A secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, Claudia Costin, entrou no Twitter há três meses para poder conversar com um filho que mora nos EUA. Ela mal conhecia o microblog, precisou da ajuda de uma filha para fazer o perfil.
A reportagem é de Ediane Merola e publicada pelo jornal O Globo, 02-11-2009.
Hoje, no entanto, poderia até dar aulas de como usar o site, que se transformou num dos principais meios de comunicação entre a secretária e os 36 mil professores da rede de ensino. Pelo menos metade de seus 1.800 seguidores trabalham em escolas municipais e servem de multiplicadores das quase cem mensagens que ela publica por dia no Twitter.
Claudia costuma sugerir a leitura de notícias, anunciar projetos, tirar dúvidas e resolver problemas que, se não fosse a agilidade da internet, sequer saberia que existem.
No mês passado, por exemplo, a secretária estava no Canadá para uma palestra quando estourou uma guerra do tráfico no Rio. Durante o fim de semana inteiro, ela conversou com seus seguidores e soube, em tempo real, do incêndio em uma escola atingida por uma bala traçante.
No Rio, o uso do Twitter não tem custo. No exterior...
— Não faço ideia de quanto virá a conta do telefone, que é particular. Mas não podia ficar distante. Estava com meu marido, mandei ele passear na cidade e fiquei no hotel.
O contato via internet entre secretária e professores não é recente. Quando assumiu a pasta, no início do ano, ela divulgou seu e-mail aos profissionais. O resultado? Uma média de 350 mensagens recebidas diariamente.
Todas lidas e respondidas pessoalmente por Claudia:
— Não queria delegar a função para poder sentir a temperatura. Faço o mesmo com o Twitter.
Claudia Costin segue o Twitter dos principais jornais brasileiros e estrangeiros, de revistas e de formadores de opinião. O que ela acha importante, repassa (retuita). Apesar de gostar de política e acompanhar o que o senador Cristovam Buarque, o governador José Serra, o secretário municipal da Casa Civil Pedro Paulo Carvalho e o prefeito Eduardo Paes comentam em seus perfis, garante que não usa seus 140 toques — o limite para cada texto postado — com esta finalidade:
— Se fizesse isso, sairia da minha função.
Doutora em educação pela PUC, Andrea Ramal elogia o uso da ferramenta por Claudia:
— Ela pratica a gestão cooperativa, dá um ótimo exemplo ao professor, que acaba levando a ferramenta para a sala de aula — diz Andrea.
— Se a secretária fala com o professor, a diretora da escola terá que fazer o mesmo. E os pais, consequentemente, exigem mais. Em algumas escolas, mudanças foram feitas rapidamente graças ao Twitter.
A professora Rubia Lima Moreira, da Escola Municipal Alziro Zarur, na Pavuna, conta que o colégio não recebeu a quantidade certa do material didático do Projeto de Realfabetização.
Imediatamente, postou no microblog:
— Antes só resolvíamos os problemas em reuniões nas escolas. Agora troco mensagens diariamente com a secretária — diz Rubia, explicando que as hierarquias não são quebradas.
— Nesse caso, avisei a direção, a coordenadoria. Mas pelo Twitter a solução veio rapidamente.
Fonte: IHU Online