estavam cantando "Mulher Rendeira" ao som do berimbau.
"Olê muié rendera
Olê muié rendá

Tu me ensina a fazê renda

Que eu te ensino a namorá"

La señora
La señora segue pela rua
Eu não sei para onde vai.

Os cabelos são brancos
Por hora parecem algodão.
Entre os dedos, uma fumaça de filtro vermelho
Nas mãos uma sacola, verde quase limão.
Eu segui a senhora
Eu queria saber para onde ela ia
Eu queria saber o que na sua sacola ela tinha.
Ela seguiu pela rua, na sua sacola eu nunca vou poder descobrir
Se era sonho escondido, lembrança guardada ou amor esquecido
La señora.

Encontrei este grande mictório na praça onde estes artistas se apresentam.
É uma praça grande, onde muitas pessoas de diversos lugares passam a todo instante.
Me chamou a atenção. Uma por que eu nunca havia visto e outra por que ele realmente é usado.
Imagina um desses no Brasil?
Ia ser um corre-corre de carteiras.
Ou para o mais interno, comparei meu ouvido com um quase desses outro dia, mas o melhor seria um GRANDE pe-ni-co.

A praia, the beach, strand.
Imaginem qualquer praia do sul, Rio Grande do Sul (tirando Torres), com uma areia mais larga, do mar até o asfalto... É assim.
Ao invés do asfalto tem casinhas de veraneio, uma do lado da outra.
Iguais às casinhas do filme "Tubarão".
O mar é quase liso, impossível ao surfista que pretende pegar onda.
Eu estava ouvindo "The Cure" e esta pipa não fugiu de mim.

The Bulldog
The Bulldog é um dos Hostels mais famosos de Amstedam e também é um cofeeshop.
Eu me lembro que uns anos atrás um grupo de amigos e eu havíamos marcado de fazer um mochilão, e uma das paradas seria Amsterdam e ficaríamos neste Hostels.
Nunca mais esqueci o nome "The Bulldog" de tanto que eles falavam, eu tinha que conhecer este lugar, e foi uma dos meus "pontos turísticos" marcados.
Quando você entra, o perfume nem preciso dizer de qual cheiro é, acho que a minha mão no nariz na foto já diz, quase tive espirros.
Entrei para ir ao banheiro e fiz um pequeno vídeo do lugar, mais precisa da sala de estar.
Quando entrei estava tocando "Nigth Nurse", do Gregory Isaac's. Foi com o guitarrista dele que peguei o avião, o rasta que foi o vôo inteiro conversando com Jah, que acabamos amigos.

Este é o Museu Madame Tussaud, o Museu de cera, eu tirei fotos com os meus preferidos.
-O Bush, um dos piores, que com certeza não é nada dos meus preferidos, e nem com um boneco de cera eu perderia a oportunidade de dar uma boa sapatada nele.
-"Depois de escalar uma montanha muito alta, descobrimos que há muitas outras montanhas por escalar."
Nelson Mandela
-"Preocupe-se mais com a sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e a sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam é problema deles."
Bob Marley
A foto Prince foi em especial para um amigo CHOCANTE!
- “Você pode sempre sonhar, e seus sonhos se tornarão realidade, mas é você que tem que torná-los realidade”.
Michael Jackson
-"Pensamos demasiadamente. Sentimos muito pouco. Necessitamos mais de humildade
que de máquinas. Mais de bondade e ternura que de inteligência. Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá."
Charles Chaplin
-"A cultura do espírito identificar-se-á com a cultura do desejo."
Salvador Dalí
-"Todo mundo é uma estrela e merece o direito ao brilho."
Marilyn Monroe

Amsterdam é repleta de museus, entre os mais famosos incluem-se o Rijksmuseum, o Museu Nacional, a Casa de Rembrandt, o Museu de Vincent Van Gogh a casa de Anne Frank.
Estive no Museu de Van Gogh - era um dos pontos da minha ida até Amsterdam, mas não era o meu ponto príncipal. Eu tinha um desejo muito maior em cima dessa viagem e por ter escolhido esta cidade, e estava me preparando para isso.
Eu estive no Museu de Van Gogh e, me perdoe quem discorde de mim, também sou uma admiradora de duas pinturas, tanto que fui visitar seu Museu, mas o Museu me deixou a desejar.
Talvez um dia eu volte, e quem sabe possa ver com outros olhos.

"Enquanto puderes erguer os olhos para o céu, sem medo, saberás que tens o coração puro, e isto significa felicidade."
Anne Frank

"Distância um sino de relógio tocava, pureza no coração, pureza no pensamento..."
Anne Frank

Cheguei ao meu ponto da viagem, ao que me fez escolher a esta cidade: a casa de Anne Frank, hoje o seu Museu.O relógio de que ela fala nesta frase é exatamente este: é o relógio de uma igreja que tem ao lado da sua antiga casa.
Não foram os cofeeshop, a arquitetura que sempre gostei, o Museu da Madame Tussaud, nem o Museu de Van Gogh, que eu também queria muito visitar: foi a casa da Anne Frank que me fez escolher Amsterdam.
Eu não pude tirar uma foto dentro da casa, não é permitido, mas andei por todos os cantos, inclusive nas escadas que dão para o sótão.
Este momento foi meu e foi único, eu não poderia descrever o que senti.
Me lembro de sentar em um canto e tentar descrever em palavras o que se passava comigo naquele momento. Foi uma tentativa em vão. A emoção era mais forte.
Eu levo comigo isso, no meu mais interno.
O som do sino da igreja e o que tento dizer, cada canto em que passei, pode ser visto no filme "O Diário de Anne Frank", que ganhei como presente do meu bom amigo Vitor.
Foi um ótimo presente.
Poder ter estado no cenário deste filme, que foi o cenário da vida real desta menina, foi mais que um presente.
A Casa de Anne Frank é um lugar especial e emocionante.
Percorrendo as peças e as estreitas escadas, é possível conhecer os sentimentos e os lugares em que a jovem garota viveu escondida por cerca de dois anos.
É possível conhecer a história de sua família e de seu diário.
No antigo quarto onde Anne se escondia, ainda estão as fotos de sua coleção de artistas, que ela usou para decorar as paredes.
Numa das partes mais emocionantes, o visitante conhece o destino de cada membro da família, que foram para diferentes campos de concentração.
Por fim, as comoventes cartas de Otto Frank, pai da menina e único a sobreviver, escrevendo para parentes na esperança de reencontrar Anne Frank.
A menina morreu de febre tifóide um mês antes da libertação dos judeus.

Os negros, escravos, os judeus, escravos, os índios, escravos, e, na verdade, todos nós escravos.
A guerra por religião é milenar, ainda existe. A guerra por poder é milenar, ainda existe, e parece não cessar.
A guerra contra fome é milenar, é mais presente do que presente inesistente em salas de aula.
O racismo ainda existe.
O preconceito, existe.
A guerra ainda existe.
Tem criança morrendo de fome no mundo, e tem homens construindo bombas, investindo dinheiro para criar novos inimigos, ao contrário de poder fazer novos amigos.
Escravos da nossa política.
Escravos da nossa sociedade.
Escravos das nossas escolhas.
Somos escravos de nós mesmos.
E alguns outros escravos da sua própria maldade.

*Aluna da cadeira Iniciação ao Conhecimento Científico, da graduação da Unisinos, ministrada pelo Professor Valério Cruz Brittos.