É fato que a TV digital brasileira não chegou nem perto do nível de interação proposto na época em que foi concebida. Alguns canais já disponibilizam a famosa imagem high definition e o “som de cinema”, mas a completa imersão do telespectador com a imagem ainda não é visível, apenas se tem notícia. A propaganda será a principal ferramenta de interatividade, deixando de lado o “velho” intervalo comercial e abraçando o consumo imediato e detalhes impossíveis de serem veiculados nos atuais 30 segundos, como o telefone dos anunciantes.
O telespectador que tenha gostado de algum item exposto durante a programação terá a oportunidade de, em um simples clique, saber tudo sobre ele e ainda comprá-lo. “A grande sacada é essa convergência de ferramentas. A publicidade na TV digital abarcará toda e qualquer possibilidade de interação, desde a compra, leitura e a análise do que se vê”, afirma o diretor executivo da Cartello, Bruno Queiroz.
No entanto, ainda falta um longo caminho a ser trilhado. O Ginga, software escolhido para rodar os aplicativos de interação – conhecido como middleware –, ainda sofre a reticência das emissoras, e consequentemente, dos clientes. A tecnologia de código aberto está disponível em poucos sep-top boxes, mas a TV digital brasileira ainda não está preparada para o sistema.
O maior entrave está na questão de como as empresas de televisão administrarão o volume de possíveis pedidos dos telespectadores. Outro problema seria de que forma esse conteúdo chegaria ao consumidor. De acordo com o Fórum Brasileiro de TV Digital, a internet banda larga ou uma linha telefônica seriam os meios para realizar essa ponte.
Assim como nos celulares, as empresas também terão que moldar os formatos de seus anúncios, no caso da TV, para standard ou widescreen. Outro ponto que deve esquentar ainda mais o debate é quanto as emissoras lucraram com essa venda. (P.D.)
Fonte: Jornal do Comércio