O avanço do suporte digital, impulsionado pela febre dos e-books e dos tablets, como o fenômeno e já icônico iPad, da Apple, trouxeram um debate para o mundo da literatura: a vida online vai esmagar a existência dos livros? Para um painel de palestrantes da 56ª Feira do Livro de Porto Alegre, nesta segunda-feira, a discussão precisa ir além disso. Para eles a situação é simples: o mercado de livros, como nós conhecemos, está derretendo.
A frase de efeito, porém verdadeira, foi dita pelo professor Paulo Tedesco, que, junto com Luíz Álvaro, do setor de marketing do jornal Folha de S. Paulo ; Rafael Trombetta, escritor, pesquisador e administrador da Economia da Cultura e Marcelo Spalding, vice-presidente da Associação Gaúcha dos Escritores, discutiram o futuro e as mudanças trazidas pelo que chamaram de "livro digital".
É bastante comum relacionar a popularização da internet e de aparelhos para leitura de material online ao trágico "fim" da literatura, da maneira como o mundo a conheceu até hoje. O ponto ao qual se foge, no entanto, é que o papel é um suporte. Ele não é, por si só, arte. A ferramenta não carrega o conteúdo. Do mesmo modo, o digital não apaga a arte da escrita literária. Ele é apenas uma nova maneira de apresentar o mesmo conteúdo.
O momento atual é de mudanças, sem dúvidas. E todas elas apontam para uma única direção: o despertar do autor como um indíviduo independente da editora. O "negócio" da literatura continua ativo na medida em que o autor se liberta das amarras e passa a entender que lucro é a obra tornar-se acessível aos leitores. "A internet proporciona, além da escrita, braços e pernas para a literatura individual ter vida própria", afirmou Trombetta.
Como lembra Spalding, o que um autor de literatura quer é que as pessoas leiam seus livros. Se se lançar independentemente, sem a sombra de uma grande coorporação, pode garantir que mais pessoas tenham acesso à obra, então este é o caminho.
A grande sacada, aqui, é repensar o modelo de negócios. Para os palestrantes, o autor precisa entender o suporte online, colocar-se em primeiro plano e enxergar maneiras de aproveitar o potencial que este meio pode oferecer. De acordo com eles, a internet pode até ser uma ameaça para as editoras, no que se refere às questões de lucro. Mas, para os autores, o mundo digital é uma janela de oportunidades.
Fonte: Terra