No último trimestre, quando os primeiros conversores com Ginga devem chegar ao mercado, algumas emissoras de TV já estarão preparadas para a transmissão de aplicações interativas. Entre elas, a Globo, que desde 2006 faz testes com diferentes tecnologias. Hoje, além da aplicação da novela "Caminho das Índias", já no ar _ e que a empresa demonstra nesta quinta-feira, 14/05, pela primeira vez na versão Java, usando todos os recursos da norma Ginga recém aprovada pelo Fórum SBTVD e encaminhado para consulta pública na ABNT_ a empresa se prepara também para explorar a interatividade no Brasileirão 2009, não só em terminais fixos, como em terminais móveis, mesmo que neste último caso sequer existam no mercado protótipos de celular ou terminal 1seg com Ginga embarcado.
"Interatividade não é um assunto novo para nós", afirma o diretor de engenharia da Globo São Paulo, Raimundo Correa. "Estudamos o assunto desde 2006, ainda com o cabo, com interatividade local. E desde o ano passado passamos a envolver as áreas de produção da empresa nessas iniciativas de interatividade na TV aberta porposta pelo SBTVD".
Em 2008, a Globo colocou no ar quatro experiências com interatividade: Carnaval 2008, Brasileirão 2008, Olimpíadas de pequim e Eleições 2008, que já envolveu a equipe de produção da CGJ (Central Globo de Jornalismo), chefiada por Rosa Magalhães. Este ano, Big Brother Brasil foi o primeiro teste com interatividade em dispositivos móveis. Experiência que a emissora prtende repetir com o Brasileirão. E "Caminhos da Índias", foi efetivamente a primeira experiência produtiva a envolver, desde o início, a equipe de produção da novela, sob direção de Marcos Schechtman, na CGP (Central Globo de Produções).
"Significa que a Globo já concluiu todo o ecossistema de TV Interativa, com todas as áreas da empresa envolvidas no desenvolvimento das aplicações, decidindo o que fazer, que informação incluir", explica o executivo.
Algumas dessas aplicações foram criadas em parceria com a HXD, outras com a TQTVD, criadora de uma das primeiras implementações do middleware Ginga, o AstroTV. E, segundo o executivo, usaram tanto NCL-Lua como Java. Rodaram em protótipos de conversores de diferentes fabricantes. Entre eles, LG, Visiontec e Tecsys. E algumas, como Caminhos da Índias", chegaram a ser transmitidas para outras praças além de São Paulo, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Esses primeiros desenvolvimentos serviram para que a Globo traçasse a sua estratégia de criação de aplicativos interativos, perfeitamente em consonância com as decisões do Fórum, considerando requisitos como rapidez, facilidade, robutês. E qual é essa estratégia?
"Usar a tecnologia mais adequada para aquela aplicação", afirma Raimundo Correa. "NCL-Lua ou Java, não dá para dizer que uma é melhor que a outra. As duas têm suas vantagens e desvantagens. Se a aplicação é simples, tem um ciclo de vida curto, precisa ser criada rapidamente, como no caso da Eleição 2008, o melhor é mais fácil fazer em NCL-Lua. Se tem um ciclo de desenolvimento maior, começa a ser pensada um ano antes de ir para o ar, tem um tempo de vida de mais de seis meses, como no caso de uma novela, a escolha é Java, que dá mais robustês, permite grafismos mais elaborados e maior proteção contra cópias", explica o executivo.
Já desde 2006, a Globo vem investindo no treinamento de seus profissionais para domínios das duas linguagens: Java e NCL-Lua. "O perfil do celular é só NCL, por exemplo. Estamos preparados", diz o diretor.
As primeiras experiências serviram também para criar um padrão Globo de exibição da interatividade. Nos primeiros testes, em 2006, a mancha interativa ocupava 3/4 da tela do televisor, deixando apelas 1/3 livre para o vídeo.
Já nas Olimpíadas, a área ocupada era um pouco menor. E o vídeo foi reconquistando espaço. No Brasileirão 2008, a interatividade já interferia pouco no vídeo. E a aplicação das Eleições foi a primeira a fazer uso das barras pretas que sobram nas laterais da exibição de vídeo em 16:9 para transmitir a aplicação interativa, sem qualquer sobreposição. No caso, a aplicação trazia apenas a escalada de apurações em todo o país. Caminho das Índias também ocupa apenas os cantos laterais da tela, preservando sempre a imagem no formato 4:3, deixando boa parte da tela livre para a exibição do vídeo.
Canal de retorno
E qual a estrtégia da Globo para o canal de retorno? "Usar todas as infraestrutura de telecomunicações existente hoje: linha discada, banda larga, modem 3G, WiMAX... O que o usuário quiser usar, desde que definido na norma SBTVD." Correa acredita que surgirão modelos de negócio específicos, envolvendo operadoras, anunciantes, fabricantes. Mas, no geral, o usuário terá a opção de escolha do canal de retorno.
A própria estrutura broadcast, inclusive? _pergunto. "Estou distante desta discussão. Sei que existem testes na USP, nesse sentido. Mas não estamos acompanhando. temos muita tecnologia disponível para ser usadas agora",diz ele.
Da mesma forma, novos modelos de negócio publicitário surgirão, na opinião do executivo. "Não creio na publicidade interativa apoiada apenas nos breaks de veiculação de filmes publicitários. Há muita coisa que pode ser feita explorando um tempo maior, contemplando toda a duração do programa com aplicação interativa", diz ele.
Interatividade via satélite
Na agenda da Globo hoje, além de levar o sinal digital a 50% dos domicílios com TV até a Copa do Mundo do ano que vem ("um recorde mundial de cobertura, se conseguirmos", comenta o executivo, com orgulho), está levar as aplicações interativas, via satélite, para as emissoras afiliadas.
Das 18 cidades brasileiras já com transmissão digital hoje, 16 têm sinal de TV Digital por afiliadas da Rede Globo, representando 35% de domicílios brasileiros com TV cobertos pelo sinal digital da Globo ou afiliadas.O primeiro teste com interatividade via satélite para uma afiliada deve acontecer ainda este ano.
Fonte: Convergência Digital