Na digitalização, vivencia-se a integração da mídia tradicional com outros setores, especialmente aqueles relacionados com as inovações trazidas pela digitalização. Entre os mais significativos está a internet. Depois de jornais, emissoras de TV e de rádio adentrarem o mundo virtual com portais para divulgação de conteúdo produzido, utilizando ainda blogs para dar maior visibilidade às suas ações e avançar na proximidade com o público, as indústrias culturais estão se inserindo no novo fenômeno da internet: o Twitter.
O Twitter é um microblog onde seus usuários fazem postagens de, no máximo, 140 caracteres. Os twitts, como são denominados, podem receber respostas de quem está seguindo a pessoa. Assim, ele também se caracteriza como uma espécie de site de relacionamento. O Twitter caiu nas graças da mídia depois que artistas famosos, como Demi Moore e seu marido, Ashton Kutcher, passaram a usar a ferramenta. No Brasil, o site vem crescendo e, aos poucos, vai conquistando internautas que até então só utilizavam o Orkut, o qual apresentou baixa nos acessos. Porém, o Twitter não é apenas mais uma moda virtual, essencial para todos os usuários da internet que queiram estar "antenados" às tecnologias. Além de reunir pessoas comuns e artistas que querem estar em contato mais direto com o público, o mecanismo tomou grande proporção dentro da mídia convencional.
Informação twitt a twitt
O Twitter tornou-se uma importante ferramenta na vida do internauta brasileiro. Ele foi adotado não apenas como um meio de se comunicar com amigos e familiares. Hoje, ele é usado na difusão de informação. Jornais, sites, redes televisivas e outros meios de comunicação possuem contas no Twitter, onde divulgam notícias e promoções. Em pesquisa realizada pela Bullet, em abril de 2009, 80% dos usuários do site disseram seguir ou já terem seguido alguma agência de notícias.
A ferramenta mostra-se útil também na hora de burlar a censura. No Irã, o presidente reeleito Mahmoud Ahmadinejad, tentou controlar a internet para desestabilizar a organização de protestos contra a sua reeleição. Para contornar a tentativa de censura por parte do governo iraniano, jornalistas e civis passaram a divulgar e organizar os protestos através de blogs e, principalmente, do Twitter. Uma manutenção no site que havia sido agendada para o período das eleições foi adiada para não deixar os iranianos sem essa ferramenta de divulgação. Golpe de marketing ou não, a decisão tomada pelos dirigentes do Twitter foi aplaudida pela maioria.
Não só as agências de notícias invadiram o microblog. Agências de empregos entraram na onda da comunicação por 140 caracteres e agora divulgam no site suas vagas de emprego atrás de candidatos. O que começou com empresas de informática vai se expandir para todas as áreas profissionais, segundo especialistas. Logo, o Twitter se mostrou uma ferramenta não só de contato com conhecidos, mas também de ampliação com contatos profissionais.
Em meio a isso, o usuário comum do Twitter também é visto como divulgador. Uma pesquisa realizada pela Harvard Business School mostrou que o microblog não é só mais uma ferramenta virtual de conversação, ou seja, de apenas manter contato com as pessoas. A análise de tráfego e perfis dos internautas apontou que o Twitter é um instrumento de difusão da informação, como o rádio e a televisão. A pesquisa realizada pela Bullet definiu que a maioria dos usuários do Twitter, jovens entre 20 e 30 anos, além de possuir blogs, repassa para seus "seguidores" links de notícias, artigos, vídeos e outros conteúdos considerados interessantes. As notícias e vagas de empregos divulgados no site pelas agências não só abrangem o número de pessoas que seguem suas páginas, mas também outros usuários, que se informam "de twitt a twitt".
* Professor titular no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da UNISINOS, pesquisador do CNPq, coordenador do Grupo de Pesquisa CEPOS (apoiado pela Ford Foundation) e doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela FACOM-UFBA. E-mail: val.bri@terra.com.br.
** Graduanda em Comunicação Social - Jornalismo na UNISINOS e membro do Grupo de Pesquisa CEPOS (apoiado pela Ford Foundation), onde é bolsista de iniciação científica pela UNIBIC. E-mail: t.odelli@gmail.com.
Fonte: Observatório da Imprensa.