O jornalista Leandro Fortes, colunista da revista Carta Capital, acredita que a cobertura política em Brasília não reflete a realidade. Para ele, falta um jornalismo mais apurado, que fuja do declaratório. "A cobertura política em Brasília é basicamente uma farsa. Os jornalistas passam o dia no Congresso e só reproduzem as declarações dos políticos. É um jornalismo declaratório. Eles replicam sem nenhuma capacidade crítica. É uma coisa absolutamente insana", afirmou na última sexta-feira (14/05), no lançamento do Cento de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, em São Paulo.
De acordo com o colunista, a entidade contribuirá para a reflexão e mudança desse tipo de jornalismo. "Vamos reunir jornalistas no Centro de Estudos de Mídia Alternativa para eles entenderem que o trabalho deles não é esse", afirmou.
Paulo Henrique Amorim, apresentador da TV Record e responsável pelo blog Conversa Afiada, defendeu a criação de agências alternativas de informação. "Deveríamos ter mecanismos de financiamento para criar agências apuradoras de informação regional, para fugir do 'PIG'". O jornalista usa a expressão PIG para descrever o que ele chama de Partido da Imprensa Golpista, que, de acordo com ele, arma crises todos os dias para derrubar o presidente Lula.
Segundo Amorim, Lula teve muitas oportunidades de criar mecanismos contra o "PIG", com recursos alternativos à grande imprensa, mas em sua gestão foi criado apenas um, o Blog da Petrobras. "A criação do Blog da Petrobras foi o único combate ao PIG", enfatizou.
Paulo Henrique Amorim lembrou que as pesquisas eleitorais serão auditadas, depois da conquista do Movimento dos Sem Mídia, mas ainda teme que a eleição seja "roubada" pelos mecanismos de apuração de votos.
Imprensa partidária
Maria Inês Nassif, editora de Opinião do jornal Valor Econômico, considera que a imprensa tem total noção de seu impacto na sociedade e age como partido político. "Os jornais são efetivamente partidos políticos. Eles têm uma noção muito clara do seu papel". Maria Inês citou as "explosões de pânico" causadas pela grande imprensa, como um dos motivos de maior partidarismo. "A imprensa cria explosões de pânico diariamente contra o governo", lembrou.
Mídia Alternativa
Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, lembrou que a entidade nasce em um bom momento e citou os motivos que levou o grupo a dar ao Centro o nome Barão de Itararé. "Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé, foi um homem das lutas de ideias. Queremos avançar nessa consciência da democratização da informação", lembrou. A entidade já foi criada, e tem Leandro Fortes, Paulo Henrique Amorim e Maria Inês Nassif como alguns dos membros do Conselho. De acordo com Borges, o próximo passo é lançar o site do Centro de Estudos.
Fonte: Comunique-se