segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A pele negra de Barack Obama é apenas um disfarce

Quanto a Barack Obama, infelizmente fica mais do que constatado que a sua pele negra é apenas um disfarce.

A pele negra de Barack Obama é apenas um disfarce.


A tragédia que se abateu sobre o Haiti acabou por trazer à tona, para os olhos de todo o mundo, a situação da mais completa miséria da população haitiana e a falta de estrutura daquele pequeno país. Obviamente que não podemos apontar culpados pelo fenômeno geológico, mas pelas questões sociais, políticas e econômicas, não há dúvidas quanto aos que são responsáveis por esse permanente estágio de pobreza e miséria em que o Haiti se encontra imerso.

Foi naquele local que Cristóvão Colombo desembarcou pela primeira vez nas Américas. O território foi posteriormente dividido e então surgiram a República Dominicana e o Haiti. Com toda a sua população indígena dizimada pelos colonizadores europeus, o Haiti recebeu os negros vindos da África na condição de escravos. Foi uma das colônias mais lucrativas para a França na condição de produtores de açúcar. O Haiti foi também o primeiro país da América Latina a se tornar independente (1804) e a acabar com o sistema escravista. Mesmo os Estados Unidos, que se tornou independente antes do Haiti, em 1776, ainda manteve o escravismo até 1865, quando terminou a sua Guerra de Secessão. O levante escravista, que trouxe a independência do Haiti, derrotou de forma incontestável e humilhante o grande e poderoso exército de Napoleão Bonaparte. Derrota essa que os brancos europeus jamais iriam esquecer e muito menos perdoar. Com a derrota inquestionável e irreversível, os colonizadores começaram a temer pela possibilidade do exemplo haitiano ser seguido pelas outras colônias. Impuseram então, ao Haiti, um bloqueio comercial: ninguém podia comprar do Haiti e nem vender nada para ele (alguma semelhança com o bloqueio imposto a Cuba?). Podemos, portanto, considerar que a invasão européia, iniciada por Colombo, e a posterior colonização francesa, foram as duas primeiras desgraças que se abateram sobre aquele local que depois ficaria conhecido como Haiti.

A terceira desgraça que se abateu sobre aquele país foi a invasão dos Estados Unidos em 1915; esta selaria de vez a sua sorte. Os Estados Unidos permaneceram governando o Haiti até 1934, mas após esse período os haitianos jamais se livrariam das intromissões estadunidenses em sua política interna. Regimes despóticos e ditatoriais foram patrocinados financeira e politicamente pelo Império do Mal contra a soberania haitiana. Algumas dessas ditaduras entraram para a história como as mais violentas, sangrentas e corruptas de toda a América Latina.

O que estamos assistindo nesse momento, portanto, após essa tragédia do terremoto que deixou mais de cem mil mortos e incontáveis feridos, desabrigados e famintos é exatamente o desdobramento de tudo isso que foi colocado aqui. Basta se perguntar, por exemplo, o que foi que os Estados unidos fizeram logo após o terremoto? A resposta: enviou cerca de dez mil soldados e marines, e uma frota capitaneada por um porta-aviões nuclear; ocupou portos e aeroportos e tomou o palácio presidencial com uma tropa de paraquedistas. Ou seja, numa situação de tamanha calamidade, onde impera a fome, a sede, a falta de abrigo, o risco de epidemias, etc., os Estados Unidos armam uma operação de guerra e simplesmente ocupam o Haiti militarmente. Travestida de ajuda humanitária, as forças armadas estadunidenses mais uma vez invadem o Haiti no intuito de controlar o país. Tudo isso, claro, sem nenhum pedido ou algum tipo de comunicação a ONU. Se alguém ainda nutria alguma esperança em relação ao governo de Barack Obama no que diz respeito a uma política menos belicista, mais humanitária e pacífica, é hora de acordar para a realidade...

Em pouco mais de um ano de governo, Obama aumentou o contingente militar no Afeganistão, não retirou as tropas do Iraque (promessa de campanha), apoiou o golpe em Honduras, reativou a Quarta Frota (depois de mais de 50 anos desativada) para patrulhar a Atlântico Sul, colocou mais sete bases militares na Colômbia, ratificou e incrementou o discurso belicista contra o Irã e agora ordena essa invasão covarde, cínica e repugnante contra o país mais pobre e miserável da América Latina. Não há dúvida de que isso é a mais pura e pujante política imperialista na sua tentativa de resgatar, no discurso e na prática, a política do Big Stick (o grande porrete). O pior é ainda assistirmos a grande mídia latina americana (hipócrita e subserviente aos interesses dos Estados Unidos) declarar a todo o momento que a grande ameaça para os países da América Latina é o presidente da Venezuela, Hugo Chaves.

Com tudo isso, só nos resta concluir que quem continua no comando do governo estadunidense são aqueles que compõem o que D. Eisenhover chamou, em seu discurso de despedida da presidência em 1961, de Complexo industrial-militar. É o lobby desse complexo que decide as diretrizes da política estadunidense. Quanto a Barack Obama, infelizmente fica mais do que constatado que a sua pele negra é apenas um disfarce.

Fonte: Mídia Independente