quinta-feira, 8 de abril de 2010

Seminério discute independência editorial dos veículos de comunicação

A independência editorial dos veículos de comunicação foi tema de debate na noite desta quarta-feira (07/04), primeiro dia do seminário “Liberdade de imprensa e democracia na América Latina”, que acontece até amanhã (09/04), em São Paulo.

No debate, a jornalista americana Liza Shepard, ombudsman da National Public Radio (NPR) – emissora pública dos EUA -, defendeu o modelo adotado naquele país. A rádio possui independência editorial mesmo sendo mantida pelo governo federal. Ela também arrecada verbas por meio de doações de ouvintes e contratos com corporações e fundações.

Para ilustrar, Liza contou um episódio envolvendo o ex-presidente George Bush. Após sete anos de tentativas frustradas, Bush aceitou conceder uma entrevista à rádio, porém, impôs que ela deveria ser conduzida por um determinado jornalista.

“A equipe disse a Bush que ele não deveria dizer quem deveria entrevistar o presidente. Então não fizemos a entrevista”, contou Liza.

O jornalista e professor Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobrás, defendeu a adoção de linhas de financiamento para os veículos, em vez da compra de espaço publicitário pelo governo, como uma forma de manter a independência da imprensa.

O modelo de concessões de radiodifusão adotado pelo Brasil foi criticado pelo professor Venício Lima. Em sua opinião, a Constituinte de 1988 deu poder de decisão ao Legislativo, onde estavam os coronéis da política.

“O que antes era atribuição só do Executivo passou a ser também uma atribuição do Legislativo, que dá a palavra final. Chegamos ao cúmulo de um outorgado participar da votação, em uma comissão legislativa, da renovação da sua própria concessão”, afirmou.

Fonte: Comunique-se