quinta-feira, 28 de maio de 2009

Mais vinte dias de agonia no Rio Grande

Por Bruno Lima Rocha

O Rio Grande do Sul segue em crise política e a CPI da Corrupção na Assembléia Legislativa, por enquanto, fica em suspenso. Isto porque, pelas contas simples, das 19 assinaturas necessárias para dar início a uma Comissão Parlamentar de Inquérito, o requerimento da deputada estadual Stela Farias (PT) só tem 17. Entendo que, no momento, a capacidade decisória está com o PDT gaúcho, partido que em tese é oposição no estado e, de fato, situação no Planalto.

Quando o governo de Yeda Crusius sofrera dois ataques midiáticos simultâneos – da revista Veja e do PSOL/RS – a legenda histórica de Leonel Brizola não conseguiu unificar a sua bancada. Arrancaram em separado, uns se dizendo em dúvida e outros declarando voto pela CPI. Até o momento de concluir este artigo, dos seis deputados estaduais pedetistas, três concordam com a instalação da Comissão (Adroaldo Loureiro, Gilmar Sossella e Paulo Azeredo) e outros três alegam não haver fato determinante (Gérson Burmann Giovani Cherini, e Kalil Sehbe).

Supostamente, tamanha hesitação não teria sentido. Em tese o PDT não está mais no governo e tem um desafeto direto com Yeda Crusius. Trata-se do ex-secretário de segurança, o deputado federal Enio Bacci, que foi retirado do governo de forma midiática (ver o artigo de minha autoria). Haveria motivos de sobra para ser oposição se não fosse pela prática de sempre ser governo no RS, ao menos no começo das gestões. A última vez que os correligionários de Paulinho da Força e Carlos Lupi governaram o Rio Grande foi com Alceu Collares (1991-1994). A partir daí o PDT vem sendo co-governo no estado desde a posse de Antônio Britto, em 1º de janeiro de 1995.

Em meio à crise, por vezes surgem boas idéias. Veio de Collares a saída mais justa e criativa – e não acatada – para a indefinição do PDT. O ex-governador, no intuito de apertar os três deputados recalcitrantes, pediu a convocatória dos 200 membros do diretório estadual para votarem a favor de uma posição unificada. Ou seja, no Brasil, a democracia na interna partidária não é regra, mas casuísmo. Ao contrário da proposta democrática, os pedetistas reuniram sua Executiva Estadual para buscar alguma solução. Não funcionou. Compareceram apenas cinco de seus integrantes, sem atingir o quórum mínimo de sete membros. Para escapar da fratura interna, o diretório estadual da sigla anunciou publicamente que vai tomar posição somente daqui a 20 dias!

Até lá, nada de novo no front. Segue a crise de governo, a guerra de vazamentos e a espionagem política no pago.