JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO
A família de Chico Mendes decidiu fechar a casa onde o seringueiro e sindicalista morou e o Centro de Memória de Chico Mendes, em Xapuri (AC). Segundo a viúva, Ilzamar Mendes, a família e o instituto responsável não conseguem manter os locais por falta de dinheiro.
Atração turística da cidade, a pequena casa de madeira em que o sindicalista morava também foi o local de seu assassinato, em 22 de dezembro de 1988. Até o ano passado, o instituto recebia verbas do governo do Acre para realizar cursos e manter a casa e o museu, que não cobravam ingressos. Em três anos foram repassados R$ 685 mil.
Homero Sérgio/Folhapress
Chico Mendes, a mulher, Ilzamar Mendes, e um dos filhos, em sua casa, em Xapuri (AC)
Chico Mendes, a mulher, Ilzamar Mendes, e um dos filhos, em sua casa, em Xapuri (AC)
Segundo o governo, o convênio foi encerrado porque o instituto não prestou contas dos recursos. Em outubro passado, o Ministério Público do Acre denunciou o Instituto Chico Mendes por uso irregular da verba. Segundo a promotoria, os diretores do instituto usaram notas frias para esconder gasto com pessoal. Mais de vinte anos após o crime, a casa é mantida exatamente como estava no dia do assassinato. Uma das paredes ainda conserva uma mancha de sangue.
De acordo com Ilzamar, a casa e o Centro de Memória estão fechados há 20 dias. Segundo a viúva, são necessários R$ 15.000 por mês para manter os locais e pagar os cinco funcionários.
A candidata à Presidência Marina Silva (PV), que foi amiga e colaboradora de Chico Mendes, não quis comentar o caso. A viúva nega as acusações de uso irregular do dinheiro. Diz que o convênio foi encerrado porque "o governo perdeu interesse pela memória de Chico Mendes". Ela afirma que agora busca doações no setor privado.
Fonte: Folha.com