Ao contrário do que mostra a grande mídia, a situação em Honduras não foi resolvida com a mudança de governo e nada está de volta ao normal. A grande mídia quer passar a impressão de que com a posse de Porfírio Lobo a "democracia" retornou ao país. Escondendo desde o começo a verdade sobre as fraudulentas eleições presidenciais que ocorreram em Novembro do ano passado com uma abstenção de votos de mais de 60% da população. No dia 27 de Janeiro, Porfírio Lobo tomou posse e no mesmo dia o presidente Zelaya saiu da embaixada brasileira e do país gracas a um acordo feito com Lobo em que este deu a garantia de que Zelaya não seria preso. Um dia antes, os membros da Junta de Comandantes das Forcas Armadas de Honduras, acusados de expulsar Zelaya do país (no dia do golpe de Estado), foram liberados pelo juiz especial e presidente da Corte Suprema de Justiça golpista, Jorge Rivera, que usou como argumento para a sentença que os militares atuaram para "preservar a democracia".
Cerca de 300.000 pessoas foram ao aeroporto internacional de Tegucigalpa, e em outros lugares do país centenas de milhares marcharam em solidariedade a Zelaya e em repúdio a toma de posse de Porfírio Lobo. A grande mídia escondeu completamente esta notícia, publicando somente informações sobre a posse de Lobo e chegando ao cúmulo de dizer que uns "400 ativistas" foram ao aeroporto se despedir de Zelaya. Também é importante ressaltar que todas as pessoas nomeadas por Porfírio Lobo para compor o seu novo governo participaram diretamente do golpe de Estado em 28 de Junho de 2009.
Numa entrevista ao CMI Brasil, Jose Luis Baquedano, um dos coordenadores da Frente Nacional de Resistência Popular, explica que a repressão deve intensificar agora que Porfírio Lobo tomou posse e que os meios internacionais pararam de olhar para Honduras por considerar que a "situação" do país está resolvida. Baquedano disse que todos os coordenadores/as da Frente sofrem ameaças de morte, o próprio Baquedano e seu filho já receberam diversas ligações ameaçando-os de morte. Além disso, ele conta que os mais atingidos pela repressão são os jovens do movimento. Há um grande número de jovens que se viram forçados a buscar exílio em outros países como Nicarágua, El Salvador, Guatemala e até mesmo Espanha.
Fonte: Centro de Mídia Independente