Começou ontem em Porto Alegre, o curso Mídia, Controle & Democracia, do Grupo de pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS). O evento que pretende apresentar à sociedade uma análise crítica das Indústrias Culturais no Brasil contou com a presença dos professores Laurindo Leal Filho e Valério Cruz Brittos na palestra de abertura. Cerca de sessenta pessoas lotaram o auditório do Afocefe Sindicato para ver a dupla falar sobre Comunicação, Capitalismo e Políticas Públicas.
Para quem não conseguiu chegar ao local, o curso ofereceu a agradável surpresa de transmitir ao vivo toda a palestra através de uma página na internet. A organização também disponibilizou um endereço no MSN para que todos os espectadores virtuais pudessem dar sua opinião a respeito do assunto e fazer perguntas aos palestrantes. Um coletivo de Teresina, no Piauí, acompanhou o evento dessa forma.
A primeira fala foi do professor Doutor Valério Brittos, docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unisinos e coordenador do Grupo Cepos. Brittos afirmou que o atual sistema midiático corresponde a uma especificação do capitalismo moderno conhecida como fase da multiplicidade da oferta.
“Essa fase é marcada por um conjunto de mídias e bens simbólicos que se apresentam para o consumo da população. A variação da oferta se dá na busca por segmentos do mercado. Sua lógica é a da mercadoria, onde as pessoas pagam direto ou indiretamente pelo produto, o que nos faz crer que, apesar do que dizem as empresas, não existe mídia gratuita. O consumidor a custeia na maioria das vezes através da propaganda”, explica o professor, criticando o discurso das emissoras abertas ao dizerem que não cobram nada pelo serviço de radiodifusão.
Mantendo a linha de reflexão sobre a mídia, o professor Doutor da USP e ouvidor-geral da Empresa Brasil de Comunicação, jornalista Laurindo Leal, elogiou a iniciativa do Grupo Cepos em debater os meios de comunicação no país. “Como não temos acesso à grande mídia, precisamos fazer o trabalho de formiguinha onde isso for possível. Nos nossos meios, nas rádios comunitárias, nos nossos jornais sindicais, nas nossas universidades, no movimento estudantil. É a única forma em que podemos ter algum controle para fazer essa discussão sobre a mídia de um modo alternativo”, diz Leal.
Segundo o jornalista, a mídia fala sobre tudo menos sobre ela mesma, rendendo-lhe assim um poder importante em qualquer país, porém de maior proporção no Brasil onde mais de 90% da população se informa através da televisão. Laurindo Leal se mostrou preocupado pela forma como são tomadas as decisões do que vai ser apresentado ou não em programas nacionais de formação de opinião pública, assim como a interferência de programas de entretenimento em questões de Estado tem provocado tragédias, a exemplo, respectivamente, do caso Bonner x Homer e do sequestro seguido de morte da jovem Eloá.
Também compôs a mesa da palestra o coordenador executivo da Abraço-RS, Clementino Lopes, e o vice-presidente da Afocefe Sindicato, Guilherme Campos. As duas entidades estão participando como apoio do evento. Junto aos professores, eles dialogaram com os presentes sobre questões relacionadas ao controle público da comunicação eletrônica brasileira durante o momento de perguntas e intervenções da platéia.
O curso terá prosseguimento logo mais, às 19h, no auditório do Afocefe Sindicato, localizado no Centro de Porto Alegre. O tema da palestra de hoje será O padrão técnico-estético da mídia do oligopólio. A professora Ms. Márcia Turchiello e o mestrando Andres Kalikoske serão os palestrantes.
Em breve, estarão disponíveis no blog as fotos e os arquivos de áudio da palestra com os professores Valério Brittos e Laurindo Leal.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Leal e Brittos abrem curso sobre Mídia, Controle e Democracia
por Rafael Cavalcanti