No próximo dia 2 de dezembro, o Sistema Brasileiro de TV Digital completa dois anos em operação. E apesar das muitas críticas da população, em geral, que esperava um rápido avanço da tecnologia, caminha bem, avançada no cronograma de transmissão, atrasada no cronograma de recursos adicionais como as prometidas interatividade e melhoria no áudio, estrelas da SET 2009, e a multiprogramação.
Para coroar este processo de digitalização da TV brasileira, a União Internacional de Telecomunicações anunciou o reconhecimento das normas brasileiras de radiodifusão digital como subsistemas ao padrão japonês, recomendando-as como padrão internacional. Uma conquista importante para os planos de internacionalização do sistema no continente, principalmente diante de impasses jurídicos no próprio país, como o parecer de inconstitucionalidade dado pela Procuradoria Geral da República ao decreto de criação do SBTVD, contestado pelo Ministério das Comunicações.
Hoje, o sinal digital cobre 25 cidades no país. Dezoito delas, capitais. Outras sete cidades, de alta concentração populacional, normalmente no entorno das capitais. Em boa parte delas, há apenas uma emissora em operação. A meta é fechar 2009 com as 26 capitais com sinal digital e boa parte das cidades de maior porte, com mais de 1 milhão de habitantes.
Já com relação aos esforços para internacionalização do sistema, o padrão nipo-brasileiro já foi oficializado como padrão em outros quatro países latinos: Peru, Chile, Argentina e Venezuela, com grandes chances de vir a ser adotado também por Equador e Cuba, entre outros que ainda podem voltar atrás na escolha, como Bolívia.
Fomentar o surgimento de um ecossistema capaz de atender a todo o mercado da América do Sul é uma das prioridades para 2010. Bem como oferecer interatividade ao telespectador brasileiro. Entre os produtores de software e os radiodifusores, há quem acredite que a interatividade possa começar a mostrar ao que veio já no Natal deste ano.
Mas o cenário mais realista prevê que a interatividade só chegue de fato para a população a partir da copa de 2010. Se com força total ou não dependerá da ação da indústria de recepção. Tirando um ou dois grandes fabricantes de televisores, o mercado deverá ser atendido inicialmente por pequenos fabricantes locais de set-top-boxes, incentivados pelo governo.
Recentemente, em entrevista exclusiva à CDTV, do Portal Convergência Digital, André Barbosa, assessor especial da Casa Civil e designado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff para participar de todo o processo de implantação da TV Digital no Brasil, revelou que o governo quer ter, já no início de 2010, um PPB (Processo Produtivo Básico) específico para fabricação em massa de conversores baratos e interativos da TV digital, com participação de países da América Latina.
E os trabalhos nesse sentido já começaram. A expectativa é a de que os conversores de TV digital a um custo de US$ 38 preço FOB -- que poderão custar aproximadamente R$ 120,00) -- possam estar disponíveis no mercado a partir de fevereiro.
"Não pensem que a interatividade é trivial. Lançar a interatividade, lançar o Ginga em todo o país é de complexidade igual à lançar a própria TV Digital. É complexo. Temos realmente que discutir muito, trabalhar muito", disse Ana Eliza Faria e Silva, coordenadora do Módulo Técnico do Fórum SBTVD, ao fim do painel da SET 2009 que apresentou a proposta do órgão para a elaboração da suíte de testes do Ginga, o middleware desenvolvido aqui para o SBTV e também reconhecido e recomendado como padrão para interatividade em sistemas IPTV pela UIT.
Segundo Frederico Nogueira, presidente do Conselho Deliberativo do Fórum SBTVD, a entidade trabalha com a possibilidade de definir uma data simbólica para marcar o início da interatividade no padrão brasileiro, como foi 2 de dezembro de 2007 para o início das transmissões digitais."A dificuldade é saber quando todos estarão prontos para que isso aconteça. Está todo mundo aprendendo a lidar com esse mundo novo", disse. Assunto, portanto, não faltará no painel que debaterá os desafios da TV Digita na América Latina, no início da tarde do dia 16, no Futurecom. É a hora de o tema, de fato, integrar radiodifusão e telecomunicações.
Fonte: Convergência Digital