terça-feira, 6 de julho de 2010

O Brasil e o mundo observam a Comunicação

Ana Maria Rosa*

Apesar de estarmos todos conectados, as diferenças estruturais históricas entre cada país importam de forma significativa e não podem ser superadas nem pela Internet nem por outros meios de comunicação, especialmente quando se trata dos anseios dos pesquisadores para a área da comunicação.

Em cada espaço político-físico, as questões que são discutidas são determinadas pelos interesses dos cidadãos daquele local, reforçadas ou apagadas dessa forma. Mesmo que tenhamos a academia como um espaço crítico, os pontos de vista da crítica também podem se opor.

Enquanto no Brasil nos interessamos por um tipo de governança, tanto do poder público quanto das organizações civis, que interfira no poder da mídia privada de forma a atender aos interesses públicos, em países da África e da Ásia a questão passa principalmente por atingir um nível aceitável de liberdade para comunicação.

Como participante do Grupo CEPOS no Annenberg-Oxford Summer Institute, em Oxford, poderia dizer que é muito difícil para maioria dos participantes desse curso, de diversos países de todo o mundo (confira aqui biografias de todos), compreender a questão do Brasil, tendo em vista o tamanho das diferenças histórico-sociais com as quais eles lidam em seus países de origem.

Para alguns parece óbvio que a auto-regulação seria a melhor opção para que a mídia pudesse cumprir com sua função social, o que no caso brasileiro já sabemos que não está funcionando. Parece também haver uma certa crença de que a concorrência permitiria aos cidadãos ter acesso aos conteúdos dos quais eles precisam ou aos quais querem ter acesso, no entanto, da mesmo forma, no caso brasileiro temos consciência de que a concorrência está baseada nos valores de mercado,muito diferentes dos valores humanos que cada sociedade gostaria de ter assegurados.

Mesmo entre países do mesmo continente, como os que fazem parte da Ásia, os pontos de vista precisam ser demasiadamente ajustados para apresentarem questões em comum. Infelizmente não temos nenhum outro participante da América Latina.

Eu poderia dizer que o caso dos Estados Unidos é o mais parecido com o nosso, ainda que com grandes diferenças, porque naquele país também estão estruturadas grandes empresas de comunicação que influenciam tanto na política quanto na economia de forma clara.

De qualquer forma, também é importante que se perceba que o avanço das tecnologias da comunicação é um ponto de interesse comum entre os vários pesquisadores: em todos os casos, não importa se o “inimigo” é público ou privado, é necessária a democratização da comunicação. A investigação de cada um pensa sobre como a sociedade pode tornar-se mais representativa e mais participativa a partir das redes que estão sendo construídas on-line, que na verdade se baseiam em teias sociais já desenhadas ao longo dos anos, pensando formas de tornar esses espaços de comunicação favoráveis ao que se acredita que seja o melhor para cada situação.

* Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), membro do Grupo de Pesquisa CEPOS (apoiado pela Ford Foundation), graduada em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pós-graduada em Assessoria Lingüística pelo Centro Universitário Ritter dos Reis (UNIRITTER). E-mail: .