terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Carlos Crusius e "o mundo cheio de falcatruas"


No dia 17 de fevereiro, Carlos Crusius divulgou uma carta classificando como um “desastre” a morte do amigo e companheiro de partido, Marcelo Cavalcante. Antes de a polícia chegar a uma conclusão sobre o caso, Crusius disse estar “chocado e comovido pela notícia do suicídio” e apontou os “abutres da CPI do Detran” e o “stalinismo” como responsáveis pelo ocorrido. As palavras do marido da governadora Yeda Crusius foram as seguintes:


“Um menino trabalhador, dedicado ao PSDB e ao Rio Grande, a terra que, lá de Brasília, adotou como sua. Até que um dia a sua reputação foi atingida pelo stalinismo local. A máquina de destruir reputações da oposição divulgou trechos de gravações que a rigor não diziam absolutamente nada, mas que serviam aos abutres da CPI do Detran (...) E o Marcelo, aquele menino alegre e expansivo, entrou em uma depressão crescente que acabou nesse trágico final. É mais uma vítima do stalinismo que entra para as estatísticas”.


A governadora Yeda Crusius também divulgou nota lamentando a morte de Cavalcante, definindo-o como “profissional de reconhecida capacidade, companheiro fiel e exemplar servidor”. “Desejo que sua lealdade ao Rio Grande seja por todos conhecida”, acrescentou. Apesar da comoção, nem Yeda, nem Carlos Crusius compareceram ao enterro do amigo e companheiro leal e fiel.


Nos dias que se seguiram à morte de Cavalcante, familiares do mesmo passaram a relatar que ele andava “apreensivo e muito nervoso” e que deveria prestar um depoimento ao Ministério Público Federal após o feriado de Carnaval. Nesta terça-feira (24), o jornal Zero Hora traz novas declarações da viúva do ex-assessor tucano, Magda Koenigkan. Ela afirma que “o marido vinha recebendo telefonemas sobre um depoimento às autoridades e que, ao desligar, dizia não pertencer a este mundo cheio de falcatruas”. No dia 20 de fevereiro, o pai de Marcelo, Antonio Cavalcante, em entrevista à rádio Gaúcha, também se referiu a “telefonemas suspeitos” que o filho vinha recebendo. Relatou ainda que o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), tinha oferecido um emprego para Marcelo trabalhar no partido.


Diante dessas afirmações, como ficam as acusações (sem provas) feitas por Carlos Crusius na carta divulgada no dia da morte de Cavalcante? Eram os “stalinistas” e “abutres da CPI do Detran” que estavam telefonando para ele, deixando-o “apreensivo e muito nervoso” com “este mundo cheio de falcatruas”? Essas perguntas podem ser respondidas a partir de uma informação publicada hoje, uma semana depois da morte, na coluna de Rosane de Oliveira, no jornal Zero Hora. Quando o corpo de Cavalcante foi encontrado e nos dias seguintes, a imprensa noticiou que apenas o celular dele não havia sido encontrado. Hoje, ficamos sabendo que “os mistérios que cercam a morte de Marcelo Cavalcante têm mais chances de ser desvendados se a Polícia Civil pedir a quebra do sigilo dos dois telefones celulares que ele tinha no bolso quando o corpo foi encontrado”.