sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O ataque de Israel e a administração Obama


Bruno Lima Rocha


O ataque de Israel a Faixa de Gaza faz o mundo a se posicionar. Para opinar a respeito, o analista deve explicitar a sua posição. Sou a favor da criação de um Estado Palestino laico, com liberdade política e religiosa e viável. Ou seja, um país com plenos poderes sobre seu território, riquezas, fronteiras e população. Tal Estado é inviável tanto na extensão como na atual condição de controle que Israel impõe sobre os Territórios Ocupados em 1967, Gaza e Cisjordânia.



É deste ponto de vista que exponho opinião. Uma série de fatores levou o gabinete de Ehud Olmert a bombardear e invadir uma planície de 30 km de comprimento habitada por 1,5 milhão de pessoas. Acreditem, os foguetes terra-terra lançados pelo Hamas são uma das razões, e não a mais importante. Mais relevante foi criar esta situação de fato para a nova administração dos EUA, país do qual o Estado de Israel tem ligação visceral. Ao mesmo tempo em que depende financeiramente, sua força na política interna estadunidense cria uma relação de interdependência política e ideológica.


Se os Estados Unidos secarem a fonte, o governo israelense não fecha as contas de seu orçamento militar. Como o momento político em Washington é de alguma incerteza, é preciso reforçar a posição pró-Israel do novo governo democrata, já verificada com a indicação de Hillary Clinton para secretária de Estado. Mas, mesmo com alguém de sua confiança no posto-chave, “a taxa de risco” tolerada por Tel Aviv é mínima. Com o descrédito de George W. Bush e antes de Obama assumir, o aliado estratégico no Oriente Médio precisa obrigar a nova administração a se posicionar. Vejo a preocupação de Israel com os compromissos de Obama como “exagerada”.


Embora diga estar “preocupado com os civis mortos em Gaza” Barack Obama fez outra declaração pública mais contundente. 12 horas após ter sido oficializada a sua candidatura pelo Partido Democrata, Obama compareceu, em 5 de junho de 2008, diante de mais de 7000 membros do lobby político mais importante do mundo, o. No palco do American Israel Public Affairs Committee (AIPAC), ao lado de Hillary Clinton, ele prometeu mais de US$ 30 bilhões de dólares de apoio ao Estado de Israel. Esta ajuda, sem alterar a política externa estadunidense, é para reforçar o que estamos vendo.


Até o momento de postar aqui deste artigo, segundo a transmissão da TV Al Jazeera (em inglês), o número de palestinos mortos em Gaza passava de 750 pessoas. O ataque não vai assegurar “paz para a região” e nem enfraquecer o Hamas, pelo contrário. Em todos os aspectos, qualquer apoio à ocupação israelense é inaceitável.