Nos dias 30 e 31 de maio realizou-se em Bruxelas (Bélgica) a Conferência Mundial sobre Gênero e Ética, promovida pela Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ). Entre as deliberações constaram a solicitação de que a FIJ promova políticas de igualdade no trabalho jornalístico entre homens e mulheres, apoio às jornalistas ameaçadas, bem como o pedido de especial atenção do Conselho Executivo da entidade às questões de gênero e às famílias de jornalistas exilados. Veja, a seguir, a “Declaração de Bruxelas”.
Declaração de Bruxelas apela pela igualdade nos meios de comunicação
Nós, os 60 participantes de 45 países de todo o mundo presentes na Conferência da Federação Internacional de Jornalistas sobre Ética e Gênero: Igualdade na Redação, realizada em Bruxelas, a 30 e 31 de Maio de 2009,
Considerando
- As convenções da Organização Internacional do Trabalho sobre igualdade de tratamento entre homens e mulheres
- A Declaração de 1993 da FIJ sobre igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, adotada em Harare
- A resolução e o plano de ação adotado no Congresso da FIJ em Seul, 2001, e a resolução sobre direitos de gênero adotados no Congresso Mundial da FIJ em Atenas, 2004
Acreditando
- Que é essencial manter princípios de reportagem ética para lutar contra estereótipos de gênero, combater comportamento agressivo, assédio, desigualdade na promoção, formação e salário, e defender a dignidade no nosso trabalho como jornalistas e profissionais da mídia,
Sublinhando
- Que neste tempo de crise econômica global que na maioria dos casos afecta mais as mulheres do que os homens
Insistindo
- Que todos os trabalhadores da mídia, jornalistas e sindicalistas devem trabalhar juntos para melhorar o jornalismo ético, respeitar os direitos e a dignidade de todas as mulheres e garantir que as imagens das mulheres na mídia e na sociedade reflitam a necessidade de acabar com toda a discriminação na vida social, econômica, política e cultural, nós inequivocamente
Condenamos
- Todas as formas de violência, assédio sexual e intimidação na nossa profissão e declaramos a nossa intenção de reforçar esforços para eliminar todas estas ameaças de modo a que as mulheres possam trabalhar no jornalismo em condições de segurança idênticas às dos seus colegas do sexo masculino.
Concordamos
- em exigir que estes assuntos sejam trazidos para o dia-a-dia do trabalho sindical e sublinhados através de formação para assuntos de gênero e igualdade de direitos.
- Na África, as jornalistas lutam para promover a igualdade de gênero não só na mídia, mas também na sociedade como um todo. As participantes africanas apelam à promoção da solidariedade com todas as mulheres no jornalismo e procuram mais ação dos sindicatos para levar em conta as necessidades das mulheres profissionais da mídia e encorajar conteúdos midiáticos mais sensíveis ao gênero.
- Na Ásia, onde as jornalistas lutam pela segurança no trabalho e igualdade de gênero na redação, as participantes asiáticas vão: a) promover programas de sensibilização para o gênero e formações nos sindicatos visando o local de trabalho e envolvendo jornalistas, chefes de redacção e patrões da mídia; b) desenvolver campanhas de segurança laboral organizadas pelos sindicatos para todos os jornalistas; c) apoiar formação de segurança para trabalhadores da mídia destacados para zonas de conflito e d) organizar encontros anuais sobre igualdade de gênero com associados da FIJ na Ásia.
- Na América Latina, as jornalistas esforçam-se por defender direitos universais para as mulheres em torno dos princípios da Declaração de Buenos Aires de 30 de Agosto de 2008. As jornalistas na América Latina instam a FIJ, através do seu escritório regional, a conduzir um estudo sobre as condições sócio-econômicas das mulheres trabalhadoras e apelam ao grupo regional FEPALC que estabeleça uma Secretaria de Gênero para assistir e trabalhar com todos os sindicatos da região no estabelecimento de ações concretas destinadas a criar fortalecimento de gênero e liderança feminina.
- Na Europa, o encontro nota como as jornalistas que batalham para atenuar os efeitos da crise financeira enfrentam mudanças de monta envolvendo a convergência de diferentes plataformas de mídia. Os problemas existentes sentidos pelas mulheres tornam-se piores, pois os patrões usam a desculpa das dificuldades financeiras para explorar a posição já vulnerável das jornalistas.
- Neste tempo de crise de emprego, de contratos perdidos e declínio das condições de trabalho, os sindicatos devem garantir que a agenda da igualdade não seja marginalizada e esquecida em negociações cruciais acerca do futuro. O encontro pede à FIJ e ao seu órgão regional, a Federação Europeia de Jornalistas, que promova vigorosamente direitos de igualdade como elemento de negociação no trabalho sindical, e que tome medidas práticas para defendê-los.
- No Oriente Médio, o encontro sublinha como as jornalistas batalham contra a discriminação e o impacto de um telhado de vidro que exclui as mulheres de posições executivas e de desenvolverem as suas carreiras no jornalismo. Insiste que a FIJ e o seu Conselho de Gênero encoraje líderes sindicais a estabelecer estruturas de gênero nos sindicatos onde não existam e insistir com todos os associados para que encorajem as mulheres a desempenhar um papel maior de liderança. Há uma necessidade particular de batalhar contra a violação de direitos de jornalistas em áreas de conflito como a Palestina e o Iraque, onde os jornalistas ficam debaixo de fogo de todos os lados políticos. Tem de haver liberdade de movimento e liberdade de trabalhar livremente no jornalismo.
Finalmente, os participantes expressam o seu agradecimento ao Ministério Norueguês dos Negócios Estrangeiros, à UNESCO, à Internacional Media Support, à LO/TCO Trade Union Development e à FIJ por terem tornado possível este evento e apelam à FIJ e a todos os seus membros em todas as regiões para que adotem como prioridade as ações e propostas saídas deste encontro.
Fonte: FENAJ