A comunicação institucional negadora da cidadania?
Manifestações comunicacionais do Estado Moçambicano
A intervenção aqui proposta visa lançar algumas possíveis hipóteses de pesquisa num terreno até hoje não muito aprofundado: o inerente as modalidades pelas quais o Estado Moçambicano, através da sua vertente comunicacional, se relaciona com os seus cidadãos. Neste caso, por “vertente comunicacional” se entendem aquelas manifestações concretas e diárias em que o Estado, por meio das suas estruturas “finais” (front-office) e da comunicação inter-institucional (back-office) se apresenta aos usuários dos serviços públicos, com uma postura que parece recordar muito mais a atitude “colonialista” do que um Estado “amigo” e próximo aos seus cidadãos. O objectivo é portanto o seguinte: fundamentar de forma mais sólida esta hipótese de trabalho, construíndo um primeiro quadro de evidências empíricas que deverão auspicavelmente desembocar em pesquisas confirmatórias ou desmentedoras, de acordo com aprofundamentos mais abrangentes.A abordagem prevalecente vai ser de tipo sociológico-organizacional, alicerçeada numa longa e frequente actividade de observação participante e em casos em que fui directamente envolvido, com consequências nefastas para mim, na ineficiente actividade burocrático-estatal. Neste sentido, o próprio investigador é assumido como involuntário protagonista duma postura ainda fortemente “burocratizada” e pouco atenta à eficácia do resultado final da acção administrativa dos funcionários públicos e das relativas estruturas departimentais.