Atender a demanda do mercado, ou refletir profundamente sobre as manifestações culturais? Essa é a questão que especialistas consideram ser diária nos veículos de comunicação. Para eles, é importante distinguir para o leitor o que é cultura do que é entretenimento.
“É preciso fazer distinção entre a cultura e o entretenimento. O entretenimento tem como função submeter a cultura ao principio do prazer”, defendeu Vladimir Safatle, professor de filosofia da USP.
Para Marcos Augusto Gonçalves, editor de Opinião do jornal Folha de S. Paulo, não há como separar os dois. “O mercado exerce forte poder no jornalismo cultural. Os jornais sentem que têm que falar sobre filmes como Avatar porque o público quer, assiste a esse tipo de filme. A mídia não tem como se desassociar disso”. E completa. “Acho que é um erro ver o jornalismo cultural como o grande esclarecedor, porque ele já é um produto do mercado”.
Laura Greenhalgh, editora-executiva do jornal O Estado de S. Paulo, diz que o entretenimento está sempre presente. “O efêmero, descartável parece nos perseguir. Mas jornalismo cultural não será uma trincheira nesse processo, mas talvez ele sirva como um antídoto”, declarou.
Laura não vê como negativo o entretenimento. “Não vejo cultura como algo bom e o entretenimento como mal. O entretenimento muitas vezes está presente na cultura”, defendeu.
Para Raquel Garzón, editora do caderno Ideias do jornal argentino El Clarín, o jornalismo cultural ainda tem algo a seu favor, para trabalhar na seleção dos temas. “O jornalismo cultural nos livra da guerra da premissa. Não nos importa dar a notícia primeiro, mas dar a notícia melhor, mais profundamente”.
Os jornalistas participaram de debate no II Congresso de Jornalismo Cultural, nesta quarta-feira (05/05) em São Paulo.
Fonte: Comunique-se